Towards The End escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

hey, povo! Este capítulo demorou um pouco mais porque minha internet estava com problemas estes dias... Ainda está, na verdade, então talvez o capítulo 6 também demore um pouquinho. Enfim, espero que gostem. =)



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  — DAAAAAAAMOOOOOOON!

  Foi com esse berro que acordei três horas depois, segundo o relógio na mesa de cabeceira de Damon. Apesar de ter dormido por três horas, eu me sentia como se tivessem sido quinze minutos. Tentei fechar os olhos antes que os garotos percebessem que eu havia acordado e me forçassem a levantar.

  — DAMON! ABRE ESSA PORTA! — A voz estridente de garota soou, seguida de batidas violentas na porta. — TÁ SURDO, GAROTO?! EU TENHO CAMPEONATO AGORA, E APOSTO QUE AQUELA INÚTIL DA CHRISTINA COLOCOU MEU POMPOM NAS SUAS COISAS. OU VOCÊ O ESCONDEU PRA ME SACANEAR. ABRE A PORTAAAAAAAA!

  Sonolenta, levantei da cama e andei, meio inconsciente, até a porta, e estava prestes a abri-la e dar um soco na cara daquela garota quando alguém segurou meu braço e me puxou de volta para a cama. Era Pollux.

  — Que porra é essa? — Perguntei, esfregando os olhos.

  — Psiu. Quieta, Melanie. — Sussurrou ele. — É a irmã de Damon. Bem, meio-irmã. Ela quer entrar aqui, mas você sabe, naturalmente, que ela não pode nos ver. O que ela ia pensar se visse um adolescente, um cara praticamente adulto e outra adolescente dormindo no quarto do irmão dela?

  — O que tem? Por que não podemos dizer que somos colegas dele? E cadê o Percy e o Damon?

  — Servem estes? — Falou Percy. Só então percebi que ele estava sentado na poltrona do canto do quarto, e Damon estava na frente da TV, mexendo no DVD.

  — Ah... Serve, sim. — Respondi, me deitando de novo enquanto a irmã histérica de Damon batia mais na porta. — Caramba! Por que não usam a Névoa com essa garota? Ou porque não jogam ela no Tártaro de uma vez?

  — Bem que eu queria. — Ouvi Damon resmungar.

  — DAMOOOOOOOOOON!

  — CALA A BOCA, BARBIE! — Gritou ele, de volta. — ME DEIXA QUIETO! SEU POMPOM ESTÚPIDO NÃO ESTÁ AQUI!

  Fiquei surpresa ao vê-lo falar assim. Quer dizer, ele havia sido tão dócil comigo, era estranho vê-lo com raiva, xingando alguém como ele fazia agora.

  — CALA A BOCA VOCÊ, PROJETO DE GÓTICO! ABRE A PORRA DA PORTA E ME DÁ O MEU POMPOM!

  Certo, aquela garota estava me tirando do sério. Sem pensar muito, levantei de novo e empurrei Pollux quando ele tentou me puxar de volta. Ignorei Percy e Damon, que tentavam me impedir dizendo “Melanie, não!”, e eu já ia girar a chave na fechadura da porta quando percebi que a presença do outro lado daquela porta não era humana.

  — Temos que sair daqui. — Eu disse, me virando rápido para os garotos. — Damon, não é sua irmã que está nos infernizando. É um monstro.

  — Como você sabe? — Perguntou ele com os olhos pretos arregalados.

  — Eu sinto isso, Damon.

  — Eu disse que tinha algo de errado por aqui! — Resmungou Percy. — Eu já tenho experiência com isso, tenho um sexto sentido também. Mas eles protestaram, principalmente Damon. Disseram que era pra te deixar dormir.

  — Tá, Cabeça de Alga, cala a boca e pega as mochilas que a gente tem que sair daqui. Pode ser pela janela, mesmo.

