Mistake - Baseado em Lua Nova escrita por Lolo Cristina


Capítulo 7
Decisão


Notas iniciais do capítulo

OBS: Os diálogos inseridos entre Edward e Bella inseridos no texto não são de autoria minha, como todos sabem, e sim da Sra. Meyer.

Beijos e BOA LEITURA



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PARTE II

A idéia não me agradava nem um pouco e não havia nada que eu pudesse fazer para dissuadi-la, então só me restava fazer sua vontade.

Não cabia a minha família decidir seu futuro. Entendia que esse direito também não me pertencia, mas ela estava sendo irracional.

A peguei em meus braços e saí pela janela.

- Então, tudo bem. Suba. – ordenei.

A ajudei escalar minhas costas – seus braços e suas pernas se prenderam ao meu redor.

Bella apoiou a cabeça em meu ombro - parti em direção a casa.

Não imaginei que voltaria tão rápido a minha antiga rotina. Meses depois, correr com Bella ainda parecia algo natural.

Sorri um pouco.

Até poucas horas atrás acreditava que não seria perdoado por ela.

Minha cabeça estava cheia e mesmo assim, nunca me senti tão bem. Tão feliz.

Eu havia retornado para Bella e agora era uma parte fixa e imutável em sua vida, porque ela me amava, assim como eu a amava. Não com a mesma intensidade, claro, era impossível para ela sentir o mesmo que eu...

Por algum motivo tive a oportunidade de voltar atrás em minha decisão. E por estar andando nesse mundo a mais de cem anos, entendia que esse tipo de oportunidade era rara na vida.

E estava grato por tê-la tido.

Bella encostou os lábios em meu pescoço.

Foi incrivelmente bom senti-los voluntariamente.

- Obrigado. Isso significa que você concluiu estar acordada? – perguntei. Seus pensamentos estavam tão desnorteados que era fácil supor que ela ainda acreditava que estava sonhando.

Ela riu. Soou tão natural e tão livre.

O som ecoou ao nosso redor e em minha mente.

Lindo.

- Para ser bem sincera, não. É que na verdade, seja como for, eu não estou tentando acordar. Não esta noite.

Bella havia perdido parte de sua fé em mim.

Fácil de entender por quê.

- Vou de algum jeito recuperar sua confiança. Nem que seja meu último ato.

Um dia ela iria confiar em mim. Eu seria digno disso. Digno dela.

- Eu confio em você. É em mim que não confio.

- Explique, por favor – demandei. Estava tendo dificuldades para acompanhar seu raciocínio.

Estávamos perto e eu queria conversar com ela por mais tempo, então diminui a velocidade de maus passos.

Não havia motivos para correr.

- Bom... Não confio em mim mesma para ser... o bastante. Para merecer você. Não há nada em mim que possa prender você.

Bella não conseguia ver o valor que tinha. Sempre soube disso. Então... como explicar que sua existência fazia a minha existência ter algum sentido?

Ela teria que acreditar – algum dia – que sua presença significava tudo para mim.

Eu era a pessoa que não a merecia, não o contrário. Passaria minha vida dizendo a Bella o quanto ela é importante para mim. Um dia minha mensagem seria entendida.

Agora eu tinha tempo para trabalhar nisso.

A tirei de minhas costas e a prendi contra meu peito.

Ah... se ela pudesse compreender que o sentimento que movia o meu mundo era o amor que sentia por ela e nada mais.

- Sua prisão é permanente e inviolável. Jamais duvide disso.

Não poderia escapar. Estava preso a essa garota para sempre.

Independente dos problemas que teríamos que enfrentar, estaria sempre ao seu lado.

Aquilo me fez lembrar...

- Você ainda não me disse...

- O que? – Bella demandou.

- Qual é o seu maior problema.

- Vou deixar que você adivinhe – ela suspirou e tocou a ponta de meu nariz.

Eu era seu grande problema. Agora que ela apontou, fez sentido. Minha presença era de fato algo que a prejudicava... mas eu não posso deixa-la. Eu tentei...

Apesar de verdade, aquilo me machucou mais do que demonstrei.

Assenti.

Eu merecia.

- Sou pior que os Volturi. Acho que mereci isso.

Ela revirou os olhos para mim.

- O pior que os Volturi podem fazer é me matar. Você pode me deixar. Os Volturi, Victória... eles nada são comparados a isso.

Estar longe de Bella foi dolorosamente insurpotável e admitindo que ela também me amava, fazia sentido acreditar que havia sido extremamente doloroso para ela também. Fiz sua vida tornar-se vazia e cheia de armadilhas.

Não havia considerado que ela tinha realmente tantado se matar. Aquela atitude não fazia o feitio de Bella. Mas... será que ela havia tentando acabar com sua própria existência quando pulou do penhasco? Havia eu tornado sua vida algo descartável, algo tão ruim que não merecia ser vivida?

Me senti um lixo. A pior pessoa do mundo.

Quando se ama alguém, deve-se protegê-la e não tentar destrui-la.

Minha teimosia havia me cegado. Estava tão certo do que seria melhor para ela...

Teria que manter meus olhos abertos, e evitar cometer erros tão grotescos.

Poderia nunca mais ter outra chance como essa.

Ela avaliou meu rosto e viu toda a dor e tristeza nele.

- Não. Não fique triste. – Bella pediu, tocando meu rosto. Ela não estava tentando me machucar, sabia disso, mas suas palavras me feriram profundamente. Ou melhor, minhas decisões fizeram isso. Não era justo culpá-la.

Tentei sorrir, não queria dividir minha dor e minha culpa com ela.

- Se houvesse uma única maneira de fazer você entender que não consigo deixá-la. O tempo, imagino, acabará por convencê-la.

Talvez era isso que Bella precisava. Minhas promessas não significavam nada.

- Tudo bem – ela concordou sorrindo - Então... já que vai ficar. Pode devolver minhas coisas? – ela pediu depois de um curto período de silêncio.

Seu tom - um pouco ofendido foi engraçado.

Tive que rir.

