O Nosso Segredo escrita por Angel_Nessa


Capítulo 10
CAPITULO 10 - QUEM EU AMO




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Voltei ao meu quarto e deitei-me na cama, o sono não veio rápido como eu esperava. Em minha mente havia um turbilhão de pensamentos que não me deixavam dormir.

 

A chuva seguia caindo forte, em Oregon a precipitação era maior na região litorânea, e era justamente nessa região que Konoha estava localizada. Os galhos das árvores da floresta, que havia atrás da casa, violentamente batiam uns contra os outros. A fúria da natureza, eu a sentia dentro de mim.

 

Fiquei pensando em tudo o que havia acontecido desde que Naruto havia voltado para os Estados Unidos. Ele havia dito que viera porque o pai da noiva queria que ele se casasse com ela, e que ele não o poderia fazer porque só queria ficar comigo; além disso, ele me perguntou se eu era feliz. Eu não entendia porque ele fizera todo aquele drama dizendo que contaria a verdade a todos quando suas intenções eram outras.

 

Por que importava se eu era feliz ou não? Por que ele tinha que me fazer acredita mais uma vez na tênue ilusão que um dia nós poderíamos ficar juntos quando ele estava partindo para a guerra?

 

Um forte estrondo de trovão fez minha mente voltar a realidade e meu coração saltar dentro do peito. A sintomatologia de minha fobia começou: meu coração acelerou seu ritmo e minha respiração ficou ofegante; era difícil respirar quando isso acontecia. O medo tomou conta de meu âmago.

 

- Que droga! – eu amaldiçoei aquele temporal que parecia que não terminaria tão cedo.

 

Escutei passos no corredor que pararam a entrada da porta de meu corpo.

 

- Sakura, você está bem? – Naruto me perguntou através da porta fechada.

 

Eu não havia consigo perdoá-lo por ele ter se alistado e nem tampouco por ter que me feito acreditar que ele viera por mim.

 

Tentei me fazer de forte para agüentar meu medo de tempestade. Se ele fosse para a guerra, então eu teria que aprender a lidar com meus medos por minha própria conta, assim como eu vinha fazendo nos três anos desde que ele se mudara para o Canadá.

 

Um novo estrondo de trovão agora mais distante. Escutei a porta se abrir e numa reação instantânea cobri minha cabeça com o cobertor.

 

- Sakura?

 

Senti a beirada do colchão se abaixando e notei que ele se sentara ao meu lado. Forcei minhas pálpebras a não se abrirem, ao mesmo que meu coração disparado me fazia ter falta de ar. 

 

Sua mão cálida passeou por cima do cobertor que cobria meu corpo até alcançar meu braço esticado sobre minha cabeça, sua mão parou próximo ao meu cotovelo, minha mão continuou segurando firmemente a ponta do cobertor. Eu não disse nada e nem me movimentei, as lágrimas escorriam por minhas bochechas e eu sentia meu coração cada vez mais acelerado. Um terceiro forte estrondo de trovão fez meu corpo tremer e eu, assustada, soltei um grito baixinho.

 

Nessa hora o corpo dele caiu sobre o meu como se ele tentasse me proteger de uma ameaça que de fato não existia. A proteção de seus braços fez meu coração se acalmar por um tempo. Eu o conhecia bem demais para saber o quanto a minha fobia de tempestade o havia preocupado, eu podia jurar que ele temia que eu tivesse um ataque cardíaco por conta disso; não que realmente não pudesse acontecer, mas meu coração ainda era jovem e podia agüentar perfeitamente uma sobrecarga de atividade.

 

- Sakura...

 

Forcei seu corpo a me soltar e sentei-me na cama, Naruto ficou sentado na cama de frente para mim. Agradeci a escuridão do quarto por não ter ver seu rosto e por ele não ser capaz de ver o meu.

 

- Vai embora! – eu lhe ordenei usando um tom de voz colérico.

 

- Eu vim ver se você estava bem.

 

- Pare com isso! Eu não preciso de você... Todo esse tempo eu vivi muito bem sozinha – respirei fundo tentando acalmar as batidas aceleradas de meu coração – Eu entendo agora porque o pai da Hinata quis que você se casasse logo com ela.

 

O senhor Hyuuga havia forçado o casamento para que assim a filha dele ficasse esperando o marido e não um simples namorado. O compromisso era importante numa família tradicional como a deles.

 

Em meio a minha necessidade de desabafo, eu continuei falando.

 

- Por que me não disse logo que havia voltado para se alistar no exército? – meu tom de voz colérico se acentuou - Por que me fez acreditar que havia voltado por mim?

