Nyx, a Demônio Banida escrita por Live Gabriela
Becos são lugares perigosos, principalmente para humanos, mais ainda pra aqueles que tentam te assaltar pela segunda vez. Alguns ossos quebrados, infelizmente não deu tempo de devorá-lo, a polícia chegou lá, mas eu consegui escapar, obviamente, mas outros "policiais" me acharam.
Encurralada naquele mesmo beco com um anjo caído me enforcando com as mãos, e dessa vez não era Gadrel, usava toda minha força, ou pelo menos o que restava dela.
- O que você quer Azazyel? - cuspi essas palavras, afinal não havia outro jeito de elas saírem.
Ele deu um sorriso malicioso e convencido no rosto. Sua face era pálida, possuía cabelo claro e curto. Olhos de anjo caído.
- Só estou sendo um bom servo, obedecendo meu mestre, ao contrário de você.
Durante uns cinco segundos ele diminuiu a força que aplicava nas mãos para me segurar. Aproveitei esse tempo para empurrá-lo com a maior força que consegui, ele bateu com as costas na parede, mas não pareceu ter dado o efeito que eu queria. Azazyel era rápido e me prendeu novamente, ficamos nesse empurra-empurra por um tempinho, mas ele cansou de brincar logo.
- Tá legal, chega de gracinhas, eu já poderia ter te levado pra Lúcifer se quisesse, mas antes quero saber - ele inclinou a cabeça para o lado - Porque você faz isso?
Olhei fundo em seus olhos.
- Porque eu não faria isso?
- Simplesmente porque nós ficaríamos com o céu!
- Você realmente acha que nós ganharíamos isso? Realmente acha que esse é o objetivo?! - dei uma risada irônica - Não mesmo, Lúcifer tem planos maiores, com certeza, ele não é idiota, ah, mas não é mesmo! Ele sabe que não ganharia isso, assim, simplesmente se revoltando de uma hora pra outra.
- Como você é burra!
- Sou mesmo?! Então me explique como ainda estou viva. Porque o grande rei do Inferno me pouparia a vida?! Até onde eu sei, eu não sou nada demais, não sou ninguém para ele, além de mais uma de suas criações. Ele poderia ter acabado comigo no salão, mas não o fez, ele poderia me destruir a qualquer minuto, mas não destruiu. Isso porque eu sou um de seus peões, e quando estiver pronto para dar o Xeque-Mate ele irá matar a todos.
- Isso é ridículo... Você não sabe do que está falando. Mas se tem tanta certeza de que é isso o que diz, qual é o grande plano dele? Qual é a trama por traz de tudo isso?
Balancei a cabeça negativamente.
- Eu não sei, mas... - Azazyel me interrompeu.
- Ah, vá tomar no cu! Você é só mais um demoniozinho que acha que sabe de tudo, e ainda por cima não ta nem ai pra Lúcifer, ele que te poupou a vida, ele que... - dessa vez ele tinha sido interrompido, mas não por mim, e sim por Gadrel, e não foram por palavras, mas um soco certeiro no nariz.
- Da onde você surge garoto?! - perguntei.
- De nada, foi um prazer ajudar! - disse ele ironicamente arregalando seus olhos de anjo caído e inclinando a cabeça.
Virei os olhos e sai do beco. Olhei para trás e o vi conversando com Azazyel, o que falavam eu não sei, e também não me interessei o suficiente para voltar lá para ouvir, mas deveria ser algum assunto entediante de anjos caídos. Não estava curiosa.
- O que vocês tavam falando?
Gadrel olhou para o céu rapidamente e depois se voltou para mim.
- Vai chover.
- É vai sim, mas essa não é a resposta que eu espero.
- É, eu sei. - se virou pra mim.
Notei que Gadrel era alto.
- Você é alto. - comentei.
- E você é feia! - disse ele soltando um daqueles seus sorrisos.
Dei de ombros.
- Fala logo o que ele queria porra!
- O que você acha?! Tem uns 100 demônios, anjos caídos e outras criaturas atrás de você! Acha que ele veio fazer um passeio em São Paulo? Porque não fazer umas compras?!
" ¬¬ " foi mais ou menos assim que olhei para ele.
*suspiro* - É coisa nossa, eu conheço Azazyel há um tempão, e nós só estávamos conversando. - disse Gadrel.
Acho que ele esperava que eu perguntasse mais alguma coisa, mas não o fiz, não me interessava a história da bela "amizade" daqueles dois.
Continuamos andando. Não sei como, mas fomos parar no shopping Eldorado, lar de muitas pessoas de São Paulo desocupadas e burras. E ricas, ou pelo menos tinham dinheiro para mais de uma casquinha no McDonald.
- Onde você arranja dinheiro? - perguntei para Gadrel enquanto ele pagava um milk shake de morango.
- Dando o rabo. - respondeu ele sério.
Colocou o canudo na boca e tomou um gole daquela mistura de leite com sorvete. Ficou me olhando. Fiz o mesmo, mas com cara de "que idiota".
- Nyx.
- O que é? - tomei o copo de mil shake de sua mão.
- Eu acho que descobri como podemos sair, bem, dessa situação sabe, de fugitivos.
Com o canudo na boca, sugando o resto do milk shake soltei um "hummm" como se quisesse dizer "desembucha logo".
- Não sei se você vai gostar da idéia, mas acho que se desse certo, talvez estaríamos "livres".
Parei de tomar o negocio cor-de-rosa.
- Fala logo o que é caralho!
- Bom, eu andei pesquisando, e segundo algumas fontes...
- O que?! O que é?!
- Ah - ele desviou o olhar de mim para outro canto qualquer e coçou a nuca - eu não sou bom com essas coisas...
Ele parecia sem jeito.
Cruzei os braços.
- Vai falar ou não?! - perguntei já nervosa e encarando-o.
Gadrel olhou para baixo e soltou um "Não! Esquece, era uma idéia ridícula e nunca funcionaria!".
Descruzei os braços, agora minhas mãos estavam nos bolsos de minha calça jeans. Continuei a andar e Gadrel também, mas ele parecia estar com pressa, foi atravessando a multidão de pessoas e logo não pude mais vê-lo.
Naquele momento, em que vi o quão lotado estava o shopping, notei que era domingo, mas não era um domingo qualquer, era um domingo de "emenda" de feriado, 5 de setembro. Se eu fosse um ser humano, nos feriados e emendas eu dormiria durante toda a eternidade de um dia.
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