If It Was Diferent... escrita por bellafurtado


Capítulo 3
A decepção da princesa e a volta ao reino


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo! Não se esqueçam de deixar reviews e, se estiverem gostando, recomendem.

beeijos:*
bellafurtado



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                Preciso comentar a bronca que levei de John e Janine? Quando pus os pés em casa, eles passaram a disparar perguntas como:

                -Onde você estava?

                -Por que não nos avisou?

                -Por que passou DOIS dias fora?

                -Somos seus pais, esqueceu, mocinha?

                Olhei para eles cética. Está certo, eram mesmo como meus pais. Não são precisos laços sangüíneos para se ser pai. É pai aquele que dá muito amor, e aquele que me cria. Depois de saber o quanto Laiane e Joshua me amavam, eu sentia como se tivesse dois pais e duas mães; mesmo que os dois telmarinos estivessem já mortos.

                -Desculpem – eu pedi sinceramente. Bem, sinceramente quanto a essa parte. Agora eu precisaria mentir. – Precisava de um tempo para pensar, sem ninguém: sem Susana, sem vocês, sem Pedro, Lucia, Edmundo, Teresa, Melanie, professor Kirke ou qualquer outro. Porque eu descobri uma coisa e me senti muito triste por não ter sabido antes.

                Pude sentir o assombro tomando conta dos meus pais. Agora era a hora.

                -Por que não contaram que eu era adotada? – perguntei. – Quero dizer, eu vou continuar amando vocês do mesmo jeito mas... teria sido bom saber antes. Vocês continuam sendo meus pais, de coração.

                Janine e John pareciam emocionados. Mas também não conseguiam falar nada. Então, com a falta das palavras, puxaram-me para um abraço forte. Eu me sentia um tanto emocionada, mas não tanto quanto eles.

                -Acho bom eu ir logo para o meu quarto – disse. – Tenho que arrumar minhas malas para o internato.

                -Não, já fiz isso para você, querida – Janine disse enxugando as lágrimas de seus olhos azuis. – Vou sentir sua falta durante as aulas... queria que aqui tivessem escolas não internas, como lá na América.

                -Não seja melosa, mãe – eu disse apertando as bochechas dela. – São só mais 5 meses e eu volto por mais um mês. Não precisa se preocupar com a sua bebê, ela vai estar bem cuidada. Além disso, eu nunca conseguiria fazer algo errado com a super responsável Susana Pevensie ao meu lado – eu ri.

                -E não se esqueça da Lucia – meu pai disse. – Você tem que servir de exemplo para ela.

                Rolei os olhos.

                -Lucia pode ter apenas 9 anos, papai; mas ela não precisa de exemplos. Já tem opiniões bem-formadas. Acho que é isso que se acontece quando se mora com um professor...

                Papai me abraçou e ordenou:

                -Vá dormir, Trudie. Amanhã você terá que acordar cedo para pegar a carruagem do Professor Kirke e ir para a estação de trem.

                Assenti e fui para o meu quarto no andar de cima, deitando-me na minha cama. A sensação de deitar era deliciosa desde que fui acordada pelo professor Cornellius (enfim lembrei o nome do velhote!) para salvar Caspian. Logo adormeci.

                                                               ~~~~***~~~~

                -Trudy Willians, acorde agora! – ouvi a voz de Janine berrando.

                -Mais cinco minutos – pedi, numa imitação perfeita de Caspian no dia anterior.

                -Nem mais, nem menos; mocinha. Trate de acordar agora, daqui a 10 minutos o Professor vai passar para te pegar.

                Levantei com raiva e fui na direção da cômoda batendo os pés. Poxa vida, era pedir demais dormir até tarde depois de matar SEIS HOMENS? Bem, não seria, se eu pudesse falar que eu havia matado seis homens. Mas, esse não é o caso, infelizmente.

                Peguei o único uniforme que não estava nas malas e vesti. Uma saia acinzentada, uma camisa de botões branca, uma paletó vermelho com o brasão da escola no lado esquerdo do peito, um par de meias brancas que chegavam à altura dos joelhos e um par de sapatos Mary Jane pretos. Depois de pronta, prendi meus cabelos em uma trança de raiz e comi uma banana.

                -Trudy, o professor chegou! – meu pai gritou lá do lado de fora.

                -Já estou indo! – respondi ao pegar minhas malas.

                Saí correndo de dentro de casa. Pedro desceu do carro para me ajudar a pôr as malas ali dentro e sorriu para mim, fazendo meu coração bater descompassado. Ele ficava tão incrivelmente lindo e sensual com aquele uniforme azul... Balancei minha cabeça para afastar aqueles pensamentos.

                -Vou sentir sua falta, filha – Janine disse me abraçando com força. – Sempre responda às minhas cartas, entendeu mocinha?

                -Tudo bem, mamãe. Temos que ir agora.

                Ela sorriu e eu abracei meu pai com força.

