O cheiro daquele lugar deixava ambas um tanto enjoadas. As paredes brancas com os móveis da mesma cor as davam a sensação de estarem em um sanatório. Definitivamente, odiavam médicos. E estavam ali, naquele consultório de ginecologia, apenas por que a amiga delas insistia em dizer que o exame estava errado. Se entreolharam e prenderam o riso. Como o exame de sangue poderia estar errado? Apenas ela poderia pensar em algo assim.

 

O fato era que estavam se cansando de ficar ali e que se ela demorasse mais um pouco elas entrariam naquela sala e a arrastariam dali. Mas antes que pudessem colocar o "plano" em prática, ouviram vozes alteradas, logo as reconhecendo. Mal tiveram tempo de suspirar e os três já estavam ali. Dois traziam uma expressão de receio e o outro estava completamente desesperado. Este se sentou em frente as meninas e logo começou a falar.

 

 

 

• Porque não me falaram que iriam vir aqui? O que ela tem? É grave? - O moreno mal respirava entre uma pergunta e outra.

• Su, se acalme, não é nada grave. - Disse a mais nova.

• Se não fosse nada ela não teria vindo no médico! E ela estava se sentindo mal esses dias. Vamos, me digam o que ela tem! - Junsu falou um tanto alterado, ganhando um olhar de reprovação da secretária que ali havia.

• Como vocês o deixaram vir? - Indagou Ryo, olhando séria para os outros dois.

• Nós tentamos segurá-lo, mas quando ele ouviu na secretária eletrônica que o médico atenderia a Mei, não deu mais. - Falou prontamente Yoochun.

• Ele teria vindo sozinho, acredite. - Disse Jaejoong ao se sentar ao lado dela, a qual suspirou.

• Junsu, por acaso você sabe onde está? - Indagou Ryo quando o fitou.

• No médico, oras! - Ele respondeu outra vez alterado, levando um "cutucão" de Yoochun.

• Sabe em que médico está? - Dessa vez foi Myuri que perguntou, divertida.

• Bem.. Não sei. Mal olhei quando entrei aqui. - Agora ele coçava a nuca, envergonhado, enquanto via Yoochun se sentar ao lado de Myu.

 

 

 

Esta iria responder ao outro, porém sua atenção se voltou a porta que agora era aberta por uma pessoa pálida. Mei se recusava a acreditar que aquele exame estava certo. O nervosismo tomava conta de si, como iria contar à ele? Foi então que ela olhou para frente e viu cinco pares de olhos a fitando. Olhou demoradamente de um para outro, até que sua respiração cessou. Ele não deveria estar ali.

 

Ao ver como Mei estava, Junsu se levantou imediatamente e logo estava envolvendo-a em seus braços. Sentiu-a ficar rígida entre os mesmo e estranhou mas logo sentiu seu corpo relaxar e o abraço ser retribuído. Os outros olhavam a cena e se entre olhavam. Sabiam do porque ela ter ido lá e também sabiam do medo da garota em revelar o conteúdo do exame para o namorado. Pois para ela, aquilo colocaria em risco a sua carreira.

 

Ele afastou-se um pouco dela, mas continuou abraçando-a. Fitou seus olhos e percebeu que havia receio neles.. Talvez medo. Levou uma de suas mãos à face da mesma e a acariciou, sorrindo ao vê-la sorrir.

 

 

 

• Hey... Você está bem? - Sabia que a pergunta era tonta mas queria saber o que ela falaria.

• Estou sim Su. Porque está aqui? - Ela falou devagar, tentando esconder o nervosismo.

• Ouvi na secretária eletrônica que viria para o médico e me preocupei. Diga-me, está bem mesmo? - A preocupação evidente nos olhos e na voz dele fez seu coração apertar. Conhecia Junsu, deveria saber que ele ficaria assim.

• Eu estou bem amor, não se preocupe. - Ela suspirou e então olhou para os demais. - Eu gostaria de falar com ele... Nós já vamos.

