Ashita Hareru Kana escrita por annaLI


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Finalmente consegui terminar!



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Kiseki no doa wo akeru no wa dare?

Hohoemi yo mou ichido dake

(Quem abrirá a porta do milagre?

Para que você possa sorrir mais uma vez)

No presente sua cabeça parecia vazia, enquanto ele tinha o olhar fixo em alguma coisa invisível à sua frente. Uma risadinha abafada quebrava o silêncio e ele era arrastado de volta à realidade. O tempo estava parado, continuava sentado no mesmo lugar e Sakura também. Suspirou fundo, observando-a.

A risadinha se transformou numa gargalhada e se aproximou de onde ele estava.

- Ah, você precisa ver sua cara!

Syaoran virou o rosto.

- Ah! Vermelhinho como um tomate! – Yuuko falou, puxando suas bochechas.

- Pare com isso!!!

Ela se sentou numa cadeira da mesa ao lado, pegou o champanhe de uma pessoa que estava ali e começou a beber.

- Ai! Porque está tão irritadinho? Espero que esteja com raiva de si mesmo por ter se aproveitado de uma garota indefesa...

- Do que você está falando??? Não fui eu que... Aquilo...

Ela deu mais uma gargalhada.

- Ah, é. Eu percebi que você tentou impedir.

- Eu não sabia que... Quer dizer...

- Fique calmo! Eu entendo que tenha gostado. – Ela disse, piscando um olho.

Como se fosse possível, ele ficou ainda mais vermelho.

- E-eu não sei o que pensar... Afinal não significou nada, não é? Tudo continua igual.

- Não significou nada para você? – Ele ficou em silêncio – Se ela estivesse sóbria...

- O que ela teria feito?

- Vai saber. – Yuuko deu de ombros. – Você vai ter que descobrir. – Ela se levantou.

- Ei! Você já vai? Precisa avisar. Da última vez me causou problemas.

- Você não devia ser tão exigente.

Syaoran se virou na cadeira, observando-a se afastar. A cada três passos que dava, Yuuko olhava para trás, para ter certeza que ele ainda estava olhando. E, quando ele menos esperava:

- Certo, até a próxima!

- E-ei! – Por muita sorte, teve tempo de se virar e tentar da melhor maneira possível fingir que nada estranho estava acontecendo.

- Você ainda lembra do que aconteceu nesse dia? – Eriol perguntava para Syaoran .

- Co-como assim? – Ele se assustou, pensando que o outro estava se referindo ao que ele ainda estava pensando.

- Vocês dois tiveram que escutar uma bronca do irmão da Sakura-chan, não é? Quando foram levá-la para casa... – Tomoyo disse.

- Foi. Eu acho que ele teria nos matado se a Kaho não tivesse ido com a gente...

Syaoran lançou um olhar à mesa em que ela estava, Kaho ao lado de Touya, provavelmente lembrando da mesma coisa. "Como eu sou idiota! Eu estou voltando ao passado e simplesmente esqueço de usar isso ao meu favor... Se tivesse tentado lembrar melhor das coisas ao invés de ficar vivendo tudo como se fosse a primeira vez..."

- ...O Li e o Hiragisawa tiveram que encarar a fúria do seu irmão, né? – Oshima terminava de falar para Sakura, enquanto isso.

- É. Eles não me deixaram esquecer isso por um bom tempo, apesar de eu nem me lembrar... – Ela abriu um sorriso envergonhado.

- Você não se lembra de nada mesmo daquela noite?

- Eu... me lembro de ter tido um sonho estranho. – Sakura respondeu, encarando a toalha da mesa.

- Que tipo de sonho?

Ela corou violentamente, mas apenas sacudiu a cabeça de leve, falando com um sorriso amarelo:

- Um sonho muito estranho.

E, percebendo a foto que acabava de substituir aquela, tratou de mudar de assunto, comentando animada:

- Ah! Deve ser essa a foto de que a Tomoyo-chan falou... Ela disse que era uma surpresa...

Enquanto ele começou a falar, Sakura lançou um olhar rápido à mesa onde estavam sentados seus amigos, Syaoran lhe pareceu pensativo.