                -Vou sentir saudades, minha princesa.

                Eu sorri para ele e assenti. Subi no carro e dei um breve olá para todos.

                -Como está indo a vida por lá, senhorita Willians? – perguntou o professor Kirke.

                Franzi o cenho e uni minhas sobrancelhas em dúvida. O que diabos ele quis dizer com “lá”? Eu só vivo na minha casa. Ou é isso que os outros pensam.

                -Bem – respondi ainda em dúvida. – eu acho.

                Ele sorriu.

                -Você nunca mais apareceu  na nossa casa, criança...

                -Peço desculpas, professor. Mas ultimamente eu ando muito ocupada com meus pais e os afazeres domésticos – falei usando as palavras mais bonitas e corretas que eu conhecia.

                Uma coisa me perturbava imensamente: o fato de ao invés de eu morrer, eu voltei para casa. Isso era imensamente confuso, mas o que eu iria fazer? Ficar com raiva por estar viva? Não mesmo.

                Pedro percebeu que algo me incomodava e pousou sua mão sobre a minha, sorrindo. Senti um formigamento estranho ali. Era uma sensação boa, um calorzinho gostoso que brotava em minha mão e ia se espalhando pelo meu corpo. Sorri para ele também.

                Quando o carro parou, os Pevensie se despediram do professor Kirke e, depois de pegarmos nossas malas, seguimos para a estação de trem. Susana parou em frente à banca de jornais.

                -Podem ir entrando, vou estar dando uma olhada nas manchetes enquanto não chega a hora de pegar o trem.

                Assentimos e eu dei um soquinho no ombro de Susana:

                -Vê se não se esquece do mundo real quando sair do mundo dos livros, Sup.

                Ela rolou os olhos sorrindo e se voltou para os jornais. Eu a chamava de Sup só por seu apelido ser Su. Mas, eu queria ter um apelido para chamá-la SÓ MEU. Então eu juntei o Su com o P de Pevensie e ficou Sup. Entramos na estação e eu avistei de longe a garota de pele olivácea.

                Corri até ela e a abracei.

                -Mel! – exclamei alegre por revê-la depois de tanto tempo.

                -Trudie!!! Eu estava com saudades de você!

                E nós começamos a conversar amenidades. O cenário era o mesmo do dia em que eu conheci Pedro: Susana estava acompanhada de seus jornais, Lucia implorava a Edmundo que brincasse com ela e Pedro conversava com seus amigos. Ele olha para mim e sorri, se virando para sair.

                -True, você não tem idéia do que aconteceu com a minha tia em quinto grau por parte de avô paterno – Melanie disse boquiaberta.

                -O que di...

                Antes que eu pudesse concluir minha frase, Lucia apareceu ofegante ao meu lado.

                -O que houve, Lu? – perguntei.

                -Pedro – ela respondeu. Agarrou minha mão e saiu correndo até o hall da estação, onde Pedro estava se atracando com outros garotos; uma briga.

                -Chame Susana – falei. Quando me virei, Susana já vinha correndo com Lucia.

                Desci as escadas e fui até o lugar em que Pedro estava.

                -Venha comigo AGORA.

                Um dos garotos se aproximou de mim tentando me tirar do caminho para bater em Pedro. Olhei para o garoto com raiva, beijei meu anel com o símbolo real de Telmar e dei um belo sovo na cara dele, do tipo que quebra os dentes. A essa altura, havia uma multidão ao nosso redor.

                -Você sabe a minha opinião sobre brigas, Pedro – eu disse acusadoramente. – Então por favor, saia daqui enquanto é tempo.

                Eu estava preocupada com o que aquele tanto de gente poderia fazer contra ele. Ele olhou para a minha mão e disse:

                -Não preciso de garotas para me defenderem.

                -Pensei que você fosse diferente – murmurei tentando conter as lágrimas. Ele se derreteu com isso e murmurou:

                -Desculpe, True...

                Balancei a cabeça em negativo com os olhos fechados.

                -Por favor...

                Abri meus olhos e encarei aquelas piscinas azuis encantadoras que eram seus olhos. Outro garoto foi para cima de Pedro, mas eu não soltava seu pulso.

                -Venha comigo, por favor – pedi.

                Ele encarou o garoto e depois a minha mãe em seu pulso. E então livrou-se da minha mão violentamente, fazendo com que eu caísse no chão. Fui tomada pela raiva e fiquei encarando-o.

                -Desculpe – ele pediu vindo me ajudar a levantar. Me arrastei para trás, me levantei e me virei para sair correndo. – Trudy, por favor, me perdoe!

                Eu já estava na estação quando tropecei em alguma coisa, e tudo aconteceu muito rápido: eu comecei a cair, ouvi Melanie gritando um “não” um tanto sonoro, e quando ia tocar os trilhos com a minha cabeça, percebi que eu estava deitada numa porção de grama.

                Eu havia voltado ao lugar em que eu era a Princesa Trudy.


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