Justin beijou-me. Não foi nada de especial…aliás até foi um bate-chapas mas…fez com que o meu coração acelara-se.

-justin? O que é que foi isto?

-primeiro já tinha saudades, segundo era para tu não chorares e terceiro era para te calares. – disse ele muito sincero.

-estupido. – disse eu na brincadeira.

-ai é? Eu é que sou estúpido…quando saíres daqui já vais ver quem é o estúpido. – disse ele a rir-se e a fazer-me cócegas.

-p-para justin ahahahah – disse enquanto esperneava com ataques de riso.

-ahh retira o que disse.

-never!

-never say never querida. – disse ele piscando o olho.

-justin…eu…retiro o que disses-te. – disse já quase sem conseguir respirar com tanta risada.

-hum…diz que eu não sou estúpido.

-tu não és estúpido. Vá vá…para! – disse tentando recuperar o ar.

-vês que nem custou nada.

-estu…ok eu não digo mais nada. – disse rindo-me.

Ele ficou ali o resto do dia a fazer-me companhia.

-são que horas justin? – perguntei, olhando directamente para ele.

-9 h da noite. – disse simplesmente.

-então…

-sim?

-tu gostas mesmo da selena né?

Ele olhou para mim com um olhar de pena, traição e amor.

-é…eu gosto mesmo dela.

Eu não quero perguntar, porque metade de mim dizia que eu não gostaria da resposta mas outra metade precisava de saber aquilo que eu vou perguntar.

- gostas mais dela do que gostavas de mim? – perguntei tentando não chorar.

Ele olhou uma vez mais para mim com uma enorme pena no olhar.

-responde sinceramente, e não tenhas pena de mim…já que fui eu que te deixei. – disse tentando soar fria mas apenas consegui com que lágrimas rolassem pelos olhos.

Se ele não respondia é porque a resposta é afirmativa.

-justin?

-não quero responder. Hum…e tu, namoras com  o Gonçalo?

-sim.

-ele é um bom rapaz…

-então…não tens ciúmes de que ele esteja comigo?

-não. – disse.

-não? – perguntei de boca aberta, exaltando-me.

Como não? Eu amava-o AMO-O! Nem um mês se passou…só passou uma semana, como é que ele pôde me esquecer assim tão rápido? Foi mágico o nosso relacionamento. Mágico. Eu corroía-me de ciúmes por vê-lo com a selena.

-mariana… - começou por dizer.

Só aí que me apercebi que falei tudo em voz alta e chorava que nem uma Maria Madalena.

-não era minha intenção ter dito tudo alto. Portanto vamos esquecer isto. – disse sem conseguir olhar directamente para ele.

-não, não vou esquecer. Estou farto, farto de tudo isto entendes? As minhas fans NUNCA gostam das minhas namoradas, sendo egoístas pensando apenas nelas. Todos os dias recebo comentários maldosos de pessoas que nunca vi na vida, sem lhes ter dado, por isso, motivo para me atacarem. Posso esquecer o egoísmo das minhas fans e até os comentários…mas estou farto disto. E não vou esquecer-te. Não vou. Foi magico, mas mais uma vez deram-me um pontapé no rabo. Usaste-me e deitas-te fora. Satisfeita? Espero que sim…pelo menos algum que tenha tirado proveito disso. Amo-te, não digo que não. Fico corroído de ciúmes quando te vejo com ele? Sim. Penso em ti? Todo o milésimo de segundo. Selena? Adoro-a. Foi a única que me puxou para cima quando chorava baba e ranho por uma rapariga que me deixou sem dar uma explicação lógica. Ela não é perfeita? Claro que não, não é. Mas eu aprendo com ela, e ela aprende comigo. E todas aquelas historias de ela ter aproveitado os rapazinhos famosos? Por amor de deus. Ela apenas está a aproveitar a vida. Se ela não fosse famosa tiravam-lhe o chapéu e faziam-lhe uma vénia…mas não, ela famosa não pode errar. Não se pode divertir. Mas o que mais me magoa nisto tudo é saber que tu não queres que EU seja feliz. Pois se me amas assim tanto, demonstra. Ela protege-me. tu atacaste-me. ela me ama. Tu desprezaste-me. então não mandes mais nada á minha cara. Porque eu…eu abri os olhos. Não vou ser burro como fui da outra voz com a outra rapariga em que me culpei, eu é que tinha culpa. Mas contigo … eu sei que contigo eu entreguei-me totalmente. Eu amei-te como nunca amei ninguém e eu não tenho culpa nenhuma por tu me teres deixado. Com a selena eu posso ser eu. Posso-me divertir.  Posso ter outras atitudes. Se queres ter alguma coisa de mim, apenas amizade. – disse ele.