- Suas coisas nunca desapareceram. Eu sabia que era errado, uma vez que lhe prometi paz sem lembranças. Foi idiota e infantil, mas queria deixar algo de mim com você. Os CDs, as fotos, as passagens... está tudo debaixo do assoalho de seu quarto.

- É mesmo?

Ela quase cantou as palavras. Bella estava deliciosamente surpresa com aquilo.

Assenti.

- Eu acho – ela disse muito lentamente – não tenho certeza, mas imagino... acho que talvez eu soubesse disso o tempo todo.

- Soubesse de que? – perguntei, sem nem sequer tentar adivinhar do que ela falava.

- Parte de mim, talvez meu subconsciente, nunca deixou de acreditar que você ainda se importava se eu estava viva ou morta. Deve ter sido por isso que fiquei ouvindo vozes.

Por um momento fiquei sem saber o que falar ou mesmo o que pensar.

- Vozes?

- Bom, só uma voz. A sua. É uma longa história.

Ouvi com cuidado cada uma de suas palavras, tentando entender.

Ouvir vozes quando não se tem ninguém por perto definitivamente não era um bom sinal. Não normalmente. Não para um humano.

- Eu tenho tempo. – disse. Precisava manter a calma para avaliar a situação. Talvez ela precisasse de uma médico.

- É bem ridículo.

Esperei para que ela continuasse.

- Lembra do que Alice disse sobre esportes radicais?

- Você pulou de um penhasco para se divertir.

Bella não tinha como regra fugir do perigo, pelo contrario, às vezes corria em sua direção, mas pular de um penhasco para se divertir parecia absurdo demais.

Se essa foi sua real intenção.

Era preferível acreditar em sua versão do que deixar minha imaginação voar.

- Hã, isso mesmo. E , antes disso, com a moto...

- Moto?

Além dos perigos sobrenaturais, Bella tinha que ter se envolvidos com os perigos normais do dia-a-dia de um humano. Claro.

- Acho que não contei essa parte a Alice. – ela disse levemente embaraçada.

- Não.

- Bom, sobre isso... Olhe, descobri que... quando fazia algo perigoso ou idiota... conseguia me lembrar de você com mais clareza. – ela hesitou um pouco. Eu... bom, eu senti meu corpo congelar enquanto ela falava.

Isso era ruim. Muito ruim.

- Conseguia me lembrar de como era sua voz quando você estava com raiva. Podia ouvi-la, como se você estivesse bem ali ao meu lado. Na maior parte do tempo eu tentava não pensar em você, mas desse jeito não doía tanto... era como se você estivesse tentando me protegendo de novo. Como se não quisesse que eu me machucasse. E, bom, imagino se o motivo para ouvi-lo com tanta clareza não era porque, lá no fundo, eu sempre soube que você não tinha deixado de me amar.

Minha mente se recusou a processar aquela informação completamente. Aquela era a coisa mais absurda e irresponsável que já tinha ouvido. Mais irresponsável do que tudo que já tinha feito em minha vida.

- Você... estava... arriscando sua vida... para ouvir...

Até mesmo formular a pergunta era difícil.

Bella me interrompeu.

- Shhh. Espere um segundo. Acho que estou tendo uma revelação agora.

Fiz o que ela pediu, não porque ela pediu e sim porque não conseguia falar.

Bella olhava para mim – seus olhos desfocados - enquanto pensava em sua epifania.

Eu tentava ser paciente, mas estava profundamente perturbado. Precisava saber com urgência o que ela estava pensando.

Dessa vez, não apenas por curiosidade, mas por receio do que possa estar se passando por sua cabeça.

- Ah! – ela disse depois de vários minutos.

- Bella?

- Ah! Tudo bem. Entendi.

- Sua revelação?

- Você me ama. – Bella disse com certeza e admiração. Como se aquilo estivesse acabado de acorrer a ela.

Não entendi sua linha de raciocínio. Não sabia o que tinha passado por sua cabeça para que o fato – a única coisa certa nesse mundo – fizesse sentido para ela apenas agora.

Claro que a amava.

Bom... seja como for, seja lá o que ela tenha pensado, pelo menos agora, ela sabia... ela entendia.

Não consegui sorrir completamente – ainda perturbado.

- Sinceramente, amo.

E então ela segurou meu olhar com o seu. E ele estava cheio de surpresa, admiração, adoração, paixão...

Eu não a merecia, mas a queria tanto.

Dessa vez não foi necessário esperar para ver se meu beijo seria aceito. Não resisti.

Lutei contra meus instintos mais primitivos e mantive em minha mente que Bella era mais do que frágil. Coloquei toda minha adoração por essa garota em meus lábios. E novamente me senti vitorioso por ela retribuí-lo.

Depois de alguns segundo precisei me afastar. Bella precisava de ar e eu precisava ser cuidadoso. Mais cuidadoso do que nunca. O desejo que sentia agora, por ela, era quase que incontrolável.

Encostei minha testa na dela. Nossa respiração ofegante.

- Você é melhor nisso do que eu, sabia? – murmurei, tentando colocar minha mente em ordem. Não iria – e nem queria – continuar conversando sobre coisas perturbadoras que estavam no passado... Me importaria apenas com o presente. Em protegê-la.

- Melhor em que?

- Em sobreviver. Você, pelo menos, se esforçou. Levantava-se de manhã, tentava ser normal para Charlie, seguiu seu padrão de sua vida. – ela era melhor do que eu em muitas coisas – Quando não estava rastreando, ficava... totalmente inútil. Não conseguia ficar com minha família... não podia ficar perto de ninguém. Estou muito constrangido de admitir que, mais ou menos, me voltei para mim mesmo e deixei que a infelicidade me tomasse. – estava sendo completamente honesto com ela. Me sentia envergonhado, claro, mas se ela foi capaz de se abrir completamente comigo, não havia motivos para esconder  nada.

- Foi muito mais ridículo do que ouvir vozes. E é claro que você sabe que ouço também. –não queria que ela se sentisse constrangida por revelar ser segredo. Ela não deveria. Por mais absurdo que possa ser o que ela estiver pensando... queria saber.

