Towards The End escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

AVISO NO FINAL, LEIAM E RESPONDAM, POR FAVOR U.U



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  Tentamos protestar mais contra os grupos formados, mas foi tudo em vão. Quíron estava determinado a não mudar os grupos, então nós desistimos. Depois do jantar, meu grupo foi o primeiro a ser chamada à Casa Grande para pegar as informações que os sátiros haviam coletado ao descobrir os semideuses.

  — Aaron mora em Las Cruces, uma cidade ao sul do Novo México. Ele mora em um apartamento com a avó e a mãe, no sexto andar deste edifício. — Quíron nos mostrou uma foto do edifício de Aaron, um belo edifício branco com mais ou menos dez andares. Atrás da foto estava escrito o endereço. — Ele fica bastante na sacada do apartamento, mas sempre sob um guarda-sol e de óculos escuros. Ele é albino.

  Então ele nos mostrou uma foto de Aaron. Ele era magro e baixinho, o cabelo era praticamente branco e a pele era quase translúcida de tão pálida. Os olhos estavam escondidos atrás de óculos pretos que se destacavam naquele garoto todo branco. Eu realmente não esperava que ele fosse assim. Quando se fala em Novo México, imagino pessoas descendentes de latinos, com pele morena e cabelo escuro. Mas é claro que não se pode generalizar tudo.

  — O outro garoto — Quíron prosseguiu, entregando a foto de Aaron a Percy —, Damon Knight. Ele mora em Los Angeles com a mãe, o padrasto e a irmã. Esta é a casa dele, e ele raramente sai de lá. — Quíron nos deu a foto de uma casa grande e bonita, cercada de várias outras casas grandes e bonitas. A foto não era muito clara, pois era tirada de longe e provavelmente com a câmera de um celular. — E este é ele. — Recebemos uma foto de Damon, mas não era mais clara que a foto de sua casa. A única coisa que eu podia concluir era que Damon era um cara alto que gostava de roupas pretas.

  — Isto não ajuda muito, sabe... — Eu disse, pegando a foto e apertando os olhos para ver melhor.

  — Eu sei. Mas o pobre sátiro não teve culpa. Ele teve de roubar um celular para tirar a foto. Agora... vocês poderiam chamar o próximo grupo? Thalia, Clarisse, Heidi e Travis. Depois, podem voltar aos seus chalés e descansar. Amanhã de manhã eu gostaria de falar com vocês, de novo. Estejam aqui às dez.

 

***

 

  — Vocês não vão partir todos no mesmo dia e horário — dizia nosso treinador no dia seguinte, quando os três grupos se reuniram na Casa Grande —, por medidas de segurança e praticidade. O primeiro grupo a partir será o de Percy. O Sr D. falou com Hefesto, e ele disse que vocês poderão usar aquele carro mágico. — Quíron olhou para Dioniso, que estava sentado em uma poltrona perto da lareira apagada, bebendo Diet Coke e jogando Pacman em um gameboy. — Vocês partem amanhã de manhã, por volta das oito horas. O segundo grupo, que irá atrás de Celina, parte amanhã à tarde para Nova York, e de lá vocês pegarão um trem ou ônibus para a Filadélfia. O último grupo parte para o sul depois de amanhã, de manhã. Se tudo sair como planejado, talvez vocês possam até usar o carro de Hefesto.

  — O QUÊ?! — Perguntei involuntariamente. — Você quer que a gente vá até o outro lado do país para pegar dois semideuses em estados diferentes e esteja de volta em UM DIA?!

  — Se não me falha a memória — disse o Sr D, metendo o nariz gordo dele onde ninguém havia chamado — aquele carro pode viajar a uma velocidade de muitas centenas de quilômetros por hora, Megan Wright.

  Simplesmente bufei e revirei os olhos, controlando meus pensamentos para não xingar o diretor do acampamento. Eu vinha tentando manter a paz entre Dioniso e eu, mas era difícil quando aquele velho gordo era tão irritante. E vivia me chamando de qualquer coisa, menos Melanie White.

  — O Sr D. está certo, Melanie. — Disse Quíron como se estivesse falando a uma criança que a mãe está certa em não deixar comer muito doce. — O carro de Hefesto pode ir de Nova York a Los Angeles e voltar em um dia, se for depender da velocidade. Então, se tudo der certo, teremos vocês de volta a tempo e o grupo de Nico poderá usar o carro para ir ao sul.

  Pensei em retrucar, mas não falei nada, apenas cruzei os braços e encarei a mesa em volta da qual nos reuníamos. Quíron combinou mais alguns detalhes com Percy, Thalia e Nico, e então saímos da Casa Grande.

