Towards The End escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Caaara, quase 20 dias sem atualizar o__o' Desculpem pela demora, povo. Espero que o capítulo valha a pena a espera. Eu estava ansiosa pra postar esse capítulo, adoro fazer essas situações retratando as personalidades dos deuses e afins. Enfim, enjoy!



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Will voltou depois de mais ou menos meia hora com mais dois irmãos seus, com luvas cirúrgicas e vários instrumentos esquisitos nas mãos, o que não me agradou muito. Ele informou que havia conseguido um jeito de tirar as balas da minha perna e do meu pé, mas que eu dormiria por alguns dias por causa da “anestesia”. Apesar disso, aceitei na boa. Por algum motivo eu realmente não queria ir a Nova York fazer uma cirurgia com médicos humanos.

  Fui levada para um quarto isolado na Casa Grande, onde os filhos de Apolo haviam ajeitado tudo. Enquanto um deles, que tinha um livro grosso e antigo nas mãos, lia algumas coisas em grego que não me dei ao trabalho de prestar atenção, Will misturava néctar com uma pasta prateada esquisita e um pouco de ambrosia. Ele me deu a mistura, que tinha um gosto estranho, parecido com mel, mas mais amargo. Não aguentei e peguei no sono dois minutos depois.

  Tive vários sonhos enquanto eu dormia por sei lá quanto tempo, a maioria deles com a missão de Nico.

  No primeiro sonho, Nico e seus companheiros de missão estavam no carro mágico de Hefesto. Nico estava sentado no assento do motorista, ao lado de Katie Gardner, com Connor Stoll no banco de trás. Nico e Connor tinham alguns papéis nas mãos, provavelmente fotos semelhantes às que Quíron havia dado a Percy. Enquanto eles observavam as fotos, Katie observava os destinos disponíveis na telinha do carro.

  — Como se chamam mesmo as cidades onde temos que procurar pelos garotos? — Perguntou Katie.

  — Jupiter Inlet Colony, na Flórida. — Disse Connor.

  Júpiter? Que ironia.

  — Mas antes temos que ir a Bald Head Island, na Carolina do Norte. — Disse Nico.

  — Estranho — comentou Katie, intrigada. — Essas duas cidades aparecem aqui na lista de destinos. O que será que há nelas?

  — Bom, creio que só indo para ver. — Disso Nico, guardando as fotos no porta-luvas. — Apertem os cintos!

  Então tudo escureceu, mas novas imagens começaram a se formar a seguir. Era a sala de tronos do Olimpo. Nela havia três pessoas — quer dizer, deuses. Eu já havia visto os três, e não demorei a reconhecê-los: Zeus, Poseidon e Hefesto. Zeus e Poseidon estavam sentados em seus tronos, e Hefesto estava de pé, na frente deles.

  — Prove, Poseidon! — Dizia Hefesto, indignado. — Não há como negar! Só pode ter sido você!

  Não fui eu, Hefesto! — Poseidon gritava de volta. — Por que sempre colocam a culpa em mim quando algo é roubado?

  — Porque... — Zeus ia responder alguma coisa, mas Poseidon lhe lançou um olhar que o deixou muito parecido com seu irmão Hades.

  — Se não foi você, quem pode ter sido?! — Continuou Hefesto, ignorando os dois. — Eu sei que Talos foi levado para o mar... Ele deve estar em alguma ilha agora, atirando nos barcos dos mortais. E o roubo com certeza foi por alguém poderoso, pois não é fácil roubar um autômato gigante daqueles.

  — Não se esqueça, querido sobrinho, que não sou a única divindade marinha existente. — Disse Poseidon solenemente.

  — Mas é a mais poderosa! — Exclamou Hefesto, agitando os braços fortes e batendo com o pé no chão de mármore do Olimpo. — Ou vai dizer que Anfitrite roubou Talos? Ou talvez seu filho, Tritão? Quem sabe Oceanus está de volta?

  — Não meta Anfitrite e Tritão no meio, seu insolente! — Gritou Poseidon, batendo seu tridente com força no chão.

  — E Oceanus? — Perguntou Zeus, finalmente se manifestando na discussão.

  — Oceanus... — Murmurou Poseidon, pensativo.

  — O que há, Poseidon? —Perguntou Zeus, sério. Poseidon suspirou.