  Por um momento, vi um lampejo de tristeza passar pelos olhos de Percy. Cabeça de Alga. Eu o havia chamado assim de propósito, confesso, para fazê-lo se mexer de uma vez. Eu sabia que o apelido havia sido inventado por Annabeth, sua falecida namorada. Apesar de já ter superado, Percy ainda sentia muito a perda dela. Annabeth não era só sua namorada, era sua melhor amiga, sua companheira pra tudo. Ele devia ter se sentido como se tivessem arrancado um pedaço dele quando ela se foi.

  Mas minha tática funcionou, afinal. Percy nos entregou nossas mochilas e eu tentei fazer as asas brotarem das minhas costas para voar para fora dali, mas eu ainda não estava totalmente curada, então elas não apareceram. Pollux fez algumas raízes crescerem pela lateral da casa, fornecendo um modo de fugir.

  — Podem deixar que eu vou primeiro. — Disse Percy. Pensamos que ele fosse descer pelas raízes, como qualquer pessoa sã faria. Em vez disso, ele simplesmente se atirou do terceiro andar da casa. Vi Damon arregalar os olhos com aquilo, e ainda mais quando Percy caiu sem um arranhão. Tá certo que ele não teve nenhum pouso perfeito — na verdade ele caiu de lado na grama, e teria quebrado uns trocentos ossos  se não fosse a invulnerabilidade. Assim que ficou de pé, ele tirou Contracorrente do bolso e fez um sinal para nós.

  — Vão vocês primeiro. — Disse Pollux. — Eu vou por último.

  — Damon, você desce primeiro. — Eu disse a ele. — Você é o menos experiente de nós. Vai estar mais seguro com Percy.

  — Valeu. — Ouvi Pollux resmungar.

  — Melanie, você está machucada. Vai você primeiro. — Insistiu ele.

  — Damon, eu não vou discutir com você.

  — Ótimo. Então desce.

  — SE NENHUM DE VOCÊS DOIS DESCER DE UMA VEZ, NÓS VAMOS TODOS MORRER! — Explodiu Pollux. O que foi um erro, pois as batidas e gritos na porta cessaram de repente, e a voz que falou em seguida era completamente diferente.

  — Então vocês sabem quem eu sou. — Disse uma voz que parecia mais um grunhido animal. — Claro. Com a garota de Nyx aí, era meio difícil não saber. Bem, vocês pediram.

  E então a porta de madeira começou a ser destroçada por garras.

  — Se você não descer agora, eu te empurro. — Falei com raiva para Damon. Vi a hesitação em seu olhar, mas ele começou a descer imediatamente. As garras continuavam destroçando furiosamente a porta.

  — Vai, Melanie! — Me disse Pollux, assim que Damon estava na metade da descida. Fui sem hesitar, e pouco depois Pollux já estava atrás de mim.

  Assim que chegamos ao chão, corremos para o carro. Percy e Damon já estavam lá dentro, Percy no motorista e Damon no banco de trás. Senti a presença se aproximando mais de nós, mas consegui pular no assento ao lado de Percy a tempo. Ele nem ao menos esperou que Pollux e eu fechássemos a porta, e enfiou o pé no acelerador.

  — O que era aquilo? — Perguntou Damon à medida que nos afastávamos de sua casa.

  — Não sabemos. — Respondeu Percy, dando uma olhada no retrovisor. — Algum monstro não muito persistente que resolveu desistir de nos perseguir.

  — Ou só queria nos assustar. — Sugeriu Damon.

  — Não. — Disse Pollux. — Monstro algum faria tudo isso ‘só pra assustar’. Eles nunca perdem as oportunidades de matar semideuses. Sabem que somos as maiores ameaças para eles.

  — E agora? — Perguntou Percy para mim, desviando totalmente do assunto.

  — E agora o quê? — Perguntei.

  — Existe algum destino mitológico perto de Las Cruces?

  Olhei para ele com uma cara interrogativa, mas então percebi do que ele falava, e percebi também que já estávamos na “velocidade ômega”. Olhei para a telinha LCD que sempre aparecia no lugar do antigo aparelho de som quando se atingia essa velocidade, e fui analisando os destinos. Eu não sabia muito de geografia, mas podia fazer uma idéia de onde ficavam alguns dos lugares...