Quantas vezes vi seu rosto com perfeição em minha frente? Quantas vezes me peguei ouvindo sua voz pedindo para que eu repensasse minhas decisões?

Imaginei – erradamente – que a imagem e as vozes eram apenas invenções de minha consciência, quando na realidade era porque eu realmente nunca a havia deixado para trás, o laço que existia entre nós, nunca havia sido rompido. Era impossível.

- Só ouvi uma voz. – ela me corrigiu.

Eu ri, deixando para trás aquela esclarecedora – mas perturbadora – conversa.

Voltamos a andar. A casa já estava em nosso raio de visão.

- Só estou satisfazendo sua vontade. O que eles disserem nada importa. – a avisei.

- Isso agora os afeta também.

Dei os ombros.

Minha família sabia se cuidar e sabiam o que eu pensava com relação à mortalidade de Bella. Eles não entendiam, mas aceitavam.

Abri a porta para ela. Todos estavam em casa. Acendi as luzes para Bella.

Eles sabiam que estávamos ali, inclusive, Alice já conhecia o motivo da visita estava animada. Desnecessariamente, devo acrescentar.

Os chamei.

- Bem-vinda Bella. – Carlisle sorriu carinhosamente para ela. Ele já a via como um membro da família, assim como todos os outros. E ela era parte de minha família. Uma parte que nunca achei que teria.

- O que podemos fazer por você? Imagino, devido à hora, que não seja uma visita puramente social.

Bella assentiu.

Todos já estavam ali, porém Bella só falava e via Carlisle.

- Gostaria de conversar com todos vocês, se não houver problema. Sobre um assunto importante.

Alice nos contou tudo.  – ele me disse – Estamos cientes do que se trata. Seu relato nos deu muito no que pensar.

Franzi minha testa e começei a sentir que as coisas podiam se complicar de alguma forma.

- Claro. Por que não conversamos na outra sala? – Carlisle sugeriu e mostrou o caminho a Bella. Todos os seguimos.

A última vez que aquela sala foi usada foi quando nos reunimos para discutir Bella e o incidente com a van de Tyler.

Parecia ter sido a um século atrás.

Hoje, Bella tinha a palavra.

Ela se sentou na cabeceira da mesa. Sentei-me ao seu lado e de frente a Carlisle. Ela esperou educadamente que todos tomassem seus lugares.

O sorriso de Alice me incomodava. Sabia o que ela achava, o que ela sempre achou sobre toda a história.

A falta de direção no pensamento de todos também me deixou inquieto.

- A palavra é sua. – Carlisle disse a Bella.

Ela não falou nada. Seu coração acelerou consideravelmente.

Apertei sua mão, reconfortando-a. Independente do que ela iria falar, não havia motivos para se sentir nervosa.

Aquilo era irritante. Eles estavam concentrados no momento, mas era fácil ver que todos escondiam algo.

- Bom, imagino que Alice já tenha contato a vocês tudo o que aconteceu em Volterra.

Bella começou após um momento de silêncio.

- Tudo. – Alice garantiu.

- E no caminho para lá? – Bella perguntou. Era essa a parte mais importante para ela. A promessa de Alice.

- Isso também.

- Que bom! – ela soou aliviada – Então estamos todos em pé de igualdade.

Todos esperaram para que ela continuasse. O silêncio era mortal, inclusive mentalmente. Todos pareciam determinados a me ignorar.

- Então, temos um problema – Bella continuou – Alice prometeu os Volturi que eu me tornaria uma de vocês. Eles vão mandar alguém para verificar, e tenho certeza de que isso é ruim... que deve ser evitado. E assim, agora, a questão envolve todos vocês. E eu lamento por isso.

De novo, ela estava assumindo uma culpa que não a pertencia. E não havia nada que eu podia fazer com relação a isso.

Pelo menos todos entendiam que essa culpa não cabia a ela e sim a mim.

- Mas, se vocês não me quiserem, não vou forçar minha presença, quer que Alice esteja disposta a isso ou não.

Esme tentou protestar, mas Bella a impediu.

- Por favor, deixe-me terminar. Todos vocês sabem o que quero. E tenho certeza que sabem o que Edward pensa. Acho que a única maneira justa de decidir isso é todos darem seu voto. Se vocês decidirem que não me querem, então... acho que volto para a Itália sozinha. Não posso permitir que eles venham aqui.

Essa garota é melhor do que imagina. Ir a Itália sozinha e ainda por cima ignorar o que Edward – o “sempre tenho que estar certo, Edward” - pensa... legal. – Emmett pensou. Um rosnado começou a se formar em meu peito em resposta as palavras de Bella e aos pensamentos ao meu redor.

Ela continuou. E a atmosfera na sala passou a ser irritante.

Eu estava nervoso com o fato de todos estarem impressionados por ela estar ignorando minha opnião.

Não era uma questão de orgulho e sim por não estar mais certo de como essa reunião absurda terminaria.

- Levando em consideração, então, que não vou colocar nenhum de vocês em risco, seja qual for a decisão, quero que votem sim ou não sobre a questão de me tornar vampira.

Meu olhos correram por todos que estavam presentes, varrendo de forma desconfiada suas mentes. Não imaginava que ela pudesse colocar as coisas dessa forma “ou me transformem ou me deixem voltar à Itália como humana”. Agora não tinha mais a certeza de antes e entendia a estranha sensação que sentia. Era como se eu estivesse prestes a ser traído.

Bella sorriu, confiante e deu a palavra a Carlisle.

Eu não podia deixá-los votar sem antes deixar uma coisa muito clara. Mesmo que esses votos sejam insignificantes.

Eu tinha uma carta na manga. Só não era para ser usada contra Bella, mas como tive que improvisar.

- Só um minuto. – protestei antes que Carlisle pudesse falar.

Bella olhou para mim de olhos apertados e cheios de suspeitas. Ergui minhas sobrancelhas e apertei sua mão para que me deixasse falar. Ela honestamente achou que eu não ia dizer nada? Protestar de forma alguma?