- Ah! Essa é a melhor foto! – Tomoyo comentava e ele ‘acordou’ de seus pensamentos, mas o que viu não foi nada animador.

- Parece até um tipo de previsão... - Meiling completou.

- É mesmo, na época ninguém imaginava...

- Por que é que vocês tiveram que colocar essa foto? – Syaoran disse, sem conseguir esconder a irritação perante a imagem de Sakura e Oshima debaixo de uma cerejeira florescente. Ela sorria divinamente enquanto ele ajeitava uma flor no cabelo dela. Era o aniversário de 20 anos de Sakura e tinham começado a festejar desde a noite do último dia de março. Ele lembrava que Tomoyo estava filmando e fotografando tudo feito louca e acabou ‘congelando’ aquele momento que na época não significara muita coisa, mas agora era o ponto alto da apresentação de slides no casamento dos dois. - Estávamos todos lá... Tinha que ser uma foto de todos!

- Isso é um casamento, são os noivos que tem que aparecer. – Eriol disse.

- Os dois realmente formam um casal bonito, né? – Naoko, que estivera apreciando a foto até aquele momento, entrou de repente na conversa.

Syaoran se levantou, bufando e se afastou de volta ao bar.

- Mas o que é que deu nele? – Naoko perguntou, meio assustada.

- Eu acho que ele está um pouco cansado... – Tomoyo disse.

Eriol seguiu-o com os olhos por um tempo e depois ajudou:

- É, deve ser isso.

Syaoran pediu mais um copo de cerveja que ele só ficou olhado enquanto esperava. Quando aquela foto desapareceu e a nova surgiu, ele tomou quase metade do copo de uma só vez. Dessa vez estavam todos lá, mas o sorriso de Sakura estava diferente. Não era preciso que Oshima estivesse ao lado dela para que ele lembrasse do que tinha acontecido pouco tempo antes daquela foto. Aquele era o dia em que Matsuo Oshima tinha dito o que sentia por ela. Syaoran se lembrava de estar num terraço com os outros quando eles se aproximaram... Sakura, vestindo o yukata* vermelho da foto, caminhando ao lado dele em silêncio, parecendo não saber como agir. "No mesmo instante eu soube o que tinha acontecido... Essa imagem nunca mais saiu da minha cabeça. Se eu não disser o que sinto antes dele... Tudo estará perdido."

Nem teve tempo, no entanto, de se preocupar muito com isso uma vez que, de volta ao passado, a primeira coisa que sentiu foi ser puxado para o chão por algo muito pesado que carregava. Era uma caixa que por pouco não caiu no seu pé quando a soltou.

- Ei, tomem cuidado com isso! – Meiling apareceu, dizendo.

- Fala sério! O que é que você está trazendo nessas caixas? Essa daqui parece chumbo. – Eriol replicou, pelo visto estivera ajudando Syaoran a carregá-la.

- São as coisas que ainda não tinha dado para trazer.

- Podia ter pagado alguém para carregá-las...

- Ai, por favor! Essa já é a penúltima. Vocês não são homens, não? – Ela disse, antes de se adiantar até uma porta mais adiante.

Syaoran viu que estavam diante do lugar onde Meiling passou a morar depois que sua colega de apartamento se formou. Era um prédio pequeno de poucos andares. Ele observava a fachada com as mãos nos joelhos, sua respiração estava ofegante com o sol escaldante acima de sua cabeça, o suor escorria solto pela testa e Eriol não estava muito diferente. Comentava, enquanto limpava os óculos que tinha tirado:

- Sinceramente isso não é jeito de se aproveitar o verão. – E, depois, de um suspiro de cansaço: - É, vamos acabar logo com isso. Tudo bem com você?

- Sim. – Syaoran respondeu antes de voltarem a levantar a caixa.

"Ele tem razão. Se estivéssemos nos divertindo na praia, tudo seria mais prático. Como eu vou arranjar jeito de me declarar para Sakura enquanto estamos ajudando com a mudança da Meiling?".

- Pronto! Está perfeito. Muito obrigada, Oshima-kun! – Meiling observava o sofá que tinha sido afastado por ele.

- Oshima-kun foi realmente gentil se oferecendo para ajudar, né? – Comentou Tomoyo, que ajudava Sakura a desempacotar uma caixa.

