Capítulo 17 – Verdadeira forma

- Vocês podem, por favor, parar de tentar se matar enquanto eu falo? – falou Riku irritado e em bom tom.

Lilian e Ping pareciam não dar ouvidos ao rapaz de cabelos prateados. Lilian ainda era contida por Zack, para que não cometesse nenhuma loucura, enquanto Chien-Po estava na guarda de Ping, impedindo que este avançasse contra a moça.

- Certo. – disse Ping mal-humorado. – Suponhamos que vamos todos juntos... – e hesitou, lançou outro olhar mortal para Lilian, que retribuiu de forma semelhante, e continuou. – O que faremos com a tampinha?

Lilian abriu a boca para rebater, mas Riku lançou um olhar bem mais frio aos dois, que fizeram com que eles não se encarassem por muito tempo.

- Se o maior problema é ser mulher, que se dane. – começou Lilian. – “Ser” homem nunca fora um problema de qualquer forma. – e olhou de lado, enquanto sua expressão de raiva quase se transformava em tristeza.

- Certo “pirralho”. – retomou Ping, ironizando a jovem.

O grupo continuou em silêncio mais uma vez. Os olhares do grupo estavam mais centrados em Ping e Lilian, que evitassem se olhar, a fim de nenhum deles tentar se matar.

- Chien-Po! – começou Ping mais uma vez, com a voz mais controlada. – Se a garota deseja se juntar a nós, então a ajude com as roupas.

Chien-Po apenas assentiu e deixou a guarda de Ping por conta de Ling e Yao. Zack soltou Lilian, que seguiu o homem que a esperava do lado de fora do recinto.

Ainda em silêncio, ela se retirou e foi seguindo Chien-Po até um dos lugares da casa. Ele pediu para que ela esperasse do lado de fora. A jovem apenas assentiu e se encostou as costas na parede e pensou no que viria dali para frente.

Chien-Po não demorou tanto e entregou um pacote bem embrulhando e deu instruções do que seria e como usar. A jovem apenas assentia, e ao terminar, seguiu sozinha para o quarto onde se hospedara naquela casa.

- Precisamos melhorar o seu convite social. – disse Mushu, andando pelo recinto e avaliando por completo. – Lembra ao quarto de Mulan... Ou melhor, esse era o quarto de Mulan.

- Oh! Sinto muito. Eu não sabia... – começou ela.

- Não liga. Ela se casou e foi para um lugar maior. – comentou Mushu. – Mas voltando ao que é importante: você vai mesmo se vestir de homem? Mulan fez isso, e acredite que se não fosse por mim, o plano não teria dado certo.

Lilian apenas arqueou a sobrancelha.

- Ora, o que você achou? – disse ele bufando. – Mulan fez tudo sozinha? Claro que não! E...

Um som interrompeu Mushu. Era fino e baixo. Com certeza vinha da entrada.

- Você de novo? – começou o dragão. – Achei que tinha deixado você lá.

Um grilo se tornou visível e parecia indignado por alguma razão. Ele e Mushu estavam o que parecia ser uma discussão.

- O que?! – replicou Mushu. – Você sabe que sem mim, a Mulan não teria feito o que fez...

O grilo parecia questionar mais uma vez.

- Não me venha com aquela do noivado deles. Eu estava para perder o meu pedestal, a minha honra...

- Parado vocês dois! – interrompeu Lilian, fazendo ambos olharem para ela. – E quem seria você? – perguntou a jovem para o grilo.

- Ele é Cri-Kee. – disse Mushu bufando. – É o grilo da sorte, mas que só faz atrapalhar.

Lilian revirou os olhos e preferiu deixá-los ali enquanto tentavam se resolver. Levantou-se e já começava a tirar as roupas quando voltou a olhar para Mushu.

- Se vocês não se importam, eu desejo trocar de roupa. – falou ela, tentando não se irritar com a dupla.

- Ah, mulheres! – bufou Mushu, virando-se para sair do quarto.

Lilian levou alguns minutos para de fato se sentir sozinha. Respirou fundo e, sem demorar muito, ela terminou de trocar as roupas, que eram bastante diferentes das que usava anteriormente. Soltou os cabelos e os arrumou da melhor maneira que conseguiu para amarrá-los novamente, mas não em um rabo de cavalo, e sim como o dos homens naquele lugar.

Saiu do quarto, sem dar atenção a Mushu e Cri-Kee, que ainda tinham a sua discussão. O dragão se calou ao vê-la passar e decidiu segui-la, assim como o grilo.