Fiquei em choque com a reacção dele… agora eu chorava baba e ranho. Ele não  entendia. Eu acabei com ele porque não queria que ele se magoa-se. Ele está a ser bastante injusto para mim.

-boa noite, menina mariana. Boa noite, menino justin. – disse uma mulher com uma bata branca. Percebi que era a  medica.

-boa noite. – respondi simplesmente.

-como é que a menina fez esse corte? – perguntou ela.

Esta era a pergunta que eu tinha medo de responder.

-para que é que é preciso saber?

-pelo depoimento do menino justin, você estava no bar e de repente começou a sangrar da barriga. Não houve brigas logo a ferida não poderia surgir dai. Como ela é profunda, as regras diz que é preciso saber como é que isso aconteceu.

-não posso dizer. – respondi simplesmente.

Estava cansada disto tudo. Da minha vida, de tudo se virar contra mim. Queria poder fechar os olhos e entrar num mundo melhor, onde era eu que controlava.

-então terei que chamar a policia. – disse sendo mais severa e um pouco agressiva.

-NÃO! – disse começando a chorar.

Estava em pânico. Sei que quando se está em pânico a pessoa diz a verdade toda e eu não queria. Muito menos á frente do justin.

-mariana, mariana. Diz. É o melhor. Se não queres que a senhora chame a policia. – disse o justin agarrando os meus braços em tentativa de me acalmar.

-eu não posso justin. – disse olhando para ele a chorar.

Suspirei e inventei uma mentira na minha cabeça para dizer.

-eu sou uma desastrada. Eu estava a…a treinar para o teatro. A parte mais difícil que eu tinha de representar era a minha morte. Mas eu queria que aquilo parece-se real…então eu tinha que arranjar um estratagema…para…para que parecesse real. Estava com a faca da cozinha na mão e tinha vestido uma camisola larga. E fiz com demasiada força e para meu azar espetei a faca no lado errado. Fim.

-hum…e porque é que não podia dizer? – perguntou a medica olhando para mim.

Agora é que eu me lixei. Sempre me disseram que a mentira tinha perna curta mas nunca pensei que fosse assim tão rápido.

-é que eu tenho a mania da perfeição e todas as pessoas do teatro, com receio de que alguma coisa acontecesse de mal a mim, disseram que se eu tentasse fazer mais alguma coisa em que me pudesse magoar sem estar ao pé deles, eles expulsavam-me. esta é a peça em que sempre sonhei..nao poderia abdicar de uma coisa destas. – inventei.

A mulher olhou para mim, sorriu e foi-se embora.

-isso é tudo mentira né?! – pergunta justin olhando para mim.

Olhei para ele sem dizer nada.

- e a MIM podes dizer? – perguntou.

Olhei para ele mais uma vez, sem dizer nada. Ele suspirou percebendo que a resposta era “não”.

-ok…quando estiveres preparada diz-me. queres que telefone ao Gonçalo? – perguntou.

-não.

-ele sabe a verdade desse corte? – perguntou.

-sabe.

-porque é que ele sabe e eu não?

-porque…porque… sei lá. – disse mentindo.

-arg…não é essa a resposta correcta mariana. Para de mentir.

-não posso. Vidas dependem disso.

-ah? – ele olhou para mim muito assustado.

-justin…só se eu contar é que haverá algum problema.

-espero que um dia possas confiar em mim….porque eu manteria em segredo. – disse ele.

-amor…eu confio em ti.

-não me chames de amor, não quando é mentira. – disse.

-mas não o é. – disse olhando para ele esperando uma reacção.

-mesmo assim…não chames. Faz-me querer beijar-te e eu não posso.

-não podes ou não queres?

-ambos. – disse.

- pronto… ok. JUSTIN…eu confio em ti…só que eu sei que quando tu soubesses irias ficar com medo, querias proteger-me, a ti, e á tua família. Eu prefiro perder o nosso relacionamento do que saíres magoado…

-alguém te ameaçou não foi?! Diz-me porra. Diz-me mariana.

