_Como ousa tocar na nossa irmãzinha! – ele gritou

_Calado, Matthew! Você pegou o trem andando, então nem sabe direito o que aconteceu!

_Aconteceu que eu cheguei em casa e vi meu irmão dizendo que a minha irmãzinha mais nova beija bem e tem seios macios!

_Isso soa engraçado. – eu ri, e os dois olharam mortalmente para mim, eu fiquei séria – Matt, solta o Allan, eu não quero bater em você.

Ele soltou com raiva e incrédulo, ele ia dar as costas para mim, mas segurei a mão dele.

_Escute o que eu tenho a dizer.

Ele me olhou e se sentou na mesa de centro, e eu me sentei também.

_Explique-se.

_Nos últimos tempos, eu ando me sentindo estranha, carente e solitária. Nem sequer Sean conseguiu tirar isso do meu peito. – meu olhar era triste e os dois estavam muito atentos – dói, dói muito esse sentimento.

Uma lágrima escorreu pela minha face.

_É como se eu estivesse correndo em um lugar escuro, sozinha e me recusa-se a aceitar a ajuda de alguém, eu quero sair desse lugar, mas não sei como.

Allan levantou silenciosamente e me pegou no colo.

Meu irmão é tão lindo e gentil, está sempre cuidando de mim como se eu fosse a coisa mais importante para ele.

_Ei! – disse Matt

_Calado. – Allan disse me apertando nos braços – vamos deixá-la em paz.

Eu adormeci ali, e tive um estranho sonho, que era mais uma lembrança.

_Para de mentir! – meu pai gritou - Você achou que eu não fosse perceber?

_Querido! – disse a minha mãe em lágrimas – tente entender, foi a mais de cinco anos!

_Não diga como se fosse fácil de aceitar! – ele disse irritado – minhas filhas... Minhas amadas gêmeas, as crianças que eu crio e sustento...

Eu e a Lia?- me perguntei

_Como você pôde!? – ele gritou irritado.

_Nós estávamos brigados e eu estava bêbada! – minha mãe se defendeu

_Você está sempre bêbada! – ele disse irritado

É mesmo, mamãe é alcoólatra – pensei.

Os lindos olhos do meu pai queimavam em fúria

_Não foi minha culpa! – ela respondeu

_Foi! Você bebia enquanto alimentava o Matt e continuou a beber enquanto alimentava as gêmeas, você é uma desgraça como mãe! – ele gritou

Lágrimas caiam dos meus olhos, silenciosamente.

_Pare de dizer essas coisas! – ela gritou

_Não são minhas filhas... – ele disse – minhas pequenas gêmeas não são minhas filhas.

Eu entrei em choque, meu pai, não era meu pai?

_O sangue delas é AB+, o meu e o seu é A+. – ele disse pesaroso

_Querido... foi só uma vez.

_Não me chame assim! – ele bateu na mesa com força – você... eu vou pedir divórcio.

_Foi você que as criou! – minha mãe disse em desespero – você é o pai delas!

_É por isso que vou pedir a guarda delas – ele disse sério – vou fazer o possível para que meus filhos não se deixem influenciar por você.

_Amor! – ela gritou

Foi quando meu pai me viu chorando na porta, ele me olhou assustado e me pegou nos braços fortes, era um abraço amoroso e quente. Ele era meu pai.

Acordei assustada, eu havia me esquecido daquilo, completamente, ou não, nunca contei isso a ninguém, havia prometido a meu pai nunca contar, a não ser que eu tivesse certeza de meus sentimentos quanto a isso.

Caminhei até a gaveta e peguei uma foto dele que estava escondida.

_Eu te amo, pai. – eu disse com lágrimas nos olhos

Saí com pressa de casa, Lia brigou comigo por que ela sempre me espera, mas detesta chegar atrasada, corremos até o colégio o mais rápido que pudemos, foi quando a coisa mais inesperada que podia acontecer aconteceu.

Eram oito e meia da manhã, faltavam vinte metros para chegar ao colégio, um carro em alta velocidade ia acertar Lia em cheio que ainda estava correndo, eu me joguei, a empurrei, e agora estou aqui.

É um lugar completamente branco, sem nada, me parece bom para refletir e eu ainda posso ouvir vozes sentei no nada.

Afinal... O que raios é a minha vida?