  — Não duvido dele, irmão. — Disse o deus do mar com um ar cansado. — Venho sentido forças antigas se manifestando no mar ultimamente... Em mares distantes, mas ainda assim no mar. Mas sempre que mando alguém ver como andam as coisas pra esses lados, eles não encontram nada, ou voltam loucos... Ou não voltam.

  Os olhos de Zeus faiscaram. Um trovão soou atrás deles.

  — E você não nos informa de nada?! — Gritou Zeus. — Idiota! Se forças antigas marinhas estão se manifestando, isso quer dizer que forças terrenas também devem estar!

  — Outro dia — disse Hefesto de repente — ouvi Ártemis e Apolo conversando com Dioniso sobre algo desse gênero...

  Zeus lançou um olhar mortal ao filho. Eu não duvidaria se ele tivesse fritado simplesmente ao receber aquele olhar.

  — Eu sou o senhor dos céus! Vocês devem me manter informado! — Gritou ele. Um raio gigante surgiu em sua mão e ele lançou um olhar ameaçador para o irmão e o filho, mas logo fechou os olhos, respirou fundo por alguns segundos e o raio desapareceu.

  — Senhor! — Gritou uma mulher, irrompendo na sala, com outra logo atrás. Ambas tinham cabelos pretos e eram muito bonitas. Uma usava um vestido com estampa de flores, e a que havia falado usava vestido cor de trigo. Deméter, e uma quase irreconhecível Perséfone, que parecia muito mais jovem e cheia de vida do que da vez em que eu a havia visto no Mundo Inferior.

  — Pai! — Gritou Perséfone, andando até ficar ao lado de Hefesto. — Hades me mandou notícias do Submundo.

  — Finalmente aquele inútil prestou pra algo. — Resmungou Deméter atrás da filha.

  — Oh, não. — Disse Zeus. — Por favor, não me diga que tem algo a ver com “forças antigas” do Mundo Inferior.

  — Bem... — Disse ela, parecendo receosa. — Ele me disse que... O rio Aqueronte, afluente do Styx... Digamos que ele vinha andando muito agitado de uns tempos para cá... E agora...

  Perséfone baixou o volume da voz e falou algumas coisas em grego antigo tão rápido que não entendi direito, e os outros três deuses na sala empalideceram. Após alguns segundos, Zeus soltou um berro e mandou chamar todos os principais deuses — incluindo, para minha surpresa, Hades. A cena escureceu mais uma vez, e um tempo depois — provavelmente algumas horas, que para quem dorme parecem segundos — e eu estava de volta à missão de Nico.

  Os três semideuses estavam em uma balsa. De longe era possível ver uma pequena ilha com alguns prédios baixos e várias árvores. A ilha poderia parecer perfeitamente normal, não fosse por um detalhe: havia um gigante na praia, olhando diretamente para a balsa. Ele tinha pedras enormes nas mãos e tinha um brilho metálico cor de bronze. Talos.

  — Oh, não. — Murmurou Katie Gardner ao ver aquilo.

  — O que é aquilo? — Perguntou Connor, apertando os olhos.

  — Um autômato gigante. — Disse Nico, parecendo inabalável. — Com pedras gigantes nas mãos.

  — É Talos. — Disse Katie. — Um gigante construído por Hefesto. Assim que estivermos a uma distância menor da ilha, ele vai começar a atirar aquelas pedras em nós.

  — Aí nós morremos, certo? —Perguntou Connor com humor. Katie, porém, lhe lançou um olhar que lembrava muito Deméter quando falava com (ou sobre) Hades.

— Hey, foi uma piada. — Disse ele, na defensiva.

  — Você realmente espera que uma filha de Deméter vá fazer piada de alguma coisa? — Perguntou Nico, rindo também. Katie lançou um olhar igual a ele, mas ele a ignorou.

  Coitada da Katie. Honestamente, não sei o que Quíron fumou quando decidiu os grupos das missões. Quer dizer, colocar a líder do chalé de Deméter com um Stoll? Percy me contou que ela odiava eles desde que eles “decoraram” o telhado do chalé de Deméter com coelhinhos de chocolate na Páscoa. Além disso, colocar uma de Deméter com um de Hades? Como assim? Ok, isso era o de menos. A situação Gardner-Stoll era pior. Se uma de Atena pode ficar com um de Poseidon...

  Ok, pare por aí, imaginação. E você, ciúme, volte para o seu canto.

  — Se aquele é mesmo Talos — disse Connor — ele só tem um ponto fraco, certo?

  — Uma veia na perna. — Assentiu Katie, olhando para o horizonte, onde o autômato os esperava.