- É mesmo.

- Bem, nós somos vizinhos agora, afinal. – Ele disse.

- Sua casa é aquela branca aí na frente, né? – Ele concordou com a cabeça e Tomoyo se voltou para Sakura – Sakura-chan já esteve lá, né?

- Já.

- Mamãe vive perguntando quando você virá visitá-la...

- Ah, eu realmente sinto saudades dela... É uma pena que seus pais tenham viajado... – Antes que ela continuasse, Syaoran arranjou o jeito mais barulhento de empurrar a caixa que tinham acabado de trazer, para perto dela e pegar a faca que estava no chão para começar a abri-la. – O que temos que fazer com essas coisas? – Ele ainda disse só por falar ao ver um monte de bibelôs embrulhados em plástico lá dentro.

- Então eram essas coisas que estavam pesando tanto?! – Eriol exclamou, olhando para aquilo.

- Gente, olha só isso! – Sakura exclamou, tendo desembrulhado um porta-retrato de sua caixa, que todos se aproximaram para ver. – ...Trás boas recordações, né?

Era uma foto do dia da formatura deles.

- Aaah, nem dá para acreditar que logo estaremos em outra formatura... – Tomoyo comentou, enquanto se afastava para levar alguma coisa para a cozinha.

- E eu já estive. – Eriol disse, com um sorrisinho.

- Não precisa esfregar na nossa cara que se formou primeiro que nós. – Meiling retrucou.

Eriol apenas continuou sorrindo e disse:

- Então, quem é que vai comigo buscar a última caixa?

- Não olhe para mim. – Syaoran respondeu ao olhar dele.

- Tudo bem, eu posso ir. – Oshima disse, com uma risada.

- Meiling-chan, eu posso colocar isso aqui? – Sakura perguntou, apontando uma estante pequena ali perto e a outra fez que sim com a cabeça antes de desaparecer também levando algumas coisas para a cozinha.

Sakura ainda ficou olhando com um leve sorriso para a foto já na prateleira da estante. "Será que essa pode ser uma chance...?" Syaoran se aproximou devagar e disse, quando estava a lado dela:

- Sakura?

- Hmm?

- E-e-eu... quero dizer... Daidouji! O que é que você está fazendo? – Um barulhinho eletrônico o fez perceber a jovem bem perto deles com uma câmera na mão.

- Como eu já disse, testando minha câmera nova! – Ela respondeu prontamente, sem parar de filmar. – Esse modelo é realmente perfeito!

Sakura sorria meio constrangida e Syaoran, além de irritado, se afastou com medo de flashes.

- Não me venha tirar fotos! – Ele ainda disse.

- O Li-kun às vezes é tão engraçado. – Tomoyo comentou, filmando-o se afastar como se fugisse de um revólver.

- Syaoran, você não está fazendo nada, leve isso lá pra trás. – Meiling disse, empurrando em seus braços duas caixas de papelão cheias de plástico de embalagem.

Pouco tempo depois de ele voltar, Oshima se despediu.

- Por que você não vai ficar? – Meiling perguntava.

- Eu tenho um trabalho de meio período num restaurante aqui perto...

- Que pena, né, Matsuo-kun? Apesar de que esse ano não vamos ao parque... – Disse Sakura.

- É... Eu sinto muito.

- Eu posso ligar de novo?

- Ah! Não precisa se incomodar... – Ele respondeu, meio corado.

- Não é incômodo algum! – E abriu um enorme sorriso que pareceu deixá-lo meio desconcertado por alguns segundos até que ele também sorriu, agradecendo e saindo.

Syaoran olhava a cena de esguelha, não lembrava quanto tempo tinha até que o outro voltasse e, como imaginava, a situação não estava nem um pouco propícia a declarações de amor. O sol já estava se pondo e estavam todos cansados. Ele e Eriol tiveram de carregar uma mesa até o terraço, de onde iam assistir o festival de fogos de artifício.

- Por que elas estão demorando tanto? – Eriol perguntou, enquanto os dois estavam sentados vendo a noite cair completamente, bem pertinho do céu.

