If It Was Diferent... escrita por bellafurtado


Capítulo 11
O duelo de Pedro - parte I


Notas iniciais do capítulo

Hoje não vai ter capa gente, foi mal :/
comentem!

beeijos:*
bellafurtado (:



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Capítulo 11: O duelo de Pedro – parte I

Não tinha jeito. Pedro já tinha aceitado a proposta e não havia mais nada que se pudesse fazer. Exceto ajudar, é claro. Edmundo leu para mim a carta, já que eu tinha muita especialidade quanto a questões relacionadas a esse tema – a maioria das minhas aulas giravam em torno de inglês e comunicação.

-Não, não, não – repreendi. - Troque o começo.

-Como? - perguntou Caspian.

-Não pode começar dizendo “o Grande Rei Pedro, manda-lhe este comunicado para...”. Não. É banal e não causa nenhum respeito. Principalmente porque Pedro tem 17.

-Faço 18 daqui a uma semana – ele se defendeu.

-Mas ainda assim tem 17 – falei. - Olhem, quando se fala com outros reis, deve-se esbanjar ao máximo sua autoridade, para que o mesmo lhe dê a confiança merecida. Temo de começar assim: “Eu, Pedro, pela graça de Aslam, por eleição e por conquista Grande Rei de Nárnia, Senhor de Cair Paravel e Imperador das Ilhas Solitárias”.

-Nossa – Cronellius falou. - Devem admitir que a maneira como a princesa o colocou deu-lhe muito mais importância.

Abri um imenso sorriso. Edmundo continuou lendo:

-... tentando evitar o derramamento de sangue...

-Visando – falei. - Troque o tentando por visando. E coloque “abominável derramamento de sangue”.

Edmundo assentiu, à medida que reescrevia a carta em um novo pedaço de pergaminho.

-Desafio o Rei Miraz a um campo de batalha...

-Miraz não é rei por direito. É um usurpador. E a arrogância de jogar-lhe esse fato na cara o deixará ainda mais apto a aceitar o combate. Ponha aí “desafio o usurpador Miraz a um combate no campo de batalha”.

Edmundo reescreveu.

-A luta será até a morte de algum, e o prêmio será rendição.

-Total – todos me encararam. - Ponha: “a luta será até a morte”, sem o “de algum”. Ponto. Depois coloque: “O prêmio, a rendição total”. Uma ênfase dessas será o que ele precisava para aceitar o combate.

Edmundo escreveu.

-Algo mais, True? - perguntou-me.

-Não, assim está ótimo. Vamos propor-lhe o contrato agora.

-Vamos? - Pedro e Caspian perguntaram-me ao mesmo tempo. Assenti. Pedro continuou: - Você não vai. Miraz não pode ver sua sobrinha traidora lá, Trudy.

-Ora, Pedro, já estou grandinha e sei me cuidar, está bem?

-True, pense: se você for lá, sabe que talvez perca a paciência. E, se perder, o duelo não será aceito. Percebe?

Suspirei. Porque eu sabia que era verdade.

-Está bem. Sugiro Ed, o chefe centauro e Grolt o gigante.

Pedro assentiu.

-Eu apoio.

-Eu também – Caspian disse.

-Totalmente apoiado – Ed disse sorrindo.

-Se eu tivesse que dar alguma opinião... - Cornellius falou. - Eu apoiaria.

Todos olhamos sugestivamente para Trumpkin.

-Tudo bem, eu apoio também – falou com tédio.

Eu sorri realizada. Todos apoiaram meus argumentos, tanto quanto à carta, quanto aos enviados. Apoiaram o argumento de uma mulher.

-Vou chamá-los e então nós iremos – Edmundo disse se retirando.

Assenti. Peguei três ramos de oliveira e entreguei a Edmundo.

-Simbolizam que foram em paz. Entregue um a cada e então eles os deixarão entrar.

Ele pegou os três ramos e saiu. Peguei minha espada e comecei a amolá-la. Caspian foi preparar Lúcia e Susana. Trumpkin foi dizer algo aos arqueiros. E Cornellius foi fazer... bem, o que Cornellius costuma fazer. E então só restamos Pedro e eu ali.