 

 

 

Nada mais precisou ser dito. Os quatro se levantaram e saíram mas não antes das garotas trocarem olhares. Era incrível e inexplicável a capacidade e que uma tinha em fazer a outra se acalmar apenas com um olhar. Junsu franziu o cenho ao ver todos sair e olhou para Mei. Ele sabia, o assunto era sério. Ambos caminharam até os sofás que havia ali e sentaram-se um de frente para o outro. Mei respirou fundo e olhando-o nos olhos, começou.

 

 

 

• Antes de tudo, quero te pedir desculpas. Não foi intencional, eu juro. De forma alguma eu queria fazer isso com você, pois eu sei o quanto isso vai influenciar na sua vida. Eu vim aqui no ginecologista justamente para saber se o exame de sangue que eu fiz estava certo. Eu insisti em fazer outro... Mas ele disse que as chances de erro eram quase nulas. Meu amor, eu vou entender se não quiser nem ao menos olhar para mim a partir de agora, só quero que saiba que não foi planejado... Eu nunca faria isso com você. - A voz da garota ficava cada vez mais embargada enquanto falava, o que o deixava aflito.

• Meu amor, está me assustando. O que você tem? - Em sua mente passavam um milhão de coisas, mas as ignorava. Queria saber da verdade, e queria saber por ela.

• Junsu, eu... Estou grávida.- As lágrimas já escorriam livremente pela face da garota.

• Como é..? - Ele não conseguia assimilar direito. Muitos sentimentos o invadiam nesse momento.

• Me perdoe Su... Por favor. - Ela desviou o olhar para o chão,sem saber o que dizer.

• Porque eu teria que te perdoar? - Tais palavras cortaram o coração dela, o qual falhou uma batida quando o ouviu novamente. - Te perdoar por me fazer o homem mais feliz do mundo, de novo?

• Como assim?- Era a vez de Mei ficar confusa.

• Meu amor, você já me fez o homem mais feliz do mundo quando aceitou ser minha garota. Agora, me diz que teremos um bebê. Mei, porque eu ficaria bravo com você? - Ele sorriu e nada mais foi dito.

 

 

 

Mei pulou em seu colo, recebendo prontamente o abraço que mais amava no mundo. Agora, nos braços dele, realmente pareciam absurdas todas as hipóteses que sua mente fértil fez. Ele era o Junsu. Seu amado, carinhoso e tonto Junsu. Ele nunca a deixaria.

 

Abraçados, saíram do consultório para acharem os outros encostados nos carros que vieram. Os casais estavam abraçados e conversavam alegremente. Conforme se aproximaram, a conversa cessou e todos olharam para eles.

 

Esboçando um enorme sorriso, Junsu proferiu:

 

 

 

• Mano... Eu vou ser pai! – A notável euforia dele fez com que todos abrissem sorrisos largos.

• Ele te matou, né? – Indagou Myuri divertida, se escondendo em Yoochun ao rir da expressão falsamente brava de Mei.

• Queria ver se fosse você no meu lugar. - Respondeu ela.

• Ah, isso vai demorar. Tenha certeza. – Respondeu a menor, sorrindo.

• Ou não. - Disse Ryo, rindo junto com os outros ao ver a expressão de Myu.

• Vamos para casa, precisamos contar para os meninos ainda. - Disse Yoochun.

• Quero ver a cara do Yunnie quando souber da notícia. – Falou Jae, divertido.

 

 

 

Logo os seis foram para os carros. Sendo que as meninas foram no carro de Ryo e os meninos no carro de Yoochun. Chegaram em poucos minutos na casa de Chunnie, onde normalmente todos se reuniam. Ao adentrarem, logo se depararam com dois seres completamente entediados. Yunho, que estava deitado em um dos sofás, trocava os canais da tv rapidamente enquanto Changmin cochilava no outro sofá.

 

Ao vê-los se aproximar, Yunho sentou-se no sofá e os olhou sem entender o que acontecia. Viu quando os três saíram, logo viu o desespero de Junsu e o receio dos outros dois. Agora chegavam junto com as meninas, sorridentes. Olhou desconfiado para Chunnie quando este se sentou ao seu lado, vendo em seguida Jaejoong acordar Changmin.