- Tenho algo a acrescentar antes da votação. – disse – Sobre o perigo que Bella se refere, não acho que precisamos ficar muito ansiosos com isso.

Minha voz saiu mais animada. Eles não poderiam ignorar a importância desse fato – algo completamente único.

- Vejam só, houve mais de um motivo para eu não querer apertar a mão de Aro lá no final. Há um detalhe em que eles não pensaram, e eu não quis lembrar isso a eles.

Sorri. Esse era o motivo por eu não me preocupar com os Volturi.

- Qual? – demandou Alice.

- Os Volturi são excessivamente confiantes, e por um lado por um bom motivo. Quando eles decidem encontrar alguém, não é de fato um problema. – me virei para Bella – Lembra-se de Demitri?

Ela apenas deu de ombros. Sua expressão entregava que ela não gostou de ter me dado a palavra.

Bom.

- Ele encontra as pessoas... é o talento dele, é por isso que eles o mantêm. Agora, todo o tempo em que ficamos com eles, fiquei sondando o cérebro de todos em busca de qualquer indicação que pudesse nos salvar, obtendo o máximo de informações possível. Então vi como funciona o talento de Demitri...

Sabia antes mesmo de me encontrar com Aro pelo segunda vez, que Demitri era um rastreador, só não entendia como seu talento funcionava. Tinha que ser diferente do de James. Não era possível existirem dois talentos iguais.

Essa era uma das verdades de meu mundo.

- ... Ele é um rastreador – continuei – Um rastreador mil vezes mais poderoso que James. Sua capacidade está um pouco relacionada com o que eu faço, ou o que Aro faz. Ele pega... o sabor? – não sabia se essa era a palavra certa, definitivamente não era apalavra ideal – Não sei descrever... talvez o teor... da mente de alguém e depois o segue. Funciona em distâncias imensas. Mas depois dos pequenos experimentos de Aro, bem...

Observei cada um deles, cada uma de suas reações, porém estava mesmo atento a Bella.

Não havia como ela não ficar surpresa com essa revelação. Seu lábios se retorceram bem de leve.

- Você acha que ele não vai conseguir me encontrar. – ela afirmou sem nenhuma ênfase.

- Tenho certeza disso. Ele depende totalmente desse outro sentido. Quando não funcionar com você, todos eles ficarão cegos.

Ninguém podia argumentar contra essa lógica.

Não... argumentar ninguém podia, porém podiam decidir ignorar. E foi isso que ví acontecendo. Os pensamentos de Alice, Esme e Rosalie entregavam o que elas achavam de minha idéia  e não precisava ler os pensamentos de Bella para saber o que ela achava.

- E como isso resolve alguma coisa? – ela perguntou. Será que ela realmente não via?

- É muito óbvio, Alice poderá dizer quando eles planejarem uma visita e eu vou esconder você. Eles vão ficar imponentes.

A família mais poderosa de meu mundo não podia fazer nada contra ela. Suas mãos estavam atadas por nossas habilidades e pela anomalia que fazia Bella imune a eles – e a mim.

- Será como procurar uma agulha no palheiro! – finalizei.

Ótimo! Muito bom, irmão – Emmett pensou animado.

Olhei para ele com expectativa. A idéia de lidar com os Volturi dessa forma eral realmente algo a se esperar.

- Mas eles podem encontrar você. – Bella apontou como se isso tivesse alguma relevância.

- E eu posso me cuidar.

Emmett riu, entendo o que queria dizer. Ele ofereceu o punho fechado para mim.
- Excelente plano, meu irmão.

Estiquei meu braço para tocar meu punho com o dele. Emmett me entendia, assim como Jasper.

Não troquei uma palavra com ele desde que retornei. Aparentemente não havia ressentimento de sua parte. Bom... eu lidaria com isso depois.

Isso é ridículo – Esme protestou em pensamento e me repreendeu com os olhos.

Eles poderiam ser mais idiotas? – Rosalie pensou agressivamente.

- Não – ela disse irritada.

- Absolutamente não. – Bella proibiu veemente.

- Que legal. – Jasper concordava.

- Idiotas – Alice disse – Não passam de bando de idiotas.

A sala estava claramente dividida. Carlisle também não concordava com meu plano, o que era previsível. Ele era contra qualquer tipo de confronto.

Bella voltou a ter a palavra.

- Muito bem, então. Edward propôs uma alternativa para a consideração de todos – seu tom era frio e ela estava decidida a ignorar tudo o que eu havia falado. O fato dela insistir em continuar com a votação me deixou com os nervos a flor da pele.

Não estava nervoso com ela, mas a sensação de que algo extremamente ruim estava prestes a acontecer retornou.

Nesse momento, não podia confiar em minha família.

Bella olhou para mim. Eu estava tenso.

- Quer que eu me una a sua família? – ela perguntou.

- Não desse jeito. Você deve continuar humana – respondi prontamente.

Ela assentiu, nem um pouco surpresa com minha resposta.

Queria responder SIM, mas não a queria pagando esse preço. Desejava poder ficar com ela para sempre e mantê-la humana – o que era impossível. Tudo o que desejava era impossível. Queria poder ser um homem humano para fazer a coisa certa, para poder dar o próximo passo – exatamente como aprendi que deveria ser feito quando se ama uma mulher como eu amo Bella. Como um homem humano, eu poderia tê-la como minha aos olhos de todo o mundo. Como a Sra. Cullen.

Isso era impossível. Eu não era humano.

- Alice?

- Sim. – ela respondeu incapaz de conter sua animação. Ela sempre foi a favor da transformação de Bella.

Não deveria me sentir tão afrontado por sua opnião, afinal já a conhecia, mas isso não impediu de desejar que ela não estivesse ali naquele momento. Para piorar tudo, Jasper concordava com Alice.

Aquilo foi uma surpresa, especialmente quando entendi o por quê de seu voto.

Sua opnião sobre o assunto não tinha nada haver com a de Alice. Ele simplesmente acreditava que se eu amava tanto Bella, deveria mantê-la comigo para sempre e que a imortalidade poderia ser vista como um presente.

- Jasper? – Bella prosseguiu.