Ele se sentou ao meu lado e ficou em silêncio, enquanto eu amolava a espada.

-Obrigado – falou por fim.

Olhei para ele.

-Por quê? - perguntei.

-Por tudo. Por ter tentado me salvar lá no castelo arriscando sua própria vida, por ter acreditado em mim, por tentar me salvar da feiticeira, por me perdoar por ter sido um tolo, pela carta, pelas sugestões... enfim, acho que você entendeu. Eu sei que fui um idiota mas... eu não sei, acho que passar tanto tempo sem falar com você me fez enxergar tudo isso. Me perdoa?

Olhei para ele e abri um imenso sorriso. O abracei.

-É claro que sim. E não fique convencido entendeu? Você é o melhor amigo que alguém pode ter – e muito mais, acrescentei mentalmente.

Ele sorriu.

-Me empresta isso? - perguntou, apontando a pedra que eu usava para amolar a espada. Entreguei a ele, que começou a amolar sua espada.

-O que está escrito? - perguntei apontando a inscrição na espada dele.

-Pelos dentes de Aslam, o inverno morrerá... e por sua juba, a primavera voltará – ele leu.

Sorri.

-Susana me contou a história... - falei. - Eu fico me perguntando se teria sido diferente se eu tivesse vindo antes... bom, os tempo são muito alternados, como universos alternativos mas... eu não sei, eu queria tê-lo visto ao menos uma vez.

-Se tem algo que aprendi com a Lu é que você não precisa vê-lo para estar com ele. Ele está sempre com você, aonde quer que você esteja.

Olhei para ele.

-Parabéns – falei.

-Por quê?

-Por suas mudanças. É assim que eu te conheço.

Levantei-me e saí andando. Não podia ignorar o fato de que estava morrendo de medo pelo que aconteceria com Pedro. Principalmente porque eu sabia o quanto Miraz era bom com uma espada. Olhei minhas unhas – que já estavam grandes novamente – e comecei a roê-las. Tchau, unhas...

Passei o dia conversando com nossos soldados, perguntando sobre suas vidas, suas expectativas... e então Edmundo chegou correndo. Fui atrás dele, e nos encontramos aonde Pedro estava. Caspian havia acabado de chegar lá.

-Susana e Lúcia já foram – Caspian disse.

-Ótimo – Pedro falou parecendo mais calmo. - O que tem a nos dizer, Ed? Ele aceitou?

Edmundo assentiu.

-Devia ter visto como o importunei. Faltou só ele soltar fogo pelo nariz...

E deu uma gargalhada. Ri também ao imaginar a cara de Miraz... teria sido ótimo fazer isso, mas eu era esperta o suficiente para saber que não seria bom se eu fosse.

-A que horas? - Pedro perguntou, remexendo as mãos com nervosismo. Me aproximei dele e segurei suas mãos firmemente. Nossos olhos se encontraram e fiquei hipnotizada por suas piscinas azuis cristalinas. E então ele murmurou: - Obrigado.

Sorri.

-Você tem... - Edmundo passou a contar nos dedos – 30 minutos.

-O quê? - perguntei alarmada, apertando a mão dele ainda mais. - Desculpe. Mas é que estou... preocupada. Tenho medo do que pode acontecer e... bem, boa sorte.

Soltei sua mão e saí andando.

-Vou ficar lá fora esperando junto aos outros – falei.

-Não – ele disse agarrando-me pela manga do vestido. - Arrume-se. Você entrará comigo. - corei. Caspian pigarreou. - Oh, Ed e Caspian também, é claro.

Assenti.

-Pode deixar, Pedro. Estarei pronta antes que possa perceber.

Corri para a sala de dormir. Agarrei uma trouxa em que havia largado minha calça de montaria e minhas botas. Peguei uma blusa de Caspian e ajustei-a ao meu tamanho, vestindo tudo logo depois. Coloquei minha espada com a bainha na calça e meu arco-e-flecha pendurado nas costas.