 

No silêncio de sua resposta eu pude escutar a chuva do lado de fora. Eu sentia que dentro de mim também havia um temporal acontecendo.

 

- Naruto!

 

Eu queria respostas. Não podia me contentar com aquele silêncio por parte dele.

 

- Anda, me responda?

 

A mão dele tateou o cobertor até encontrar a minha que estava sobre o colchão e ao alcançá-la segurou-a firme entre a sua. Tentei puxar minha mão para fazê-lo soltá-la, mas ele a puxou na direção oposta e meu tronco projetou-se para frente, trombei contra seu tronco e ele me prendeu entre seus braços.

 

- Naruto, me solta! Naruto! – eu protestava em vão.

 

- Eu ia te contar naquela noite, mas você pediu para eu ficar com você... Eu não sabia o que fazer depois... – havia dor em seu tom de voz - Eu só queria poder te amar... – ele confessou num sussurro.

 

Fiquei sem reação por alguns segundos. A sua mão esquerda se posicionou na base de minha coluna se movimentou rápido para cima até parar atrás da minha nuca, e sua mão direita continuava segurando a minha com força que chegava a me machucar. Ele posicionou seu rosto na frente do meu, e eu senti seu hálito quente batendo contra o meu rosto. O próximo passo eu sabia que seria um beijo apaixonado que terminaria numa noite de amor.

 

Nossos lábios se tocaram suavemente, mas eu deixei que aquilo continuasse. Tombei um pouco a cabeça para trás e falei.

 

- Você não pode me amar – eu disse num tom de voz choroso – Eu não posso te amar. Nós somos irmãos.

 

Doía dizer aquilo, mas doeria mais se nós terminássemos fazendo amor.

 

Os braços dele me libertaram e eu rapidamente deslizei para trás.

 

- Sakura, nós somos realmente irmãos?

 

- Você sabe a resposta dessa pergunta, então não precisa me perguntar isso.

 

Recusei-me a responder aquilo que ele já sabia. Afinal por qual razão havíamos nos sacrificado todo esse tempo se não foi justamente para podermos ficar juntos? Eu sei que eu o havia deixado confuso, mas ele no fundo sabia a verdade; minha cólera não era capaz de mudar a verdade dos fatos, então tudo era igual que antes.

 

A chuva do lado de fora havia diminuído um pouco de intensidade e não havia mais o som de trovões e nem tampouco o brilho de relâmpagos iluminando o quarto, porém mesmo assim meu coração seguia batendo muito rápido e a falta de ar continuava.

 

Naruto se levantou.

 

- Você quer que eu durma aqui com você? – ele me perguntou tentando ser prestativo.

 

- Não – eu virei meu rosto em direção a janela – A chuva já está passando.

 

Escutei seus passos sobre o assoalho, e voltei a virar a cabeça na direção dele.

 

- Naruto! – ele deteve o seu caminhar a poucos passos da entrada da porta - Apenas me diga quando você vai.

 

Dessa vez foi Naruto que não teve uma resposta para me dar e o silêncio preencheu o vazio.

 

Levantei-me a minha cabeça e tentei segurar as lágrimas, e de repente, como se fosse um flash de relâmpago, algo me veio à mente.

 

No dia do acidente que matou meus pais, meu pai havia me dado o melhor presente da minha vida quando ele me contou aquele segredo que anos mais tarde eu viria a partilhá-lo com Naruto. Victor Hugo uma vez escreveu: “Todo o inferno está contido nesta única palavra: solidão”. E foi por medo de ficar sozinha que eu transformei o meu segredo em nosso segredo, ainda que Naruto jamais soubesse até que ponto aquilo que eu lhe contara era verdade ou não. No entanto, agora eu podia usar novamente esse presente dado por meu pai para proteger o Naruto mais uma vez.

 

- Naruto, você disse que se eu não fosse feliz, você não se importaria com nada e contaria a verdade a todos.

 

- Eu não posso voltar atrás... – ele retrucou de pronto.

 

- E se houvesse uma maneira de voltar atrás? Se “o nosso segredo” puder salvar a quem eu amo, então eu também estou disposta a contá-lo.

 

Ele virou para minha direção, seu rosto na penumbra não me permitia ver qual havia sido a sua reação.

 

- Sakura, eu quero lutar junto com meus amigos.

 

Muitos de nossos amigos do colégio haviam se alistado também para lutar nas Forças Armadas dos Estados Unidos. Senti-me egoísta em pensar que eu apenas queria usar “o nosso segredo” para que assim ele ficasse comigo.

