If It Was Diferent... escrita por bellafurtado


Capítulo 8
A troca de caráter e a invasão ao castelo de Miraz




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Haviam se passado uma semana desde o dia em que os Pevensie descobriram que isto aqui era a mesa de pedra de Aslam ou sei lá como chamam esse lugar. Eu havia me aproximado muita de duas centauras: Maçaria e Anélie. Anélie era a loira que me entregara a cesta para colher frutas. Maçaria era a mãe do pequeno centauro que sempre deixava a espada baixa.

Eu estava me dirigindo ao local em que havia dormido para poder me deitar quando vi um fauno correndo desesperado. Ele gritava:

-Altezas e majestades! Altezas e majestades!

Corri atrás dele e logo os outros Pevensie e Caspian já estavam no salão também. Os narnianos não demoraram a chegar ali. O fauno respirou fundo, raspou a garganta e relatou:

-Um soldado humano estava em nossas terras! Era de uma das tropas de Miraz, tenho certeza... mas o símbolo não se parecia com o dos telmarinos e sim com o...

-Com o de Tashbaan – murmurei completando a frase. Todos me encararam. - Miraz está reunindo todos os exércitos possíveis, não vêem? Até mesmo a cidade de Tashbaan está se unindo a ele! É só uma questão de tempo para que Miraz termine a ponte do Beruna e venha nos atacar...

Eu encarei Pedro e ele assentiu. Olhou todos em volta e desenvolveu o discurso:

-É só uma questão de tempo. As tropas e as máquinas de guerra de Miraz estão a caminho. Isso significa que não estão protegendo o castelo.

Caspian o olhava sem saber aonde aquele discurso iria chegar. E eu posso afirmar isso com toda a certeza, já que a minha expressão era daquele mesmo jeito. O que diabos tem o castelo com nossas táticas de proteção?

-O que sugere, Majestade? - Ripchip perguntou.

Caspian e Pedro deram um passo à frente. E os dois falaram ao mesmo tempo.

-Temos que estar prontos – foi o que Caspian disse.

-Começar a planejar... - foi o que Pedro disse.

Os dois se entreolharam. Mas o que me deixou mais cheia de raiva foi que Pedro lançou ao meu primo um belo olhar de superioridade, daqueles que nos fazem tremer nas bases. Só que ele fez aquilo com o MEU primo, e só eu podia falar daquele jeito com Caspian X. Caspian pareceu estar envergonhado e assentiu para Pedro continuar. Encarei-o com raiva; quanta força de vontade!

-Nossa única esperança é atacar antes que nos ataquem – Pedro continuou. Eu lancei o olhar de raiva para ele agora.

-Mas isso é loucura – Caspian interviu. - Ninguém jamais invadiu aquele castelo.

-Isso é verdade – confirmei tentando amolecer o coração do Pevensie mais velho.

-Sempre há uma primeira vez – Pedro disse abrindo os braços com um misto de irônia e arrogância; resumindo: ignorância.

-E teremos o fator surpresa – Trumpkin explicou.

-Não estão entendendo: não é tão simples quanto pensam! - falei. Pedro ia me interromper mas eu o fiz antes: - O que diabos está acontecendo com você, garoto?

-E temos vantagem aqui – Caspian disse, tentando também acobertar minha última pergunta ao Grande rei Pedro: o magníficamente arrogante.

-Se nos prepararmos bem, podemos detê-los indefinidamente – Susana disse nos apoiando. Caspian lhe lançou O olhar, totalmente derretido pela minha melhor amiga.

Pedro a olhava como se ela o tivesse traído.

-Lembre-se da promessa – murmurei para que só ele ouvisse.

Ele me encarou com o lábio inferior tremendo. Mas, como sempre, alguém tinha que interromper o nosso momento legal; e dessa vez foi o texugo Caça-Trufas.

-Eu sou um que fica mais à vontade debaixo da terra.

Pedro deu um passo à frente e disse:

-Eu agradeço pelo que fez aqui – ele olhava para Caspian numa expressão semelhante à de raiva. Ele passou a pronunciar as palavras pausadamente, tentando parecer ameaçador. Mas não conseguiu isso comigo.- Mas isso não é uma fortaleza: é um túmulo.

-Sim, e se forem espertos esperarão até morrermos de fome – Edmundo disse dando de ombros.

-Qual o problema de vocês homens? - perguntei indignada.