  — Como os Argonautas destruíram ele da primeira vez? — Perguntou Connor novamente.

  — Quê? Eu não sou filha de Atena! — Respondeu Katie.

  — E por que Nico não nos leva pelas sombras até a ilha?

  — Não. — Respondeu o próprio Nico, cruzando os braços. — Se o autômato atacasse diretamente a balsa, não ia acontecer nada aos mortais. Mas ele lança pedras. Pedras podem feri-los.

  Devo dizer que senti um orgulhinho do meu namorado naquele momento. Quer dizer,ele estava preocupado com as outras pessoas. A maioria dos garotos simplesmente aceitaria fazer as coisas do jeito mais fácil — indo pelas sombras e deixando Talos ali, no caso. Mas não Nico.

  Connor suspirou. Nico e Katie pareciam concentrados, provavelmente tentando se lembrar da lenda de Talos e em como ele havia sido destruído da primeira vez. De repente, Katie pareceu ter recebido uma luz.

  — Medeia! — Exclamou ela. — Acho que foi um feitiço de Medeia. Sim, foi isso!

  — Não. — Disse Nico. — Foi uma flecha lançada por um dos Argonautas. É, tenho certeza disso.

  — Não! — Replicou Katie, se levantando. — Eu lembro da história.

  — Eu lembro melhor que você, agricultora. — Respondeu Nico. — E foi com uma flecha.

  — Você é igual ao seu pai! — Gritou Katie, os olhos assumindo um tom idêntico ao do trigo. — Inútil, idiota e burro. Estou dizendo que foi um feitiço!

  — Pois você também é igual a sua mãe! — Gritou Nico de volta, seus olhos mais escuros que o normal. — Estressada, irritante e cabeça-dura! Estou dizendo que foi uma flecha!

  — Dobre a língua ao falar da minha mãe, bafo de cadáver! — Gritou Katie. — Não sei como a Melanie te aguenta! Não sei como Perséfone aguenta o seu pai...

  Ei, espera aí. Quem aquela garota pensava que era pra falar assim de mim e do meu namorado? Ela ia ver só...

  Ah, não, eu havia esquecido um pequeno detalhe. Eu estava dormindo.

  — Shiu! — Disse Connor. — Briguem mais baixo. As pessoas estão olhando.

  — Cala a boca! — Gritaram os dois para o filho de Hermes. Este se encolheu em seu canto e ficou observando as outras pessoas na balsa, que observavam a gritaria de Nico e Katie.

  Os dois iam voltar a gritar e ofender os pais um do outro quando o mar começou a se agitar. Ondas enormes começaram a se formar, atirando a balsa para todos os lados, fazendo as pessoas caírem e escorregarem; enquanto Talos atirava sua primeira pedra, que por sorte caiu no mar, alguns metros à direita do barco. Katie e Nico caíram por cima de Connor, e os três rolaram para outro lado da pequena balsa.

  — Pulamos no mar? — Sugeriu Connor.

  — NÃO! — Gritou Nico. — Poseidon me mataria. Ele já está bem furioso...

  — Acho que não. Seu papai não deixaria. — Disse Katie. Nico ignorou o comentário dela.

  — Ok. Plano... — Connor começou a dizer, mas a balsa foi atirada por outra onda, fazendo eles irem parar em outro lado do barco. Talos lançou mais uma pedra. Esta passou a alguns centímetros da cabeça de um mortal e caiu no mar. — Plano: Nico, nos transporte através das sombras até a ilha, e lá nós damos um jeito em Talos!

  Nico assentiu. Os três se agarraram nos braços uns dos outros e cambalearam até um canto escuro da balsa, onde desapareceram. Minha visão da cena mudou. Agora eu via as coisas de algum lugar na ilha, de modo que Talos estava de costas para mim. Um segundo depois, os três semideuses surgiram de trás de algumas árvores.

  — É impressão minha ou Talos parou de atirar pedras agora que não estamos mais lá? — Perguntou Connor.

  — É impressão minha ou o mar ficou calmo de repente agora que saímos de lá? — Perguntou Katie no mesmo tom.

  Não era impressão de nenhum dos dois. O mar estava de fato subitamente calmo, e Talos apenas observava a balsa com as mãos cheias de pedras. Digamos que aquilo foi... Intrigante. Era como se Talos tivesse como objetivo destruir Nico, Katie e Connor. Havia algum motivo para que eles não pudessem chegar à ilha?