- Sim.

Bella se surpreendeu com sua resposta, se recompondo rapidamente e prosseguindo.

- Rosalie?

Quem diria que Rosalie seria a primeira a concordar comigo.

Ela hesitou por um momento, achando que Bella poderia interpretar mal sua resposta.

- Não. – ela finalmente disse. E eu era grato a ela.

Apesar da resposta negativa, Bella não mostrou nenhuma surpresa ou ressentimento, rapidamente seguindo adiante.

Rosalie viu a necessidade de se justificar.

- Deixe-me explicar. Não quis dizer que tenho alguma aversão a você como irmã.

Essa aversão não existia mais.

- É só que... esta não é a vida que teria escolhido para mim mesma. Eu queria que tivesse havido alguém para votar “não” para mim.

Por maior que fossem nossos problemas, Rosalie era a única que de certa forma entendia a essência de minha objeção a imortalidade da Bella.

Bella assentiu para ela e se voltou a Emmett.

- Que diabos, sim! Podemos encontrar outro jeito de arrumar uma briga com esse Demitri. – ele disse animado.

Para ele ela seria uma incrível adição a família. Eles sempre se deram bem.

A resposta de Esme já era esperada.

- Sim, é claro, Bella. Eu já penso em você como parte de minha família.

- Obrigada, Esme.

Era claro que eu estava perdendo aqui. E era ainda mais obvio que a opnião de nenhum deles significava muito, ao lado da opnião de Carlisle. E para meu completo choque, ele concordava com a maioria.

Não existe outra maneira... ela quer isso. – ele disse somente para mim quando chegou a sua vez de votar – Forçar sua decisão sobre ela já provou não ser o melhor caminho. Não seria sábio de nossa parte faze-lo novamente... – Edward.

- Não – grunhi a palavra.

Ele não podia concordar com isso. Ele não podia. Era errado. Muito errado destruir a vida de Bella por mim. Ela não sabia o que estava pedindo. Eles deveriam entender.

- É a única opcão que faz sentido. Você escolheu não viver sem ela e isso não me deixa alternativa. Meu voto será sim. A vontade de Bella prevalecerá. Sinto muito.

Aquilo era demais para mim.

- Acho que sabe qual é o meu voto. – Carslile anunciou a Bella.

Como eles podiam fazer isso?! Como ele podia fazer isso com ela?

Estava furioso demais para permanecer na mesma sala que eles.

Tudo a minha frente estava coberto por uma tela vermelha.

Isso não podia ser verdade... isso não estava acontecendo...

- Obrigada. – Bella murmurou.

A fúria me tomou com toda sua força. Então peguei a primeira coisa que ví e arremessei contra a parede, incapaz de me controlar – ou era isso ou era um deles.  A grande TV atingiu a parede fazendo um barulho alto e deixando sua marca no concreto.

Emmett não iria ficar feliz, mas eu não me importava com isso.

Eles não podiam fazer isso comigo. Com ela.

Bella continuou. Soava como uma pequeno discurso de vitória.

Suas palavras cortaram meus ouvidos.

- É só disso que preciso. Obrigada. Por me aceitarem. Eu sinto exatamente o mesmo com relação a todos vocês.

Ela não entendia. Como ela poderia querer essa vida? Como ela poderia alterar qualquer coisa em sua completa perfeição?

Aquela era a decisão errada! Uma decisão definitiva, uma vez que Bella fosse alterada, voltar atrás era impossível.

Não!

- Bom, Alice... onde quer fazer isso? – Bella a perguntou.

Agora? Ela havia perdido completamente o juízo. Aqueles não poderiam ser os seus últimos momentos como humana.

- Não! Não! NÃO! – corri para a sala para impedir aquela insanidade. Alice não colocaria as mãos em Bella. Me coloquei a sua frente, nervoso o suficiente para não me importar com o tom de minha voz.

Não era costume de minha parte levantar a voz para Bella. Hoje foi uma exceção.

- Ficou louca? Você perdeu completamente o juízo?!

Ela me ignorou. Era como se eu nem sequer estivesse presente. Como se eu fosse invisível.

- Hmmmm, Bella. Não acho que eu esteja pronta para isso. – Alice replicou, insegura.

- Você prometeu. – Bella a lembrou, olhando através de mim. Ainda estava parado em sua frente.

Alice estava dando para trás. Saber disso não me acalmou.

- Eu sei, mas... é sério, Bella! Não faço a menor idéia de como não matar você.

- Você pode fazer isso. Eu confio em você. – Bella disse como se estivesse discutindo planos para o final de semana, e não seu futuro. Sua vida!

Rosnei alto.

Alice sacudiu a cabeça, se negando a fazer, mas isso não desmotivou Bella. Ela olhou questionadoramente para Carlisle.

Peguei seu rosto com minha mão, forçando-a a olhar para mim e gesticulei para que Carlisle se mantivesse calado.

Sim... era como se eu não estivesse ali.

Como as coisas chegaram a esse ponto?

- Eu posso fazer. Você não correria o perigo de eu perder o controle.

- Que bom – ela celebrou.

Ele tinha a intenção de cumprir com sua promessa naquele instante...

- Espere. Não precisa ser agora. – cuspi entre os dentes. Ainda olhando para ela.

- Não há motivos para que não seja agora. – ela rebateu.

- Posso pensar em alguns. – a desafiei.

- É claro que pode. Agora me solte. – Bella ordenou. A soltei cruzando meus braços para que não fizesse nenhuma besteira - como quebrar toda a sala com ela presente.

Mandona. – Emmett pensou se divertindo com a situação.

- Daqui a duas horas, Charlie estará aqui procurando por você. Não duvido nada que ele vá envolver a polícia.

Aquilo era um fato.

- Todos os três policiais. – ela disse franzindo a testa.

Bom... finalmente consegui afeta-la de alguma maneira.

O impressionante é que isso só aconteceu quando ela percebeu que NÓS seriamos os prejudicados.

Inacreditável.