Voltou para se encontrar com os amigos. Eles estavam usando roupas diferentes com relação à antes. Os trajes eram semelhantes ao de Lilian. Os cabelos de Riku estavam amarrados assim como os dela, enquanto os cabelos de Zack não eram longos o suficiente para amarrá-los.

- Bastante convincente, e isso eu tenho que admitir. – comentou Ping, quebrando o silêncio. – Porém, nós ainda temos um problema.

- E qual é? – perguntou Lilian bufando, provavelmente pensando que o rapaz diria alguma bobagem.

- Vocês vão ser facilmente reconhecidos. – disse ele, andando até Yao, que tinha uma caixa na mão. – Mas não se preocupem. Moreno na caixa!

E Ping tirara de lá uma peruca preta, de tamanho não muito curto nem muito longo. Entregou a primeira para Lilian, e depois para os outros dois. A moça analisou bem a peça.

- Não há chineses loiros ou com cabelos prateados. Seríamos descobertos na hora! – explicou Ping.

Sem questionar, Zack, Lilian e Riku colocaram as perucas e ajeitaram o cabelo falso.

- Estaremos prontos em uma hora. – comentou Ping, saindo do recinto e acenando para Yao, Ling e Chien-Po. – Não se atrasem ou partiremos sem vocês.

O recinto ficou silencioso. O trio não sabia o que falar. Lilian apenas se mantinha pensativa, o que considerou ser não muito bom, pois poderia pensar em coisas na qual não devia ou não gostaria. Zack apenas esperava alguma reação da moça ou de Riku, mas nada fazia.

- Eu tenho que entrar em contato com o Vaan. – disse o rapaz de cabelos prateados. – Terei que explicar tudo a ele e pedir para que seja paciente com relação a nossa estadia neste mundo. – e saiu do recinto, deixando apenas Lilian e Zack sozinhos.

A jovem, depois de passar alguns minutos que Riku saíra, saíra do local, e sentiu o amigo acompanhá-la.

- Lil?! – chamou ele. – Algo te atormenta, não é? – perguntou Zack em tom exibindo preocupação.

Lilian não respondera. Olhou de lado, mirando uma parte do jardim. O problema não era encarar a Zack, mas era encarar seu reflexo no brilho dos olhos do amigo. Suspirou e começou a andar.

- Eu havia dito a mim mesma, depois que deixamos Twilight Town, – falou por fim. – que jamais me vestiria como um garoto...

- Aquilo ainda te tormenta, não é?

- Eu espero não me arrepender disso depois. – ela comentou, desviando a pergunta dele e se virou para o sentido contrário de sua caminhada.

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- Porque precisamos ficar tão desconfortáveis? – perguntou Lilian bufando, enquanto encarava os homens ao redor.

- Se quiser, eu posso colocar Chien-Po aqui. – comentou Ping sarcástico. – Com certeza vai se sentir confortável.

E o silêncio predominou mais uma vez. Ping apenas encarava Lilian de forma aborrecida, enquanto a jovem contava mentalmente para não perder a paciência naquele cubículo.

- Quanto tempo vai demorar? – perguntou Zack, tentando impedir uma guerra entre a amiga e o filho de Mulan.

Yao olhou para fora e analisou bem o local à volta. Bem mais à frente, já era possível ver os muros da Cidade Proibida, onde se encontrava o castelo do Imperador, e onde provavelmente era o epicentro das trevas naquele lugar.

- Os muros já são visíveis. – relatou Yao.

- Mande Chien-Po parar onde foi combinado. E não deixe que os guardas da frente nos ver.

Yao olhou para fora, mas desta vez falava com o outro soldado que conduzia a carroça. O transporte fez um movimento brusco entrando em uma das ruas e tentou não parecer apressado. Em minutos, o grupo havia contornado uma parte dos muros, e finalmente pararam.

Todos desceram da carroça e alongaram os músculos. Ping agora se abaixara e tateava o chão com as mãos, parecendo procurar alguma coisa. Lilian se aproximou curiosa, até sentir uma parte oca do chão colidindo com os sapatos.

- Ora, você achou. – comentou Ping sem fazer caso.

Ele se aproximou e mandou a garota se afastar. Chien-Po, Yao e Ling vieram ajudá-lo. O quarteto, por fim, conseguiu mover uma plataforma de pedra que dava acesso a um túnel.

