Já tinham se passado dias desde que Edward tinha supostamente se declarado pra mim. Mas desde então, ele não me procurou pra conversar nem nada, não chegou perto de mim, nem mesmo olhou pra mim. No final, acho que não do um sonho, só um momento delirante da parte dele

  Mesmo querendo me convencer do contrario, não posso mais afirmar que não me importo, não mesmo. Prefiro não falar sobre isso por enquanto, pois não sei o que falar. A realidade é que estou muito confusa pra decidir qualquer coisa agora.

  O que eu sei: Edward, na verdade, é legal. Ele errou feio comigo, mas isso foi a muito tempo. Percebi também, agora que passei mais tempo perto dele, que nunca tinha tentado perdoá-lo de verdade antes

  O que eu não sei: não sei como me sinto sobre ele, não sei o que eu quero dele e não sei se confio nele quando ele diz o que quer de mim

  Mas enfim, lá estava eu, sentada em uma pedra perto do lago, apreciando o fim de tarde, o por do sol. Hoje seria a festa de máscaras, que não seria mais de máscaras porque quase não havia lojas desse produto na cidade onde visitamos, mas acho que ficarei no quarto. Sinceramente, não estou muito pra festas...

  De repente alguém tocou meu ombro, seus dedos leves continuaram lá, e vi Alice se sentando a meu lado. Não conseguia decifrar o olhar que ela lançava sobre mim, era como se ela nem me conhecesse direito mas me olhasse com um carinho incrivelmente  verdadeiro.

  Alice tinha se mudado de Forks um pouco antes de eu daquela briga acontecer, ela é um ano mais velha que nós. Costumava ser sua amiga, mas já faz tanto tempo…

- Parece que as coisas não mudaram muito – Ela falava como se estivesse supondo

- Engano seu. Ou mentiram muito pra você desde que chegou aqui ou você é extremamente não perspicaz – respondi

- Claro que não mudaram – Ela exclamou com sua voz fina – Logo que cheguei notei que Edward só tem olhos pra você. Você gosta dele, mas tenta não demonstrar. Emmet é uma comédia. Rosálie se fica se jogando em cima de meus dois irmãos. Como disse, tudo continua igual antes, porém menos infantil

- Não estou com saco pra explicar, foi mal. Mas muitas coisas mudaram, brigas se prolongaram por anos. Pergunte pra seus irmãos pra ficar sabendo da verdade. – Respondi, não queria que minha mente voltasse nesse assunto maldito

- Ok, vou perguntar – Ela deu um sorrisinho angelical – Mas sobre meu irmão, eu não quero que ele se machuque, ou mesmo você, então acho que a melhor coisa a fazer nessa hora é conversar

- Sei lá. Antes de falar com ele tenho que saber bem o que eu quero.

- É, sei como é isso. As vezes nós só precisamos de um tempo pra pensar sobre o próximo passo. Não que você esteja dando pra traz, ou coisa assim, você só quer ter certeza do que vai fazer – Ela parecia refletir, seu olhar voava pra longe. E de repente ela despertou – Mas enfim, acho que só queria ter um motivo pra falar com alguém que não fosse meus irmãos.

- Hm... Ok. Foi bom te ver Alice

- Digo o mesmo Bella. Espero te rever logo

  Gastei horas tentando juntar as peças de quebra cabeça que estavam embaralhadas em minha mente. Todas confusas, sem ordem, sem certeza

  Quando parei de tentar achar respostas minha cabeça já latejava fortemente, podia sentir a dor que vinha do meio de meu crânio e explodindo na periferia do mesmo.

  Levantei-me devagar e andei rumo ao quarto, olhava para o chão e seguia o caminha que já fora decorado, não percebia o que acontecia ao meu redor, nada me importava muito agora. Quando cheguei abri a porta lentamente e entrei no quarto sem fazer nenhum ruído.

- Você vai na festa? –Rosalie havia me perguntado. Sua voz estridente e insuportavelmente aguda me causava repulsa

- Como se fosse da sua conta – respondi simplesmente

- Como é que é?

- Você me ouviu, não vou repetir – Disse me deitando na cama e colocando o travesseiro sobre a cabeça para impedir que luz entrasse, ela só aumentava minha dor de cabeça

- É que eu queria garantir que o lixo ficasse pra fora

- He... He... He... Você é sempre tão engraçada...

  Alguns minutos depois alguém bateu na porta, em um gesto automático, fiquei de pé e andei calmamente até a porta, abri. A única coisa que se via era um buque de rosas vermelhas depositado no chão de madeira, nele havia uma carta. Trouxe as flores para dentro e li a carta em voz alta (naturalmente, todas as meninas do quarto se amontoaram ao meu redor):

Lady. B

  Sei que faz alguns dias que não conversamos, e posso explicar isso. Faz muito tempo que não vejo Alice e precisava passar o máximo de tempo que posso com ela (ou seja, quase todo ele).

  Queria que soubesse que não me expliquei após o episódio do ônibus pois a chegada de minha irmã foi uma surpresa pra mim também. Sei que a falta desta (a explicação) deixou as coisas meio confusas, e eu sinto por não ter tido tempo de explicar o tamanho e o porquê deste carinha que sinto por você.

