Páginas Novas escrita por Napalm


Capítulo 20
Um Tempo Para Sobrepor O Sonho À Razão


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo ficou parecendo um "filler", mas ele explica o porquê de algumas coisas não estarem acontecendo e deixa claro(ou não) o porquê de outras estarem -q... Entenderam? D: ... Não? D:... Bem... Boa leitura! srsrs



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As pessoas começaram a sair de suas casas para contemplar o estranho fenômeno. Todos murmuravam entre si apavorados com o globo. Algum louco berrava que era o fim do mundo – embora ele não estivesse assim tão incorreto.

-Ayede...- Comecei, mas quando olhei para o lado, a garota não estava mais lá. Virei-me para procurá-la ao redor. Não a encontrei. Porém, Fergo vinha em minha direção e parou ofegante ao meu lado, dizendo:

-Caramba! Eu não achei que o aGravity poderia trazer outro planeta pra esta dimensão!

-Acho que alguém está interferindo... – Eu respondi.

-Temos que destruir o Projeto! - Disse Alice, surgindo de algum lugar.

É tarde demais...

As palavras de Ayede repetiram-se na minha mente.

-Eu sinto dizer que isso não resolveria... - Começou Fergo – Mesmo se o aGravity for destruído agora, isso não impedirá que as duas Terras colidam entre si. Uma vez que o planeta já passou pelo portal criado pelo aGravity, ele será atraído pela gravidade, sem necessária intervenção do Projeto.

-Só existe uma maneira então.

Olhei para os dois, eles me olharam concisos, já cientes do que eu me referia.

-Como vamos para o Santuário? - Alice perguntou, animada.

O barulho de hélices respondeu a questão. Helicópteros que traziam a figura do familiar símbolo de dois cês amontoados começaram a sobrevoar a vila de Gaela. Um deles estava pousando próximo a casa de Helena...

-É o Maguine! - Disse Fergo.

Corremos para o portão da vila e seguimos até o local de pouso. Helena e Zero já estavam do lado de fora. As hélices mal foram desligadas e Maguine já pulava para fora do helicóptero. Helena correu ao seu encontro e perguntou:

-Alguma novidade sobre Teoremo?

-Sobre o tal aGravity, você diz, né? Sim, nós o localizamos! Mas ainda não tomamos nenhuma decisão, queríamos consultar vocês antes.

Helena colocou a mão sobre o colo. Um sorriso de esperança surgiu no seu rosto.

-Mas vejam agora o tamanho do problema – Disse Zero, olhando para a segunda Terra – É tarde demais para tentarmos parar o Projeto.

-Temo que sim... - Maguine admitiu.

-Mas ainda podemos salvar Teoremo, não é? - Helena perguntou, seu semblante taciturno.

-É arriscado demais irmos para a órbita agora, senhora Kingsizer.

-Qual é o plano então? - Perguntou Helena, contrariada.

-Vamos alterar o Livro do Destino! - Disse Alice, se encaixando na conversa e mexendo o corpo para frente e para trás, demonstrando-se ansiosa para o que ela mais gostava: uma boa briga.

-Acho que devíamos tentar outros meios – Comentou Zero, levemente amedrontado.

Era de se esperar que Zero se opusesse à decisão de uma nova invasão para alterar o Livro. Não me surpreendia nem um pouco o fato dele estar traumatizado com “mudanças no destino”.

-Você tem uma ideia melhor? - Alice perguntou, alfinetando-o.

-E se der tudo errado novamente?

-Dessa vez, meu caro – Comentou Maguine – Tentar e não conseguir ou não tentar não vai fazer diferença. Olhe para cima. A “bolinha” ali está colocando na nossa cara que iremos morrer logo logo.

-Maguine está certo – Eu disse. - Só existe esta saída.

Dentro de mim havia um ódio enorme que não parava de crescer contra o ser que guardava o Livro do Destino. Mesmo se eu não conseguisse salvar a Terra, eu tinha que encontrar Athema e fazê-lo pagar pelas injustiças que ele havia cometido.

-Não temos tempo a perder, não é – Disse Maguine – Todos prontos? Vou chamar os outros helicópteros...

-Espere. - Disse Helena – Teoremo vai saber resolver isso. Há uma chacne dele ainda estar vivo! Por favor, Maguine... Temos que tentar!