-NÃO!

-não?

-não quero dizer nada.

-então eu nunca mais te quero ver…. – disse ele começando a chorar.

-não. Justin não me faças isso.

-eu quero.

-ok. – disse. O meu orgulho era definitivamente maior do que o universo…e olha que o universo não tem fim.

Ele foi-se embora, sem um adeus, sem nenhum beijo…sem nada. Adormeci ensopada em lágrimas, as enfermeiras que passavam por ali apenas olhavam com pena e com tristeza nos olhos. As primeiras vezes que entravam perguntaram se eu estava bem mas eu ficava calada apenas olhando para a janela, massacrando-me com pensamentos sobre o justin. Imaginava cada momento do futuro que eu gostaria de ter. lembrava-me dos momentos, bons e maus, que  tive com ele. Sou uma sortuda. Sei que sou. Sou egoísta….também o sou. Quero-o só para mim, e apesar de saber que selena é uma boa rapariga, divertida…e perfeita para ele, quero pensar que não. Que ela não o merece. Tento arranjar defeitos nela onde não existem. Odeio-a, invejo-a ou será que esses pensamentos é tudo sobre  mim e nada sobre eles?

Tive alta ás 10:30h. fui para casa, cansada, destruída, esgotada, despedaçada. Tentei esquecer o meu orgulho e liguei para o Gonçalo. Liguei 3 vezes mas nenhuma delas ele atendeu. Será que está a dormir? ou apenas está zangado comigo? Ahh. Liguei para a minha mãe.

-olá. Quem é? – perguntou uma voz feminina e fortemente acolhedora. Encheu o meu coração com amor, paz e felicidade.

-oi…sou eu, a mariana. – a minha voz saiu horrível. Estava rouca de ter passado a noite toda a chorar e a deixar que soluços fugissem e a minha garganta doía por ter estado a chorar.

-filha… o que se passa? – perguntou agora uma voz mais preocupada. Ela conhece-me tão bem.

-amo-te mãe. Já te disse isto? Amo-te com todo o meu ser. És a única que apesar de toda a porcaria que faço, esqueces tentando arranjar um lado bom no meu ser onde, provavelmente, não existe. És a única que me apoia…tu e o pai. Amo-vos.

-ohh filha… queres desabafar? Eu já tenho tantas saudades tuas meu amor. eu também te amo muito. És a coisa mais fofa que existe á face da terra.

-foste tu que me deste a vida. Foste tu que suportas-te toda a dor. Quando chorava não me ignoravas. Sou uma menina da mamã e orgulho-me de o dizer. Adoro-te. – disse chorando.

Do outro lado ela também chorava e gemia de felicidade. Sorri com tais emoções.

-também te adoro. – disse uma voz chorosa do outro lado.  

-já tenho saudades tuas. – disse.

-eu vou preparar tudo…vou comprar uma casa ai…eu quero estar junta da minha menina. – disse ela decidida.

Adormeci vendo um filme. E só acordei no outro dia de manhã com o telefone, que nem sabia que a casa tinha, a tocar. Fui atender.

-sim? – perguntei.

-bom dia. Desculpe estar a ligar a um domingo de manhã mas queria-lhe dar o recado que a sua casa está pronta. Terá que sair dessa casa até às 3 da tarde. Se se despachar antes vá a secretaria e diga para chamar o seu táxi. Bom dia. – disse a voz e logo desligou.

Fui tomar banho…e comecei a arrumar as minhas coisas. Á uma da tarde fui almoçar, comendo um pão com atum, alface, ovo e molhos.  Ás duas e meia desci…pensei em esperar já que só faltava meia hora mas queria ver a MINHA casa o mais rapidamente possível.

Dirigi-me á secretaria e carreguei numa campainha que lá estava.

-sim? – perguntou a moça da outra vez.

-queria que chamasses um táxi para minha casa pode ser?

-claro.

Sai da escola ficando no passeio á espera do táxi que 10 minutos depois apareceu. O homem ajudou-me com as malas  e logo  fomos para a minha casa. Sai e levei as minhas coisas para a MINHA casa. Fiquei tão contente quando a vi. Era linda, grande…parecia casa de rico. Aquilo não era uma casa, aquilo era um casarão.