  De maneira alguma pense que me arrependi de algo que falei, pois dificilmente encontrara um momento em que fui mais sincero, em minha vida.  Espero que a senhorita não se aborreça.

  Minha letra deve estar quase ilegível, pois meu desejo de te ver novamente e conversar com você mal cabe em mim. Mas isso não será problema, pois espero te ver, deslumbrante como sempre, na festa hoje.

   Se não for pedir de mais, gostaria de conversar com você em breve

  Esperando para te encontrar hoje, atenciosamente:

Edward

Quando terminei de ler todas as meninas com exceção de Rosalie começaram a perguntar, ao mesmo tempo, coisas do tipo:

“A quanto tempo estão juntos”, “Ele é carinhoso”, “O que aconteceu entre vocês”, “Ele beija bem” etc...

- Por que acham que sou eu? – Estava pasma, esse idiota do Edward me colocou em uma situação que ia ser difícil de contornar

- Ué – Uma respondeu – Você é a única menina que começa com B do quarto. Além disso, depois daquela viagem vocês voltaram juntos no ônibus…

- Annn, não é nada disso – disfarcei, e acho que elas caíram

- Bom, então quem é?

- É claro que sou eu, a pessoa mais óbvia neste quarto! – A voz de Rose se fez ouvir – Esse B, de Lady. B, parece mais um R… a ultima perninha que ficou muito junta. Falando nisso, vou indo

  Alice tinha razão, tinha que falar com Edward, e tinha que ser agora. Peguei minha jaqueta, tranquei o quarto e sai correndo. Escorreguei algumas vezes no caminho, mas deixa pra lá

  Minhas pernas já estavam doendo quando entrei no salão. Mexia meus olhos com rapidez, queria achar Edward logo. Via as pessoas olhando pra mim, como se fosse anormal por não estar vestida como algum vestido caro.

  Achar-lo parecia impossível, já tinha andado pelo salão várias vezes, mas não o encontrava. Ele devia estar lá          fora então. Corri mais uma vez, depois de vasculhar o acampamento quase inteiro. É, eu não entrei no banheiro dos monitores, isso poderia gerar um trauma em minha vida

  Perto do lago alguém colocou a mão sobre a minha:

  - Achei que você não viesse. O que houve? – Eu quase gritei de susto, mas logo me recompus

- Você me assustou, seu cretino – Disse, me virando para ele, que estava perfeitamente elegante em um terno preto. Seus olhos se fixavam nos meus

- Desculpa, não era minha intenção – Ela ainda segurava minha mão

- Ei, o que acha que está fazendo? Não acha que pode ficar encostando sua mão suja de terra em mim, acha? Seu sujo – Mostrei a língua para finalizar a brincadeira

- Minha mão não está suja de terra – Ele olhou para ela, verificando.

- Agora esta – Disse, puxando o braço dele  para baixo, fazendo com que suas palmas chocassem-se com a terra molhada

  Primeiro ele fez cara de bravo, depois deu uma risadinha maldosa e rapidamente passou as mãos em meus braços

- Quem é a suja agora?

- Ei – Reclamei, olhando pra cima. Foi ai que percebi que era lua cheia – Olha como a lua está linda hoje

- Nossa de fato – Ele concordou, se sentando enquanto ainda olhava pra ela

- Mas prefiro quando ela está crescente – Disse, me sentando também, perto dele

  Fingindo ser sem querer ele colocou em dos braços ao redor de minha nuca:

- Olha Edward – Tirei seu braço

- Foi mal. Eu sei que está confusa, e eu também estou, mas foi meio que...

- É, eu sei. É como se fosse automático

- Foi mau eu... – Ele deu um sorriso torto – Eu devia ter pensado antes

- Olha, eu acho que preciso de um tempo pra pensar, as coisas estão acontecendo meio rápidas. Ainda não sei o que eu quero

- Mas... - Ele foi interrompido por uma voz feminina. Era a coordenadora do acampamento

- Edward, posso falar com você a sós por um instante? - Ele disse em voz baia e melancólica

- Claro - Eles se afastaram alguns metros de mim

  A conversa demorou uns dez minutos, e Edward voltou pra perto de mim, mas ela continuou lá

- O que aconteceu - Ele estava com uma cara indescritivelmente angustiada

- Parece que Emmet roubou as chaves do carro de algum professor ou monitor e foi dar uma volta de carro com Rose. O problema é que parece que ambos beberem. Ele bateu o carro. Ele está no hospital de Forks agora. Meu pai vai operá-lo

- Meu deus... Eu sinto muito

- Ok, mas eu vou pra Forks, ficar com a minha família. E já que só faltam duas semanas pra viagem acabar, eu acho que vou ficar por lá mesmo

- Mas... - Fui interrompida por ele, que colocou o dedo em frente a minha boca

- Pense pelo lado bom, você vai ter tempo pra pensar.

- Ta - Disse desapontada, não queria que ela fosse.

- Vou estar ansiosos pra te rever daqui duas semanas, vou estar ansioso também por uma resposta - Ele me eu um beijo na testa, virou-se e foi andando com a mulher

  Fiquei olhando pro nada por uns minutos, meu olhar refletia minha grande frustração interna:

- Vou sentir sua falta até lá...