-Nós podíamos pegar nozes! - disse o esquilo, elétrico como sempre.

-Sim! E jogá-las nos telmarinos – disse Ripchip com sarcasmo. - Cala a boca! Acho que sabe a minha opinião, Alteza.

O centauro chefe parecia ressentido. Ele olhava em volta e eu podia perceber que ele não gostava da ideia de perder tantos soldados. Mesmo que fosse só uma probabilidade. E então Pedro olhou para ele e deu alguns passos em sua direção. Não peça isso a ele, Pedro, por favor, por favor...

-Se eu colocar suas tropas lá dentro, pode cuidar dos guardas? - Pedro perguntou.

Droga; ele perguntou. E agora eu já sabia a resposta.

-Ou morrer tentando, meu senhor – o centauro respondeu. Droga.

-É isso que me preocupa – ouvi a voz fina de Lucia dizendo.

-Como? - Pedro perguntou se virando para ela, seus olhos bem cerrados.

-Vocês estão agindo como se tivessem só duas opções – a pequena desenvolveu seu argumento de maneira linda e convincente. - Morrer aqui ou morrer lá.

-Não sei se estava ouvindo, Lu... - Pedro começou a falar, mas Lucia o interrompeu.

-Não, você não estava ouvindo. Ou esqueceu quem de fato derrotou a Feiticeira Branca, Pedro?

Pedro se sentiu ainda mais traído, posso ter certeza. Primeiro eu, agora suas duas irmãs.

-Acho que já esperamos bastante por Aslam – ele disse incisivo.

Ele se virou para trás e saiu andando. Corri atrás dele e agarrei seu braço.

-Mas qual é o seu problema?

-Trudy, não é só a minha honra que quero defender, se é isso que pensa. Eu só quero trazer a liberdade de volta a eles.

-Mas isso não parece ser suficiente, não é? Se fosse eu continuaria sendo a sua amiga londrina, a True. Mas agora eu sou só a sua humilde serva, não é? Agora eu sou a telmarina Trudy Willian para você? Então está bem.

Fui para o local aonde havia dormido e vi Maçaria lá.

-O que houve? - ela perguntou-me.

-Nem me pergunte – falei. - Será que tem algum trabalho braçal que eu possa fazer agora? Quero muito descontar minha raiva em alguma coisa.

Ela assentiu e foi me guiando até o local aonde trabalhavam.

-Tem certeza de que quer fazer isso? - perguntou-me Maçaria.

Assenti.

-Caspian está agitado com a situação, é a hora certa – respondi. - Tenho de retribuí-los de alguma forma.

-Não precisa, Alteza...

-Trudy – eu a corrigi. - E é claro que preciso! É uma questão de...

-Honra – completou uma voz masculina à minha frente. Olhei o corpo de Pedro ali. - Aonde pensa que vai?

-Eu vou ajudar os narnianos. Construir armas e coisas assim.

-Trudy, por favor...

-Pedro, eles fizeram tudo o que podiam por mim. Eu tenho de retribuí-los. Qual é o seu problema em me ter fazendo essas coisas? Não quer que eu tenha motivos para me igualar a você, ó Magnífico?

-Não, True, não quero que se canse.

-Pois pode acreditar que eu vou. Com licença.

Saí andando mas ele continuava atrás de mim.

-O que você quer? - perguntei indignada, parando de andar para encará-lo. Quase me desmanchei ao encarar as piscinas que eram seus olhos. Quase.

-Se você vai eu vou também.

-Ah, mas não vai mesmo.

Eu continuei andando e peguei um martelo para moldar uma espada sobre o fogo. Arranquei as mangas do vestido porque elas estavam me incomodando. Pedro deu uma risada e arregaçou as mangas até os ombros, revelando um par de braços musculosos. Mordi meu lábios inferior e comecei a bater o martelo na espada.

-Uau – ele disse batendo seu martelos em sua espada.

-O que? - perguntei sem parar de dar forma à espada.

-Você é muito forte para uma garota, True.

-Oh, meus parabéns senhor machista – disse batendo com força na espada, deixando-a moldada. Joguei aquela para longe e peguei outra. - Olha só, você não é aquele homem gentil que eu conheci em Londres.

-Eu não era um rei lá.

-Não é desculpa – falei num tom mais alto. Eu batia na espada com força, tentando deixá-la resistente. - Reis são humildes! - uma martelada. - Não são mesquinhos – outra. - nem egoístas – martelada. - nem machistas... - martelada de novo.