Syaoran deu de ombros, mas parou a meio caminho de levar a lata de cerveja à boca, vendo que as três se aproximavam. Por quase uma hora estiveram se trocando no quarto de Meiling e agora vestiam yukatas.

- Desculpem a demora. – Elas disseram em uníssono, rindo.

- Ah, imaginem! A espera compensou. – Eriol disse, esquecendo a irritação, abrindo um sorriso e depois se virando para Syaoran: - Não é uma linda visão?

- Sim. – Ele disse, fazendo elas ficarem mais coradas.

- Sakura-chan, você está muito fofa! – Tomoyo mal tinha largado a câmera o dia todo e filmava tudo ao redor.

- É, mas não esqueça que não pode abusar, né? – Meiling comentou, apontando a latinha de cerveja que Sakura acabava de abrir. Eriol e Syaoran apoiaram veementemente aquele aviso.

- Ai! – Ela exclamou, irritada. – Vocês nunca vão esquecer disso?

- Infelizmente, acho que não consigo. – Eriol respondeu, com uma risada e todos riram também, até mesmo Sakura não conseguiu manter a expressão séria.

- Que bom que estamos todos reunidos aqui, não é? – Tomoyo comentou depois que cessaram as risadas - Nos dois últimos verões, Hiragisawa-kun estava na Inglaterra e depois Meiling-chan nos abandonou pelo jogador de vôlei.

- Ai, não me lembre dele!

- Foi bom você ter terminado com ele. Ele não merecia você, Meiling-chan. – Sakura falou.

- É. Nunca namore alguém que não goste de seus amigos. – Eriol completou.

- Quem dera se esse fosse o único problema dele... – Meiling comentou, desgostosa, mas de um jeito que ninguém conseguiu deixar de achar cômico. Suas risadas, no entanto, foram interrompidas pelo alarme do relógio de pulso de Eriol.

- Sete horas. Vai ser daqui há pouco...

- Ah, eu... – Sakura começava a falar quando percebeu que algo estava errado – Ai, ai, ai! Esqueci meu celular lá embaixo...

- Eu vou buscar. – Syaoran se levantou.

- Eh? Não precisa... – Ainda sentada, ela estendeu a mão, num gesto de impedimento, mas acabou derrubando a lata de cerveja na mesa e o líquido molhou sua roupa antes que ela levantasse.

- Droga!... - De pé, ela visualizou a mancha no tecido vermelho - Pode deixar. Eu volto logo. - E se afastou apressada.

"Droga!" Syaoran ainda ficou em pé por alguns segundos antes de voltar a sentar, sem conseguir pensar numa desculpa para segui-la. "Quando ela voltar vai estar com ele e... Aaarrr!" Ele balançava o pé compulsivamente, sem prestar qualquer atenção ao que os outros três conversavam, quando Tomoyo se voltou para ele, perguntando alguma coisa que ele não entendeu, se levantou novamente, balbuciando que precisava buscar uma coisa lá embaixo e se afastando.

SSSSSSS

- Boa noite. – Oshima disse, chegando ao restaurante Minoru onde vestiu o uniforme e foi direto para trás do balcão, esperar algum cliente para atender.

- O movimento está fraco hoje... – Seu colega comentou.

- É. Estranho já que é domingo.

- Não me admira. Todo mundo deve estar mais preocupado em arranjar um bom ângulo para ver os fogos...

Nesse momento chegou um casal com uma criança e Oshima foi até eles. Quando estava anotando seus pedidos, acabou se distraindo com um grupo de amigos que se retirava.

- Já está quase na hora. – Um deles dizia.

- Vamos logo!

Depois que eles sumiram rua afora, ele voltou os olhos para os clientes que o encaravam confusos e disse, ‘despertando’:

- Me desculpem, eu já vou trazer.

Era sorte terem poucos clientes, porque estava bem difícil se concentrar no trabalho.

Flashback on

- Seu resfriado não melhorou nada? – Ele estava deitado na cama e ouvia a voz de Sakura pelo celular. – Isso é péssimo.

- Sinto muito...

- Você consegue ouvi-los daí?

- Quase nada.

- Ah, então espere. – Ela disse animada e no segundo seguinte ele passou a ouvir o barulho alto das explosões de fogos, abrindo um grande sorriso. – Conseguiu ouvir agora?