Pedro estava à minha espera junto com Ed e Casp, diante da entrada da fortaleza. Eles me encararam boquiabertos. Dei uma risadinha.

-Estou atrasada? - perguntei.

-Nós é que estamos adiantados – Pedro disse e sorriu. Sorri também.

-Não, é sério – falou Ed. - ainda temos 5 minutos.

Rolei os olhos. Olhei para Pedro, que já estava com sua armadura. No centro dela, a parte vermelha com o altivo leão dourado estampado. Senti as lágrimas de medo nos meus olhos.

-Eu acredito em você – falei. - Te desejo boa-sorte. E... por favor, não se machuque muito, ou eu mato Miraz com as minhas próprias mãos, naquele lugar. Eu... eu te amo. Espero que quando isso tudo acabe, possamos continuar sendo melhores amigos, não? - dei um riso forçado.

Ele segurou meu rosto e falou:

-Estarei sempre com você.

Sorri. Edmundo ficou ao lado de Pedro à frente. Caspian estava inquieto.

-Vou atrás de Susana e Lucia – ele me anunciou. Assenti e ele saiu pelos fundos.

Me coloquei ao lado de Pedro e nós subimos andando. Nossos soldados erguiam suas espadas e urravam. E os de Miraz faziam o mesmo. Avistamos Miraz sentado em seu trono. Ele me encarou com uma expressão de traição e negou com a cabeça. Entramos no campo de batalha, onde às “portas” estavam o Urso marrom e o chefe centauro.

Paramos à entrada da arena. Pedro puxou a espada da bainha que Edmundo segurava. Nossos soldados urraram ainda mais alto. Abracei Pedro com força e olhei uma última vez em seu rosto. Assenti e ele entrou andando. Miraz pegou sua espada e seu escudo e adentrou a arena. Senti um calafrio percorrer minha espinha e o medo me tomou. Agarrei o braço de Edmundo e o apertei com força.

-Não se preocupe: Pedro é muito bom – ele tentou me acalmar. Mas não deu nada certo.

Os combatentes se encaravam enquanto tentavam cercar um ao outro.

-Ainda há tempo para se render – Miraz falou. Talvez tenha sido pelo medo, mas ele me soou muito ameaçador.

-Esteja à vontade – Pedro retrucou. 10 a 0 pra ele.

-Quantos mais terão de morrer pelo trono? - Miraz ainda tentou persuadir Pedro.

-Só um – Pedro falou pausadamente.

Ele desceu seu elmo e subiu numa das pedras, saltando sobre Miraz logo em seguida. Houve um baque metálico: as duas espadas se encontraram. Os dois se cercaram e Pedro golpeou com sua espada, mas Miraz defendeu-se com o escudo. E logo depois de uma... ahn... uma “escudada” na cara de Pedro. Gemi baixinho e apertei ainda mais o braço de Edmundo.

-Desculpe – murmurei.

Ambos se golpeavam com voracidade, por vezes conseguindo se defender com os escudos, por outras não. Pedro deu um corte nas costas de Miraz e o empurrou para longe. O velho voltou correndo e quase cortou o pescoço de Pedro, que se abaixou no exato momento. Miraz tentou de novo, mas Pedro se abaixou novamente. E então meteu o escudo no rosto de Pedro novamente, fazendo seu elmo cair e revelando um rosto perfeito com dois grandes hematomas.

Senti meu estômago se revirar. De repente eu quis que fosse eu ali, e não ele. Miraz quase cortou Pedro de novo, derrubando seu capuz de metal – perdão, não encontrei termo melhor. Pedro, como num reflexo de sua defesa, desferiu um golpe na perna de Miraz. Meu tio urrou de dor. Se encararam atentamente.

Saltaram um sobre o outro mas Pedro deu um mortal sobre Miraz, parando às costas do mesmo. Levantou-se agilmente e passou a defender-se com seu escudo dos golpes de Miraz. Eu deveria estar verde, de tanta ânsia de vômito. Pedro estava muito machucado e eu tinha de resistir ao impulso de ir matar Miraz naquele exato momento. Pedro caiu no chão ao esquivar-se de um golpe, e Miraz pisou com força no escudo, deslocando o braço de Pedro. Ele urrou de dor e meu coração se resfriou.