-Trudy...

-Não me interrompa! - gritei batendo o martelo com uma força que nem imaginei que tinha. Olhei para baixo e vi a espada quebrada. - Droga.

Ele deu um risada baixa. Ergui minha mão para bater nele mas ele a segurou.

-Você quer mesmo fazer isso? - perguntou aproximando seu rosto do meu. Eu sentia sua respiração.

-Sim – murmurei fraca.

-Não foi convincente o bastante – ele disse se aproximando e tocando seus lábios nos meus, roçando-os levemente um no outro.

-Majestade... - um fauno disse. Ao perceber que ele estava nos olhando, dei um soco na barriga de Pedro e o soltei. - Por Aslam, me perdoem!

-Sem problemas – falei erguendo a mão direita. - Prossiga, Pedro estava mesmo para parar com aquela palhaçada.

O fauno assentiu.

-Os grifos já estão prontos. Todos o aguardamos para tramar a estratégia.

Pedro assentiu com as bochechas vermelhas e nós fomos andando para a sala onde ficava a Mesa de Pedra. Eu, é claro, tentava esconder a imensa felicidade que estava sentindo. Pedro Pevensie me beijou!

 

:::::::::::::::::::::::::::::::::::

 

Estávamos decolando, cada um em seu respectivo grifo. Seria uma sensação imensamente relaxante – se não estivéssemos prestes a atacar o castelo mais bem defendido de todo esse mundo.

Edmundo estava bem à frente, já que nos daria o sinal. Nossos grifos então voavam suavemente, num ritmo lento e suave. Pedro estava com uma expressão focada. Eu não conseguia esquecê-lo mas... esse não era de fato ele. Não podia ser. Ele virou seu rosto para o meu por um instante e ambos coramos. Virei minha cabeça para o lado oposto ao dele e senti uma lágrima miúda escapar por entre meus olhos. Já mencionei que odeio chorar?

E então vimos a luz da lanterna de Edmundo piscar algumas vezes. Os grifos passaram a voar com mais velocidade, indo muito rápido até o castelo. O vento bagunçava meus cabelos compridos, que estavam agora presos numa trança de raiz – não posso atrapalhar minhas batalhas por culpa de coisas banais como cabelos.

Ao chegar perto da parte sólida do castelo, o grifo de Caspian mergulhou, sendo seguido pelo de Pedro, pelo meu e por fim pelo de Susana. Caspian cortou o pescoço do guarda da torre mais próxima. Já estávamos quase tocando o chão do último andar do castelo quando vimos ali um soldado apontando seu arco para a torre aonde Edmundo estava.

-Eu – Susana apontou para si mesma e depois mirou sua flecha no soldado, atirando logo depois. Ele caiu no chão.

Pedro pousou no chão e chocou sua espada contra a do outro soldado. Senti meu coração se apertar ao sentir o medo de perdê-lo ali... mesmo sabendo o quão bom ele era com a espada. Pedro atacava, mas os soldado sempre colocava a espada na sua frente para defender-se. Por fim, Pedro jogou a espada de seu inimigo longe, e cravou a sua em seu peito. Nossos grifos pousaram ali e nós saímos correndo pelo piso de pedra.

-Temos de ir à biblioteca – Caspian disse. - Sei como entrar por ali, será mais fácil.

Assentimos e corremos pelo piso – ou telhado, não sei como descrever aquela camada de pedra – até chegarmos a uma beirada.

-É aqui – ele disse.

-E como vamos descer? - Pedro perguntou.

Bufei e rolei os olhos, tirando do meu porta-flechas uma grande corda, a mesma que usei na minha fuga daquele castelo.

-Estou sempre preparada – eu disse entregando a enorme corda ao Caspian.

-Como conseguiu isso? - Pedro começou.

-Tenho um lençol, se preferir – eu disse dando de ombros, carregando minha voz com uma ironia pesada. Pedro pareceu tremer nas bases.

-Eu vou primeiro – Casp disse.

Pedro fez menção de segurar a corda, mas eu a arranquei das mãos de Caspian antes.

-Vá logo – eu disse sem me preocupar com a educação. Ele segurou uma ponta da corda e eu joguei a outra para trás, segurando no comprimento da corda. - Está esperando o que, Pevensie? - perguntei num sussurro. - Agarre logo essa ponta e me ajude a segurar.

