The Fog Fall escrita por Daymare


Capítulo 3
The Trip




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Álvaro estava alerta. Estava tudo em silêncio, exceto pelos roncos altos de Fritz dentro do lugar. Segurava seu fuzil com firmeza. Não trocava palavras com o homem ao seu lado. Não tinha nada o que falar. Amanhã iria atrás de sua família. E tudo ficaria bem, pelo menos era isso que ele esperava.

Conferiu o medidor de radiação preso à roupa. Ainda estava um pouco além da risca vermelha desenhada no aparelho. Olhou para o céu. Não sabia se era por causa das lentes da mascara, ou por qualquer outro motivo, mas o céu estava negro, sem estrelas e sem lua. Parecia que uma espessa nuvem cobria tudo que a visão tivesse alcance.

Olhou em volta. Nenhum movimento além do vento arrastando as folhas secas, e restos de coisas carbonizadas. Tudo parecia calmo. De certa forma, estava curioso para ver uma dessas criaturas. Será que no futuro descobririam por que eles se tornaram aquilo ao entrarem em contato com a radiação? Por que afinal eles ficaram assim? E por que sobreviveram?

— Nunca usou uma arma, não é? — a voz de Oz ressoou abafada por dentro da roupa especial que usava.

— Erm... Não, nunca. — Álvaro respondeu sem jeito. Estava fazendo vigia noturna, mas de que ia adiantar se caso aparecesse alguma coisa, ele não saber nem usar uma arma?

Oz riu.

— Cara...  Você tá perdido... Se uma dessas criaturas não te pega, vem uns malucos que estão se achando os reis da cocada preta, e acabam com sua raça.

— Quem?

— Uns filhos de uma mãe que na região. Invadiram a usina de força, e cortaram a eletricidade de praticamente toda a região. Depois que essa bomba caiu isso aqui tá um inferno. As pessoas não querem só sobreviver. Querem sobreviver se aproveitando do medo dos outros e...

Oz interrompeu o que dizia e se levantou. Ruídos puderam ser ouvidos. Apontou a lanterna para os lados, procurando alguma coisa. Álvaro se levantou junto e apontou a arma para o nada, estava assustado.

Antes que fosse uma das criaturas. Detrás de um monte de arbustos secos, um lobo emergiu, rosnando. Seu pelo estava desgasto e caído, e em vários lugares podia se notar feridas, algumas chegando até ser fundas. Os dois homens ficaram estáticos. Talvez o animal fosse embora. Não valia a pena atacá-lo sem motivo, levando em conta que estava bem machucado. Mas se ele os atacasse, não teriam escolha.

O lobo os encarava, saliva escorria de sua boca. Era assustador. Mas, vendo que os dois homens de roupas estranhas não se moviam, e não tinham algum cheiro que os identificasse como “comida”, decidiu por dar as costas e sair correndo. Estava assustado.

— Alguma coisa aconteceu com esse bicho. Isso não é bom sinal. — Oz comentou, voltando a se sentar — Fique atento.

Álvaro começou a se sentir sonolento, assim que a aurora cobriu o céu. Depois do lobo, nada havia aparecido. Sentia-se indisposto para viajar. Devia ter comido alguma coisa antes de sair do abrigo. Por que não o fez? Talvez o desespero para encontrar os pais não tivesse o deixado de pensar na própria saúde. Os mantimentos que carregara agora pertenciam a Fritz. Será que conseguiria suportar?

Rato foi o primeiro a sair do escritório assim que o sol já estava no céu. Alegou que iria buscar o carro, para que pudessem viajar. Fritz decidiu repentinamente que iriam se mover todos para Cuppertown. Aquela base não seria mais segura.

— Como assim? — Álvaro perguntou, se levantando repentinamente de onde se sentava, e sentindo uma breve tontura. — Por que não é mais segura?

— Cara... — Fritz disse, trazendo duas caixas empilhadas para fora, — Se antes fosse só aqueles bichos... Acontece que tem uns viados na nossa cola. Se eles decidem pegar a gente, ‘tamo tudo ferrado. E aqui tá entulhado de suprimento, e arma. Vamo vazar pra Cuppertown contigo, lá eu tenho um colega, que pode ajudar. Além do mais, se você não achar quem você precisa, pode ficar com a gente, pra substituir minhas vigias noturnas.

     — Beleza. — Álvaro se levantou, pegando uma das caixas. Rato acabara de chegar com a pick-up de quatro lugares, cuja pintura exibia partes descascadas, e extensos arranhões.

     Em pouco tempo os quatro caíram na estrada. Tiveram que deixar para trás algumas coisas, nada que não pudesse ser descartado. A viagem duraria em média umas três horas, isso se não parassem. A medida que se afastavam, os marcadores de radiação iam descendo seus ponteiros, até que quando chegaram em um ponto, as roupas especiais não foram necessárias, pelo menos. Álvaro arrancou a máscara, e desceu a roupa amarela até a cintura, vendo se o vento, que passava por seus longos cabelos negros e por sua blusa colada no corpo pelo suor, melhorava sua tontura. Oz também fez o mesmo. Era um homem robusto, de cavanhaque ralo, e cabelo raspado. Uma tatuagem de dragão destacava por todo seu braço.

     — Putz... ‘Cê não passa de um pirralho! — Rato comentou, assim que botou os olhos em cima de Álvaro. — Quantos anos‘cê tem? Uns 15?

     — 17. — respondeu, encostando a cabeça no metal atrás do banco. Olhou para sua mão. O corte que levara do vidro havia sangrado mais do que o esperado, manchando praticamente sua mão toda. Sorte que já havia estancado.

     Oz olhou para trás, para dar uma olhada na cara do garoto. Fritz fez o mesmo, porém por uma olhadela no retrovisor, pois não podia tirar os olhos do volante.

     — ‘Cê tá bem? Tá parecendo pálido... — O careca perguntou.

     — Não, ‘tô ótimo... Preocupa não. — respondeu apressado. Pensou que, se os homens soubessem que ele não estava bem, pudessem o largar na estrada. Encostou a cabeça de novo no metal, e acabou por dormir em pouco tempo.

     Álvaro abriu os olhos, sobressaltado. Haviam parado. Fritz segurava firmemente o volante, parecendo tenso. Olhou em volta. Pelo vidro sujo de trás, pode ver homens armados até os dentes se aproximando. Rato levou as unhas até a boca. Oz fez um esforço descomunal para parecer relaxado. Um dos homens chegou ao carro.

     — ‘Tão indo pra onde? — perguntou. Seus olhos varreram o carro, observando quem estava ali.

     — Cuppertown. — Fritz respondeu, seco. Temia o pior. Aqueles homens não eram da policia, e muito menos gente de bom coração, Não esperava os encontrar na estrada. Para ele, estavam na torre de energia próxima dali.

     — Vou mandar um colega meu com vocês, pode?

     Fritz engoliu em seco. Como negar alguma coisa àqueles homens?


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Notas finais do capítulo

Rá. Enrolando, o cap saiu. De qualquer forma...



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