Continuei,

- No interesse de continuarmos imperceptíveis, sugiro que deixemos essa conversa de lado pelo menos até que Bella termine o ensino médio e saia da casa de Charlie. – sugeri a Carlisle. Como não podia argumentar – naquele momento – contra a transformação de Bella, mudei de estratégia.

- Este é um pedido razoável, Bella. – ele concordou.

Ela pareceu considerar.

Eu esperei. Ansioso.

- Vou pensar nisso. – ela finalmente disse.

Soltei o ar que estava preso em minha garganta relaxando visivelmente. O próximo passo seria tirá-la dali, antes que mudasse de idéia.

Seria mais fácil lidar com Bella sozinho.

- Tenho que levá-la para casa, para caso de Charlie acordar cedo.

- Depois da formatura? – ela se certificou com Carlisle.

- Tem minha palavra.

Ela sorriu – vitoriosa.

- Tudo bem. Pode me levar para casa.

Sabia o que todos estavam pensando. Não me importava. A peguei em meus braços com pressa em tê-la de volta em seu quarto. O lugar de onde eu nunca deveria ter a deixado sair. Emmett e Jasper estavam sorrindo. Eles acharam que Bella comandou a situação muito bem. Esme estava preocupada comigo. Rosalie envergonhada e Alice aliviada.

Carlisle estava resignado, ele não queria me magoar, mas não via outra escolha. Como se não houvesse outra coisa a se fazer.

A escuridão não havia partido completamente quando corri de volta para sua casa.

Então... eu estava errado com relação ao apoio de minha família. Havia perdido o argumento. Talvez devesse aceitar que isso era culpa minha – mais uma conseqüência dos erros que cometi. Mesmo se esse fosse o caso, eles ainda me ouviriam.

Aquilo tudo era absurdo.

Talvez eu devesse mudar a forma de abordagem. Talvez não houvesse como dissuadi-la no momento, talvez nunca e a única forma de ter certeza disso era ganhando mais tempo. Alguns anos. Fazê-la desfrutar a vida como humana. Se até lá ela ainda quisesse fazer parte de um mundo de horrores...

Argh! Isso era errado, mas poderia funcionar. Ela poderia ver que tinha muito a perder e mudar de idéia. Teria que barganhar de alguma forma. Ela não esperaria se eu não tivesse algo a oferecer em troca.

Não parei quando chegamos a sua casa. Pulei a janela e a coloquei na cama. Não estava mais nervoso. Poderia funcionar, pensei novamente.

Mas, o que eu poderia oferecer?

Algo me ocorreu.

Ela nunca havia pedido a nenhum deles para fazer isso por ela, mesmo tendo a oportunidade. Ela sempre pedia a mim. Agora Bella parecia desesperada, talvez por isso recorreu a Alice.

Eu poderia transformá-la. Ou pelo menos me oferecer para fazer isso e ganhar tempo para fazê-la mudar de idéia.

Se a situação fosse reversa, gostaria que ela fosse responsável por algo tão importante.

Se meu plano desse certo, a transformação seria desnecessária. Se não... iria me comprometer de uma forma extremamente desagradável.

Exceto que eu não sabia ao certo se isso realmente faria alguma diferença para ela.

Só podia fazer suposições.

Talvez o “quem” não era importante.

Estava andando de um lado para o outro em seu pequeno quarto enquanto tramava.

- O que quer que esteja planejando, não vai dar certo. – Bella afirmou.

- Shhh. Estou pensando. – a alertei.

O “quem” deveria ser importante. Retornei ao meu raciocínio anterior. Era Bella, ela nunca havia pedido a nenhuma outra pessoa para fazer isso, essa foi a primeira vez e a idéia nem sequer partiu dela e sim de Alice.

Sim... iria funcionar. Pensei novamente.

- Argh! – ela gemeu irritada e cobriu o rosto com o cobertor.

Eu estava calmo o suficiente para colocar meu plano em ação agora. Charlie ainda estava dormindo profundamente.

Puxei o cobertor de seu rosto e me deitei ao seu lado. Seu cabelo estava emaranhado sobre sua face.

- Se não se importa, prefiro que não esconda seu rosto. Eu vivi sem ele por mais do que podia suportar. Agora... me diga uma coisa.

Estava completamente e surpreendentemente calmo.

- O que? – ela soou meio petulante.

Eu quase sorri.

- Se pudesse ter alguma coisa no mundo, qualquer coisa, o que seria?

A desconfiança imediatamente pairou em seus olhos.

- Você. – ela respondeu sem pensar.

Era bom ouvir isso, mas não era exatamente o que queria no momento.

- Algo que não tenha.

Ela pensou por um minuto.

- Eu queria... que Carlisle não tivesse que fazer isso. Queria que você me mudasse – ela admitiu em uma voz pequena.

Bom! Era exatamente isso que precisava ouvir. Tive cuidado para não alterar minha expressão.

- E o que estaria disposta a dar em troca?

Ela ergueu as sobrancelhas em surpresa e respondeu de imediato.

- Qualquer coisa.

Foi mais difícil conter meu sorriso dessa vez. Mas antes de fazer a verdadeira proposta, senti que meu plano iria dar errado. Bella não iria aceitar.

- Cinco anos?

Horror tomou sua face. A idéia parecia inaceitável para ela.

Eu insisti.

- Você disse qualquer coisa.

- Sim, mas... você vai usar o tempo para encontrar uma maneira para se livrar disso. Tenho que aproveitar enquanto tenho a oportunidade. Além disso, é perigoso demais ser humana... para mim, pelo menos. Então, tudo menos isso.

Franzi minha testa. Claro que ela conseguiria ver minhas intenções.

Insisti, recusando a admitir que não houvesse outra forma.

- Três anos?

- Não!

- Então não vale qualquer coisa para você?

Ela pensou um pouco antes de oferecer uma contra proposta.

- Seis meses?

Revirei meus olhos para ela.

- Não basta.

- Então um ano. Esse é o meu limite.

- Me dê pelo menos dois.

- De jeito nenhum. – ela afastou a possibilidade – Vou fazer 19 anos. Mas não vou chegar a lugar nenhum perto dos 20. Se você vai ficar adolescente para sempre, eu também vou.