Ele se postou atrás de mim e segurou a ponta que eu lhe entregara.

-Su, tente fazer algo em que possamos pendurar a corda... tente usar uma de suas flechas, talvez.

Ela assentiu e foi até o outro canto.

-Pode parar com isso? - Pedro perguntou num sussurro.

-Parar com isso o quê? - perguntei estressada. - Agora a arrogância te parece uma coisa ruim, Pevensie?

-True, por favor...

-É princesa Willians para você. Arrogância se paga com arrogância.

Susana se aproximava, o que me fez achar que ela havia terminado o suporte para a corda. Ouvi Caspian tocando o chão e desci pela corda rapida e agilmente.

-True – Pedro disse, mas eu já havia descido. O único inconveniente era que ele era o próximo a descer. Caspian bateu no vidro da janela da biblioteca do professor Cornellius.

-Professor? - ele chamou. Não houve resposta. Pedro já estava quase ali.

-Abra essa porcaria com a espada, Caspian – reclamei.

Ele arrombou a tranca da janela com sua espada e a abriu. Pedro pisou no parapeito da janela e eu entrei com Caspian.

-Onde ele está? - perguntei num sussurro.

Caspian não respondeu, só olhou em volta. Pedro ajudava Susana a descer e logo os dois estavam ali dentro também. Caspian segurava um óculos em suas mãos: o do professor Cornellius. Senti meu corpo tremer.

-Eu preciso encontrá-lo – Caspian nos disse com a voz embargada.

-Você não tem tempo – Pedro disse. - Precisa abrir o portão.

Trumpkin já estava ali também, nos encarando sem dizer nada.

-Você nem estaria aqui sem ele – eu disse com as mãos em punho. (N/A: no filme, essa fala é do Caspian). - E nem nós.

Pedro olhou para Susana, pedindo uma segunda opinião. Ela engoliu em seco e respondeu num tom baixo:

-Nós podemos cuidar de Miraz.

-E eu ainda consigo chegar no portão a tempo – Caspian nos garantiu.

Ele olhou para Susana. E depois Caspian saiu pelo portão e segui à direita, enquanto Trumpkin seguia à esquerda. Olhei Pedro e Susana.

-Aonde vamos agora? - perguntei.

-Temos de ir até Miraz – Pedro afirmou. Assenti. Susana partiu na frente. - Por favor, não me ignore mais. Eu não consigo agüentar isso.

Ele deu um sorriso torto que não pude deixar de retribuir e nós saímos correndo.

-Deixe-me ir na frente – falei a eles – Eu morei nesse castelo por um bom tempo e sei muito bem onde ficam todos os lugares por aqui.

-True, é arriscado.

-Pedro, essa missão é arriscada. Um a mais ou um a menos não fará diferença.

Ele agarrou meu braço com força.

-Não se esse um for você – Pedro murmurou com os olhos fechados. Lancei um olhar à Susana.

-Pedro, deixe-a ir – ela disse.

Me soltei do braço dele e depositei um beijo na sua bochecha. Corri pelos túneis rumo ao quarto de Miraz. Eu podia ouvir os passos de Pedro e Susana atrás de mime decidi apressar o passo. Pus a mão na espada que estava na bainha, preparada para usá-la quando fosse preciso.

-Esse é o quarto dele – disse parando na frente da porta majestosa do quarto de Miraz. Mas, quando íamos abrí-la, ouvimos vozes lá dentro. E uma delas era de Caspian.

-Abaixe a espada, Caspian – ouvi Prunaprismia repreendê-lo lentamente. Aparentemente, Caspian não esboçou reação. Abri uma fresta da porta e vi que ela lhe apontava um arco e flecha.

Apontei o meu e Susana pareceu entender, passando o recado ao Pedro. Preparei meu arco e flecha e Susana preparou o dela.

-Eu não quero fazer isso – Prunaprismia disse.

Uma pena ela estar do lado de Miraz... sempre gostei tanto dela. Chutei a porta e nós entramos.

-Também não queremos que você faça – Susana disse incisiva.

Prunaprismia virava seu arco para nós e depois voltava-o para Casp.

-Este costumava ser um quarto privativo – Miraz disse com as mãos na cintura.

-Nós já sabemos de onde vêm os bebês, está bem? - retruquei.

-O que você está fazendo? - Pedro perguntou ao Caspian com a espada em punho. - Devia estar no portão!