  — Independente de “como ele foi morto da primeira vez” — começou Connor, enquanto Nico e Katie apenas observavam o autômato —, nós sabemos qual é o ponto fraco dele. Como não temos nenhum filho de Hécate aqui conosco, teremos que nos contentar em atacá-lo diretamente. Nico, você consegue se transportar através de sombras móveis?

  — Nunca tentei. — Respondeu Nico, parecendo preocupado. — Mas acho que deve ser meio... Difícil. No que você pensava?

  — Bem, eu estava pensando que você e a Katie podiam se transportar pela sombra de Talos até ficar em baixo dele, aí ela, que é a melhor de nós três com o arco, podia lançar flechas até acertá-lo, e qualquer coisa eu poderia distraí-lo aqui.

  — Olha, ele pensa! — Exclamou Katie, genuinamente impressionada. Connor fez uma careta.

  — Até que é uma boa ideia... — Disse Nico, pensativo. Seu rosto, que até então apenas observava o autômato com uma expressão pensativa, ficou subitamente alarmado. — ABAIXEM-SE!

  Assustados, Katie e Connor se atiraram no chão, e uma pedra gigante voou por onde suas cabeças estavam poucos segundos antes, derrubando a árvore cuja sombra havia sido o transporte deles. Talos os havia encontrado.

  — E agora, Cérebro? Qual é o plano?! — Gritou Katie, enquanto os três corriam para longe e mais pedras eram arremessadas em sua direção.

  — Mantemos o plano original, ora! — Gritou Connor de volta. — Eu dou um jeito de distrair o gigante, enquanto vocês fazem a parte de vocês.

  Katie tirou uma pulseira do pulso esquerdo e fez um movimento com a mão, de modo que a pulseira se transformou em um belo arco cor de trigo, e uma aljava apareceu de repente em suas costas. Nico agarrou o braço dela e os dois sumiram em meio às sombras, enquanto Connor corria para uma casinha de madeira na praia com um brilho no olhar que só os filhos de Hermes têm quando estão prestes a aprontar alguma coisa. Talos continuou atirando pedras em Connor, mas o garoto era ainda mais rápido, como todo bom filho de Hermes.

  Connor entrou como um projétil na casa simples pintada de branco cuja porta estava destrancada, enquanto as rochas que pareciam surgir magicamente nas mãos de Talos seguiam sua trilha. Não sei o que se passou lá dentro, e teria pensado que o garoto havia sido morto pela pedra gigante que foi arremessada contra a casa menos de um minuto depois de ele entrar lá se minha visão de espectadora não tivesse permitido que eu percebesse um vulto pulando pela janela dois segundos antes de a casinha ser demolida.

  Enquanto Connor fazia sua corrida louca e sua invasão de domicílio, minha visão periférica captou duas sombras mais escuras que o normal rolando na areia para fora do alcance dos pés gigantes de Talos. Assim que vi Connor pulando pela janela da casa, olhei na direção das sombras e percebi que eram Nico e Katie. Como se eu já não tivesse vontade o suficiente de enforcar a garota com pedaços de noite assassinos por ela falar mal do meu namorado e falar — não necessariamente mal, mas enfim — de mim, o que vi fez com que minha vontade ficasse mil vezes mais forte: ela e Nico estavam rolando na areia, praticamente abraçados, e eu percebia que eram os braços dela envolvendo ele. Quer dizer, ótimo, eu devia ficar feliz por ela estar salvando meu namorado de ser pisoteado por um homem de bronze gigante, mas ela por acaso pensava que ele não tinha capacidade física e mental de rolar pra longe dos pés nem um pouco imperceptíveis de Talos?

  Certo, Melanie, pare com isso. Primeiro: como você mesma já reparou, a garota está salvando Nico, e é provavelmente esse — e apenas esse — o propósito do abraço dela. Segundo: você não tem direito de sentir ciúme. Afinal, de quem é o coração que trava cada vez que Damon está perto demais ou dá um meio sorriso tímido ou um olhar intenso?

  Meus deuses, que belo casal nós somos. Uma tem quedinhas perigosas por um indeterminado que certamente é seu cunhado e o outro é agarrado no abraço salva-vidas da filha da deusa que mais odeia o seu pai.

