Nyx, a Demônio Banida escrita por Live Gabriela


Capítulo 9
Toc Toc's




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   *Toc toc toc*

   - Senhorita Adrik... você precisa pagar sua estadia no hotel, já está duas noite atrasada.

   Me virei na cama.

   *Toc toc toc*

   - Senhorita Adrik, abra a porta por favor. - o carinha que tentava arrancar dinheiro de mim a qualquer custo aumentou o tom de voz.

   Me virei novamente e cobri minha cabeça com o travesseiro.

   - Senhorita Adrik, se a senhorita não sair do quarto e não pagar o que deve até as 14 horas teremos que chamar as autoridades.

   Era mais ou menos umas 11 horas da manhã. O cobrador desistiu de me chamar depois de uns quinze minutos reclamando e me avisando sobre as consequencias e bla bla bla. Quando o relógio marcou 12:37 adivinha quem aparece para me acordar.

   - Nyx, abre aqui. - disse Gadrel.

   - O que um demônio tem que fazer pra dormir em paz, hein?!

   - Para de reclamar e abre logo essa porta.

   Levantei e abri, fiquei encarando-o com cara de "te odeio por me fazer levantar a essa hora", claro que não deu essa impressão, pois estava com cara de sono.

   - Ow, o tiozinho la embaixo tá irado porque você não pagou a diária de ontem e anteontem.

   - É to sabendo.

   - Como você vai fazer pra pagar?

   - Sei lá. To pouco me lixando pra isso.

   Ele colocou as mãos dentro dos bolsos de seu jeans surrado olhou para o teto e depois para o resto do quarto. Deu um longo suspiro e disse:

   - Vai poder ficar aqui mais alguns dias.

   - Não, ele vai me "expulsar".

   - Não foi uma pergunta.

   - Han?

   - Eu paguei pra você ficar aqui, você tem mais uns cinco dias.

   Enruguei a testa.

   - Por que você fez isso?

   Olhou para a parede que estava ao nosso lado voltou o olhar para mim.

   - Olha eu trouxe um jornal. Vê ai os empregos e quando encontrar um comece a trabalhar, e tente ficar lá por mais de uma semana.

   Virei os olhos. 

   - Onde ta o jornal?

   - La fora.

   - Por que deixou la fora?

   - Porque eu não sou seu empregado. Então vai logo pegar. Tenho que ir.

   - Pra onde você vai?

   - Sei la. 

   - Vou junto.

   - O que? Por que?

   - Eu to entediada. E não vão suspeitar que quem me caça está me ajudando.

   - É mas é que eu ia...

   - Ia...

   - Bom, lá na pedra.

   - E dai?

   - E dai que precisa ir voando pra chegar lá. E bem, você não pode, porque vai que alguém te ve...

   - Ué, é só você me levar.

   Ele coçou a nuca e olhou para os lados.

   - Tá legal.

   Não entendi o por quê de todo aquele drama e nem queria entender.

   - Vamos! - falei.

   - Agora?

   - Não, daqui a cinco anos. - disse ironicamente - Claro que agora. O barulho desse lugar está me dando dores de cabeça.

   - Tá, então... você não vai se trocar?

   Eu estava de "pijamas". Virei os olhos.

   - Ah, mas que saco hein. Espera lá fora.

   - Ok.

   *toc toc*

   - Nyx, é melhor você se apressar.

   - Foi você quem falou para eu me trocar, então agora espera.

   *toc toc toc*, dessa vez as batidas foram mais rapidas e altas.

   - Nyx!   

   - Já estou indo.

   * toc toc toc toc toc*

   - Anda logo.

   - Caralho! Espera um pouco!

   *toc toc toc toc toc toc toc toc... silêncio*, um estranho e repentino silêncio.

   Terminei de vestir minha blusa e fiquei quieta, me aproximei da porta a espera de ouvir algum barulho lá fora. Cheguei mais perto. Olhei para a janela, que estava fechada. Encostei minha orelha na porta, olhei para o chão. Vi uma sombra, passando para um lado, logo eram duas sombras, estas passavam para o outro lado, o lado da janela.

   Barulho de vidro quebrando, sim, é minha janela sendo estraçalhada pelo corpo de um anjo caido. Em seguida entra algo/alguém, não vi direito, o sol estava contra mim, o que fez com que eu só visse a silhueta do sujeito. E devo acrescentar, que sujeito enorme!

   Os dois continuaram "brigando". Coloquei entre aspas porque Gadrel estava na verdade, mais apanhando do que batendo. Ele estava sendo segurado melo pescoço contra a parede. Fiquei apenas observando, até que vi que ele precisava de uma ajudinha, cheguei mais perto e meti um soco no bicho-papão, o que não foi muito inteligente, pois ele parecia ser de pedra.

   - Ahhh - dei um grito - minha mão!

   Gadrel olhou pra mim, e sem dizer meu nome gritou:

   - Corre moça! Corre!  

   Eu não ia correr, ia ficar ali e bater um pouco mais naquele bichão, mas me lembrei que não podia fazer isso, aquele monstrengo podia ser um demônio que me caçava, e podia ter acabado de descobrir que Gadrel estava me ajudando. Claro que eram só suposições, mas eu não poderia arriscar. Corri pra fora do hotel bem rápido e fiquei escondida atrás de uma caçamba de lixo que havia do outro lado da rua. Fiquei lá durante uns dez minutos e então vi o bichão sair voando do quarto em que eu estava. Corri para ver o que tinha acontecido.

   Entrei no quarto, Gadrel estava jogado no chão encostado na parede.

   - Eles sabem. - lutou para dizer isso.

   Agachei perto dele.

   - Droga! - exclamei.

   - É melhor você ir.

   Fiz que sim, fui em direção a porta mas parei antes de passar por ela.

   - Você vai ficar bem? - perguntei com indiferença.

   Ele fez que não com a cabeça. Estava mais pálido que o normal e sangrava muito, com uma expressão séria e calma no rosto me chamou para perto.

   - Não deixe que eles a encontrem. - disse ele.

   - Não vou.

   Com muito esforço se levantou e ficou de pé escorado na parede.

   - Qualquer coisa, eu estarei lá.

   - Eu sei. - dito isso me virei e fui embora.

   Pra onde? Eu ficaria surpresa se soubesse. 


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