-Não! Caspian exclamou, pressionando sua espada ainda mais contra o pescoço de Miraz, O sangue escorria por ali. - Essa noite, por uma única vez, eu quero a verdade. Você matou meu pai?

-Agora chegamos ao ponto – Miraz disse com sarcasmo.

-Ora, seu verme – gritei desembainhando minha espada e apontando para ele. Senti um par de mãos me prender firmemente no lugar, segurando minha cintura: Pedro. - Me largue – pedi chorando.

-True, isso é algo pessoal. Algo que Caspian tem que fazer sozinho.

Assenti. Susana, ainda apontando o arco para a minha tia, olhou para Caspian e lhe disse:

-Caspian, isso não vai melhorar as coisas.

-Nós, telmarinos, não teríamos nada se não tivéssemos tirado – Miraz disse. Apertei minha mão ainda mais contra o cabo da espada, deixando toda a minha raiva fluir. A mão de Pedro apertou-me ainda mais forte no lugar.

-Já entendi – sussurrei.

-Seu pai sabia disso tanto quanto qualquer pessoa – Miraz concluiu.

-Como pôde? - Prunaprismia perguntou baixando o arco por um instante.

-Pela mesma razão que você vai apertar esse gatilho. Por seu filho.

Caspian se moveu e Prunaprismia ergueu seu arco novamente, gritando:

-Pare!

Puxei a flecha do meu arco pronta para soltá-la e gritei:

-Fique aí!

-Precisa escolher, querida – Miraz continuou com a pressão emocional. - Quer que nosso filho seja rei? Ou quer que ele fique como Caspian? Sem pai!

-Não! - minha tia gritou apertando o gatilho. Eu e Susana soltamos nossas flechas, atingindo respectivamente seu braço e sua perna.

-Caspian! - Pedro gritou.

O braço de Caspian foi atingido e sua espada caiu no chão. Miraz saiu pela porta dos fundos do quarto e saiu dali. Prunaprismia gritava. Fui até ela e retirei as flechas de seu corpo.

-Espero que perceba quem realmente é o vilão da história – eu disse para ela.

Ouvimos o alarme tocar.

-Miraz soou o alarme! - gritei. - Os soldados estão saindo!

-Vamos abrir o portão! - Pedro disse.

Corremos, mais do que nossas pernas aguentavam, tentando achar o caminho mais curto para o portão.

-Pedro! - Susana chamou-o parando numa parte do caminho, olhando com pena para Caspian.

-As tropas chegaram. Venham!

Os soldados já estavam ali. O vestido só me atrapalhava a correr. Peguei minha espada e cortei-o na canela, facilitando minha corrida. Os soldados já estavam ali.

-Agora Ed! - Pedro gritou. - Sinalize as tropas!

-Estou meio ocupado, Pedro! - Edmundo retrucou, lutando com um soldado numa torre mais elevada.

Pedro lutava com 4 soldados ao mesmo tempo. Corri até lá e desembainhei a espada, me jogando na frente dele e colocando minha espada junto à do inimigo. Bati nela com força e dei uma cabeçada no soldado, logo depois enrosquei minha espada na do outro soldado e joguei-a para longe. Cortei o pulso de um, virei-me com habilidade e pulei quando o outro ia me dar uma rasteira. Chutei-lhe no meio das pernas e cortei seu pescoço.

-Muito bem – Pedro disse cortando o pescoço do último de seus dois soldados.

Pedro correu para o portão, começando a abrí-lo com força. Corri até lá e perguntei:

-Está doido? Os soldados já estão aqui!

-Pedro! - Susana gritou correndo até ali com Caspian em seus calcanhares. - É tarde demais! Temos que recuar enquanto podemos.

-Não, eu ainda posso fazer isso – ele garantiu.

-Pedro, por favor – eu disse com lágrimas nos olhos. - Por favor, não faça isso. Sua honra não vale arriscar à morte um batalhão de soldados e a sua irmã.

-Não é a minha honra – ele disse. Pude sentir que em parte era mentira. - Temos de libertá-los.

Mais soldados se aproximavam.

-Eu não quero que ninguém aqui se arrisque.

-E isso me inclui, Trudy? - ele cuspiu as palavras.

-Sim! - gritei, sentindo muitas lágrimas escorrerem. - Porque eu não posso te perder. Eu preciso de você e eu não vou conseguir viver sem você!

Ele me encarou, suas piscinas azuis me encarando com intensidade.