- É por aqui onde vamos entrar. – disse Ping. – Desceremos por ele e quando chegarmos lá embaixo, nós vamos seguir para dentro do palácio. Se o que papai disse for correto, nós iremos parar dentro dos portões do castelo, mais precisamente, alguns andares abaixo da sala do trono. – terminou ele de explicar.

- Então vamos...

- Err... Tampinha, você não vai. – disse Ping, segurando a garota. – E tome isto. Não vai querer chamar a atenção com a sua keyblade, não é? – e entregou uma espada comum embainhada.

- O que...?! Mas...

- Lilian, você deve ficar aqui para manter a guarda. E se algo der errado, você pode chamar o Vaan. – falou Riku, segurando os ombros da jovem e depois entregando o comunicador.

Antes que pudesse protestar mais uma vez, o grupo entrou pelo túnel, e Ping, o último a descer, fechou a passagem, mas deixou uma pequena brecha, para ser mais fácil abrir quando voltarem.

Lilian bufou e se encostou ao muro. Foi deslizando por ele até sentar no chão, com uma cara decepcionada. Deixou a espada de lado e ficou cabisbaixa. Mushu e Cri-Kee se aproximaram dela um pouco temerosos.

- Odeio quando tenho que ficar de fora. – ela comentou não contendo o tom de raiva na voz.

Mushu pousou sua mão na mão da jovem, contrastando a diferença de tamanho entre eles. A garota o encarou, enquanto o pequeno dragão tentava consolá-la.

- Foi isso o que levou a Mulan se vestir de homem e lutar na guerra no lugar de seu pai. – contou ele, abrindo um sorriso para ela. – Ela também se achou inútil, mas ela não desistiu e foi até o fim. Tudo deu certo com ela. Tudo vai dar certo com você!

- Obrigada Mushu! – disse ela, abrindo um sorriso não muito animador, mas feliz por ter alguém ao seu lado. – Você com certeza deve ter sido um amigo e tanto para Mulan.

Os dois apenas se encaravam, e o silêncio permanecia.

Porém, um ruído foi ouvido pela jovem, o que a fez se levantar para ficar em guarda com a espada que Ping lhe entregara. Ao contrário da Oathkeeper, a espada era um pouco mais pesada, o que dificultou um pouco até que Lilian conseguisse segurá-la direito.

Ela seguiu pelo muro e ao chegar à esquina, viu a entrada mais adiante, e guardas, mas o que a surpreendeu não foram os guardas exatamente, e sim um enorme heartless que parecia se comunicar com eles. E eles aparentavam entender.

- Isso não parece ser coisa boa... – comentou a jovem. – Mas não consigo ouvir. Cri-Kee, você poderia se aproximar e ouvir o que eles dizem?

O grilo pareceu assentir e foi saltando em direção aos guardas. Ninguém parecia notar a presença do pequeno animal, o que facilitou bastante para ele.

O tempo em que ele demorara parecia uma eternidade e a tensão aumentava em Lilian. A jovem podia sentir o suor descer pela sua testa e têmporas, mas não se importou. Em minutos, Cri-Kee estava de volta. O grupo voltou para o posto de antes.

- E então, o que você ouviu? – perguntou a moça curiosa para o grilo.

Ele parecia assustado e começou a emitir sons que Lilian não pôde entender.

- Calminha! – interrompeu Mushu. – Eles têm Mulan? E viva? – perguntou ele esperançoso.

O grilo assentiu, e com um aceno de Mushu, ele continuou o relato mais calmamente, enquanto o dragão apenas escutava tudo, sem nada a comentar, o que deixava Lilian mais nervosa.

- E então, o que ele disse? – perguntou a jovem para o dragão quando o grilo parou para descansar.

- Mulan está viva, e Shang também. E seus amigos correm perigo. Quem fez tudo isso sabia que se mantesse Shang refém, eles atrairiam Mulan, mas ela pediu reforços. Ele não a matou, pois sabia que os reforços seriam atraídos para salvá-la. Agora que eles têm o que sobrou da resistência indo direto para o inimigo, eles vão matá-los. – relatou Mushu. – A propósito, eles sabem que os reforços portam a arma que vocês chamam de keyblade.

Lilian entrou em choque. Exceto ela, todos estavam em direção ao palácio para salvar Mulan, quando na verdade era uma armadilha.

- Temos que avisá-los! – disse ela. – Porém, eu não posso ir sem reforços.