 

 

 

• Pela cara de vocês, acho que perdi algo. – Disse o líder ao olhar de um para outro.

• Mais ou menos. – Respondeu Myuri, sentando-se do outro lado dele e o abraçando.

• O que ‘tá acontecendo hein? – Indagou o mais jovem dos meninos um tanto sonolento.

• Acorde que eu te falo. – Mei deu um suave peteleco no mesmo, sentando-se ao seu lado.

• Já estou curioso, falem de uma vez! – Disse Yunho olhando-os.

• Credo, está parecendo o Su. – Ryo sorriu ao ver a careta do mais velho.

• Posso contar? – Junsu esboçou seu típico sorriso infantil e as meninas logo fizeram gestos com as mãos, como quem quisesse apertá-lo.

• Se puder fazer esse favor.. Quero voltar a dormir. – Chang entortou os lábios ao levar outro peteleco, o qual foi mais forte já que desta vez JJ o bateu.

• É algo importante para todos nós, não fale assim. – Disse o mesmo, sorrindo ao amigo que estava de pé, pronto para contar a novidade.

• Chang, Yun... Eu vou ser pai! – Os olhos dele brilharam mais uma vez enquanto olhava para face dos amigos.

 

 

 

Estes demoraram um tempo para assimilar a informação. Olharam para Junsu e depois um para o outro. Quando se deu conta, Changmin se levantou e foi até o moreno, dando-lhe um forte abraço. Yunho levantou-se em seguida, abraçando Su quando o outro amigo o soltou.

 

 

 

• Não acredito que vai ser pai primeiro do que eu. – Brincou ao soltar um pouco o abraço de modo que pudesse fitá-lo. – Estou muito feliz por você cara.

• Só por ele? – Mei fez um suave bico, olhando para o mais velho assim que se soltou do longo abraço de Changmin.

• Claro que não. – Yunho soltou o amigo e foi em direção à garota, abraçando-a. – Espero que a criança se pareça com você.

 

 

 

O riso foi geral. Até mesmo Junsu estava rindo da brincadeira do amigo, o que era estranho já que em outras circunstâncias ele ficaria emburrado. O mesmo foi até a namorada e a abraçou pela cintura, dando-lhe um selinho para então falar.

 

 

 

• O bebê vai ser perfeito. Até porque, terá os pais mais perfeitos que existem. – Disse convencido, fazendo os outros rirem.

• Agora é o Junsu que eu conheço. – Disse Chang ao se sentar no sofá.

 

 

 

Os outros fizeram o mesmo e logo conversavam sobre as várias coisas que teriam de fazer para o bebê. Poderia ser estranho aos olhos de muitos já que os outros, de certa forma, nada tinham a ver com a gravidez. Porém eram uma família unida e aquela criança, ao ver deles, seria a mais mimada e não mimada do mundo.

 

 

 

 

 

O tempo passa rápido quando se tem o que fazer e longos três meses já haviam se passado desde a noticia. Os preparativos para a vinda do bebê estavam a mil, até mesmo os meninos quando podiam ajudavam as garotas com os mesmos. Já havia até roupinhas que os tios “corujas” não resistiram e compraram.

 

Alguns queriam menina, outros menino mas isso realmente não importava ao casal. Apenas queriam que nascesse bem. Junsu estava na sala, esperando Mei descer para irem ao hospital. A mesma iria fazer outro ultrassom. O médico pedira outro pois queria confirmar uma coisa mas disse para ambos não se preocuparem. E é claro que os dois estavam nervosos.

 

Junsu ouviu passos e se virou para corredor porém eram as meninas que vinham. Aproveitou para colocar uma ideia que tinha em mente a algum tempo em prática. Chamou ambas com a mão, as quais curiosas se aproximaram.

 

 

 

• Vocês têm algo para fazer amanhã? – Indagou.

• Creio que não, porque Su? – Myu olhava-o curioso assim como Ryo.

• Teriam como inventar algo para Mei e saírem amanhã comigo? – Elas esboçaram finos sorrisos.