-Não posso me preocupar com a minha morte quando tenho o fardo de salvá-los. Ajudem-me!

Balancei a cabeça negativamente e fui para o portão, ajudando-o a rodar a engrenagem. Caspian e Susana logo estavam ali e a engrenagem estava se movendo rápido.

-Por quem exatamente está fazendo isso, Pedro? - Susana perguntou com uma raiva que eu jamais havia visto nela. Eu girava a engrenagem com força, uma força que ninguém acreditaria pertencer a uma... menina.

Ele encarou-a com aquela cara de tristeza e nada respondeu. Os soldados se aproximavam em grande número.

-Estamos sendo atacados! - eles gritavam.

-Sup, atire! - gritei pondo ainda mais força na engrenagem.

Ela continuou girando a engrenagem.

-Atire, Sup! Ande, eu sou mais forte que você e você tem a mira melhor!

Ela não sabia o que fazer. Porque aquele não era o plano de Pedro.

-Susana, atire a merda da flecha nesses soldados idiotas! - gritei com raiva, sentindo minha garganta arder.

Ela soltou a engrenagem e passou a atirar em tantos soldados quanto conseguia. O portão estava aberto e todos os soldados narnianos ali presentes entraram.

Soltamos a engrenagem e nos posicionamos. Pedro ergueu sua espada e gritou:

-Por Nárnia!

E então o enorme conflito começou. Espadas se chocavam, criaturas míticas e telmarinos travavam uma grande batalha.

Corri em meio aos soldados. Eu matava tantos quanto eram possíveis. Haviam 6 vindo contra mim. Desembainhei a outra espada que havia roubado das tropas de Miraz e comecei a lutar usando as duas. Enquanto me defendia de 3 soldados com uma, chocando-a com suas espadas e fazendo alguns cortes, atacava os outros 3 soldados com a outra, sem me esquecer de cortá-lo o máximo que podia.

E então, tive uma ideia. Ia ser agora que os 5 anos de aula de ballet compensariam. Estendi as duas espadas e dei um giro, como uma pirueta, e consegui cortar o pescoço de dois deles e o pulso de um.

Enrosquei minha espada direita na de um dos vivos e girei-a. Ele a girava comigo, o que fazia com que eu não conseguisse jogá-la para longe. Cravei a espada esquerda em outro soldado. Comecei a colocar minha espada na frente de todos os ataques do terceiro soldado. Só restaram ele e o da espada giratória. Chutei o nariz do soldado que girava a espada comigo e cravei a espada na sua barriga. E então, pude enfim usar minhas duas espadas num homem só, que tentou me atacar inutilmente. Eu defendia todos os seus golpes com a espada esquerda. E então dei-lhe uma cabeçada e joguei sua espada para longe, cortando seu pescoço logo depois.

E então, alguém se encostou nas minhas costas e ouvi um baque metálico. Me virei e vi Pedro Segurando com sua espada um golpe que seria em mim. Cravei minha espada na barriga do soldado e chutei-o para longe.

-Obrigada – eu disse depositando um beijo na testa de Pedro.

Pedro correu para atacar outros soldados, um sorriso iluminando seu rosto. Corri para atacar outros soldados e vi o arqueiros se pondo em fila no topo do castelo. Comecei a atacar os soldados vindos na minha direção. Ouvi uma flecha sendo disparada na minha direção e me desviei no exato momento em que ela tocaria minha cabeça. Coloquei minha espada esquerda na bainha e agarrei meu arco e flecha, e atirei no arqueiro que havia atirado em mim.

-Trudy! - Pedro gritou correndo na minha direção. Encarei um dos arqueiros e logo senti uma flecha passando de raspão na minha perna. E depois, Edmundo derrubou um arqueiro que mirava em mim, o que atirara de raspão na minha perna.

-Ed! - Pedro gritou. Agora todos os arqueiros olhavam para o Ed. Edmundo correu e os soldados não o acertaram.

Procurei pelos olhos mais lindos do mundo, mas vi Pedro correndo para a varanda de Miraz.

-Pedro!!! Saia daí agora!

Um minotauro caiu depois que Miraz o empurrou lá de cima.

-Pedro! - gritei esganiçada sentindo minha garganta arder.

Ele olhou para o portão e eu segui seu olhar. Ele estava se fechando. Mas um minotauro entrou debaixo do portão e segurou-o.