  — Você não acha que o Quíron está meio estranho? — Percy me perguntou, baixinho, assim que nos afastamos em direção à arena de esgrima.

  — Como assim?

  — Você sabe. Ele parece meio distraído e não tem falado muito. Geralmente ele gosta de discutir e combinar tudo nos mínimos detalhes, mas hoje ele deixou passar um que até eu percebi.

  — Qual detalhe?

  — Sobre o carro de Hefesto. — Disse Nico, se juntando à conversa. — Também percebi isto. Ele disse que o carro pode atravessar o país duas vezes em um dia, mas isso só acontece se você selecionar um destino específico. E destinos comuns, como uma cidade ou uma casa, não estão incluídos.

  — Vocês têm razão. — Falei, refletindo. — O Sr D. também disse isso. Será que tem algo preocupando eles?

  — Talvez. — Disse Nico, com ar pensativo. — Pode ter algo acontecendo no Olimpo.

  Engoli em seco. Será que teríamos problemas em breve? Mais uma vez, me veio à mente aquela primeira conversa que tive com minha mãe: Vão precisar de você no Acampamento... Novos e poderosos meio-sangues... É melhor você treinar comigo... Uma profecia sobre você e sua irmã... Todas aquelas palavras me vieram à cabeça, e não era a primeira vez. Às vezes eu me lembrava daquela conversa e minha insônia ficava ainda pior. Eu ficava pensando naquelas palavras e em que significado elas poderiam ter, mas nunca chegava a nenhuma conclusão.

  — Mel? — Nico disse, me fazendo voltar ao mundo real.

  — Hm? — Perguntei, atordoada. Eu havia ficado tão perdida em pensamentos que nem havia ouvido se alguém havia falado algo.

  — Aconteceu alguma coisa? — Perguntou meu namorado com um olhar preocupado. Percebi que Percy não estava mais ali conosco. — Você parece distraída. E preocupada.

  — Não é nada. — Falei, tentando tranquilizá-lo. Eu já estava preocupada o bastante, não precisava que Nico também ficasse.

  — Você não me engana, Melanie. — Ele disse com um meio sorriso convencido. — Eu te conheço. Sei quando você está intrigada com algo. Tipo agora.

  — Meus deuses, Nico, não é nada! Não posso ficar pensativa um minuto que você já fica botando problema? — Gritei, irritada.  A expressão dele desabou assim que percebeu meu tom estressado, mas ele logo substituiu a cara magoada por uma máscara de indiferença.

  — Não estou botando problema. Só pensei que tivesse algo acontecendo. Não posso mais me preocupar com minha namorada?

  — Não, não pode. — Falei com um pouco de humor, dando um selinho nele para deixar o clima mais leve. — Mas falando sério: você realmente não precisa se preocupar tanto comigo, Nico. Não tem nada me incomodando, só estou um pouco pensativa por causa desse negócio do Quíron.

  A expressão dele relaxou e ele soltou a respiração. Ei, aquilo era tudo preocupação comigo? Aquilo fez meu coração se encher de afeto por ele e dar um pulo no peito. Nunca na minha vida alguém havia se preocupado tanto assim comigo. Só o meu pai, talvez.

  — Se é assim... — Nico disse, estendendo a mão para mim. — Fico feliz que não tenha nada te preocupando de verdade.

  Peguei a mão dele e andamos até a arena de esgrima, onde Percy já estava treinando alguns campistas mais novos.

  Apesar de o resto do dia ter passado normalmente, não houve um momento em que parei de pensar nos últimos acontecimentos: a distância de Quíron, aquela velha conversa, meu sonho da primeira noite no acampamento. Tudo aquilo me preocupava e devia ter alguma ligação, mas eu não conseguia entender qual. Nico tentou conversar comigo sobre isso mais vezes durante o dia, mas eu rapidamente desviava para algum assunto banal, como a alegria estranha de Heidi. Graças a Nyx eu sou ótima em mentir e omitir coisas, e Nico não suspeitou de nada muito estranho comigo. Espero.

  Tentei dormir cedo naquela noite, mas mais uma vez eu não consegui. Fiquei pensando em todas as coisas que me atormentavam, e por mais que eu tentasse afastar esses pensamentos, nunca conseguia. Não tive nenhum sonho quando finalmente consegui dormir, por volta das duas e meia da manhã.

  Ao que pareceu um piscar de olhos depois de eu ter pegado no sono, fui acordada por uma presença quente e luminosa perto do meu rosto. Abri os olhos, sonolenta, e vi uma garota com longas ondas de cabelos loiros e um par de curiosos olhos azuis me encarando. Summer.

