Towards The End escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas =) Desculpem pela demora, mas enfim, aí está o sétimo capítulo, que vai para isagadelha. Obrigada pela recomendação! x3



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  Chegamos ao sexto andar e fomos direto à porta do apartamento 602. Assim que tocamos a campainha, uma senhora idosa de cabelos grisalhos que devia ser a avó de Aaron nos atendeu.

  — Ah, vocês! — Disse ela alegremente. — May e Sue, há quanto tempo! Como cresceram! Como estão diferentes! Estão tão lindas...

  A senhora nos deu um abraço e nos convidou a entrar.  Acreditamos que era ela a ‘Sra. Roberts’ com quem o porteiro havia falado com ela no telefone.

  — Venham, queridas. — Disse a senhora, nos conduzindo pelo pequeno apartamento. — Sentem-se no sofá enquanto eu chamo Aaron. Gostariam de comer alguma coisa? Biscoitos? Sanduíches? Um copo d’água?
  — Não, muito obrigada, Sra. Roberts. — Respondi. — Nós deveríamos nos desculpar por visitá-los tão tarde, mas é que...

  — O que é isso, menina! — Interrompeu a avó de Aaron. — Você sabe que aqui ninguém dorme nos primeiros quinze dias do verão. É festa todo dia e toda noite. Você também sabe que não precisa dessa formalidade de me chamar de “Sra. Roberts”, bobinha! Pode me chamar de Flor.

  — Tudo bem... Flor. — Falei àquela simpática senhora.

  Sam e eu sentamos em um sofá na pequena sala do apartamento. Não havia muita coisa ali: dois sofás, algumas cômodas e prateleiras cheias de fotos e enfeites e uma mesinha com uma televisão. A Sra. Roberts — quer dizer, Flor — entrou em um corredor que provavelmente levava aos quartos. Ouvimos ela falando com alguém, e em seguida Aaron apareceu por aquele corredor.

  Ok, confesso que meus olhos doeram quando eu vi ele. O garoto era tão branco. A pele dele parecia translúcida, o cabelo era praticamente branco, e os olhos eram de uma cor estranha, como se fossem cor de mel, mas muito mais claros. Eram quase dourados.

  Por isso, imagino que ele não deve ter ficado tão surpreso em encontrar uma garota com um monte de marcas no rosto e outra de cabelo verde.

  — Ótimo. — Disse ele em uma voz que parecia um pouco aflita. — Eu sabia que era mentira quando vovó disse que May e Sue estavam aqui. Elas nunca mais olharam na minha cara depois que eu deixei Claudia cega. Agora eu tenho certeza. Quem são vocês?

   Olhei para Sam em busca de alguma ajuda, mas o olhar dela para mim era claro: Você já fez isso antes. Eu não. Se vira que eu te dou meu apoio moral.

  Respirei fundo e levantei do sofá, indo até Aaron com a mão estendida.

  — Aaron, eu sou Melanie White. Esta é Samantha...?

  — Só Samantha. — Respondeu ela, quando lhe lancei um olhar interrogativo perguntando seu sobrenome.

  Ah. Sim. Claro. Ela fora criada por ninfas. Provavelmente nem conhecia o pai.

  — Ahn... Eu sou Aaron. — Disse ele confuso, encarando minha mão. — Mas como vocês me descobriram? O que vocês querem?

  Certo. Isto ia ser complicado.

  — Aaron... — Eu falei, baixando a mão e me forçando a encarar os olhos esquisitos dele para que ele visse que eu não mentia. — Sabe as histórias da mitologia grega? Em que os deuses existiam, e vinham à terra ter filhos semideuses com mortais?

  — Sim... — Disse ele com um olhar confuso.

  — Pois é... Essas coisas existem. Você é um filho de um deus. Eu e Sam também somos.

  Aaron me olhou como se eu tivesse dito que era casada com o Obama.

  — É sério, Aaron. — Ouvi Samantha dizer do sofá atrás de mim. — Por que você acha que Melanie tem essas coisas estranhas na cara? Porque isso é a marca dos filhos de Nyx, a deusa da noite. Por que acha que tenho cabelo verde? Porque é a marca dos filhos de Gaia, a terra. Você deve ser filho de Apolo ou algo assim, a julgar pelo seu físico um tanto... Brilhante.

  — Aaron, isso não é brincadeira, não é pegadinha, não é nada do que você provavelmente esteja pensando. Olha, você provavelmente já viu coisas muito estranhas na vida. Já deve ter visto monstros. Gigantes. Espíritos. Mulheres verdes. E você não conhece o seu pai. Sua mãe provavelmente inventou que ele a deixou quando você era bebê, ou que ele morreu, ou alguma coisa assim. Você tem dislexia, déficit de atenção e hiperatividade. Coisas estranhas já tentaram te matar. Confere?

