- Hey, será que você pode me contar onde está me levando? – diz Bill, sendo puxado pelo braço por Duda, que ia caminhando rapidamente pelo corredor.

- Eu vou te levar no lugar que te prometi hoje cedo.

- Que lugar? E os fotógrafos?

- Coloque isso! – diz Duda, tirando de um armário no canto do corredor um chapéu e um casaco e estendendo-os a Bill.

- Mas... – fala ele, repreensivo.

- Não, eles não vão reconhecer nem a ti nem a mim. – afirma Duda, prendendo o cabelo com um boné e colocando um moletom.

  Embora em uns primeiros momentos tivesse medo dessa idéia de Duda, depois que percebeu que ela tinha planejado tudo, Bill ficou ainda mais fascinado pela garota. Nunca havia se disfarçado tanto assim, gostava do ar de aventura, gostava dela e de estar com ela.

- Pronto?

- Yep!

- Então vamos! – fala ela, agarrando-se agora à mão de Bill, aquela mão fria e tão frágil; enquanto se dirigia às escadas.

- O quê?! Pelas escadas?

- Sim! Deixes de ser preguiçoso, faz bem à saúde ok. Anda! – diz Duda, apertando mais forte a mão de Bill, como um incentivo. Bill pôde concluir, que a mão de Duda era a mais delicada que já tinha tocado. A pele macia, os dedos bonitos e as unhas bem cuidadas. Uma mão aquecida e suava, diferente da sua. Aos poucos, enquanto desciam as escadas, o calor da mão de Duda aqueceu a de Bill. Ele notou isso.

  Desceram as escadas, saíram pelas portas do fundo e realmente não foram reconhecidos. Chamaram um táxi. Entraram. Quando sentaram, olharam um para o outro e riram-se. Talvez pelos fotógrafos, talvez pela situação. Mas o fato é que ficaram rindo, até que o motorista virou-se pra eles e perguntou para onde afinal eles queriam ir.

- Parque da Marinha, por favor!

  Pelo caminho, foram olhando a paisagem e comentando, Duda foi dizendo o nome de alguns lugares que passavam e contando um pouco de como era a cidade. Até que chegaram. Duda pediu para que Bill descesse do táxi e pagou o taxista. Bill ficou hipnotizado pela paisagem, à medida que caminhavam para mais perto da água. Era um gramado tão verde, um céu tão azul. E tinha ainda Duda do seu lado. Ele não sabia se ela era a garota que ele sempre esperou, mas sabia que estava mais do que interessado por ela. E temia isso, de uma certa forma. Em algum momento, enquanto caminhavam, uma frota de pássaros passou no céu sobre eles, e Duda resolveu pegar na mão de Bill, este que olhou para ela com um sorriso discreto no rosto. Chegaram à uns 20 metros da água, e Duda resolveu falar:

- Vamos sentar aqui?

- Vamos! – disse Bill, sentando-se em um banco, ao lado de Duda. – Então era aqui que tu querias me trazer?

- Sim... É um dos meus lugares preferidos na cidade. Sempre quando eu tenho que tomar uma decisão, eu venho aqui pensar antes. Gostaste?

- É mesmo um belo lugar. Muito especial mesmo. – Diz Bill. Duda sorri, e escora sua cabeça no ombro de Bill. Ficam assim por alguns minutos, olhando a água e os pássaros.

- Você me surpreende às vezes. – quebra o silêncio, Bill.

- E isso é bom?

- Sim. – fala ele, entrelaçando os dedos por entre os de Duda. Nunca pensou que poderia estar tão aproximado emocionalmente e fisicamente de uma pessoa em tão pouco tempo de convivência.

- Esse lugar me lembra uma música. Sempre que eu vinha aqui eu a escutava. – diz Duda, ainda escorada no ombro de Bill.

- Qual?

- With Me, do Sum 41.

- Não conheço...

- É muito bonita. – fala ela, logo começando a cantar uns primeiros versos. -

I don't want this moment
To ever end
Where every thing's nothing, without you
I wait here forever just to,
To see your smile
Cause it's true
I am nothing without you

Through it all
I've made my mistakes
I'll stumble and fall
But I mean these words

I want you to know
With everything, I won't let this go
These words are my heart and soul
And I'll hold on to this moment you know
As I bleed my heart out to show
And I won't let go

  A voz de Duda soava tão docemente aos ouvidos de Bill, que ele nem percebia o tempo passar. Nem o sol a se pôr.

Thoughts read unspoken
Forever and now
Pieces of memories
Fall to the ground
I know what I did and how so
I won't let this go
Cause it's true
I am nothing without you

On the streets, where I walked alone
With nowhere to go
I've come to an end

I want you to know
With everything, I won't let this go
These words are my heart and soul
And I'll hold on to this moment you know
As I bleed my heart out to show
And I won't let go

In front of you're eyes
It falls from the skies
When you don't know what you're looking to find
In front of you're eyes
It falls from the skies
When you just never know what you will find
What you will find

What you will find

I don't want this moment
To ever end
Where everything's nothing, without you.

- É perfeita. – diz Bill, virando-se para Duda.

- A música é mesmo linda.

- Não só a música. – fala ele, a olhando nos olhos, aqueles olhos quase verdes pelos raios de sol que o tocavam. Duda ficou vermelha, instantaneamente. A distância entre os dois já era tão mínima, os olhos já estavam tão mergulhados uns nos outros. Mas ambos tinham medo. Duda que Bill fosse embora, e Bill que Duda fosse uma interesseira. Mas agora eram só eles os dois, alí naquele lugar tão mágico.

Continua...