- Reforços? – comentou Mushu sarcástico. – Duh! Eles já estão lá dentro.

- Não eles. – ela retrucou com um sorriso malicioso e mostrando o comunicador que Riku deixara. – Vaan?!

- Lilian? – sua voz soava surpresa pelo comunicador. – Alguma coisa aconteceu? Cadê o Rik...?

- Vaan, me escuta! – ela interrompeu. – Riku e Zack foram resgatar Fa Mulan, mas tudo não passa de uma armadilha que eles estão prestes a cair. Eu preciso ajudá-los. Mas não posso fazer isso sozinha. Onde você está?

- Calma Lil. E... – Vaan demorou um pouco antes de voltar a falar. – Eu estou perto do vilarejo. Riku havia dito para esperar aqui.

- Mas ele não está aqui agora. Venha para o palácio imperial. Traga a High Wing. Precisaremos de seu arsenal de fogo. Porém, tome cuidado. Há guardas pelo lugar. Espere o meu sinal e ataque com tudo! – disse Lilian.

- Certo. Irei para onde você está e esperarei, mas seja rápida! – Vaan falou por fim, e ambos desligaram o comunicador.

Lilian guardou o comunicador e se virou para a plataforma oca que levava ao túnel. Afastou-a o suficiente para que ela pudesse passar. Mushu e Cri-Kee subiram em seu ombro e ela desceu pelo túnel, mas antes que pudesse cair na escuridão, ela fechou a passagem, sem deixar nenhuma brecha.

- Você está fechando nossa única chance de sair daqui. – comentou Mushu.

- E quem disse que sairemos por aqui? – disse ela sarcasticamente.

Por fim, ela desceu a escada e pousou no chão.

O túnel estava completamente escuro, o que dificultava andar por ali. Ela tateou até sentir as paredes escorregadias.

- Isso aqui está ótimo para ver. O que faremos Lilian? – perguntou Mushu.

A jovem estalou os dedos e disse “Fire” e uma pequena esfera de fogo surgiu à frente da moça, iluminando o local e um pouco mais à frente.

- Mais algum problema?

- Como fez isso...? – Mushu apenas estava boquiaberto enquanto via o feito da moça. – Você sabe usar magia!

- É, eu sei. Não me pergunte como, mas eu sei. Agora vamos! – disse ela dando de ombros e começando a correr pelo túnel.

O corredor parecia não ter fim e pequenos ruídos eram audíveis de todas as direções. Algumas bifurcações apareciam, e parecia dificultar a decisão por onde seguir.

- Ok, sabichona, para onde vamos dessa vez? – perguntou Mushu. – Se quer uma opinião, eu voto pela direita. – e apontou para o corredor.

Lilian parecia não ter ouvido. Tentava ouvir tudo ao redor e saber por onde seria o caminho certo. Já estava para aceitar sugestões, como a de Mushu, mas algo veio a sua mente.

Lembrem-se, meus jovens, não importa onde estiverem, enquanto usarem estes cordões, vocês jamais estarão sozinhos. Sempre que precisar, um irá a auxílio do outro.

A jovem pegou o pingente em formato de lua preso ao pescoço e escondido sob as roupas e o fitou. Ele exalava um brilho azul prateado. Lilian se direcionou para a direita, e viu a luz enfraquecer. Tentou a esquerda e via que a intensidade aumentava.

- Vamos pela esquerda! – disse ela decidida e começou a correr novamente.

Mushu estava boquiaberto mais uma vez. Começaria a questionar sobre o que ela fizera para estar tão confiante, mas ela não daria atenção. Então ele se calou.

Adiante, o túnel começava a se elevar. Encontrou uma parede à frente, que indicava o fim, mas havia uma escada que levava para cima, e tinha uma pequena brecha. A jovem, sem demoras, começou a subir pela escada e empurrou a plataforma um pouco e deu uma espiada. O corredor parecia vazio. Ela terminou de empurrar e saiu do túnel, voltando a fechar a passagem mais uma vez, sem deixar a brecha.

Lilian olhou o corredor em volta. As paredes eram vermelhas, e havia vários pilares da mesma cor. Mais adiante, pela esquerda, havia uma pequena escada. O pingente da jovem parecia brilhar mais forte naquele caminho, e um cruzamento de corredores, no qual seguiu em frente.

Mais escadas e enormes portas adiante. Já havia subido alguns andares e o pingente brilhava mais que nunca. Respirou fundo e empurrou uma das portas e entrou. A visão de lá era assustadora.

