Walkie-talkie escrita por Franiquito


Capítulo 1
Dois walkie-talkies


Notas iniciais do capítulo

Essa não é a 1ª fic de Gazetto que eu escrevo, mas é a 1ª que posto.
Então espero que gostem e se divirtam lendo-a!
^.^



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Yutaka estava caminhando pelo grande backstage do show ainda maior que faria naquela noite e na subsequente ao lado do The Gazette. Eram as noites de gravação do grand finale da turnê e o baterista já estava devidamente vestido para a ocasião. Ainda faltavam algumas horas para o show e até lá Yutaka precisava se certificar de que tudo daria certo.

Ele caminhava sem parar pelo local inteiro a passos lentos; ia desde os camarins até a última cadeira da última fileira na platéia. Yutaka observava todos os detalhes ao seu redor, parando vez ou outra para falar com algum staff. Sempre tinha alguma coisa para ser modificada visando melhorar o live. Os fãs deveriam ter o melhor do The Gazette e era nisso que a mente de Yutaka, como líder da banda, estava sempre trabalhando.

Parecia que nada daria errado daquela vez.

- Kai-san.

Yutaka piscou para desviar sua atenção do palco. Procurou com os olhos o dono da voz à sua volta, mas todos estavam muito concentrados em suas próprias tarefas.

- Kai-san, está me ouvindo?

O baterista se espantou ao reconhecer a origem da voz: um pequeno walkie-talkie preso no cós de suas calças. Ele ainda não se acostumara àquilo, embora viesse usando bastante durante a última turnê. A ideia que começou como uma brincadeira entre os staffs – sempre enlouquecidos atrás do baterista inquieto – tinha sido adotada afinal, e vinha facilitando o trabalho do líder, ele precisava admitir.

Yutaka pegou o objeto pequeno que quase cabia na palma de sua mão e apertou o botão lateral para poder falar.

- Eu estou ouvindo sim. O que houve? – seu tom era sério, como de costume enquanto líder da banda.

- Houve um pequeno problema com o transporte das últimas camisetas para venda...

- Elas não virão? – Yutaka não podia nem imaginar a cara de Takanori ao saber daquilo.

- Não, não, Kai-san, elas chegarão aí sim! Mas nós teremos que buscá-las a pé. O lugar não é muito longe do local do show, não se preocupe. Já estamos a caminho.

- Certo – o moreno suspirou – Me avise quando voltar.

­- Ok, Kai-san! Estou desligando!

Houve um pequeno chiado antes de o walkie-talkie ficar mudo novamente.

Yutaka não pode deixar de sorrir para o pequeno aparelho. Até que não tinha sido uma má ideia, afinal. Ele prendeu o walkie-talkie no cinto enquanto voltava a caminhar.

 

^^^^

 

- Yokoooooo!! Você vai me atrasar!!!

Yoko enfiou a camiseta de qualquer jeito e sequer teve tempo de olhar-se no espelho novamente. Seus cabelos longos e marrons deviam estar uma bagunça, mas ela não queria ouvir mais um grito de sua irmã mais velha.

- YOKO!

- Já estou indo! – a jovem de 23 anos pegou um casaco leve e correu para a porta do apartamento, onde calçou as sapatilhas pretas com elegância.

Mai, irmã mais velha de Yoko, já tinha descido um lance de escada enquanto esperava. O rosto usualmente delicado estava carrancudo.

- Pronto, já estou aqui! – Yoko sorriu por entre os lábios pequenos.

- Não te espero mais... – Mai murmurou ao voltar-se para as escadas.

- Ah, irmã, me desculpa, eu só me demorei um pouco no café da manhã... – ela subitamente parou – Minha bolsa!

A mais velha revirou os olhos e gritou pela última vez para as costas de Yoko:

- Eu estou descendo!

Ainda que Yoko não demorasse para abrir a porta, tirar os sapatos, correr até o quarto, pegar a bolsa, correr para a porta, calçar os sapatos, fechar a porta e descer as escadas praticamente voando, ela não encontrou mais sua irmã. Mai era muito impaciente e rígida; até mesmo antiquada às vezes.

As duas irmãs moravam sozinhas havia algum tempo. O apartamento era pequeno, mas elas não precisavam de muito espaço, nem passavam tanto tempo em casa. Além disso, era bem perto do emprego de ambas – Mai trabalhava em uma loja de departamentos e Yoko era a balconista de uma loja de doces. As duas passavam o dia inteiro fora e só voltavam a se ver à noite. Elas usualmente faziam o caminho de ida juntas – a não ser quando Yoko se demorava por algum motivo.

Yoko não costumava ficar emburrada por muito tempo, ao contrário da irmã. Assim que saiu do prédio já estava sorrindo. A jovem fechou os olhos por um momento e inspirou profundamente o ar fresco da primavera, o que só aumentou seu sorriso infantil.

O dia transcorreu como todos os outros: Yoko não chegou atrasada em seu serviço, mas seu chefe reclamou assim mesmo; alguns doces foram vendidos; houve um pequeno transtorno (dessa vez com uma encomenda atrasada); e nenhuma celebridade apareceu. Nada de emocionante no dia de uma vendedora de uma lojinha de doces. Yoko só queria voltar para casa a tempo de assistir seu dorama na TV.

Os olhos escuros da jovem se distraíam facilmente durante o trajeto de volta como os de uma criança hiperativa. Ela observava ora uma vitrine, ora um outdoor; ora um transeunte, ora um carro; ora um pássaro no céu, ora um walkie-talkie no chão.

- Hum, isso é interessante – ela murmurou para si mesma enquanto se agachava para observar melhor o objeto.

O walkie-talkie era pequeno e tinha os cantos arredondados. Era discreto e quase elegante, pelo menos para um walkie-talkie. Parecia novo, exceto por uma ranhura na parte de baixo.

- Quem usa um walkie-talkie hoje em dia? – Yoko riu ao segurar o aparelho. Era pouca coisa maior que sua própria mão – Será que é de brinquedo?

Yoko se levantou olhando para os lados, mas não avistou nenhuma criança por perto. Nas redondezas só havia estabelecimentos comerciais, nenhum do departamento infantil.

A jovem deu de ombros e guardou o walkie-talkie na bolsa.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo... sábado que vem!