As Loucas Confissões de Jessica Summer escrita por Miss D


Capítulo 8
Um dia no Shopping


Notas iniciais do capítulo

*Jessica Falando*: Não sei o que acontece comigo. Me sinto como a Bella, com toda aquela história de falta grotesca de sorte. Só que ela nem chega perto do quanto eu sou azarada. TOTALMENTE.



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  Eu queria tanto comer uma batata-frita. Aliás, eu quero comer uma batata-frita, pode até ser uma média, mas eu tenho que comer.

  Sabe o que é? Estou no meio da praça de alimentação do shopping. Como é que alguém vai ao shopping, na PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO, e não pede umas batatas? Ninguém faz isso.

  Certo, algumas pessoas podem até fazer. Ah, está bem, muita gente faz isso! Era o que você queria ouvir? Mas eu não, tudo bem? Eu não. É tipo uma regra ir ao shopping e comer umas batatas-fritas. Por que eu não posso?

  Eu vou comprar. Preciso comprar. Sabe quando você precisa realmente de alguma coisa, realmente mesmo? Exatamente. Eu preciso. Não comprar seria como... Como comer macarronada sem molho, ou assistir filme sem pipoca. Simples assim, não combina.

  E, tudo bem, estou de dieta. Mesmo. Eu me lembro disso, ok? Não precisa me lembrar. (Você acredita? Eu não.). Psiu. Nem vai engordar tanto assim...

  Você sabe que vai. Sabe que apenas uma delas vai te deixar maior que a Marta, e ela é BEM grande. ’

  Não vai nada.

  Aquelas proteínas amarelas do mal vão ir direto para a sua barriga... ’

  Pára. Eu NÃO VOU engordar só por causa de umas poucas batatas-fritas.

  Ela ri. A voz, aquela que estava sussurrando no meu ouvido. É, eu não sou normal. Sei disso.

  Elas vão deixar você tão grande que vão ter que fazer roupas especiais só para o seu tamanho. Já pensou? UG – ultra-grande. ’

Não é para tanto.

É sim. Você sabe o que os nutricionistas dizem. Tudo isso vai virar umas lindas gorduras localizadas. ’

  Eu sei, sei de verdade. Mas, pense só, não pode ser tão tuim, não pode. Afora que elas são mergulhadas em um líquido viscoso e amarelo – AMARELO! Bléh! – de procedência verdadeiramente duvidosa; e recheadas de gorduras Todos-Os-Tipos, cara, são batatas. Batatas têm vitaminas, não têm? Proteínas também, eu acho. Eu vi na TV uma vez. E, a menos que você vá comê-las com arroz ou mandioca – Eca! –, que são amidos, o que eu certamente não vou fazer, já que só o que quero comer são as batatas, não precisa se preocupar, concorda?

  Tudo bem, eu sei que não. É só não olhar para o óleo, se você tem nojo, só isso. Daí dá para comer sem nem pestanejar, o que quer que isso signifique. (Se você é uma daquelas garotas aspirantes a modelo, então não tem jeito).

  Porém, alguém se importa comigo? Alguém se importa com o drama da minha real necessidade por batatas-fritas? Não, não mesmo. Ninguém nem liga. Foi só eu me aproximar para pedir que eles já me cortaram. Meus pais, quero dizer. Exatamente por isso é que eu acho que deveria ter vindo com minhas amigas, e NÃO com meus pais. (Hã?). Eles são uns exagerados. Se eu tivesse vindo com elas, nós provavelmente estaríamos nos entupindo de porcarias sem nenhum medo. Até, é claro, eu voltar para casa e perceber que engordei toda uma vida em apenas uma tarde e entrar em depressão, ou talvez ficar bulímica. Triste, é verdade.

  Pensando bem, que amigas eu poderia levar ao shopping? (Essa, meu amor, é exatamente a pergunta que eu ia fazer). A Cynthia? Ah, está bem. Até parece. Nem sob pena de morte ela vai, não mesmo. E eu só a tenho de amigas.

 

  Não, eu não mereço isso. Por quê? Só me responda: POR QUÊ? É isso. Eu fui Napoleão Bonaparte na outra vida, só pode ser isso. Você acha que eu estou sendo dramática, não é? Então eu vou te contar.