Pelo menos eu sabia como pôr um braço no lugar. Aprendi com Janine e John, quando eu torci meu braço ao cair de uma macieira no jardim. Edmundo também resfolegava, compartilhando do mesmo desespero que eu. Agora ele também apertava meu braço. Miraz ia desferir-lhe um golpe, mas ele colocou um escudo na frente. Foi rolando para trás e meu tio avançava atrás dele, tentando golpear-lhe, mas sem sucesso.

E então ele rolou no sentido contrário, derrubando Miraz no chão. Ambos se ergueram. Pedro olhou para sua frente e eu acompanhei seu olhar: Susana e Caspian haviam chegado no cavalo marrom.

-Vossa Alteza precisa de uma pausa? - perguntou Miraz em deboche.

Pedro resfolegou e perguntou:

-Cinco minutos?

-Três! - Miraz exigiu.

Pedro veio em nossa direção, sentindo a dor horrenda de seu braço e tentando reprimir qualquer som que pudesse ser emitido. Eu corri e o abracei. Ele urrou.

-Desculpe – murmurei sentindo as lágrimas escorrerem. Ele as secou, e logo Ed já estava ali. Conduziu Pedro para fora, mas eu estava sendo o apoio para ele. Pedro estava apoiado em mim e saímos da arena, onde Sup e Casp nos aguardavam.

-Lúcia? - Pedro perguntou preocupado.

-Ela passou – Susana respondeu. - Com uma pequena ajuda – e olhou para Casp.

-Obrigado – Pedro falou com convicção.

-Você estava ocupado – Caspian deu de ombros.

-É melhor vocês duas subirem lá – Pedro falou. - Por precaução. Não acredito que os outros telmarinos cumpram a palavra. Susana o abraçou e ele gemeu de dor.

-Desculpe – ela disse.

-Tudo bem.

-Tenha cuidado.

-Continue sorrindo – Edmundo disse, olhando de esguelha para a nossa... platéia.

Susana foi correndo para o posto dos arqueiros lá em cima e Pedro sorriu, erguendo sua espada na direção dos narnianos. Ele olhou para mim.

-Vá.

Neguei com a cabeça.

-Não vou te deixar sozinho. Não vou ficar longe de você. Vou ficar com você, aonde quer que você esteja.

Ele esboçou um sorriso e murmurou:

-Você continua muito teimosa, Trudy Willians.

Pedro se sentou e Caspian tirou seu escudo. Pedro gemeu, segurando o braço ferido com força.

-Com licença – falei abrindo espaço e me prostrando ao lado dele. Fiz ele soltar o braço deslocado.

-Acho que está deslocado – ele me falou.

-Eu sei – falei. Agarrei o braço com força e o torci rapidamente, ouvindo os estalos. Logo o braço estava normal. Ele encarou.

-Uau – falou. - Bem... obrigado.

Assenti.

-O que acontecerá lá em casa, se você morrer aqui? - ele perguntou ao Ed, que tentava colocar o escudo de um jeito confortável.

-Você não vai morrer – murmurei. Ele deu um sorriso falso e assentiu. Eles se encararam. Saí para deixar os dois a sós e me prostrei ao lado de Caspian.

-Como você está se sentindo? - ele me perguntou. - Quero dizer, vendo-o assim.

-Terrível – falei. - É como se eu sentisse todas as dores e... nossa, parece que vou morrer.

Ele assentiu e pôs a mão sobre meu ombro, encarando meus olhos.

-Ele vai sobreviver.

Assenti, tentando me convencer do mesmo. Pedro se levantou. Olhou para mm e perguntou:

-Nada de boa sorte?

Me aproximei dele e fiquei na ponta dos pés, depositando em seus lábios um beijo casto.

-Boa sorte – murmurei, entregando a espada a ele. Os soldados foram a loucura com nosso beijo. Ele pegou a espada e entrou no campo de batalha.


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