Suas palavras me fizeram ver algo – que estava ali, na minha frente o tempo todo.

Eu estava lutando contra o que ela queria. Tentando impor o que eu queria, o que sabia ser o melhor para ela.

Tínhamos algo em comum aqui. Ela queria ficar comigo para sempre e eu queria ficar com ela. Acontece que já estávamos juntos e agora estava certo de que nada – em ambos os mundos - poderia nos separar.

Então... por que não ficar com ela... tornar tudo oficial?  Torná-la minha aos olhos do mundo como havia pensado há pouco.

Não era mais uma questão de ganhar tempo. Não era mais sobre mantê-la humana. Era sobre o que eu mais queria. E o que queria era tê-la como minha mulher. Minha esposa.

Era a primeira vez que pensava tão livremente sobre o assunto. Antes tudo parecia tão impossível. Agora... parecia ser a única coisa óbvia a se fazer.

A amava intensamente e Bella era teimosa o suficiente para seguir adiante com seus planos e eu tinha que aceitar que talvez não iria conseguir fazê-la mudar de idéia... Claro, não iria desistir até o último momento.

Se ela estava certa de que queria estar ao meu lado para sempre...

Senti uma estranha sensação no estômago. 

A idéia de vê-la vestida de branco, caminhando em minha direção no altar...

Agora... eu queria isso mais do que tudo, considerando que já a tinha em meus braços.

Eu queria me casar com Bella.

A imagem se formou em minha mente.

- Tudo bem. Esqueça os limites de tempo. Se quiser que seja comigo... terá que cumprir uma condição.

- Condição? Que condição?

Eu estava muito nervoso. Nunca conversamos sobre isso. Não sabia o que ela pensava sobre o assunto. Ela não sabia o que eu pensava sobre o assunto.

Falei lentamente, enfatizando cada palavra, avaliando sua reação.

- Case-se comigo primeiro.

Ela apenas me olhou, sua expressão permaneceu a mesma.

Ok, eu não sabia o que esperar. Não sabia qual poderia ser sua reação. Mas não ter reação nenhuma não fez nenhum bem ao meu ego.

O que aquilo queria dizer?

Eu realmente falei as palavras em voz alta? Ou só imaginei?

- Ok, qual a piada?

Piada? Ela achava que estava brincando?

Suspirei profundamente.

- Está ferindo o meu ego, Bella. – admiti em voz alta – Acabo de lhe pedir em casamento e você acha que é brincadeira.

Deu errado – como tudo na última hora. Tinha certeza que mesmo quando uma mulher tinha sua mão pedida em casamento de surpresa, ela não deveria achar que era uma brincadeira.

Meu senso de humor era assim tão estranho para que ela pensasse dessa maneira?

- Edward, por favor, fale sério.

Ela ainda não acreditava.

- Eu estou falando completamente a sério.

Ela me fitou por um momento, avaliando minha expressão e concluindo que eu não estava brincando.

- Ah, sem essa. Só tenho 18 anos.

Seguindo essa lógica...

- Bom, e eu tenho quase 110. Está na hora de sossegar.

Sorri ao ouvir minhas próprias palavras.

Ela olhou para a janela para que pudesse falar.

Estranho.

- Veja bem, o casamento não é bem uma de minhas prioridades, sabia? Foi como o beijo da morte para Renée e Charlie.

- Uma escolha interessante de palavras.

- Você entendeu o que quis dizer. – ela se defendeu.

Respirei fundo. Ela estava procurando por desculpas.

- Francamente, Bella, não me diga que tem medo de se comprometer. – disse com surpresa. Nunca imaginei que esse seria o caso. Também nunca imaginei que se a pedisse em casamento seria rejeitado.

- Não é bem isso. – ela explicou – Eu... tenho medo por Renée. Ela tem algumas opiniões fortes sobre se casar antes dos 30.

Quando vi Renée pela primeira vez no hospital em Seattle, ela demonstrou preocupação com a seriedade de nosso relacionamento. Então aquela parte era verdade.

- Porque ela prefere que você seja uma eterna amaldiçoada a que se case – disse sarcasticamente.

- E você acha que está brincando.

- Bella, se comparar o nível de compromisso entre uma união conjugal e trocar sua alma pela eternidade como vampira... – o funcionamento de sua mente era completamente incompreensível para mim. Sua lógica era completamente distorcida – Se não tem coragem de se casar comigo, então...

Ela não me deixou terminar, adivinhando onde eu queria chegar.

- Bom... E se eu aceitasse? E se lhe dissesse para me levar para Las Vegas agora? Eu seria uma vampira em três dias?

Um largo sorriso se espalhou por meu rosto. Sabia que ela poderia estar blefando, mas... sua rápida – quase - aceitação me encheu de esperança.

Eu realmente queria aquilo. Mais do que qualquer coisa no momento.

- Claro. Vou pegar o carro.

Antes que eu pudesse me mexer ela deu para trás.

- Mas que droga. Vou lhe dar dezoito meses.

Aquela parte do acordo não me interessava mais.

- Nada feito. Eu gosto dessa condição.

Meu bom humor me surpreendeu.

Ela fez careta.

- Ótimo. Vou pedir a Carlisle para fazer quando me formar.

- Se é isso que você quer mesmo.

Agora que eu sabia que não era...

- Você é impossível, um monstro.

Eu ri. Ela me considerava um monstro porque pedi sua mão e não porque eu era um vampiro.

- É por isso que não quer se casar comigo?

Eu teria que levar na esportiva, afinal eu joguei a proposta para cima dela em um dia que nosso mundo havia virado de cabeça para baixo e depois voltado ao lugar.

- Arhg!

- Por favor, Bella? – sussurrei para ela, agora mais sério.

Ela sacudiu a cabeça.

- Isso teria saído melhor se eu tivesse tempo para comprar as alianças? – perguntei. Talvez esse tenha sido o problema. Eu não estava preparado.

- Não! Nada de alianças. – ela gritou e Charlie despertou assustado.