 

- Nunca haverá um espaço para nós nesse mundo – eu finalizei com pesar.

 

- Eu vou estar no meu quarto – seu tom de voz não disfarçava sua dor – Boa Noite.

 

- Boa noite, Naruto.

 

Eu tinha em minhas mãos a única coisa que poderia mantê-lo vivo e o mesmo tempo acabar com o sonho de Naruto de proteger o país. O presente que meu me dera sempre fora uma faca de dois cumes, qualquer lado a ser usado acabava ferindo.  No hospital eu havia aprendido que muitas vezes é provocando dor em alguém que nós podemos salvá-la, e se fosse pensar diferente durante uma emergência o médico não poderia pensar em sequer colocar uma agulha no paciente.

 

Saí da cama decidida a ir procurar por Naruto em seu quarto. Havia uma necessidade enorme em nos tocarmos e sentirmos que estávamos próximo um ao outro, mas eu não podia permitir que as coisas fossem ainda mais longe; eu não podia me render a necessidade de tê-lo sempre comigo. Voltei para a cama e me deitei.

 

Na manhã seguinte quando acordei, Naruto não estava em casa. Ele havia ido buscar a noiva no aeroporto.

 

Peguei uma xícara de café e fui para o meu quarto. Fiquei em pé na janela olhando a floresta, as gotas de orvalho brilhavam com a incidência dos raios de sol sobre elas. Logo o sol secaria as lágrimas da chuva e eu esperava que um dia ele fosse capaz de secar as minhas também.

 

Lembrei de um dia de primavera do nosso segundo ano do colegial.

 

Flashback

O Naruto e eu estávamos todos saindo do colégio quando Kiba se aproximou de nós.

 

- Hey Naruto, vamos zuar por aí.

 

Eu lhe lancei um olhar lascivo. Naruto ficou sem graça.

 

- Não pretende me deixar voltar para casa sozinha?!

 

- Ah, Saku, deixa o seu irmão se divertir – pediu Kiba – Azarar algumas minas.

 

Lancei um olhar ameaçador para Kiba que ele colocou o rabinho entre as pernas e ficou quietinho. Eu sabia que ele estava agitando para que o Naruto ficasse com a amiga dele, a Hinata, afinal a Ino já havia me precavido disso.

 

- Eu vou indo nessas caras!

 

Naruto pegou a chave do carro e veio andando em minha direção. Eu girei os calcanhares e fui andando até o carro na frente de Naruto. Escutei Kiba falando para os demais.

 

- A Sakura é pior que a mãe dele.

 

Girei os calcanhares disposta a ir até ele e dizer umas boas verdades, mas Naruto segurou no meu braço.

 

- Está tudo bem, Sakura.

 

- É melhor que você não fique entrando na dos caras do time de hockey.

 

- Por que tá brava?

 

Eu virei a cabeça para o lado.

 

- Aqueles imbecis tavam querendo que você fosse aonde com eles?! Vocês iam azarar que tipo de garota?

 

 - Nós íamos até o píer.

 

- Nem vem com essa de píer. Eu escutei muito bem o Kiba falando de garotas.

 

- O Kiba só sabe ladrar – disse Naruto entrando no carro.

 

Eu olhei-o desconfiada, e em seguida soltei um suspiro.

 

- Escuta, Naruto. Eu não me importo o que você faz da sua vida – isso era uma tremenda mentira – Só que não acho certo que vocês fiquem zoando com as garotas.  Quando você encontrar uma pessoa de quem você goste muito, então é melhor pedir ela em namoro e ter uma relação mais séria.

 

Naruto riu e eu relaxei um pouco a minha expressão facial.

 

- Eu quero ser a primeira em saber quem é a garota por quem você se apaixonou, tá?

 

- Você vai ser a primeira em saber! – disse ele sorrindo.

 

Fim do flashback.

 

Naruto nunca me contou quem era a garota por quem ele havia se apaixonado. Será que ele se esqueceu dessa promessa? Ou será que desde o começo as coisas estavam suficientemente claras para que eu soubesse quem era a garota por quem ele havia se apaixonado?


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Notas finais do capítulo

nota da autora: Sakura tem nas mãos algo que pode salvar a vida de Naruto, porém pode destruir com os sonhos dele de lutar ao lado dos amigos. Como se não bastasse a decisão de contar ou não a verdade sobre o amor deles, agora ela tb vai ter que tomar essa decisão.

Muitas emoções nos próximos caps e tb começarei a caminhar rumo a revelação do "nosso segredo"



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