  Os enormes olhos dourados de Aaron me encaravam com espanto.

  — Sim... Mas... Como você sabe disso?

  — Todos os semideuses passam por isso. Bem, Samantha não passou porque ela foi criada por duas ninfas e alguns sátiros. Mas todos os que crescem com seus pais humanos, sim. Se você duvida de nós, pode perguntar à sua mãe.

  A postura dele mudou subitamente.

  — O que foi? — Perguntei. Ele baixou a cabeça.

  — Deixe minha mãe fora disso.

  Aaron nos deu as costas e ia em direção à porta da frente. Eu o peguei pelo braço e o forcei a se virar para mim.

  — Aaron, o que há? Fala!

  — Vocês estão mentindo! — Disse ele com raiva, afastando o meu braço. — Vocês são loucas, anormais, psicopatas... Sei lá o que vocês são! Mas vocês não sabem nada da minha vida. E não ousem meter minha mãe nessas coisas.

  — Aaron, calma. — Disse Samantha, aparecendo ao meu lado. — Não estamos mentindo, e não somos loucas nem psicopatas. Anormais talvez, porque nenhum semideus é normal. Mas você está enganado. Sabemos mais da sua vida do que você pensa. E quanto à sua mãe...

  — NÃO FALE DELA! — Gritou ele. Os olhos de Aaron pareciam cheios de lágrimas, e a pele dele parecia... Brilhar um pouco.

  — Calma, garoto. — Repetiu Sam. Aaron se encostou na porta e deslizou até ficar sentado no chão, com as mãos no rosto. Para minha surpresa, Samantha foi até ele e o abraçou, e ele não fez nada para afastá-la.

  — Aaron. — Eu falei, me ajoelhando à frente deles. — Aaron. Calma, tá tudo bem. Mas você tem que aceitar a realidade. Tudo o que falamos é verdade. Mas... O que há com a sua mãe?

  Samantha me lançou um olhar duro. Aaron levantou o rosto encharcado de lágrimas para mim.

  Ah, é ela quem não sabe lidar com as pessoas?

  — Você não sabe... Não entende... — Ele voltou a enfiar a cara nas mãos, e Samantha continuou apenas abraçando-o e afagando seu ombro.

  Eu levantei. Eu realmente não era boa nesse negócio de consolar as pessoas, ainda mais quando não sei qual é o problema.

  Então eu senti algo que me deixou extremamente alarmada. A presença estava mais próxima do que nunca. Tipo, talvez até do outro lado daquela porta.

  — Saiam daí. — Eu falei, com os olhos vidrados na porta.

  — O quê? — Perguntaram os dois.

  — Calem a boca e saiam daí. — Repeti.

  Os dois ficaram parados no lugar. Bufei de raiva. Que parte da frase “Saiam daí” é difícil de entender? Andei até a porta e, já que eles não queriam sair, eu meio que os chutei dali. Literalmente.

  — Ai! — Reclamou Aaron.

  — CALA A BOCA! — Sibilei para ele. Encostei-me à porta e espiei pelo olho mágico, mas não vi nada. Mesmo assim, eu ainda tinha certeza de que o monstro estava naquele corredor.

  — Certo. — Falei, respirando fundo e tentando me acalmar. — Tem um monstro no corredor. Entenderam? Um monstro. Com o qual vamos ter que lutar no momento em que pusermos o pé pra fora deste apartamento. Então, Aaron, acho melhor você enfiar a realidade nessa sua cabeça albina, caso contrário, Samantha e eu vamos voltar para a segurança do Acampamento e você vai ficar aqui para ser devorado como o meio-sangue teimoso que é. Entendeu ou quer que eu desenhe?

  Os dois ficaram me fitando com espanto, e no caso de Aaron, medo. Bufei e, sem pedir permissão, entrei no corredor lateral do apartamento.

  — Você não pode entrar aí! — Ouvi Aaron dizer atrás de mim, mas eu o ignorei. Ele veio atrás de mim, mas como o corredor estava bem escuro, consegui me transformar em uma sombra e ele não me viu.

  Havia mais ou menos cinco portas naquele pequeno corredor, mas apenas a do final estava iluminada. Presumi que a avó de Aaron estivesse lá, e foi para lá que eu fui. Assim que entrei no quarto, voltei à minha forma normal.