Maguine a olhou pensativo. Estava claro que Helena estava colocando como prioridade seu reencontro com o marido, usando a sabedoria deste como desculpa.

-Não sei... É arriscado!

Então novos pensamentos me vieram a cabeça.

E se tudo desse errado? E se não conseguíssemos nos salvar?

É. Seria o fim de tudo.

Tudo que as pessoas sonharam em ser, sonharam em conhecer, sonharam em fazer... Enfim, todos os sonhos, estariam perdidos e eternamente inacabados... Se havia uma hora que deveríamos concedermo-nos a realização de um desejo intrínseco, sobrepondo-o sobre a razão, esta hora era agora.

-Eu concordo com Helena. - Intervi. -Eu acredito que Teoremo saiba como nos ajudar.

Helena olhou para mim e sorriu, agradecendo. Eu sorri de volta.

-Mas, Helena... – Fergo se virou para ela – ...Tenha em mente que Teoremo pode estar inatingível e até mesmo... inapto, para não usar uma palavra pior.

-Sim, Fergo. Tenho isso em mente. - Ela respondeu, demonstrando-se corajosa.

-Vai ser bom revê-lo. - Zero comentou.

-Vai ser bom conhecê-lo. - Fergo implicou,

-Vai ser uma total perda de tempo! - Disse Alice.

Todos olharam para ela, cada um com uma expressão diferente: espanto, repreensão, dúvida, concessão e surpresa. Diante da pressão, ela acabou cedendo:

-Tá, tá. Vamos logo então.

Maguine chamou os outros helicópteros para que pousassem. Dividimo-nos em três helicópteros, Zero e Helena ficaram num destes, Fergo e Alice foram num outro, ficando Maguine e eu no seu próprio helicóptero.

Enquanto eu me arrumava no banco, perguntei a Maguine:

-Como conseguiram localizar o aGravity?

-Foi bem simples – Suas palavras transbordavam de satisfação própria – Usamos aquele corpo do Magarat como uma bússola. Uma vez que a máquina atrai partículas de “Magia”, ela atrairia o corpo do monstro, que por acaso, é cheio de tais partículas.

-Parabéns – Eu disse. Era uma solução bem óbvia, mas ele merecia o mérito. Nenhum de nós tinha pensado nisso antes.

O helicóptero voou velozmente em direção ao outro planeta. Era medonho a forma como ele se aproximava cada vez mais – não só pelo fato de estarmos indo em sua direção, mas também pelo fato dele estar sendo atraído pela gravidade e atrair a outra Terra ao mesmo tempo, do mesmo modo, levando-as aos poucos ao eminente choque. Mas logo Maguine desviou o helicóptero da rota.

-Para onde você está indo? - Perguntei, confuso.

-Você não achou que íamos para a plataforma de helicóptero, né? Não há como. Teremos que voltar para a Corporação e pegar o jato.

Quanta burocracia...

Pousamos no heliporto da Corporação Celestia – que por acaso, era exatamente como no meu sonho, embora tenha me surpreendido novamente com sua grandiosidade. Maguine com certeza tinha muito poder acumulado naquela empresa...

Um dos subordinados de Maguine correu até seu encontro e, prestando continência, bradou:

-O jato espacial está pronto, senhor. Permita-me conduzi-los até seus postos!

Maguine, Alice, Fergo, Helena, Zero e eu seguimos o homem até o elevador. Descemos alguns andares e chegamos no local onde o jato estava prontamente apontado em direção ao teto. Subimos por uma escada até o cômodo interno do veículo e nos prendemos aos bancos.

-Espero que dê tudo certo. - Comentou Zero, bastante preocupado.

Helena mantinha seus olhos fechados e permaneceu assim, mesmo depois que o jato deslanchou, fazendo todo mundo se retesar.

-Este é o jato espacial mais rápido da Corporação – Maguine gritou, em meio a barulheira infernal que o veículo fazia. - Em menos de minutos estaremos na plataforma!

Fiquei imaginando se Teoremo também tinha um jato espacial em casa.

-Vistam isso! - Maguine nos entregou alguns enormes capacetes com um tanque de oxigênio para ser colocado às costas. - A plataforma não está exatamente no espaço sideral para necessitarmos de trajes para gravidades, mas o ar não é inalável.

