Aprendendo a Ser Feliz escrita por Monah


Capítulo 1
Como num piscar de olhos


Notas iniciais do capítulo

Eis o primeiro capítulo que deixa essa escritora amadora aqui na maior ansiedade do mundo. Enfim, espero que gostem. Não deixem de mandar reviews!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/87998/chapter/1

APRENDENDO A SER FELIZ

 

 

Capítulo 1 – Como num piscar de olhos

“Existem apenas dois dias que não

nos pertence: o ontem e o amanhã.”

 

 

 

Los Angeles, Califórnia, 1990.

 

          O tempo feio indicava que a temperatura cairia mais alguns graus no final do dia. Não era comum que fizesse tanto frio em tardes de verão como aquela em Los Angeles. Geralmente a temperatura elevada agradava aos banhistas que animados se dirigiam para a praia pela manhã ou ao final da tarde.

 

          Jeniffer arqueou o corpo sobre o peitoril da janela e através dela contemplou pela última vez o céu da Califórnia. Não estava tão radiante e iluminado igual quando ali chegara há exatamente dez anos. O clima litorâneo, o terno céu azul e a cidade moderna sempre a puseram fascinada. Los Angeles havia se tornado seu paraíso particular, seu lar aconchegante a ponto de quase nunca lembrar-se da naturalidade européia tão distante escondida na velha Inglaterra. Por algum tempo da vida esqueceu que tinha mãe, alguns tios e parentes na cidadezinha pacata de County Hills plantada entre as montanhas verdejantes ao norte da Inglaterra.

 

           Definitivamente sentiria saudades daquele mundo. Fora ali em meio à correria da vida urbana que vivera seus melhores momentos. Havia feito muitos amigos por ser alguém extremamente comunicativa. Gostava de sair. Ir às praias com as amigas aos finais de semana para flagrar alguma celebridade famosa caminhando na areia. Amava teatro, cinema e música como qualquer garota de quinze anos tipicamente californiana. Contudo, seu mundinho construído numa redoma de vidro estava prestes a ser quebrado por conta de bruscas mudanças. Jeniffer Rutherford jamais esqueceria o dia em que Deus havia decidido levar seu querido pai.

 

         Sempre soubera do perigo nas ruas de Los Angeles. Conforme crescia a cidade também aumentavam a violência e a marginalidade. Aos poucos estava quase impossível andar pelas ruas sozinho em determinados horários da noite. Fora numa dessas infelizes ocasiões que tal desgraça caíra sobre a pequena                                                                            família Rutherford.

 

         Num dia em que o carro de James Rutherford resolvera deixá-lo na mão por conta de um pneu furado, lá fora ele a pé até a casa do amigo de trabalho resolver alguns assuntos. Não estava tarde, mas já passava das vinte e uma horas. Deixou a filha Jeniffer, mais conhecida como Jenie fazendo suas tarefas escolares e avisou retornar logo. Passou pela avenida principal que naquela hora ainda estava iluminada, contudo sem muito movimento por ser uma segunda-feira.

 

          Só viu quando o Porshe preto parou bruscamente e dele saiu um homem encapuzado. Segurou-lhe pelo pescoço e com a outra mão cravou o calibre 38 no ouvido. Parecia mais com uma tentativa de assalto que ninguém nunca soubera ao certo. James deveria ter explicado que não trazia dinheiro nem bens nenhuns consigo, ainda assim não escapou de levar um tiro nos miolos e cair morto num beco escuro onde o corpo fora encontrado doze horas depois.   

 

          Por causa da demora do pai, Jenie resolvera ir se deitar. Sabia que quando ele ia à casa do amigo Stanley, costumava demorar apesar de nunca sair de casa já muito tarde. Acordou no dia seguinte e não encontrou James na cozinha fazendo o café da manhã. Revirou a casa se perguntando se o pai havia ido mais cedo para o trabalho, o que não era de seu costume. Só então retornando ao quarto notou que a cama estava arrumada e o carro parado em frente à casa no mesmo lugar que o pneu fora furado. O pai não tinha retornado da casa do amigo.

 

          Desesperada ligou para a casa do escultor Stanley que deveria dar-lhe notícias do pai. Este atendeu ao telefone ainda meio sonolento e explicou à menina que o amigo não viera lhe visitar na noite anterior e nada sabia sobre ele. Comovido com o desespero de Jenie, Stanley resolvera ir até a casa dos Rutherford prestar socorro. Chegando lá encontrou uma garota de longas e lisas madeixas ruivas chorando debruçada no sofá. Levantou seu rostinho avermelhado e viu duas esmeraldas nadando em lágrimas de pura aflição.

 

          _Acalme-se Jenie, nós teremos notícias dele. Vamos dar parte à polícia.

 

          As buscas começaram e só depois de muitas horas de procura é que encontraram o corpo de homem entre as latas de lixo de um dos becos mais escuros da cidade. A descrição condizia perfeitamente com o procurado: James Rutherford, inglês natural de Londres, 35 anos, publicitário e fotógrafo. Vítima de assalto à mão armada? De uma bala perdida? De um crime organizado? Ninguém sabia...

 

           Jenie estava só. Seu paraíso particular de nome Los Angeles começava a ser bombardeado. O mundo lhe virava as costas e a vida tratava de aplicar uma de suas surras mais doloridas: a dor de perder aquele que se ama.

 

           Ainda no enterro, vestida de preto e chorando com a garoa fina que caía no cemitério de Bel Air, Jenie era capaz de buscar a última esperança que fosse. Acreditava na possibilidade de que tudo não passava de um pesadelo do qual mais cedo ou mais tarde despertaria. Mas no final do dia quando exausta deitou-se na cama, desejou também estar morta para não ter que acordar na manhã seguinte e confirmar a sua amarga realidade.

 

          Cinco dias se passaram e ali estava ela vivendo seus últimos momentos naquele lugar antes de partir para a Inglaterra onde viveria com a mãe em County Hills. Já havia se despedido dos inúmeros amigos que tristes pela sua partida choravam pedindo para que ela um dia voltasse. Fora pela ultima vez à amada Hight School University, escola secundária onde começara o primeiro ano do ensino médio.

 

           Pela grande janela da sala, espiava uma última vez o céu azul, tão diferente e triste do que um dia conhecera. Dali em diante não mais acordaria com o barulho da maior metrópole californiana. Não veria mais o brilho do neon nos prédios de luxo nem o movimento dos turistas nos finais de semana atrás de celebridades. 

 

          Estaria condenada a passar o resto de seus dias enfiada num fim de mundo chamado County Hills. Um lugarzinho qualquer onde a civilização era pra lá de atrasada e sem novidades. Cidade onde vivera até seus cinco anos de idade com os pais ainda casados. Casa humilde onde as paredes presenciaram inúmeras brigas dos pais, sendo a Sra. Mary Rutherford uma mulher autoritária e sistemática sempre descontando problemas nunca entendidos no marido James. 

 

          Talvez esse fora o motivo pelo qual Jenie nunca tivesse lembranças boas de sua infância. Quem sabe por isso chorava tanto dentro daquele avião só pelo fato de imaginar que estava indo morar com a mãe outra vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aprendendo a Ser Feliz" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.