  O quarto era um pouco maior que a sala. Havia uma cama de casal bem-arrumada, algumas prateleiras cheias de coisas, uma cômoda com uma televisão pequena e duas cadeiras. Uma delas era de balanço, e nela estava sentada Flor, a avó de Aaron, que tricotava. A outra era uma poltrona, na qual estava sentada uma mulher que presumi ser a mãe de Aaron. Ela não parecia ser uma mulher muito jovem, de pele morena e cabelos escuros, nem um pouco parecida com o filho. Seu estado não era nada bom: ela estava com a postura ruim, os cabelos estavam opacos e arrepiados, a pele estava claramente seca e ela tinha olheiras. Sem contar o fato de que respirava com certa dificuldade e que não falava nada, ficava simplesmente encarando o nada com os olhos castanhos.

  — Com licença? — Falei, na porta do quarto. Flor levantou os olhos de seu tricô e me olhou um pouco surpresa.

  — Oh, Sue... Você... — Ela começou a dizer, mas eu a interrompi com um movimento de mão.

  — Flor, eu não sou Sue, e a garota comigo não é May. — Eu falei em tom baixo à medida que ia me aproximando dela. Esperei alguma reação da mãe de Aaron ao entrar em seu campo de visão, mas ela continuou paralisada. — Meu nome é Melanie, e a garota comigo é Samantha. Nós precisávamos... Falar. Com Aaron.

  — Oh. — Disse a senhora, colocando seu trabalho dentro de uma bolsa no chão ao lado da cadeira de balanço. — Ele conhece vocês?

  — Não conhecia. — Falei. — Flor... Pode me responder uma pergunta?

  — Claro, querida.

  — Você sabe alguma coisa sobre o pai de Aaron?

  Por um momento pensei que a velha senhora fosse ter um ataque, ou me mandar longe, ou simplesmente dizer que não me interessava. Em vez disso, ela simplesmente olhou para baixo e me respondeu em voz baixa.

  — Sim.

  — Então você sabe o que ele era... E o que Aaron realmente é?

  Ela me olhou confusa por alguns segundos, mas depois pareceu compreender.

  — Sim. Um meio-sangue. Minha filha me contou isso antes do... Acidente.

  Dei um sorriso desanimado.

  — Ela deve ter lhe contado também sobre o lugar para onde Aaron deveria ir. Um Acampamento onde ele ficaria seguro dos perigos.

  — Sim. — Ela voltou os pequenos olhos aflitos para mim. — Já está na hora?

  — Sim, senhora. Samantha e eu viemos buscar Aaron. Somos meio-sangues também. Por favor, será que a senhora poderia nos ajudar? Aaron não acredita em nós. Ele pensa que estamos inventando a história dos deuses.

  — Claro, claro. Você poderia chamá-lo, querida?

  Assenti e fui chamar Aaron. Sem pensar, fui procurá-lo diretamente na sala, e entrei em pânico quando não o encontrei por lá. Então eu ouvi vozes vindas de um quarto no corredor e fui até lá.

  — Samantha, pára com isso! Me solta! — Dizia a voz de Aaron, quase aos gritos.

  Entrei no quarto. Era um quarto bem pequeno, que tinha apenas uma cama de solteiro, um armário e uma mesa com um computador antigo. O armário estava aberto, e Samantha pegava roupas de lá e socava tudo dentro de uma mochila. Aaron estava sentado no chão em um canto do quarto, amarrado com um negócio que parecia um cipó.

  — Melanie! — Samantha disse assim que me viu. — Onde você estava? Ah, isso não importa. Você tinha razão, tem um monstro ali no corredor. Quando espiei pelo olho mágico, eu pude vê-lo. Ele não é nada amigável. Será que você pode me ajudar com as coisas do Aaron, já que o próprio não quer cooperar? Tive que amarrá-lo com meu chicote.

  — Ah, que ótimo. Então desamarra ele, porque Flor quer falar com ele. — Eu disse.

  — Flor? — Aaron me olhou com um olhar espantado. — Desde quando você tem essa afinidade com a minha avó?

  — Isso não importa! — Quase gritei com ele. Qual era o problema desse garoto? — Ela quer falar com você. Já que não acredita em nós, aposto que nela você acredita. Samantha, desamarra esse garoto!

  — Tá bom, tá bom! — Disse ela, já se contagiando com meu stress.

  Samantha desamarrou Aaron. Pude ver que o “cipó” na verdade era um chicote verde. Assim que Sam fez um movimento com ele, ele diminuiu de tamanho e ela o amarrou nos quadris como um cinto.

  Aaron correu para o quarto da mãe, onde a avó ainda estava. Enquanto isso, Samantha e eu terminamos de arrumar a mochila dele.