Um casal estava preso por correntes segurando o pulso. O homem estava com os cabelos desgrenhados, suas vestes rasgadas, e ele estava com a cabeça baixa, quase desacordado, o que impediu a jovem de vê-lo melhor. A mulher estava com a face um pouco suja e tinha um enorme corte em sua bochecha. Ela arfava e podia ver claramente a raiva em seus olhos escuros e intensos. Seus cabelos curtos e negros estavam molhados e também desgrenhados. Porém, não fora essa a visão que a espantara.

Yao, Chien-Po e Ling estavam caídos desacordados. Ping estava preso do outro lado, não por correntes, mas sim por heartless. Riku arfava enquanto se apoiava na Way to the Dawn, enquanto Zack estava de joelhos. Sua peruca havia caído e alguém o segurava pelos cabelos loiros.

- Ora, parece que a última integrante do grupo de reforços apareceu. – sibilou uma voz fria masculina.

Lilian encarou o dono da voz, mas sua face mudou para medo. Quem a encarava era aquele heartless que ela vira falar com dois guardas há um pouco tempo atrás. Sua pele era escura, e olhos amarelos. Mas o rosto possuía feições.

- Não vai dizer nada? – continuou ele. – O gato mordeu a sua língua?

A jovem mordeu o lábio inferior e desembainhou a espada que Ping lhe dera.

- Você é dona de uma arma tão incrível. Porque não vai usá-la? Prefere usar essa mera espada?

A moça ainda se matinha em silêncio. Ela olhava furiosamente para o heartless falante. Ela deu um passo à frente e se preparou para o ataque.

- Você realmente não é muito inteligente, certo? Me atacaria mesmo tendo o seu amigo como refém? – continuou o heartless. – Que posso matá-lo a qualquer segundo? – e a mão livre começava a se alongar e ficar pontuda, formando uma lâmina negra e colocando-a de encontro com o pescoço de Zack.

- Deixe-o em paz! – disse ela, que agora olhava para o amigo. – Você queria a mim, não queria? Agora você me tem. Deixe-o em paz!

- Vamos menina. Venha tirar o garoto de mim. Venha salvá-lo...

Lilian não deixou que ele terminasse de falar, e avançou contra ele. O heartless jogou Zack no chão e se desviou. Assim que a moça passou por ele, a criatura acertara a garota nas costas, fazendo-a cair de joelhos no chão. Apoiou-se com as mãos antes que pudesse bater de cara. Olhou para frente e viu a mulher encará-la.

- Mulan?! – exclamou Mushu bem baixinho.

- Mu...

- Vai ficar ai garota? – o heartless voltara a falar.

- Mushu, eu precisarei que você me ajude. – sussurrou Lilian, interrompendo o clima entre o dragão e Mulan. – Você disse que possui outra forma, não é?

- Sim, é claro que sim. Mas não consigo liberá-la. – apressou-se Mushu em dizer. – O que pretende fazer?

- Apenas venha comigo. E voltarei para tirá-la daí Fa Mulan. – disse Lilian, que se levantou e virou para o heartless, com a espada ainda em mãos. Apontou a mão livre para a parede. – Firaga!

E a parede explodiu, com pedaços de concreto em chamas voando para todas as direções. Lilian andou até a fumaça e pulou pelo buraco que havia se formado. Antes que se espatifasse no pátio, ela invocou a keyblade.

A jovem fez um movimento como se cortasse o ar, e uma rajada de vento veio e aliviou sua queda, fazendo-a pousar delicadamente no chão do pátio do palácio.

Voltou a olhar para cima, onde o heartless aparecia pelo buraco.

- Ora, quero ver mesmo você conseguir me pegar. – desafiou Lilian.

A criatura urrou e saltou para o chão, causando um grande estrondo e uma pequena cratera se formou ao seu redor. Ele estava pronto para avançar, quando a garota saltou para trás e um dragão pulou sobre ela.

- Vamos Mushu! – e apontou a keyblade para cima, mirando o dragão. – Firaga!

Uma enorme esfera de fogo atingiu o dragão e uma densa fumaça se formou entre os dois. Quando finalmente cessou, atrás de Lilian, um dragão enorme, de bigodes finos e dourados, com seus dentes brancos e enormes a mostra, os olhos negros brilhavam. As escamas vermelhas cintilavam como se estivesse em chamas.