  Meu ciúme doentio apenas piorou quando percebi que Nico e Katie não estavam mais rolando juntinhos na areia, mas estavam em uma situação pior. Katie estava deitada no chão, o arco em uma mão e uma flecha na outra, enquanto Nico estava praticamente em cima dela, se apoiando sobre os braços esticados. Se um mortal comum visse a cena e a Névoa o impedisse de ver Talos e suas pedras e as armas de Katie, a pobre criatura certamente diria que as roupas amassadas, os rostos corados e os cabelos desgrenhados cheios de areia eram fruto de momentos intensos de pegação na praia, algo que não me deixou nem um pouquinho feliz.

  Os dois pareciam conversar, mas eu não podia ouvir o que eles falavam. De repente, Nico levantou-se, puxando Katie pelo pulso para que ela levantasse também. Assim que a filha (vadia) de Démeter parou em pé, o filho (cafajeste) de Hades levantou-a um pouco e segurou-a pela cintura do lado do corpo, mantendo seus pés a alguns centímetros do chão. Katie, com muita precisão para quem é carregada pela cintura por um cara quase correndo, ajeitou o arco e flecha. Agora eles mais pareciam estar em uma posição de balé ou algo assim, aqueles balés clássicos fresquinhos que aposto que minha madrasta nova deve adorar.

  Só então percebi que Talos havia parado de repente. Ele olhava para os lados, confuso. Demorei um pouco a perceber que ele estava procurando Connor, o que era um bom sinal — significava que ele não havia sido pego pelas pedras voadoras do gigante. Nico e Katie conseguiram se posicionar na sombra embaixo do gigante de um modo que ela poderia acertar facilmente qualquer ponto em qualquer uma de suas pernas. Eles estavam parados e pareciam analisar, muito interessados (minha mente poluída fez com que eu desse uma risadinha imaginária ao pensar nisso), a anatomia metálica da parte interna das pernas de Talos, principalmente as coxas, provavelmente procurando uma fenda ou algo assim que pudesse ser a tal veia. Eles pareceram encontrar algo após poucos segundos. Katie posicionou seu arco e estava pronta para atirar, mas Talos se moveu para frente do momento exato de seu disparo, e não foi difícil saber por que: Connor, montado em algo que pude distinguir como uma moto em meio à areia esvoaçante, “distraía” Talos, dirigindo seu novo veículo a poucos metros do gigante.

  — IIIIIIIIIIIIRRA! — Ouvi o filho doido de Hermes gritar. — Quero ver se você me pega com esse bebezinho, homem de bronze!

  Talos, apesar de não ter ouvidos, pareceu extremamente irritado, e começou a atirar mais e mais pedras. Porém, enquanto Connor parecia estar se divertindo demais, Nico e Katie estavam enfrentando dificuldades, já que o autômato agora se mexia até demais, e duvido que os próprios Apolo e Ártemis conseguissem acertar uma flecha em uma fenda na perna gigante e chacoalhante daquela coisa. Comecei a rezar mentalmente, pedindo ajuda por eles aos irmãos arqueiros, aos pais de Nico e Katie e até à minha mãe. Ora, não era porque eu havia tido uma crise hedionda de ciúmes que eu ia querer que meu namorado morresse. Eu ainda gostava dele, afinal.

  Sim, eu disse MEU NAMORADO.Eu querer que Katie Gardner morresse” já é outra história, mas eu obviamente devia pedir ajuda à mãe dela também, para garantir.

  É, ser uma egoísta que guarda rancor é comigo mesma.

  Apesar de tudo, minhas preces pareceram ser atendidas, pois vi Katie lançar uma flecha de modo receoso e desajeitado. Aquela flecha desajeitada, porém, foi o que fez o autômato travar... Literalmente. O enorme e enérgico gigante de bronze travou quando sua mão direita estava estendida na direção de Connor, que ainda rodava a pequena praia em sua moto roubada e gritava insultos para o “homem de bronze”, que de repente começou a tremer discretamente começando pelos dedos, até que todas as peças do autômato estivessem chacoalhando convulsivamente. A essa altura, Nico e Katie já estavam atrás dos escombros da casa que Connor havia invadido, observando tudo, enquanto Connor ia para lá com sua moto. Mesmo de longe, era possível sentir seus olhares ansiosos e quase dava para ver seus dedos cruzados em pensamento positivo...

  Até que minha visão da cena foi obstruída por uma nuvem imensa de fogo e fumaça, e meus ouvidos, mesmo que eu não estivesse presente lá, foram ensurdecidos pelo barulho da explosão do “filho” de Hefesto.


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Notas finais do capítulo

Reviews? =)