Capítulo 13 – Verdade ou Mentira?

POV do Jacob

- Logo não terá mais efeito. – Ele disse a si mesmo. – Estou ficando sem tempo, se ela ao menos despertasse...

Recorrer ao que eu fazia para continuar em meu posto, era o ato mais baixo e vil que qualquer ser na terra podia fazer, não importava se ele fosse frio ou não, não importando se ele já havia cometido outras maldades ou não. Isso era minha maldição.

O bando não me criticava, porém não me impedia, afinal, era do meu poder que eles precisavam para não serem massacrados por um bando de mortos-vivos sugadores de sangue. Isso sim era minha maldição. Viver num mundo onde não existem somente humanos e uma lenda idiota que servia só para acabar com a vida daquele que fosse o escolhido para cumpri-la. Merda. Soquei o espelho.

Olhei meu rosto novamente depois de lavar e enxugar numa toalha excessivamente felpuda. Eu parecia um deles. Eca. Eu nunca tivera olheiras, desde dez anos atrás, quando a porcaria da minha transformação queria falhar e eu tive que recorrer a isso. Merda, novamente. Mas até que eu não estava tão mal. Não, eu estava. Só queria saber o que elas iam falar se descobrissem esse meu lado negro.

Sai do banheiro e atirei-me na cama king, que um dia eu pretendia usar. Pretendia ter Bella sobre ela e ao meu lado, sobre mim, sob mim. Mas algo me dizia que não seria tão cedo e essa droga de lenda ainda tinha data marcada. Merda, de novo.

Quando me foquei em ouvir o farfalhar das folhas uma com as outras na copa das árvores, ouvi algo mais. Talvez eu fosse chamado de bisbilhoteiro, mas não era minha culpa ter ouvidos como os meus.

- O que viu hoje? Eu vi você o seguindo... – Era a voz de Bella. A doce voz pertencente ao corpo de uma jovem adulta que um dia seria minha.

- Só o vi indo de encontro ao bando. Nada de mais. – Leah, uma intromissão na minha vida. – Embora eu ache que existe muito mais por aí. – E o pior é que a pirralha tinha razão.

- Lee, algo que minha mãe me disse uma vez me intriga.

Merda. Ás vezes eu odiava essa coisa toda, porque eu não podia ser um humano normal ou alguém desavisado sobre tudo e todos? Odeio minha audição super sensível. Odeio Renée Swan conseguir manter contato com a filha.

- Ela me falou que a Lua Vermelha só acontece quando... Quando a jovem for desposada, mas eu acho, quero dizer... Tenho quase certeza... Acho que talvez a Lua Vermelha possa acontecer bem antes disso. – Se acontecesse, eu não estaria em maus lençóis como estou agora.

- Não sei, Bella. Se sua mãe disse. Mas pode ser que exista algo mais, não é?

- Eu acho que... O que quer que seja essa Lua Vermelha, acontece quando a jovem prodígio desperta. – Até que aquelas duas pensavam. Eu me perguntava até que ponto elas sabiam sobre isso.

- Omg. – Leah engasgou. – Então...

- Olhe, eu estive pensando, enquanto dava uma lida nos scans que fiz dos livros dos meus pais. Eu sei que a última guerra aconteceu por causa de uma jovem prodígio, não sei ainda quem era a jovem, mas sei que foi por causa dela. Então... Ela deve ter despertado e isso deve ter ocasionado a guerra.

Sim, de fato Bella Swan sabia demais e, pior ainda, sabia sobre as pesquisas dos pais. Eu estava ferrado se ela descobrisse o meu lado.

Sem fazer barulho, me desloquei da minha cama até a porta e a abri, aproveitando os ruídos que os ventos lá fora soltavam. Andei até a porta do quarto delas e pensei em continuar ouvindo a conversa, mas ao invés disso, abri a porta rudemente, como se fazem nos filmes. Leah e Bella estancaram-se e um urso de pelúcia que não devia estar suspenso no ar, caiu no chão.

- Sim, a última guerra foi por causa da jovem. – Eu cuspi as palavras.

- Ja-jake-e? – Bella gaguejou.

- Esperava mais alguém? – Eu ergui uma sobrancelha, afinal de contas não seria o papa que entraria por aqui.

Bella mordeu o lábio.

- Andou tendo conversas com sua mãe, Isabella? Foi ela quem lhe contou sobre a Lua Vermelha? – Soltei. As coisas teriam que ser esclarecidas de agora em diante. Um urso suspenso no ar era o sinal mais que óbvio que minha escolhida havia despertado.

- Andei. – Ela disse confiante. O único problema de Bella era o temperamento, às vezes volúvel demais. – Ela me falou sobre a Lua Vermelha. Ela me falou sobre os tratados e... Disse-me que Rachell era sua irmã. Ela esteve na guerra não foi?

Rachell. Era o único ponto fraco do meu ego. Imagino se ela ainda me odiava como me odiou em vida. Um raio e logo em seguida um trovão atingiram a propriedade. Imagino que sim.