Comecei a tirar as coisas das malas…decorei a casa ao meu gosto com as minhas coisas.  Arrumei a minha roupa e decidi ir para o shopping distrair-me um pouco. Cheguei lá e arrependi-me logo. Estava muito cheio. Eu nunca fui muito fã de shopping mas até que gosto quando vou sozinha e não está muita gente. Assim não gosto. Mas já que vim não me vou embora, né?! Passei por uma loja de decorações  e entrei lá. Uma rapariga pequenina apareceu á minha frente.

-olá. – disse.

-olá. – respondi.

-precisas de ajuda? – perguntou.

-não sei. Eu tenho uma casa agora e eu quero decorar aquilo um pouco.

-ahh óptimo. Eu adoro ajudar. Casa nova? Como é que ela é? A nossa loja tem varias salas. Uma para casas modernas ou velhas. Para jovens, famílias etc etc. então a tua deve ser moderna e para jovem certo? – perguntou.

-sim. – respondi.

A loja aparentava ser pequenina e estranhei porque ela disse que tinha varias salas.

-anda. – disse indo na direcção de um computador. – a nossa loja tem um sistema do mais moderno. A loja parece pequena mas vai-se aqui ao computador e escolhe-se a opção que se deseja, neste caso é moderna e jovem, depois pões o dedo numa máquina e ela, não sei como, vai descubrir que tipo de coisas é que se adequam melhor a ti. É muito giro e até que é surreal mas eu acho engraçado. Chamo-me melany e tu? – perguntou.

-mariana.

-olá. – disse começando-se a rir.

Ela meteu as opções no computador e logo de seguida eu meti o dedo na maquina. Fomos até a uma divisão que parecia um vestuário e aquilo era mais um elevador. Na porta estava escrito moderno e jovem. Entrei lá dentro mas a sala ainda estava a processar que tipo de coisas é que eu gosto. Incrivelmente, estava projectada em cada parede (e eram muitas as paredes) cada divisão da minha casa.

-wow. – apenas exclamei… -como?

-esqueci-me também de dizer que acede á tua memoria, a maquina é esperta o suficiente para não buscar momentos…tipo estares a namorar nem nada desse género. Ela foi buscar a tua casa. Eu também não sei como mas é fixe.

-ya…bue.

Comecei a escolher vários objectos. Incrivelmente estavam todos em euro e rondavam apenas os 50 centimos e 1€ por isso comprei quase tudo.

-então o total vai ser de 200€ - disse a rapariga. – não precisas de levar saco. A partir do momento em que pagares vai haver uma espécie de teleférico que vai meter todas as tuas coisas na sala. Quando chegares lá é só arrumares. Aproveita agora que como o sistema ainda é novo e tal a patroa está a fazer isto barato como vez, quase que não temos lucro mas depois ela vai subir bastante os preços. – disse.

-ok…obrigada pela informação.

Sai da loja e fui para outras que vendiam roupa. comprei muita e quando estava a sair vi quem estava numa geladaria.

-olá. – disse aproximando-me.

-olá. – disse Gonçalo.

-posso me sentar? – perguntei.

-claro.

-o que é que se passa?

-ah?

-não atendes o telemóvel…

-ahh ele está sem bateria – disse.

-ok.

-mariana? Estás chateada comigo? Desculpa. Eu amo-te tanto eu não quero que nada nos aconteça mas eu sei que tu gostas dele…e eu sempre soube disso no inicio e eu decidi mesmo assim ir em frente mas… - interrompi-o com um bruta beijo.

Ele olhou para mim atordoado com o que eu tinha acabado de fazer.

-eu gosto tanto de ti, Gonçalo. Isso é passado. Posso te beijar outra vez? – perguntei mas ele logo encostou nossos lábios.

-queres ir para casa? – perguntou.

-qual casa? – perguntei.

-ah? A da escola…

-meu querido…eu já não estou lá. Já estou mesmo na minha. Ainda não quero ir…agora quero comer um gelado. – disse.

-uau ok…vai lá pedir. – disse ele sorrindo.

Levantei-me e fui até ao balcão e pedi o meu gelado, 2 bolas de gelado num cone, uma de tuti-fruti e outra de chocolate.

Acabei o meu gelado devagar pois ele estava sempre a beijar-me.

-vamos? – perguntei já de pé.

-vamos. – concordou.

Demos as mãos e fomos para a minha casa que era perto dali. Ele ajudou-me a arrumar a casa e no fim foi fazer um jantar para nós. Estou á espera, vendo televisão.