  Até que de repente a tela mudou, e apareceu um mapa dos EUA.

  Ótimo, pensei. Hefesto quis nos dar uma ajudinha. Mas não era nada disso. Um pequeno ponto no mapa começou a piscar. O mapa foi aproximando, até que pude distinguir que o ponto piscava no estado do Oregon. O mapa foi aproximando e aproximando, até aparecer uma pequena inscrição abaixo do ponto: Monte Hood.

  — O que é isso? — Perguntaram os garotos. Ei, por que eles sempre fazem essas perguntas pra mim? Eu não sou filha de Atena!

  — Não sei... — Falei, com a testa franzida. — Isso com certeza não é o destino que procuramos. Ir para o Oregon só nos desviaria da nossa trajetória. É como se...

  — Como se estivéssemos recebendo um sinal, um chamado. — Completou Percy. — Vejam como o Monte Hood brilha... Seja lá o que for isso.

  — Acha que devemos ir para lá? — Perguntou Pollux para ninguém específico.

  — Pode ser uma armadilha. — Disse Damon.

  O carro ficou em silêncio depois disso. Oras, mas por que algum monstro se daria ao trabalho de nos mandar um sinal para que fôssemos até ele? E não tínhamos nenhum inimigo que quisesse nos atrair no momento.

  — Não acho que seja uma armadilha. — Eu disse.

  — Não temos nada a perder. — Falou Percy, despreocupado. Ele ficou extremamente parecido com Poseidon naquele momento. — Qualquer coisa, eu tenho um plano.

  Eu sabia que o “plano” de Percy era provavelmente deixar as coisas se desenrolarem, mas não contestei. Percy selecionou o pequeno triângulo que representava o Monte Hood. Colocamos o cinto e fechamos os olhos, e o carro acelerou para o norte.

 

***

 

  Assim que o carro parou, menos de uma hora depois, vi que estávamos no meio de uma floresta. Quer dizer, na verdade estávamos em uma trilha no meio de uma floresta. Ao contrário da Califórnia, ali estava bem nublado. À nossa frente começava a escalada de uma enorme montanha, o Monte Hood.

  — Beleza. Estamos aqui. — Disse Pollux sonolento. — O que querem da gente?

  — Só há um jeito de descobrir. — Disse Percy, já abrindo a porta do carro. Incrível como Percy podia ser impulsivo às vezes.

  — Damon está acordado? — Perguntei ao Pollux.

  — Estou. — Respondeu o próprio Damon, com um bocejo.

  Saímos do carro e encaramos a paisagem à nossa volta. Havia várias árvores coníferas, como pinheiros, araucárias, cedros e ciprestes, e bastante vegetação rasteira verde-escura. De longe podíamos ver um lago.

  — Tá, e aí, o que a gente faz? — Perguntou Pollux, impaciente. — Damos a volta no monte? Escalamos?

  De repente, pudemos sentir uma leve magia no local, uma magia que estava presente no Acampamento também. Troquei olhares com Percy e Pollux, e vi que eles também podiam sentir isso.

  — Oh, vocês atenderam nosso chamado!

  Nos viramos na direção daquela voz simpática de mulher, esperando encontrar uma ninfa ou uma deusa. Em vez disso, encontramos uma pequena nuvem verde com o rosto de uma ninfa aparecendo, como se fosse uma Mensagem de Íris. Talvez fosse mesmo.

  — Prazer em conhecê-los, queridos. Meu nome é Ida.

  Ida? Aquele nome me parecia familiar. Tentei fazer minha memória trabalhar e puxar as lembranças das histórias que eu havia ouvido que envolviam ninfas, mas não consegui lembrar de nenhuma.

  — Chamei vocês aqui com um propósito. — Disse a serena Ida em sua Mensagem de Íris verde. — Preciso que levem alguém com vocês.

  — Perdão, senhora? — Perguntou Percy.

  — Meus queridos — disse a ninfa com um riso —, vocês certamente já ouviram falar de mim! Digamos que fiz um papel muito importante na história. Eu e minha irmã Adrasteia, claro. Sem contar a pobre Amalteia.