- Agora você conseguiu. – disse a ela. Meu tempo aqui se esgotou muito rapidamente. Eu não estava preparado para deixá-la. Nem mesmo por algumas horas.

- Epa.

- Charlie está se levantando; é melhor eu ir.

Eu definitivamente não queria ir e a expressão no rosto de Bella me disse que eu não deveria.

Ela não estava preparada para se afastar também.

- Seria infantilidade minha me esconder em seu armário, então? – propus.

- Não. Fique. Por favor.

E foi isso que fiz.

De achar que ela estava morta, a pedir sua mão em casamento. Esses últimos dias havia chacoalhado meu mundo... pelo menos agora eu podia respirar, livre da dor de sua perda. E agora também podia contemplar uma nova e excitante questão... ter Bella como minha esposa.

De verdade, não apenas em minhas fantasias.

Havia muito que ser trabalhado nessa questão. Primeiro, não sabia que Bella era tão contrária a idéia de matrimônio. Se era apenas por temor ao que Renée poderia pensar, por medo de compromisso ou por outro motivo – o qual eu preferia não especular, porque conseguiria enlouquecer se assim o fizesse – eu não sabia. Teria que conversar com ela para melhor para entender. Segundo, tenho que encarar, não fiz o pedido da maneira correta, da maneira tradicional. Isso não ajudou. Bom... eu tinha tempo.

Charlie não demorou, ele não queria questioná-la demais com medo de sua reação. Estava tão aliviado por ela estar sã e salva que quase não estava mais chateado.

Mas Bella sabia como irritá-lo, mesmo sem ter a intenção.

Minha presença em sua vida seria motivo de desentendimento entre os dois. Aquilo me entristeceu. Mas ela falou com tanta certeza que eu sempre estaria com ela... que Charlie não duvidou.

Já estava sentado em sua cadeira de balanço quando ele deixou seu quarto – bufando.

- Desculpe por isso – ela disse se levantando.

- Acho que mereço coisa pior. Não comece uma briga com Charlie por minha causa, por favor. – pedi. Ele já me odiava o suficiente.

- Não se preocupe. Vou começar exatamente o que for necessário e não mais do que isso. Ou está tentando me dizer que não tenho para onde ir? – ela me questionou fazendo falso alarde.

- Você se mudaria para uma casa cheia de vampiros?

Cogitei dizer a ela que isso seria mais fácil – aos olhos de Charlie – se estivéssemos casados... mas decidi manter minha boca fechada.

- Deve ser o lugar mais seguro para alguém como eu. Além disso... – ela sorriu largamente – Se Charlie me expulsar, então não há necessidade do prazo da formatura, não é?

Seria impossível fazê-la mudar de idéia.

- Tão ansiosa pela danação eterna.

- Sabe que não acredita mesmo nisso. – ela disse despertando minha fúria.

Bella era boa nisso não apenas com Charlie.

O que ela sabia sobre minhas crenças, além do que havia explicado a ela? De onde ela tirava essas coisas?

- Ah, não acredito?

- Não, não acredita. – ela insistiu.

Antes que pudesse pela qüinquagésima vez explicar meu ponto de vista ela me interrompeu. Sua expressão e voz confiante.

- Se acreditasse de verdade que perdeu sua alma, então, quando eu o encontrei em Volterra, você teria percebido imediatamente o que estava acontecendo, em vez de pensar que estávamos mortos juntos. Mas não pensou assim... você disse “Incrível. Carlisle estava certo”. Há esperanças para você, afinal.

Bella era uma mulher astuta. Rápida ao perceber as coisas. Mas ela não estava completamente certa. O que eu deveria ter pensado? Passei meses enterrado em completa desolação e dor e de repente ela estava ali, mesmo depois de confirmar sua morte, do outro lado do mundo, em meus braços, no momento em que esperava pela liberação que a morte me proporcionaria – ou não.

Sim, naquele curto momento acreditei que estava morto... e com ela. Mas agora podia pensar com mais clareza e ainda não estava certo sobre minha alma.

Uma coisa havia mudado. Passei a considerar a possibilidade de que ela estivesse certa, mas não arriscaria sua alma em algo tão duvidoso, não quando não existia nenhuma forma de se ter certeza.

- Então vamos ambos ter esperanças, sim? – ela disse quando me viu sem palavras – Não que isso importe. Se você ficar, não preciso de paraíso.

Suas palavras estavam seladas com certeza. Era assim que eu via a vida. Com ela ao meu lado, eu não precisava de mais nada.

Minha vida era ela.

- Para sempre – jurei ao me aproximar e colocar minhas mãos em seu rosto.

Essa era a única certeza que eu tinha na vida. Que a amaria para sempre. Todo o restante era duvidoso e mutável.

- É só o que estou lhe pedindo – e em um gesto familiar, ela tocou os lábios nos meus, selando nossa promessa.

A vida passou a ter significado outra vez.

Foi necessário cometer o erro para entender que nada podia nos separar. Pode soar como uma frase brega de um livro de romance, mas era a mais pura verdade.

A rotina foi restabelecida. Nosso retorno para Forks High School não foi exatamente comemorado. Ou devo dizer, meu retorno. Minha antiga irritação com Mike Newton voltou a fazer parte do presente. Mas eu estava satisfeito e mais feliz do que um dia já fui.

Eu era um homem completo.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim de mais uma FIC...
Não sei porque fico triste quando isso acontece... bom, espero que tenham gostado da minha versão da história, EU gostei muito de escrevê-la, apesar de as vezes ser um pouco tenso, mas isso é culpa do Edward... rs.

Agradeço a todos que comentaram e aqueles que não o fizeram também.

VALEU!!! De coração.

Vou aproveitar para falar um pouquinho de meu próximo projeto.
Muitos já sabem que pretendo escrever a continuidade de minha FIC Pós BD, na realidade já comecei o capítulo 01 e espero conseguir terminá-lo em breve. Só peço que vocês tenham um pouquinho mais de paciência, pois o tempo que tenho para escrever é pequeno.

Era só isso que queria dizer... por enquanto.

Beijos e COMENTEM não sejam tímidas...