-Recuar! - Pedro gritou. Ele passou a descer a escada – Precisamos recuar, agora!

Eu estava ao lado de Susana, atirando flechas em todos os soldados que conseguia ver.

-Tire-nas daqui! - Pedro gritou para o centauro, apontando eu e Susana com a espada.

Ele cavalgou até lá e deu sua mão direita à Susana e a esquerda a mim. Susana agarrou a mão e deu um salto sobre o corpo de cavalo do centauro. Eu me esquivei de sua mão e corri até Pedro.

-Trudy Willians, vá embora agora! - ele gritou.

-Não vou sair daqui sem você – retruquei cravando minha espada no braço de um soldado.

-Para o portão! - Pedro gritava. - Vão!

-Caspian! - Susana gritou preocupada de cima do centauro que cavalgava rápido.

-Eu vou achá-lo! - Pedro gritou. - Vão! Saiam! Vão! Saiam! Recuem!

O minotauro estava cedendo e os narnianos corriam para o portão. Todos os soldados que vinham na minha direção, Pedro entrava na minha frente e lutava com eles. E então Caspian saiu pelas portas de madeira montado em Destro, trazendo Cornellius sobre outro cavalo e um cavalo de sobra.

Pedro agarrou minha mão e saímos correndo atrás do cavalo, para subirmos nele. Pedro se pendurou na cela do cavalo e chutou um homem, subindo no cavalo logo depois. Ele estendeu sua mão para trás, numa tentativa de agarrar a minha. Corri ainda mais rápido. Já podia sentir seus dedos nos meus quando uma flecha perfurou minha perna. Urrei de dor.

-Trudy!!! - Pedro gritou.

-Vá sem mim – gemi andando a passos lerdos, numa vã tentativa de voltar a correr.

-True! - seus olhos cristalinos estavam molhados por lágrimas. E então senti um par de mãos me empurrando com força, me fazendo voar de encontro à mão de Pedro. Ele a agarrou e me puxou para cima do cavalo.

Nós cavalgávamos rápido e eu apertava o corpo de Pedro contra o meu, soluçando com a cabeça enterrada nas suas costas. Só consegui ver Miraz dando flechadas contínuas no minotauro, nosso cavalo passando pelo portão e o mesmo se fechando sobre o minotauro logo depois. Todos já haviam atravessado a ponte, menos eu e Pedro.

Ele olhou para trás e eu olhei também. Tudo o que vimos foi os nossos soldados fiéis morrendo. Para salvar ao seu povo e para salvar as Majestades e Altezas. Dei um enorme soluço e vi os olhos maravilhosos de Pedro cheios de lágrimas.

-Pedro, a ponte! - alguém gritou.

-Salvem suas vidas! - os seres morrendo gritavam.

-Desculpem – murmurei.

Pedro puxou as rédeas do cavalo e o mesmo saltou sobre a ponte entreaberta, indo para o outro lado. Eu enterrei minha cabeça nas suas costas e comecei a chorar de novo. O grifo de Edmundo vinha logo atrás de nós. Pedro olhou-o e assentiu.

-Está tudo bem – ele murmurou para mim, sua voz embragada. - Eles morreram em nome de Aslam... não é certo que morram, mas pelo menos se foram felizes.

Eu o apertei ainda mais.

-Se você se machucasse eu nunca ia me perdoar – murmurei agonizada pela dor que o sobe e desce do cavalo causava em minha perna ferida. Gemi.

-Por Aslam, você está ferida! - ele exclamou.

-Continue... cavalgando – murmurei apertando os olhos com a dor. E então eu dormi, abraçada a Pedro Pevensie.

 

 

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N/A: Capítulo grandão, né gente? Gostaram? Digam nos reviews, por favor! E aliás, quero recomendações gente! Poxa vida, tanta gente gostando e só duas recomendações? :// Deixa a desejar, não acham? Enfim, espero que tenham gostado.

 

 

A capa foi feita pela minha prima e leitora, a camilamerizi. Valeu, Mila!!!

 

PRÓXIMO CAPÍTULO

Nome do capítulo: A Feiticeira Branca e a discussão dos apaixonados

Spoiler: Pois é, Pedro não se decide: hora é meigo, hora é amargo... mas a tensão se intensifica durante o ocorrido com a Feiticeira Branca. Ou seja: Capas com a True, o Pedro e a feiticeira branca.

 

beeijos:*

bellafurtado (:


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