- Obrigado. – Ele disse, se sentindo bem melhor de repente.

- Tomara que você possa vir com a gente ano que vem.

- É...

Flashback off

Oshima lembrava disso com o mesmo sorriso nos lábios e respirou fundo, tomando uma decisão.

- Eu preciso muito ir a um lugar... – Ele disse para o colega.

- Você está bem?

- Estou, mas eu preciso muito ir.

- Tudo bem, eu acho que posso dar conta por aqui.

- Muito obrigado! – Ele correu para trocar de roupa e em um minuto estava saindo.

SSSSSSS

Sakura acabava de sair do apartamento de Meiling, quando percebeu que o amigo se aproximava quase correndo em sua direção.

- Matsuo-kun, você voltou!?

Oshima parou a pouca distância, encarando-a.

- Eu vim até aqui para buscar isto. – Ela mostrou-lhe o celular que segurava. – Quer dizer também, né? – Ela riu, dando mais uma olhada no yukata que começava a secar.

- Daquela vez, eu fiquei muito feliz com seu telefonema. – Ele disse, repentinamente.

Sakura olhou para ele e sorriu, falando:

- Mas assistir o festival será ainda mais divertido! Que bom que pôde vir!... - Ele não disse nada, apenas continuou a encará-la.

- Eeehh... Matsuo-kun?

- Sakura, eu...

- Sakura!!!!! – Os dois se assustaram quando Syaoran apareceu correndo no fim do corredor.

- O que houve? – Ela perguntou.

Ele se aproximou e disse ofegante:

- Você estava demorando...

- Eu já estava indo. Veja só quem veio se juntar a nós.

Oshima tentou disfarçar a frustração sorrindo, mas não teve muito sucesso.

Antes que pudessem dizer mais qualquer coisa, no entanto, começaram a ouvir ao longe o barulho dos fogos e Sakura saiu correndo empolgada com os dois em seu encalço.

O horizonte estava iluminado por um show de cores. Eriol, Tomoyo e Meiling se debruçavam na beirada do terraço. Syaoran só aproveitou para respirar aliviado por um tempo, sorrindo com os amigos, talvez as coisas realmente dessem certo dessa vez...

Nem os pingos de chuva que começaram inesperadamente a cair assim que o silêncio se restabeleceu quase por completo conseguiram estragar o humor deles. Levaram tudo de volta para dentro dando risada do azar que tinham tido.

- E o que fazemos agora? – Eriol comentou, quando já estavam sentados de novo na mesa de volta ao aprtamento.

- Que tal a gente jogar o jogo do rei? – Meiling perguntou entusiasmada – Isso é uma ótima idéia! Esperem aí. – Ela se levantou e trouxe palitos e uma caneta preta.

Syaoran teve uma idéia e sussurrou no ouvido de Eriol ao seu lado enquanto os outros estavam distraídos:

- Hiragisawa, você tem que me fazer um favor!

- O que é?

- Não pergunte por que, mas se você for o rei, pode mandar a Sakura e eu lá para fora? – Momentos de desespero pediam ações desesperadas.

- E eu não posso perguntar o motivo?

- Não. Por favor??? – Syaoran juntou as mãos num gesto de súplica diante do olhar desconfiado dele.

- Tudo bem. – O outro acabou por responder.

- Ah! Obrigado de verdade!

- Como é esse jogo? – Oshima perguntava.

- Quê!? Você não conhece??? – Meiling perguntou, chocada.

- Se tirar o palito escrito ‘rei’ você pode dizer o que quiser para qualquer um. – Tomoyo esclareceu.

- O que eu quiser? – Os olhos de Oshima brilharam com a perspectiva.

- Sim, mas não seja pervertido! – Meiling disse.

- N-não...

- Meiling-chan!

- Pronto! Vamos lá! – Foi tudo que ela disse, levantando os palitos.

Syaoran pegou o seu e ficou rezando antes de tirar o dedo de onde... só havia um risquinho da caneta preta. Ele olhou para Eriol e este só negou com a cabeça.

- E então quem é o rei? – Sakura perguntou.

