A minha mente estava há um milhão de anos de distância. Eu não estava pensando em Yaha Uta ou em outros lobos, ou na linda Mulher Fria - eu podia imaginar ela bem demais. Não, eu estava pensando em algum de fora de toda essa magia. Eu estava tentando o rosto da mulher sem nome que havia salvado a tribo inteira, a terceira esposa.

 Eu queria que eles lembrassem o nome dela...

 Alguma coisa balançou meu braço.

 "Vamos, Bells", Jacob disse. "Estamos aqui".

 Eu pisquei, confusa porque o fogo parecia ter desaparecido. Eu olhei para a inesperada escuridão, tentando entender as minhas redondezas. Eu levei um minuto pra me dar conta que eu já não estava mais no penhasco.   

 Eu ainda estava nos braços dele, mas não estava mais no chão.

 Como é que eu cheguei ao carro de Jacob?

 "Oh, droga!", eu sufoquei enquanto me dava conta de que havia pegado no sono. "Que horas são? Droga, onde está aquele telefone estúpido?" eu tateei meus bolsos, frenética, e encontrando eles vazios.

 "Fácil. Ainda não é nem meia noite. E eu já liguei pra ele por você. Olhe - ele está esperando ali".

 "Meia noite?" eu respondi estupidamente, ainda desorientada. Eu olhei para a escuridão, e as batidas do meu coração aceleraram quando os meus olhos encontraram as formas do Volvo, a trinta metros de distância. Eu encontrei a maçaneta da porta.

 "Aqui", Jacob disse, e colocou uma coisa pequena na minha mão. O telefone.

 "Você ligou pra Edward por mim?"

 Os meus olhos estavam ajustados o suficiente pra ver o brilho cintilante do sorriso de Jacob. "Eu achei que se bancasse o bonzinho, eu teria mais tempo com você".

 "Obrigada, Jake", eu disse, tocada. "Mesmo, obrigada. E obrigada por me convidar essa noite. Aquilo foi..." As palavras me faltaram. "Uau. Aquilo foi algo mais".

 "E você nem sequer ficou acordada pra me ver engolir uma vaca". Ele riu. "Não.

Eu estou feliz por você ter gostado. Foi... legal pra mim. Ter você aqui".

 Houve um movimento à distância na escuridão - alguma coisa pálida estava flutuando entre as árvores. Vagando?

 "É, ele não é tão paciente, é?" Jacob disse, reparando na minha distração. "Vá em frente. Mas volte logo, tá legal?"

 "Claro, Jake", eu prometi, abrindo a porta. O ar frio bateu nas minhas pernas e me fez estremecer.

 "Durma bem, Bells. Não se preocupe com nada - eu vou estar te observando essa noite".

 Eu pausei, um pé no chão. "Não, Jake. Descance um pouco, eu vou estar bem".

 "Claro, claro", mas ele parecia mais paternalista do que de acordo .

 "Boa noite, Jake. Obrigada"

 "Boa noite, Bella", ele sussurrou enquanto eu corria para a escuridão.

(Eclipse, capitulo 11 – pág. 191)

Naquela noite eu sonhei com uma vampira muito parecida com a Rosalie e ela enfrentava um grande lobo ancião, que eu tinha certeza era o velho Billy Black, enquanto eu assistia esse combate eu sentia forte aquele cheiro doce e enjoativo dela e o cheiro do sangue que ela bebera na aldeia e isso me enjoava fortemente.

Sentia-me mais agitada e era como se cada célula do meu corpo quisesse conter a fúria que em meu peito se encerrava e quanto mais eu tentava fugir daquele cheiro que queimava minhas narinas e nublava minha mente, mais aquele abraço gelado me apertava e eu ouvia ao longe a voz de Edward me dizendo que era somente um pesadelo.

Abri meus olhos, certa que estaria livre daquelas sensações e quase como um ato reflexo aspirei aquele cheiro que vinha dele. Pois sempre me trazia paz e me levava pro meu paraíso. Porém, foi o exato contrário que ocorreu. Ao me saturar daquele odor de morte e frio algo dentro de mim saltou pra fora e eu ouvi claramente um rosnado baixo e cortante. Tudo que eu queria fazer era morder, desmembrar e destruir aquele cheiro. Eu sabia e lutava contra isso, mas o meu instinto me impulsionou contra ele.

Ele era muito rápido, mas escapou por pouco. Minhas garras arranharam aquela pele fria e sem vida enquanto ele pulava pra fora da minha cama. Ele olhava pra mim de um jeito estranho. Um olhar sem viço. Parecia decepcionado. Ele tava me julgando!

Quem é ele pra me julgar? Avancei com tudo e Jake pulou pela minha janela e me segurou em pleno ar desviando meu ataque.

- Vá embora sanguessuga! – ele falou com esforço – Eu cuido das coisas aqui.

Eu tentei morder Jake, mas ele se desviou a tempo. Mesmo assim meu peso caiu sobre ele e ele trincou os dentes pra não acordar Charlie. Eu me lembrei do meu pai.

- Acalme-se Bela. – ele falou e era como se eu pudesse seguir seu pedido

– Vamos lá pra fora. Logo os outros vão estar aqui. – seus olhos gentis clarearam um pouco meus pensamentos.

Ele abriu a porta e eu me apertei pelo corredor, pulei a escada sem fazer barulho e sai correndo pela sala seguindo o rastro do frio. Ao sair da casa pude acelerar com vontade atrás daquele cheiro odioso. Uma parte de mim queria se desculpar com Edward enquanto a outra, que estava no comando, queria matar e destruir.

Foi mais ou menos nessa hora que eu ouvi uma enxurrada de pensamentos na minha cabeça e eu tentava colocá-los em ordem pra entendê-los melhor, mas um pensamento, que era forte e dominante, destacou-se e eu logo reconheci a voz de Sam Uley em minha mente.

“Pare Bella!” – ouvi o eco duplo da voz.

Eu me sentir esmagada pelo comando do Alfa e por mais que eu quisesse e muito seguir aquele rastro minha cabeça pendeu para o chão e eu tentei frear ao mesmo tempo, colidindo com uma grande árvore que caiu derrubando mais algumas. Eu pateava o chão e tentava me desvencilhar daquela sensação de impotência, quando ouvi outra voz, que tinha um teor muito calmante.

“Bells, fica calma”. – eu conhecia aquela voz e era como o sol.

E ouvi outras que tentavam me acalmar e diziam pra que parasse de resistir. Reconheci o alegre Seth que parecia feliz com o que estava acontecendo.

“Bella, sou o Sam. Eu sei que você está confusa, mas você é uma de nós. Está em segurança aqui.” – Ele disse com autoridade e os pensamentos dele refletiam sua preocupação com as conseqüências disso.

“Você é uma loba linda!” – O Seth parecia admirado com isso até tomar uma patada do Jacob.

“Seja bem vinda, Bells.” – O grande lobo castanho me desejou e, pela primeira vez, eu me senti pertencente a algum grupo.

E não era algo tenso como a minha relação com os Cullen, onde eu estava sempre no fio da navalha, ali era natural. Sim, com eles, seria tranqüilo pra mim. Fácil como respirar.