  Quando digo “luminosa”, não quero dizer que Summer literalmente brilhava, mas sua presença, sua aura, sim. Afinal, ela era a filha do Dia, não?

  — O que você faz aqui, Summer? — Perguntei, tropeçando nas palavras.

  — Bom... — Ela disse, tímida. — Você sabe como eu acordo cedo. Eu saí para dar umas voltas, e Quíron disse para eu te acordar por causa da missão. Vocês vão partir hoje?

  — Ei, peraí. — Eu disse, já mais lúcida, sentando na cama. — Que horas são?

  — Sete da manhã. — Ela respondeu sem ao menos consultar um relógio.

  Saltei da cama. Eu tinha apenas uma hora para me arrumar, arrumar uma mochila e comer alguma coisa. Considerando que eu havia dormido apenas quatro horas e meia e que eu ficava cada vez mais dependente da noite — ou seja, eu ficava cada vez mais lerda de dia —, aquilo era pouco tempo. Peguei uma mochila do Acampamento jogada em um canto perto da minha cama e corri até o armário, pegando uma muda de roupas sem nem conferir direito e enfiando na mochila junto de algumas comidas que eu guardava ali para o caso de sentir fome durante a noite, um pouco de dinheiro e uns três dracmas.

  — Quer ajuda? — Perguntou Summer, vendo minha afobação.

  — Não, muito obrigada. Caso você não tenha percebido, eu já acabei de arrumar minha mochila.

  Summer deu um risinho.

  — Melanie, você ao menos viu as roupas que você pegou? Calma, garota. Até as sete e meia, você já está arrumada e de mochila pronta. Agora arruma isso direito.

  Fiquei um pouco aliviada. Summer estava certa, não adiantava de nada eu me apressar daquele jeito. Abri a mochila e tirei de lá as roupas que eu tinha pegado. Summer tinha razão em me fazer revisar a mochila: eu havia socado um vestido e um corset lá dentro. Alisei e dobrei as roupas e já ia guardá-las quando Summer as tirou da minha mão, entregando-me um outro montinho de roupas.

  — Não precisa se preocupar em arrumar a sua mochila. Deixa que eu faço isso. Vai tomar um banho, se vestir e dar um jeito nesse cabelo. Aqui estão as roupas que eu separei pra você. São as mais confortáveis e apresentáveis nesse seu armário das trevas.

  Senti meus olhos se arregalando de leve. Summer já havia revirado meu armário atrás de roupas decentes e separado algumas para mim, enquanto eu simplesmente alisava e dobrava um vestido? Deuses, eu estava lerda mesmo. Ou ela era hiperativa demais. Ou ambos.

  Assim que saí do banheiro já de banho tomado e aparência devidamente apresentável, encontrei Summer em frente ao meu chalé com a mochila na mão e um olhar impaciente no rosto geralmente alegre e inocente 24 horas por dia.

  — Garota, você é mesmo lerda! — Disse ela, enfiando a mochila no meu braço e me arrastando para o refeitório. — Já são vinte pras oito. Você gastou quase quarenta minutos se arrumando! E você nem passou maquiagem, aí sua demora seria compreensível. Vamos, você precisa comer algo antes de partir.

  Era a primeira vez que eu via Summer daquele jeito: apressada, impaciente, e me chamando de lerda e dizendo que meu guarda-roupa era das trevas (o mais próximo que ela já havia chegado de insultar alguém). Deixei isso de lado e tratei de comer qualquer coisa no refeitório. Então Summer me arrastou até o topo da colina, onde Quíron, Percy, Pollux e Nico me aguardavam.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu não queria postar o terceiro capítulo hoje, mas... Wow, 17 reviews! Muito obrigada, gente. De verdade =') espero que os próximos continuem assim o/

Aliás, tenho uma perguntinha pra fazer a vocês. Hoje eu estava escrevendo o capítulo 13 (sim, eu gosto de ter vários capítulos prontos pra começar a postar só depois) e me dei conta de que essa fic vai ser bem longa... Digo, bem maior que A Filha da Noite, eu acho. Quer dizer, eu já estou no capítulo 13, e eles nem terminaram de buscar todos os semideuses ainda. E ainda tem MUITA coisa pra acontecer. então eu estava pensando... Será que eu divido esta história em duas? Quer dizer, seria difícil, porque os acontecimentos são todos muito ligados, mas eu daria um jeito. ou vocês não se importam de ler uma fic quilométrica? Comentem, eu gosto de saber as opiniões de vocês =)