  — Já sei! — Exclamou Pollux, admirado. — Foram vocês que criaram Zeus, em uma caverna do Monte Ida! E Amalteia era a cabra que dava leite para ele!

  Um trovão soou, como que para confirmar o que Pollux dizia.

  — Muito bem, Pollux! — Falou a ninfa como se fosse uma professora de maternal. — Agora, sigam-me. Vou levá-los até uma caverna onde está a pessoa que vocês precisam levar em segurança ao Acampamento.

  A pequena nuvem verde começou a se mexer, e nós a seguimos. Damon tocou o meu ombro.

  — Não acha isso meio arriscado? — Sussurrou ele. — Pode ser...

  — ...uma armadilha? — Perguntei com uma sobrancelha arqueada. — Acho que não. Pelo amor dos deuses, Damon, é uma ninfa! E não é uma ninfa qualquer, ela criou Zeus!

  — Mas ela pode estar mentindo...

  — Você é desconfiado demais, garoto. — Eu disse com um olhar seco para ele.

  Ida nos guiou pelas laterais do Monte, e então começamos a escalá-lo um pouco. Depois de mais ou menos uma hora escalando a montanha, ela nos guiou até um pequeno buraco no meio das pedras. Os garotos tiveram que se espremer para passar pelo buraco, mas eu não tive problema.

  Dentro da caverna era frio e tinha pouca iluminação, mas ainda assim era um lugar vivo. Havia várias plantas — não ervinhas que nascem entre as pedras, mas plantas mesmo, e até flores. Creio que só não tinha árvores porque o teto não era muito alto. Havia algumas borboletas e grilos, e uma cabra dormia encostada na parede rochosa. Havia três camas de madeira com videiras subindo pelos pés, e todas as camas tinham cobertas e travesseiros verdes. Alguns instrumentos musicais rústicos, como as flautas dos sátiros, estavam jogados em um canto.

  Uma mulher baixa e magra de pele esverdeada e cabelos totalmente verdes nos encarava com expectativa. Reconheci o rosto de Ida. Ao lado dela outra mulher nos encarava do mesmo jeito. Esta era mais alta e mais gordinha, mas também tinha pele e cabelos verdes. Ambas usavam vestidos verde-escuros e tinham expressões maternais no rosto.

  E, ao lado delas, sentada em uma cadeira de madeira rústica e mexendo em um chicote, estava uma garota claramente humana. A pele dela era bem branca e ela parecia ser baixa, como Ida. Usava botas de caminhada, um short bege e uma camiseta camuflada. Mas o que mais me surpreendia era a cor do cabelo dela: verde-mato.

  — Perseu Jackson. Melanie White. Pollux Johnson. Damon Knight. — Ida e Adrasteia cumprimentaram cada um de nós com um aceno de cabeça.

  — Gostaríamos de lhes pedir um favor, em nome de nossa Grande Mãe Terra. — Disse Adrasteia. — Gostaríamos que levassem esta garota em segurança para o Acampamento Meio-Sangue. Nós a criamos desde bebê nesta caverna do mesmo jeito que criamos o pequeno Zeus no Monte Ida até ele ter idade o suficiente para derrotar seu pai, Cronos.

  Reprimi uma risada ao ver alguém chamando Zeus de ‘pequeno’, e tentei me focar no assunto central.

  — Semideuses — disse Ida —, lhes apresentamos Samantha, filha de Gaia.


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Notas finais do capítulo

ta-dan o/ Aí está o quinto capítulo. Ah, sim, obviamente o pompom do qual a "irmã" do Damon falava era um daqueles pompons de líder de torcida. Sei lá se aquilo tem um nome, mas enfim.

A propósito, se quiserem ter uma imagem mental melhor da Samantha, eu pessoalmente imagino ela exatamente uma Hayley Williams de cabelo verde. Segundo a izacoelho, eu estava muito nas dorgas quando pensei em um ser de cabelo verde .-. Mas hey, se filhas de Nyx podem ter marcas no rosto, por que filhas de Gaia não podem ter cabelo verde? u-u

Espero que tenham gostado. Reviews? =)