- A-aqui. – Oshima não parecia acreditar.

- O que o rei disser, eu escuto agradecido. – Disseram todos com a mão atrás da orelha, menos Syaoran, claro, que só conseguia dar atenção ao péssimo pressentimento que estava tendo.

- O rei... ama Sakura Kinomoto.

Todos ficaram paralisados como estavam por alguns segundos.

- O quê? – Tomoyo foi a primeira a falar.

- Não, não, Oshima. Não é esse tipo de jogo. – Eriol disse em seguida.

- Ah... eh... me desculpe... Mas... mas é a verdade. – Oshima disse encarando Sakura que ainda estava paralisada, mas desviou os olhos diante do olhar dele, sem saber o que fazer enquanto ficava muito, muito vermelha. – Por algum tempo, eu tentei entender o que sentia e só hoje eu descobri.

Por alguns segundos fez-se um silêncio bastante constrangedor.

- Isso é... tão romântico!!! – Todos desviaram os olhos para Meiling que falava com uma voz sonhadora – Fala sério! Não tem como uma garota não gostar de uma declaração dessas! Né? – Ela se dirigiu a Sakura que continuou calada e só olhou para Oshima para depois desviar os olhos rapidamente.

- É um novo casal que nasce? – Meiling continuava a falar.

- Será? – Tomoyo perguntou. – Ai, eu não acredito que não filmei isso!

- Que descuidada! Nós precisamos registrar esse momento. Vamos tirar uma foto!

Eriol olhava intrigado da cena para Syaoran, que estava de cabeça baixa ao seu lado, antes de se levantar quando Meiling apareceu com a máquina fotográfica.

- Vamos. Fiquem um do lado outro! – Ela disse, empurrando Sakura para o lado de Oshima e foi assim que os dois apareceram com sorrisos amarelos na foto.

Diante do flash, tudo que Syaoran conseguia pensar era que tinha sofrido uma derrota absoluta.

De volta ao banco do bar do salão de festas do casamento, apenas continuou sentado quando Yuuko Ichihara se adiantou para ele, dizendo irritada:

- O que foi isso? Deixou seu rival lhe dar uma aula de como se faz uma declaração? Como sempre você ficou escolhendo o momentinho propício para dizer palavras tão simples! Se aquele sinal abrir, eu falo. Se aquele cachorro atravessar a rua será a hora certa. Aff! Eu devia ter sabido! – Ela se afastou um pouco, ficando de costas.

Syaoran não demonstrou reação alguma, apenas se levantou e disse:

- Eu sinto muito. E... por tudo que fez por mim até agora... muito obrigado. – Ele fez uma reverência para as costas dela. – Acho que já chega disso.

- O quê? – Ela virou um pouco o rosto, mas continuou de costas.

- Eu desisto. Não quero mais voltar ao passado.

- Tem certeza disso?

- Tenho. – Ele procurou não pensar mais antes de responder.

- Certo, então. - Ela voltou a cabeça para frente e respirou fundo. - O preço pela sua volta ao passado já foi pago. Como não conseguiu realizar seu desejo, não me deve mais nada. – Depois de dizer isso levantou a mão devagar e estalou os dedos, desaparecendo.

Syaoran não entendeu aquelas últimas palavras, mas achou melhor não fazer perguntas. Estava determinado a encarar tudo aquilo como um sonho muito estranho. Apenas um sonho.

Ele voltou a sentar e bebeu mais um gole de cerveja. Evitando olhar para os noivos, encarava a foto à sua frente, que não tinha mudado nada, exceto que talvez agora ele parecesse pior que antes.

- Essa foi a última vez, né? – Ele não tinha percebido Eriol se aproximar de onde estava. Não gostou muito da idéia de companhia.

- Ahn?

- A última vez que voltou ao passado.

Syaoran por muito pouco não cuspiu na cara de Eriol o gole que acabara de pôr na boca, com a surpresa.


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Notas finais do capítulo

*Para informar ou lembrar que yukata é um tipo de kimono mais leve, usado no verão e na primavera.

Nossa! Aconteceu bastante coisa nesse cap, né?... Espero que tenham gostado^^
Espero comentários;D
Bjs e Feliz Natal!!!!!!



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