- Então ela te disse que se você não for minha, aqueles frios vão dominar esta região e escravizar os humanos, não é? – Nem eu acreditava na minha própria mentira, mas que outros argumentos eu tinha?

- Argumento mais estúpido, Jacob! – Leah se intrometeu. – Bell, não acredite nele, é óbvio que tem muito mais e eu sei muito bem com quem vou descobrir.

- E com quem? Com os lobos? – Eu era mesmo uma anta, estava fazendo tudo às avessas.

- Chega! – Bella exclamou. – Eu estou cansada de tantos segredos, Jacob. Cansada, ouviu? CANSADA!!!

Bella berrou, berrou como eu nunca havia visto. O sangue lhe subiu às bochechas e ela levou uma mão para a cabeça. Os objetos à sua volta começaram a ficar suspensos e às luzes do quarto piscavam. Era como se fosse aqueles filmes de terror, não que isso me assustasse, mas enfim...

- Bella, pare. – Eu disse calmamente. Se ela não seria minha, daqueles zumbis é que não seria.

- Chega de me falar o que fazer!! – Ela rosnou. Uma pontada surgiu em minha cabeça, como se fosse agulha finíssima entrando pelo meu crânio, e então essa agulha crescia feito uma tora.

Eu rosnei. Meus joelhos se dobraram e elefantes caíram sobre mim, tamanha era a dor. Praguejei um milhão de vezes. Ela tinha que acordar justo agora? Ou eu era o idiota e havia feito tudo errado... As duas opções.

- Leah... Faça... Parar. – Eu disse tão baixo que a garota só poderia ouvir se tivesse ouvidos apurados.

- Bella, Bella vamos, você o está machucando!  - Leah disse, mas ela não ouvia. – Bella! Bella!

Quatro minutos e meio depois, eu estava estirado no chão do quarto, arfando e suando feito porco. Poderzinho irritante. Rachell fazia o mesmo comigo quando queria se vingar. Pelo jeito todas elas têm isso em comum.

- Obrigado.

- Eu não fiz isso por você. – Leah resmungou. – Você está bem?

- Em termos. – Bella respondeu baixo. – O que vai acontecer daqui para frente? – Ela me dirigiu um olhar ameaçador. Eu tive que pensar bem no que responder.

- Você despertou. Isso significa que mais cedo ou mais tarde uma guerra vai estourar e eles virão procurá-la.

- E? – Ela ergueu uma sobrancelha.

- Bem, você sabe. Eu...

- Como funciona? Qual era o papel da Rachell nessa história? – Ela disparou.

- Okay, okay. Vou responder. – Resmunguei e me joguei no chão. – Não é fácil falar e não tenho como dar rodeios, então serei direto. Se eu... – te possuir. – te desposar... Alguma mágica esquisita acontece e uma parte dos seus poderes virá para mim. – E assim eu ganho poderes suficientes para acabar com tudo isso e não preciso eliminar vampiros para continuar vivendo.

- E então você mata a todos os vampiros, certo? – Leah resmungou. – Qual é? Nem todos se enquadram na sua classificação de bons e maus, Jacob.

- Sim, eu mataria a todos os vampiros.

- Qual era o papel da Rachell nessa história? – Bella pressionou.

- Rachell era... – Eu parei, mas a dor foi tão grande que tive que voltar a falar rapidamente. Uma coisa havia ficado clara, Bella tinha habilidade para a tortura. – Okay, okay! – Rosnei. – Rachell Black era minha irmã e uma jovem prodígio.

- Omg.

As mãos de Bella foram parar em sua boca. Reação previsível.

- E você... Oh meu deus!!! Como pôde? Como pôde forçá-la a... A se...

- Não é bem assim, Bell.

- Não. Me. Chame. De. Bell. – Ela disse devagar. – Eu... Não...

Nojo. Repulsa. Ódio. Raiva. Confusão. Eu via cada um desses sentimentos crescendo em Bella, a única coisa que eu não via – e que gostaria de ver – era a compreensão de que eu queria o nosso bem. Eu só queria que esta cidade ou qualquer lugar que estivesse sob meus domínios, vivesse sem o assombro dos vampiros e suas presas.

- Não posso... Ficar aqui. – Ela falou baixo, suas mãos tremiam e meu coração disparava tão rápido que qualquer vampiro num raio de quinhentos quilômetros poderia ouvir.

- Escute. Não faça isso você... Você sabe o que vai acontecer não sabe? Eles... Eles vão matá-la! – Eu bati minha mão sobre a penteadeira.

- Não.

Bella era teimosa. Muito teimosa. Não era como se isso fosse passageiro, pelo contrário ela iria fugir, os vampiros e a pegariam e cravariam aqueles dentes finíssimos e pontiagudos em sua jugular. O tal sanguessuga provavelmente arranjaria um jeito de hipnotizá-la com aqueles olhos de cobra e então a levaria para a cama. Depois... Deus, eu não podia nem pensar.

- Não posso deixar.

Eu saí do quarto e tranquei a porta.

Fim do POV.