Assim que pus meus pés para fora da cama, decidi que não iria à aula hoje.

Não, eu não estava a fim e passaria meu filme favorito na TV de tarde, além do quê, primeira semana de aula nunca tem nada de importante com relação a matérias, então, decidi curtir meu dia como se fosse o último.

 Troquei de roupa, e saí para tomar café no Starbucks mais próximo. Mas antes, resolvi passar na casa do, ahn, Nick, e convidá-lo para ir comigo.

Bati na porta duas vezes. Meus joelhos tremiam, sério. Parecia que eu seria fuzilada em minutos. Quando um sorriso lindo e nada Bad Boy atende a porta.

- Bom dia, Miley! – Meu Deus o cabelo dele estava bagunçado – além de muito lindo – e seus olhos levemente pressionados para enxergar diante da claridade do dia, o que dava o entender de tê-lo acordado.

 Eu ia responder seu cumprimento quando uma figura nada esperada aparece atrás dele.

Leslie. Mas que diabos ela está fazendo aqui?

Tentei ser o mais cínica possível, até porque, não queria magoar minha melhor amiga nem meu – futuro – namorado.

- Olá Leslie, Nick. Desculpa a inconveniência aparecer esse horário, mas eu queria convidar você para ir no Starbucks comigo, tomar café da manhã. Só que pelo o visto você está ocupado. Tchau.

Nick apertou os lábios e franziu as sombrancelhas, como se estivesse decifrando um enigma.

- Ah, não! Eu vou com você sim, Leslie estava apenas me passando o novo horário de aulas.

O quê?! Ele achava que eu era idiota, só pode. Aquela criatura estava de vestido justo e comendo uma maçã que parecia estar deliciosa na casa do meu futuro marido! Que coisa, era só o que me faltava mesmo. Mas, antes que eu desse uma resposta ‘daquelas’ ele fechou a porta na minha cara e voltou a abrir novamente cinco minutos depois.

- Vamos! – Nick estava de casaco de couro preto, e calça jeans com um boné cinza.

Caminhamos em silêncio até um parque, quando ele resolveu falar alguma coisa.

- Sabe, Miley, eu queria muito falar com você sobre um assunto.

Aimeusantodeus!  

Respirei fundo e pela a primeira vez na minha vida inteirinha, eu pensei bem antes de responder.

- Claro, pode falar comigo o que quiser. – E dei um sorriso meio travesso, que fez minhas bochechas corarem.

- Se trata de ontem à noite.

Argh, tinha que ser o maldito episódio ‘Nick Doente Não Pode Comer Lasanha’. Eu sabia que isso me perseguiria.

- Prossiga – tentei soar rígida e controlada, mas a minha vontade mesmo era voar no pescoço dele e socá-lo até ele jurar não falar mais sobre aquele assunto comigo.

- Então, gostaria de pedir-lhe desculpas. Eu não deveria ter agido daquela forma. Tudo bem, eu estou doente, mas eu deveria pelo menos ter feito a gentileza de provar do jantar, que parecia estar realmente delicioso.

Meus joelhos começaram a tremer e eu senti minha face esquentar. Caraca, ele sabia como me deixar abalada. Respirei fundo e decidi não bancar a idiota contando até 10. Apesar de ser uma ótima terapia para pessoas como eu (ou anomalias? Hum.)

- Ahn, não se preocupe com isso. Eu entendo perfeitamente, porque minha avó também sofre desse mau. É comum, acredite. – Claro, eu deveria ter acrescentado: E isso não deixa você menos gato. Mas sei que isso pesaria na minha imagem, e ele não me veria mais como a pessoa que eu realmente sou. Comportada e Bastante Sociável.

Ele sorriu para mim de forma totalmente linda, e vez ou outra repetia o gesto enquanto esperávamos na fila do Starbucks.

A mulher que nos atendeu, olhou para Nick de forma bem intensa, tanto que eu pude ler em sua testa a frase: Você é totalmente gato e não deveria andar com garotas assim.

- Posso ajudar em alguma coisa? – Engraçado, ela não se referiu à mim, mas sim a Nick. De modo que, somente ele estivesse ali. Que infeliz.

- Eu quero um expresso com chantilly.

A garçonetezinha não me ouviu, ou pelo menos fingiu não ouvir.

- Eu vou querer o mesmo que ela pediu – Nick disse olhando para mim, e sem eu esperar, passou seu braço direito sobre o meu ombro. Fiquei com a expressão digna de uma debilóide.

- E o que ela pediu? – Aquela garçonete olhou para mim com tanto desprezo, que eu jurei ter visto fogo nas pupilas dela.

- ‘Ela’ – falei me colocando na terceira pessoa – pediu um expresso com bastante chantilly.

Pagamos o pedido e sentamos em uma mesa distante do balcão.

- Bem, existem pessoas que não são feitas para a profissão que exercem – Nick sussurrou gesticulando na direção da atendente.

- Que nada, ela só ficou extremamente débil olhando pra você.

E surpreendentemente ele sorriu para mim e soltou uma risada relaxante, que me fez sorrir também.

A mão dele encostou na minha, e eu senti uma espécie de onda de choque atravessar o meu corpo. Juro que minha reação poderia ser comparada com a do Edward ao sentir o cheiro da Bella. (Eu detesto Crepúsculo, ou qualquer coisa relacionada à vampiros. Que isso fique bem claro.)

Nick soltou minha mão, e sorriu novamente, mas dessa vez, de forma calorosa e gentil.

Tomamos nosso café, e demos uma volta no Long Hunter State Park.

- Miley, eu irei reunir alguns amigos em casa hoje à tarde, você gostaria de se juntar a nós?

Limpei minha garganta com vigor e virei meu rosto de lado, tentando não deixar transparecer minha face de ‘Oh meu Deus ele está me chamando para sair’.

- Claro, eu não vou à escola hoje, então, acho que nós podemos encontrar sua turma nesse horário.

Ele estendeu a mão esquerda e colocou uma mecha de cabelo minha atrás da orelha. Minha face pegou instantaneamente a pigmentação de uma beterraba.

Andamos por mais alguns instantes, até ele me deixar em casa. Nos despedimos e combinamos o horário da reunião com a galera.

Seria 15:30. Olhei para o relógio que ficava na parede da cozinha e me decepcionei ao ver que ainda eram 12:05. Eu estava extremamente ansiosa para vê-lo de novo.

De repente um pensamento nada agradável invadiu minha cabeça.

Leslie estaria frequentando a casa de Nick? Será que ele iria ficar com ela ao invés de gostar de mim? E o que eu faria se os dois ficassem juntos?

Sacudi minha cabeça e subi para meu quarto, tentando afastar dos meus pensamentos aquelas – horríveis – possibilidades.