• Inventamos algo sim. Que horas vamos sair? – Perguntou Ryo.

• Ás duas, ok? – Ele sorriu e elas assentiram.

• Já está pronto amor? – Agora era Mei que o indagava enquanto se aproximava do trio.

• Estou sim amor. – Ele segurou em sua mão e piscou disfarçadamente para as meninas.

• Você tem certeza que não quer que eu vá, Mei? – Ryo a olhava preocupada para a amiga, odiava deixá-la sozinha nessas ocasiões.

• Você trabalhou muito ontem amor, fique ai descansando. O Su vai comigo. - Ela disse esboçando um largo sorriso.

• Venha correndo nos contar quando chegar, entendeu? - Disse Myuri após beijar a face de Mei para então deixá-la ir junto de Junsu.

• Como se você não soubesse. - Falou Ryo depois de ter certeza que eles não escutariam.

• Não tenho culpa se eles estão nervosos demais para não perceber algo tão simples. - Disse a menor abraçando-a, para em seguida jogarem-se no sofá aonde ficariam por um bom tempo.

 

 

 

 

Chegaram ao consultório médico rapidamente, pois este não era longe da casa de Yoochun. Entraram de mãos dadas e logo se dirigiram aos sofás que ali haviam. Esperaram alguns minutos e logo a enfermeira chamava o nome de Mei.

 

Quando os dois levantaram e foram em direção ao local em que seria feito o ultra-som, a enfermeira os barrou e olhou confusa de um para outro. Mei arqueou a sobrancelha, porém Jun Su apenas sorriu.

 

 

 

• Algum problema se eu entrar com ela? - Indagou o moreno ao esboçar um fino sorriso ao ver a dificuldade que a enfermeira tinha em raciocinar.

• Desculpe senhor Jun Su, mas apenas parentes ou o pai da criança pode entrar com a paciente. - Respondeu ela.

• Então não vejo problemas na minha entrada. - Disse, para então deixar a mulher paralisada no local enquanto entrava com uma Mei nada amigável.

• Que bom revê-los, casal. - Disse a médica, uma senhora de meia idade que cuidava de Mei desde o início de sua gestação.

• Hoje vai nos falar o que tem de errado com nosso bebê? - Indagou Mei enquanto deitava-se na maca.

• Nunca lhe disse que tinha algo errado querida. - Respondeu ela enquanto levantava a blusa da morena e passava o gel suavemente gélido em sua barriga.

 

 

 

Logo o silêncio se fez na sala e a médica analisava as imagens que apareciam no pequeno televisor a sua frente. Jun Su olhava-o também, porém não consegui ver aonde estava o bebê. Para ele aquelas imagens eram apenas borrões. Mei, que estava apreensiva, iria indagar a médica novamente quando a ouviu.

 

 

 

• Me digam, vocês tem alguma preferência pelo sexo da criança?

• Na verdade não. Se bem que Jun Su é doido por um menino. - Respondeu Mei, sorrindo ao ver Su corar suavemente.

• Então devo lhe parabenizar pelo garoto saudável meu rapaz. Porém preparem as roupas rosas também. - Disse ela, sorrindo para ambos.

• Como é..? - Perguntou Jun Su, confuso.

• Parabéns queridos, terão um lindo casal. - E então ela não pode deixar de rir com a expressão surpresa de ambos, que sorriam feito crianças um para o outro.

 

 

 

 

Conversaram mais um pouco enquanto a médica tentava mostrar as crianças no ultra-som para Jun Su, mas ela não obteve muito sucesso. Despediram-se, e com o exame em mãos saíram sorrindo daquele consultório.

 

Sem esperar, Mei sentiu sua cintura ser envolvida pelos braços dele e logo sentiu-se ser girada pelo mesmo. Escondeu o rosto na curva de seu pescoço e sorriu enquanto sentia-o para aos poucos. Quando levantou a cabeça, deparou-se com um par de olhos castanhos lhe fitando intensamente.

 

 

 

 

• Eu te amo. - Disse Jun Su, para então tomar os lábios macios de sua namorada em um beijo carinhoso.