Enquanto me deixava ser conduzida pelos guardiões as palavras de Abe faziam ecos na minha cabeça “Eles executam traidores.” Em um estado de torpor fui levada novamente para a cela, o desespero tomando conta de mim. De repente algo veio em minha mente e pedi urgentemente.

_ Mikhail me deixa falar com o Abe. Um olhar triste percorreu seus olhos, porem antes que ele dissesse que não, ouvi a voz de Abe.

_Estou aqui. Rapidamente e discretamente entreguei o bilhete de Tatiana para ele e aguardei enquanto ele lia. Se tinha alguém em quem confiar, ele me proveu ser um, e ele tinha meios de me ajudar. Pude ver um olhar de espanto cruzar seus olhos enquanto ele lia porem rapidamente ele entendeu o que significava o bilhete. Tatiana havia deixado um bilhete direcionado a mim, onde ela contava que Lissa tinha um irmão (a), sendo assim ela teria direito a votar na realeza, isso seria de grande valia, até mesmo no meu caso.

_Não se preocupa, vou encontrá-lo, e vou tirá-la daqui.

Abe saiu me deixando sua promessa, e seus olhos eram tão sinceros que me fez acreditar. Deitei-me em minha cama e comecei a pensar em toda loucura que aconteceu nas ultimas 48 horas. A frase de Dimitri ainda rondava em minha mente “O amor acaba. O meu acabou.” Palavras que foram contraditas quando os guardiões vieram me prender por um crime que eu não cometi. Dimitri, que estava comigo, derrubou quase todos os guardiões que vieram me prender, e ele estava disposto a acabar com todos eles somente para que nenhum deles encostasse em mim.

Um pequeno sorriso cruzou meu rosto, do que adiantava ele dizer que não me ama, se os seus atos e o seu olhar naquele momento o desmentiram, porem isso não fazia grande diferença, ainda mais agora.

Cansada dos meus problemas resolvi ver o que estava acontecendo com a Lissa, me acomodei na cama e deixei minha mente ir pra dela. Lissa estava em seu quarto, os olhos vermelho me deram a certeza de que ela havia chorado e muito, me sentia mal por saber que eu era a causa das suas lagrimas. Eu amo tanto minha amiga e a ver sofrendo piorava ainda mais meu estado, que já não era nada bom.

Como se soubesse que eu estava com ela, ela me mandou uma mensagem: “Por que rose, por que você não quer me ver? Eu sou sua melhor amiga, você precisa de mim Rose, como muitas vezes eu precisei de você. Por favor, Rose me deixe te ver.”

Como eu queria vê-la, mas eu não podia, não me era permitido ter visitas. Quando ela acabou de me mandar à mensagem alguém bateu na porta, ela sem nem se importar em limpar as lagrimas, a abriu. E pra minha surpresa era o Dimitri, ele também estava com os olhos vermelho. O que pra mim era estranho.

_Oi Dimitri, entra!

_Oi Vasilisa, como você esta?

_Péssima, eu só queria saber por que ela não quer me ver, eu a amo e me preocupo com ela!

_Na verdade ninguém pode vê-la, foram ordens reais. Pude ver o rancor em suas palavras. _Somente o advogado dela tem permissão de entrar e com guardiões o acompanhando. Se bem que um advogado como ele... A frase morreu em sua boca.

_Ah então você não sabe?

_O que eu não sei?

_O Abe é pai da Rose! Ele arregalou os olhos, com certeza ele não esperava por isso.

_Então é por isso que a Rose tem aquele gênio, e aquele olhar que da medo, ela puxou do Sr Mazur. Eu pude ver algo do velho Dimitri em sua voz, e isso me fez bem. Lissa deu um sorriso triste e começou a chorar.

_Ah Dimitri eu quero a Rose de volta, eu sei que ela não fez isso, eu sinto a falta dela. Eu amo a Rose como uma irmã, sem ela eu não sou nada.

_Eu prometo que vou fazer de tudo pra ajudar princesa, ainda mais agora.

_Como assim?

_Eles decidiram... Lissa olhou para ele sem entender, porem eu conhecia aquele brilho em seus olhos e antes das palavras saírem de sua boca eu já sabia o que era. _Eles acreditam que eu não sou um strigoi, e me deram meu lugar como guardião de volta, depois que eu derrubei quase a guarda real toda, e com a falta de bons guardiões eles decidiram não desperdiçar mais talento. Senti meu coração acelera e pude ver a alegria e o orgulho de Lissa pelo nosso laço, ela o abraçou e eu me senti com um pouco de inveja, pois eu queria que fosse eu nos braços de Dimitri.

_Eu prometo Lissa que vou fazer de tudo para tirá-la de lá. Eu podia ver no olhar de Dimitri a mesma determinação de quando ele lutou com os guardiões, e isso me confundia ainda mais. Voltei para minha mente, com uma raiva enorme borbulhando dentro de mim, como ele poderia num dia dizer que não me ama mais e no outro ele promete me tirar da cadeia, arriscando sua vida e sua recente volta à guarda.

O dia arrastava devagar e a falta do que fazer era entediante. Eles não deixaram o Eddie e o Mikhail se aproximarem da cela, pois sabiam que eles eram meus amigos. Dos guardiões que estavam próximos, alguns demonstravam seu apoio enquanto outros mostravam que acreditavam que eu havia matado Tatiana e que eu merecia morrer.

No final do primeiro dia ali eu me sentia exausta como se eu tivesse treinado o dia todo. Acomodei-me na cama como deu e deixei a exaustam me vencer. De repente me vi em meio a uma praia ensolarada.

_Pequena Dhampir, que bom que veio.

_Adrian!! Mesmo não o amando, eu gostava de Adrian e era bom ter alguém normal pra conversar, mesmo que fosse somente em meus sonhos.

_Como você está minha querida. Ele perguntou circundando seus braços em minha cintura e me dando um beijo doce.

_Exausta. Disse sendo sincera, ele sorriu.

_Não se preocupe, eu vou te tirar de lá.

_Abe disse a mesma coisa. Lembrei-me de Dimitri também, porem era melhor não comentar isso.

_Seu pai pode ser poderoso, mas eu também tenho meus contatos. Eu vi confiança nos olhos verdes de Adrian. _Não posso ficar muito, tenho um evento real para ir, porem eu voltarei pequena Dhampir.

Depois disso o sonho voltou ao normal. Acordei calma, me sentindo bem. Porem logo a duvida começou a rodar minha mente, alem de todos meus problemas, eu ainda tinha isso pra pensar, me lembrei dos olhos tristes de Adrian da ultima vez que conversamos pessoalmente, toda magoa que eu havia causado a ele, e o motivo? Ele, Dimitri, como ele pode me confundir assim, abalar todas as minhas certezas, como eu poderia realmente tentar ser feliz com Adrian, se todos os segundos que eu passava eu pensava nos olhos, no sorriso, na boca de Dimitri. Por volta de sete e meia da manhã me trouxeram uma bandeja de café e por baixo da xícara tinha um recado.

“Se prepara em dois dias te tiraremos daí. Abe”