Todos obedeceram a ordem de Maguine e fizeram um esforço considerável para colocar o capacete. Seguramos os tanques nos braços, uma vez que estávamos presos às cadeiras e colocá-los nas costas não seria possível no momento. Todos notaram que Zero não havia feito os procedimentos.

-Então.... - Ele se explicou – Eu não respiro. É.

De repente o jato fez mais um barulho estranho e começou a descer. Com um baque, ele se estremeceu violentamente, simbolizando que havíamos pousado.

-Espero que consigamos voltar. - Comentou Alice.

A porta do jato espacial se abriu, baixando-se verticalmente. Descemos a escada na plataforma. A Terra acima de nós estava mais perto do que nunca. Eu podia ver construções do outro planeta da plataforma onde estávamos.

-Isto é aterrorizante! – Maguine comentou.

Todos travaram seus tanques de oxigênio nas costas e seguiram andando pela plataforma espacial, na direção de algo roxo que brilhava no fim desta...

Era como uma Pedra dos Astros gigantesca. Rodava lenta e majestosamente em torno de seu próprio eixo... Ali estava, aGravity – o predito herói que se tornou o vilão.

Aproximamo-nos mais, era realmente belo de se ver... E quanto mais nos aproximávamos, mais nítida a imagem de um homem se tornava, preso no exato centro da imensa rocha. Um homem de lisos cabelos brancos, mantido jovem por seu próprio carrasco, sendo alimento de sua própria criação...

-Teoremo! - Helena gritou, correndo em direção ao que seria a “parede” do aGravity. Tentei me aproximar mais, mas Zero me puxou para trás:

-É o máximo que podemos ir. - Ele me disse. E eu compreendi. Afinal, aquilo era um imã para as minhas células e provavelmente me dilaceraria se eu me aproximasse mais.

Ficamos observando Alice, Fergo, Helena, Maguine e alguns outros membros da Corporação que vieram conosco admirarem de perto o aGravity.

O tempo foi passando...

E logo, uma coisa ficou óbvia.

Teoremo não podia ser salvo.

E não havia nada para se fazer.

Ajudá-lo agora era impossível. E todos sabiam disso. Lentamente, os tripulantes começaram a voltar para o jato, deixando Helena sozinha com o aGravity.

Ela admirava o centro da grande rocha, passando a mão levemente sobre a parede da transparente cela de Teoremo. Era uma cena triste. Eu podia sentir seu pesar de onde eu estava....

Mas também podia sentir seu contentamento. A chance de ver seu marido novamente já valia qualquer risco que Helena agora estaria disposta a correr. Estavam renovadas suas forças para enfrentar qualquer que fosse o perigo. Ela só precisava se dar ao luxo de conseguir realizar este mero desejo...

E com um sorriso, uma lágrima e um murmúrio de adeus, Helena voltou a se juntar a nós.

-Obrigada – Ela nos disse.

Todos assentiram. Ela voltou a dizer:

-Teoremo foi uma das minhas razões de viver. É triste o caminho que as coisas acabaram tomando, mas... Agora eu consigo superar isso.

Ela suspirou e então, continuou:

-Estejam preparados para a segunda rebelião de nossa geração contra a ditadura do Livro do Destino. Teoremo está lá dentro daquela rocha porque lutou por uma causa da qual ele acreditava. Certa ou errada... Não importa! O exemplo de nossos heróis que morreram durante a luta... Maria, Ellen e Téo... deixa claro que mais importante do que vencer, é lutar pelo que nós acreditamos. Sermos confiantes que podemos mudar qualquer destino que nos tenham imposto. E... Se falharmos... A glória da batalha vai nos colocar para dormir e teremos um bom sono, satisfeitos de nós mesmos - cientes de que não deixamos nossa vida ser levada por uma mera linha do destino escrita por outra pessoa.

As palavras de Helena reacenderam a chama pela batalha em todos.

Há pouco tempo eu nunca me imaginaria “salvando a Terra”. Tenho certeza de que nenhum deles, Alice, Fergo, Zero, Helena ou Maguine, também não haviam se imaginado em tal situação. Mas todos nós sempre tivemos uma crença em comum – a defesa da vida e da liberdade.

E já era o bastante!

Todos estiveram sempre dispostos a salvar o planeta, sem mesmo saber.

E agora estávamos prontos.


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Notas finais do capítulo

A fic está chegando ao fim. Obrigado por todos que estão acompanhando! Não percam os últimos episódios! haha =***



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