“O amor é muito jovem para saber o que é consciência.” 

William Shakespeare

.Haruhi POV.

___19 de Março – 11h30min___

– Pegou todas as suas coisas, minha filha? – Acordamos e, depois de tomarmos um bom e nutritivo café da manhã, terminamos de juntar as coisas.

– Uhum... – Estava cabisbaixa, eu realmente não queria partir, mas, eu sabia que era o melhor a se fazer. Mesmo sabendo que a pessoa que me fez conhecer a palavra “amor” iria se casar, eu sabia que se ficasse o sofrimento seria maior. Seria pior.

– Acho que já podemos ir, então. – Saímos de casa e fomos em direção ao carro, para ir ao aeroporto.

___19 de Março – 12h35min___

Em direção ao avião, dava passos lentos, temerosos e indecisos. Cada um deles parecia uma decisão de vida ou morte. Tentando livrar-me desta estranha sensação, olhei para o céu, mas, me arrependi, pois o mesmo ficou nublado e escuro. Estava afundada em meus pensamentos, mas logo percebi que, muitos dos futuros passageiros reclamavam. Olhei para trás e me deparei com um Tamaki correndo desesperadamente. E que gritava. E logo, começou a chover.

– Haruhi! Haruhi!

Fiquei em estado de choque, e apenas senti gotas de chuva pequenas e geladas quase me molharem por inteira, apesar de estar apenas garoando.

– Ta-tamaki? – Gaguejei, cambaleando para trás, ficando cinco longos passos longe do loiro. – O que você está fazendo aqui? – Gritei, tentando fazer com que ele escutasse minha fala com a distancia que nos separava e com a tempestade, que começava a aumentar, molhando-nos ainda mais.

– Eu achei que... Que... Que eu não estava bem com você e eu não queria que você fosse para Londres sem... Despedir-se de mim, da forma correta.

– E-eu só espero que não tenha vindo aqui para me pedir para desistir. – Mas é claro que eu queria que ele me pedisse isso! É óbvio, mas, eu tinha de ser rígida, se não, iria acabar provocando mal a mim mesma.

– Bem, eu iria pedir... Contudo, acho que agora isto não é viável.

– Não mesmo.

– Então... É isso?

– “É isso” o que?

– É assim que tudo vai acabar? – Com coragem, aproximei-me mais dele e segurei suas mãos entre as minhas, e olhei diretamente nos seus olhos, coisa que eu procurava evitar.

– Isso não é o fim, não é o fim para mim nem para você. O fim é para nós dois juntos. Nós mesmos estamos apenas no começo. – Calma e delicadamente, soltei as mãos de Tamaki e fui correndo em direção a meu pai, que olhava a cena, com um ar de dúvida e cautela.

– O que aconteceu? – Perguntou meu pai.

– Tamaki veio aqui para dizer “tchau”. Só isso. – Entrei no avião, desengonçada e completamente molhada. A aeromoça ofereceu-me uma toalha, como estava fazendo com todos os outros passageiros. Aceitei e comecei a secar-me. Sentamos nas poltronas correspondentes e eu tirei do bolso da jaqueta um mp3, o liguei e começou a tocar uma música tranqüila e lenta, para me fazer cair no sono.

.Tamaki POV.

___19 de Março – 12h47min___

Após a triste despedida de Haruhi, fiquei em choque, paralisado. E mesmo com o perigo de pegar um resfriado, ou até mesmo algo mais grave, devido à quantidade de água que caia dos céus.

Embora possa parecer estranho, a água me fazia pensar melhor. E em meio desta chuva forte eu tomei uma decisão que iria mudar minha vida drasticamente... E, talvez, a de Haruhi também. Um pouco depois, mas iria modificá-la também. Corri para o carro e pedi ao motorista:

– Leve-me para Ouran!

Durante longos quinze minutos, pensei em meu plano.

– Chegamos. – Disse o motorista.

– Obrigada. – Sai do automóvel apressado e fui direto para a sala do Host Club. Cheguei afobado na sala sede do clube, surpreendendo a todos que lá estavam – que por minha sorte, somente os membros da organização estavam.

– O que houve? – Kyoya perguntou-me vendo meu estado.

– A Haruhi...

– Se foi? A gente sabia. – Hanni disse um pouco desanimado, mastigando um pedaço de bolo.

– Eu preciso da ajuda de vocês!

– Para que, exatamente? – Disse Kaoru.

– Eu vou... Eu vou... Aliás, eu não vou...

– Não vai o que? – Os gêmeos disseram em coro.

– EunãovoumecasarcomaValentine. É isso.

– Oh, claro. É isso. Deu para entender tudo o que você disse. – Kyoya comentou sarcástico. – Faria o favor de repetir isso, mais lentamente? – Sorri, sarcasticamente também e repeti. Dessa vez com paz e tranqüilidade, como se estivesse soletrando a uma criança.

– Eu não vou me casar com a Valentine.

– O que?! – Todos se assustaram, e acabaram se pronunciando juntamente.

– Deu para terem surdez agora é? Eu não vou mais me casar, mas eu preciso da ajuda de você para, depois que eu cancelar meu noivado com Valentine, eu ir para Inglaterra.

– Vai se declarar para Haruhi, não vai? – Corei.

– V-vou.

– Graças a Kami! – Os gêmeos falaram.

– Finalmente... – Kyoya pronunciou-se.

– Yay! Parabéns Tama-Chan! – Honey abraçou-me. Mori apenas sorriu – coisa rara de se ver.

___19 de Março – 15h00min___

– Valentine, posso falar com você? – entrei no quarto da garota.

– Claro. Sente-se. – Falou apontando para a cama.

– Eu preciso te falar uma coisa.

– Estou aqui, não estou? – Articulou nervosa. – Então fale!

– Sabe, eu acho que todas as pessoas tem de achar outro ser que possa o completar. Realmente, eu já achei esta individua há muito, muito tempo. Mas eu não percebi e só agora, que eu realmente estou perdendo-a, eu finalmente, consegui distinguir esse sentimento. Infelizmente essa pessoa não é você e... E eu não posso me casar com alguém que eu não amo. Sei que está quase no dia, porém, o melhor para nós dois é a “separação”. Desculpe-me... – Nesse momento, Valentine já estava cabisbaixa, espremendo o vestido contra os dedos, pude ver pequenas lágrimas escorrendo de seus olhos.

– É a Haruhi, não é?

– Como... Como você...

– Todos, absolutamente todos, sabem que você sempre gostou da Haruhi, mas nunca percebeu o que senti por ela. Talvez eu tenha lhe pressionado para você sentir que esse casamento era sua obrigação, mas não é.  O seu coração é que tem que decidir se você quer mesmo esse matrimonio.

– Obrigada pela compreensão, eu realmente sinto muito, mas... Eu tenho que correr atrás de Haruhi. – Como não obtive resposta, sai do quarto e fui para o meu. Deitei-me e liguei a TV, precisava pensar. E amanhã iria ver os Hosts, para que eles me ajudassem na “reconquista” da Fujioka.

Continua...