Nyx, a Demônio Banida escrita por Live Gabriela
*Toc toc toc*
- Senhorita Adrik... você precisa pagar sua estadia no hotel, já está duas noite atrasada.
Me virei na cama.
*Toc toc toc*
- Senhorita Adrik, abra a porta por favor. - o carinha que tentava arrancar dinheiro de mim a qualquer custo aumentou o tom de voz.
Me virei novamente e cobri minha cabeça com o travesseiro.
- Senhorita Adrik, se a senhorita não sair do quarto e não pagar o que deve até as 14 horas teremos que chamar as autoridades.
Era mais ou menos umas 11 horas da manhã. O cobrador desistiu de me chamar depois de uns quinze minutos reclamando e me avisando sobre as consequencias e bla bla bla. Quando o relógio marcou 12:37 adivinha quem aparece para me acordar.
- Nyx, abre aqui. - disse Gadrel.
- O que um demônio tem que fazer pra dormir em paz, hein?!
- Para de reclamar e abre logo essa porta.
Levantei e abri, fiquei encarando-o com cara de "te odeio por me fazer levantar a essa hora", claro que não deu essa impressão, pois estava com cara de sono.
- Ow, o tiozinho la embaixo tá irado porque você não pagou a diária de ontem e anteontem.
- É to sabendo.
- Como você vai fazer pra pagar?
- Sei lá. To pouco me lixando pra isso.
Ele colocou as mãos dentro dos bolsos de seu jeans surrado olhou para o teto e depois para o resto do quarto. Deu um longo suspiro e disse:
- Vai poder ficar aqui mais alguns dias.
- Não, ele vai me "expulsar".
- Não foi uma pergunta.
- Han?
- Eu paguei pra você ficar aqui, você tem mais uns cinco dias.
Enruguei a testa.
- Por que você fez isso?
Olhou para a parede que estava ao nosso lado voltou o olhar para mim.
- Olha eu trouxe um jornal. Vê ai os empregos e quando encontrar um comece a trabalhar, e tente ficar lá por mais de uma semana.
Virei os olhos.
- Onde ta o jornal?
- La fora.
- Por que deixou la fora?
- Porque eu não sou seu empregado. Então vai logo pegar. Tenho que ir.
- Pra onde você vai?
- Sei la.
- Vou junto.
- O que? Por que?
- Eu to entediada. E não vão suspeitar que quem me caça está me ajudando.
- É mas é que eu ia...
- Ia...
- Bom, lá na pedra.
- E dai?
- E dai que precisa ir voando pra chegar lá. E bem, você não pode, porque vai que alguém te ve...
- Ué, é só você me levar.
Ele coçou a nuca e olhou para os lados.
- Tá legal.
Não entendi o por quê de todo aquele drama e nem queria entender.
- Vamos! - falei.
- Agora?
- Não, daqui a cinco anos. - disse ironicamente - Claro que agora. O barulho desse lugar está me dando dores de cabeça.
- Tá, então... você não vai se trocar?
Eu estava de "pijamas". Virei os olhos.
- Ah, mas que saco hein. Espera lá fora.
- Ok.
*toc toc*
- Nyx, é melhor você se apressar.
- Foi você quem falou para eu me trocar, então agora espera.
*toc toc toc*, dessa vez as batidas foram mais rapidas e altas.
- Nyx!
- Já estou indo.
* toc toc toc toc toc*
- Anda logo.
- Caralho! Espera um pouco!
*toc toc toc toc toc toc toc toc... silêncio*, um estranho e repentino silêncio.
Terminei de vestir minha blusa e fiquei quieta, me aproximei da porta a espera de ouvir algum barulho lá fora. Cheguei mais perto. Olhei para a janela, que estava fechada. Encostei minha orelha na porta, olhei para o chão. Vi uma sombra, passando para um lado, logo eram duas sombras, estas passavam para o outro lado, o lado da janela.
Barulho de vidro quebrando, sim, é minha janela sendo estraçalhada pelo corpo de um anjo caido. Em seguida entra algo/alguém, não vi direito, o sol estava contra mim, o que fez com que eu só visse a silhueta do sujeito. E devo acrescentar, que sujeito enorme!
Os dois continuaram "brigando". Coloquei entre aspas porque Gadrel estava na verdade, mais apanhando do que batendo. Ele estava sendo segurado melo pescoço contra a parede. Fiquei apenas observando, até que vi que ele precisava de uma ajudinha, cheguei mais perto e meti um soco no bicho-papão, o que não foi muito inteligente, pois ele parecia ser de pedra.
- Ahhh - dei um grito - minha mão!
Gadrel olhou pra mim, e sem dizer meu nome gritou:
- Corre moça! Corre!
Eu não ia correr, ia ficar ali e bater um pouco mais naquele bichão, mas me lembrei que não podia fazer isso, aquele monstrengo podia ser um demônio que me caçava, e podia ter acabado de descobrir que Gadrel estava me ajudando. Claro que eram só suposições, mas eu não poderia arriscar. Corri pra fora do hotel bem rápido e fiquei escondida atrás de uma caçamba de lixo que havia do outro lado da rua. Fiquei lá durante uns dez minutos e então vi o bichão sair voando do quarto em que eu estava. Corri para ver o que tinha acontecido.
Entrei no quarto, Gadrel estava jogado no chão encostado na parede.
- Eles sabem. - lutou para dizer isso.
Agachei perto dele.
- Droga! - exclamei.
- É melhor você ir.
Fiz que sim, fui em direção a porta mas parei antes de passar por ela.
- Você vai ficar bem? - perguntei com indiferença.
Ele fez que não com a cabeça. Estava mais pálido que o normal e sangrava muito, com uma expressão séria e calma no rosto me chamou para perto.
- Não deixe que eles a encontrem. - disse ele.
- Não vou.
Com muito esforço se levantou e ficou de pé escorado na parede.
- Qualquer coisa, eu estarei lá.
- Eu sei. - dito isso me virei e fui embora.
Pra onde? Eu ficaria surpresa se soubesse.
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