Doll House escrita por Aleksa
- Acho que é melhor se eu deixar vocês dois sozinhos... – Eleonor diz, por fim quebrando o silêncio pesado.
- Não. – os dois dizem, o que produz um som de eco da mesma voz.
Eleonor volta a se sentar.
- No começo... Quando o mestre ainda vivia, por que não me disse? – Oliver pergunta.
- Não queria deixá-lo preocupado... Mas agora que o tempo está acabando... Acho que não tem mais como evitar.
- Dietrich... Você fala de mim, mas também pensa mais nos outros do que em você mesmo.
- Acho que é genético... – Dietrich diz, sorrindo tristemente.
Oliver respira fundo, voltando seu olhar para o teto.
- Não sabe o que dizer? – Dietrich pergunta.
Oliver sorri, de forma triste e sarcástica.
- Desde que ela chegou na minha vida, tem sido difícil saber o que dizer.
- Ela tirou você da sua zona de conforto? – Dietrich debruça sobre o braço do sofá.
- Curioso, não? Descobri agora que tenho uma, como sempre vivi no caos e na pressão constantes de ser o responsável pelos outros... Acho que acabei me esquecendo como tomar decisões que fossem melhores para mim, e não para os outros.
- Você tem que parar de colocar a alegria dos outros acima da sua. – Dietrich comenta.
- Olha quem fala. – Oliver diz.
Eleonor sentia como se visse um jogo tridimensional de espelho.
- O meu caso é diferente.
- O meu também não dependia de mim.
- Nenhum Doll tem a obrigação de servir a família de seu mestre após a morte dele.
- Não podia simplesmente partir, como você fez.
- Não tinha mais nada lá pra mim, você já me odiava, era tarde demais pra qualquer coisa... Partir foi a escolha mais sensata.
- Dietrich.
- Sim?
- Você matou o primo do mestre...?
- Não... Mas eu o vi morrer... Se é o que quer saber.
- Por que tinha sangue você? Por que você estava armado? O que aconteceu? Decidiram deixar a história encoberta pra não atrair a atenção dos humanos ao nosso mundo... Mas... O que aconteceu?
- As pessoas ao meu redor... Elas morrem perto de mim... Não sou eu que mato... Mas elas morrem... – os olhos de Dietrich brilham com lágrimas pesadas.
Os olhos de Dietrich ainda estão fixos no chão.
- O que houve?
- Não sei... Quando eu cheguei na sala ele já tinha sangrado muito... Eu tentei ajudar, mas...
Oliver inclina levemente a cabeça pra direita, Eleonor podia notar que ele queria ajudar, mas não sabia como, nem sequer tinha certeza se era verdade.
- Ai você chegou... – Dietrich completa. – E então disse todas aquelas coisas horríveis... Eu não tinha mais o que fazer ali, então eu parti.
Eleonor tentava não prestar tanta atenção em tudo o que era dito, mas era difícil, uma vez que ambos, de alguma forma, lhe eram muito queridos. Dietrich foi o caso mais estranho, a simpatia para com ele veio espontaneamente.
- Oliver. - Dietrich choraminga.
- O que?
- Você ainda me odeia...?
- Agora que eu sei que você está morrendo... Nem que eu quisesse...
- Mas você me queria morto a algumas horas...
- Mas era EU que iria matá-lo... Não alguma outra coisa qualquer que fosse.
- Isso muda alguma coisa...?
- Não sei... Agora não está mais nas minhas mãos...
- De novo essa história de controle sobre tudo que cerca você... – Dietrich lamenta.
- Eu...
- Não é por que você se importa, mas por que você não consegue controlar. – ele corta.
- Mas eu me importo com você...
- Só por que eu estou morrendo... – ele sorri com tristeza. – Mas tudo bem... Mesmo que seja por piedade... Fico feliz que não queira mais a minha morte.
- Não é isso... – Oliver tenta justificar.
- Eu disse que tudo bem, não se preocupe. Acho que nem você sabe o que sente, o que não é muito difícil. – Dietrich sorri.
O silêncio se instala novamente, mas dessa vez não pesado e opressor, mas confortável. Uma vez que Oliver não era obrigado a demonstrar nenhum sentimento real por livre e espontânea vontade. E Dietrich não era mais odiado por seu irmão.
- Dietrich... Só não entendi uma coisa, por que você suportou essa mentira por todos esses anos se era só... Uma mentira?
- Foi a última ordem do mestre... Fazer com que você me odiasse. Acho que fiz um bom trabalho no fim das contas.
Oliver podia sentir o abismo nos olhos de alguém à beira da morte refletido nos olhos camuflados de placidez de Dietrich.
- Você não está aceitando tudo isso tão bem quanto parece estar... Não é Dietrich? – Oliver pergunta.
Os olhos de Dietrich se voltam a Oliver, que parece estar sendo pego de surpresa.
- Por que diz isso?
- Nem preciso vasculhar a sua mente pra saber que você não se sente nem perto de estar levando isso numa boa.
- Eu vou ficar bem... Eu sempre soube, não foi uma surpresa.
- Mais um motivo, você teve tempo de contar as horas até a sua morte. E considerando como você parece transtornado, creio que você está muito atormentado com isso.
- Podia estar mais... – ele suspira. – Mas, tudo bem, vou me ocupar.
Dietrich levanta, caminhando na direção do corredor, pela segunda vez.
- Aonde vai? – Oliver pergunta.
- Vou sair. – Dietrich sorri.
Ele some pelo corredor.
- Eleonor... – Oliver chama.
Eleonor sente a espinha gelar.
- S-Sim?
- Desculpe... Pelo que eu disse, não quero que você vá embora... Não quero... Pelo menos eu acho que não... Não sei mais...
Eleonor ainda está confusa.
- E muito obrigado. – ele sorri, com uma sinceridade desorientada.
- Por quê?
- Por me ajudar a ouvir o meu irmão... Ainda não sei se confio nele... Mas com certeza não o quero morto... A mente dele é sincera... Mas escura, e eu ainda não quero ver o que tem lá dentro.
- Oliver... O que eu sinto por você não mudou... Mas até você decidir o que vai fazer, eu não vou poder agir da mesma forma... Eu vou morar com Dietrich nesse meio tempo.
Oliver parece decepcionado.
- Eu entendo... – ele olha para o chão.
- Obrigada.
- Agora eu tenho que salvar o meu irmão.
Oliver levanta de uma vez, entrando pelo corredor, e indo determinadamente até o quarto de Dietrich.
Pouco depois Oliver volta, arrastando Dietrich pelo braço.
- Oliver...! Onde nós vamos? – Dietrich pergunta aos tropeços, enquanto é arrastado para a porta.
- Para Doll House. Eu vou fazer uma coisa que eu nunca fiz antes... Vou pedir ajuda.
Eleonor permanece sentada, um sorriso se forma em seu rosto, então ela levanta e vai na direção da porta, fechando-a atrás de si.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Olá queridos leitores o/
Quero agradecer a todos pelo duocentésimo review *-*
love u all s2
bem, alguem tem algum comentário?