  — Que monstro você viu? — Perguntei, assim que ela fechou o zíper da mochila.

  — Eu não sei. — Ela disse. — Eu nunca havia visto aquilo antes. E nem deu pra ver direito através do olho mágico, mesmo. Mas ele era vermelho. Quer dizer, era meio vermelho e meio marrom. E era do tamanho de um cavalo. De um jeito ou de outro, eu nunca vi nada assim.

  Que ótimo.

  Samantha pegou as coisas de Aaron e fomos esperá-lo na sala. Eu encarava a porta aflita, pensando que a qualquer momento o monstro iria arrombar a porta e pular ali na sala para nos atacar.

  Isso, naturalmente, não aconteceu. Mas um tempinho depois, escutamos uma voz.

  — Samantha? — Disse a voz de Adrasteia.

  Samantha pulou do sofá ao meu lado. Os olhos castanhos esverdeados dela estavam enormes.

  — Sammy? Você está aí? — Disse a voz de Ida.

  — Adrasteia? Ida? — Chamou Samantha.

  — Samantha! — Repetiu a voz de Ida. — Samantha, querida, pode sair. Já demos um jeito no monstro.

  Ok, para tudo! Primeiro: como duas ninfas poderiam dar um jeito em um monstro do tamanho de um cavalo? Pelo amor de Nyx! Segundo: eu ainda sentia a presença ali. Algo estava muito errado.

  — Sam? — Falou uma nova voz, que eu não conhecia. Aquela voz foi a que causou maior efeito em Samantha. Ela ficou completamente paralisada, com os olhos vidrados na porta a alguns metros de nós.

  — Sam, pode vir. O perigo já passou. — Repetiu a voz.

  — Mãe...? — Murmurou ela, e começou a andar para a porta da frente como se estivesse hipnotizada.

  — Venha, querida. Está tudo bem. Já dei um jeito no monstro. — Repetiu a voz que, pelo jeito, era de Gaia.

  — Estou indo, mãe. — Disse Samantha, ainda em transe.

  — Samantha, não vá. — Falei com uma voz dura.

  — É minha mãe, Melanie.

  — Não é a sua mãe. — Falei, levantando e indo até ela. — Isso é algum encanto do monstro. Eu ainda sinto a presença do outro lado da porta. Não vá.

  — Sua amiga está enganada, querida! Eu estou aqui, sim, junto de Ida e Adrasteia. Ela deve estar sentindo a presença dos sátiros que vieram comigo!

  — Eu não sinto presenças de sátiros! Eles não são monstros!

  — Tem certeza, filha de Nyx?

  — Você mente, Melanie. — Disse Samantha com os olhos fixos na porta atrás de mim. — Sai da frente. Minha mãe me chama.

  — Ela não te chama! — Segurei forte o braço dela. — É o monstro, idiota! O monstro que está te chamando, usando a voz da sua mãe!

  — Cala a boca, garota! — Disse Samantha, puxando o braço com violência. Peguei o outro braço dela também. — Me solta!

  — O que tá acontecendo? — Perguntou o confuso Aaron, chegando no local.

  — Melanie não quer me deixar ver minha mãe! — Gritou Sam.

  — É mentira! — Falei. — Não é a mãe dela que está do outro lado daquela porta. É o monstro, imitando a voz da mãe dela!

  — Garotas, parem de grito! Os vizinhos vão reclamar. — Disse Aaron.

  — Então vamos combinar assim, Aaron. — Eu disse, empurrando Samantha para ele. — Você segura ela, e eu enfrento o monstro. Beleza?

  — O quê?! — Disse ele, segurando Samantha. — Mas você não pode combatê-lo sozinha!

  — Quem disse que não? — Perguntei com uma sobrancelha erguida.

  Aaron tentou me impedir de novo, mas era tarde. Eu já havia aberto a porta, e estava cara a cara com o monstro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado =) Esse capítulo, assim como o em que o Damon aparece, tem alguns detalhezinhos que vocês podem considerar irrelevantes, mas que já revelam algumas coisas sobre os personagens — coisas que, na fic, só serão esclarecidas em um bom tempo... Aliás, desculpem se houver algum erro ou parte confusa. Estou com pressa no momento e acabei postando sem revisar ç__ç

ps.: povo, não pensem que eu abandonei a fic só porque estou demorando mais pra postar, ok? É só que eu estou com um tremendo bloqueio de criatividade no momento, o que, naturalmente, impede que os capítulos saiam com a mesma frequência que saíam em AFDN. Espero que isso passe logo. =)