  Como já devia ter imaginado, eu não comi batata-frita nenhuma. Esse não é nem o pior dos males. Bem, eu comi comida normal mesmo. Tipo, arroz e feijão. Eu acho assim, se for para comer isso, a gente fica em casa e come lá. Mas, como sempre, ninguém me escutou enquanto eu defendia firmemente minha opinião sobre comer coisas diferentes quando saímos de casa.

  Mas você quer saber a parte mais horrível de todas? Estávamos lá, na fila do cinema, eu, minha mãe e a Julia – toda vez que o meu pai vai ao shopping ele dá um jeito de desaparecer em alguma loja de eletrônicos.

  Vou te contar uma coisa sobre a minha irmã: ela é bonita. É bonita MESMO. Sabe, do tipo corpo perfeito, cabelo brilho ”cegoso” perfeito e tudo mais. É claro que eu nunca diria isso a ela. A minha opinião é que todos aqueles genes horrorosos estavam de conspiração contra mim.

  Bem. Então lá, no meio daquele burburinho típico de fila de cinema, adivinha o que acontece? Ela conhece um cara. E ele era... Deixe-me ver... Não sei. Ok, ele era bonitinho. E mais velho, entende? – eu já contei que a Julia é um ano mais nova do que eu? – Tinha tipo uns quinze, dezesseis anos. Porém, o cérebro é outra história.

  Olha só a conversa:

  – Mãe, você está me ouvindo? – disse a Julia. – Eu NÃO vou assistir Shrek Para Sempre. Nem morta. Isso é coisa de criançinha – (Como se ela fosse uma velhona de cinqüenta e poucos. Arrã). – Eu vou assistir Eclipse. Todo mundo já assistiu, menos eu. EU QUERO VER.

  E essa, com certeza, foi a coisa menos criança que eu já vi na vida.

  – O que você acha, Jessica?

  Por que ela pediu minha opinião eu realmente não sei. Mamãe – e todo o resto – nem escuta o que eu digo.

  – A Jessica também quer ver Eclipse, mãe.

  Quando foi que eu disse isso? Aliás, quando foi que eu disse qualquer coisa?

  – Mas, Ju...

  – Mãe, me escuta, um monte de gente que assistiu falou que é hiper-legal – ela disse. – E agora você tem que me deixar ver porque eu ia vir na estréia, mas estava fazendo um trabalho.

   Viu só? Viu como ela apela? Se fosse eu, mamãe nem teria escutado. E muito menos acreditado nessa desculpa esfarrapada. Fazendo trabalho. Sei. A menos que trabalho tenha se transformado em bate-papo online e fofocas pelo telefone, pode ter certeza de que ela NÃO estava fazendo trabalho nenhum.

  Só que, mesmo assim, a minha mãe acreditou.

  Então, assim do nada, o cara bonitão de dezesseis anos virou para a gente e começou a conversar com a minha irmã. Assim, como se eles já se conhecessem. Ah, eu alguma vez disse que a Julia é bonita?

  Pontos positivos em ser bonita:

Ø  Você já tem emprego garantido. Nem precisa estudar. Pode ser modelo, Miss, ou apresentadora de TV.

Ø  Você conhece outras pessoas bonitas.

Ø  Os outros sempre acham que você é mais velha. Tipo a Julia, que tem só doze anos, mas as pessoas – principalmente pessoas da variedade masculina – sempre pensam que ela tem uns quinze anos ou mais.

Ø  Você arruma namorado antes do tempo em que a maioria das pessoas não dotadas de beleza arruma.

Ø  Você não é ridicularizado por ser feio.

Ø  Todo mundo acha suas esquisitices normais só por que você é bonito.

Ø  Seus pais não ficam todos compaixão para o seu lado por você ser assim.

  Então, bem, nós acabamos indo assistir Eclipse mesmo, depois que o cara nos convenceu. Ele também ia assistir, e conseguiu fazer minha mãe mudar de idéia usando aquela voz sedosa. Vou te contar, ele é realmente bom nisso.

  Só que, antes do filme começar – o rapaz ainda não tinha entrado –, a Julia pediu para ir ao banheiro porque, disse ela, não queria ter de sair no meio dele. E ela foi.

  Existem coisas sobre mim que eu sinceramente não compreendo. Como, por exemplo, minha burrice, falta de sorte, minha obsessão por comida, a capacidade anormal de ser feia que eu tenho... E o motivo de, logo depois de a Julia ter saído, eu ter ficado com uma baita dor de barriga. Daquelas bravas, se é que me entende.

  Algumas coisas a gente também não gosta de presenciar, tipo os pais da gente se beijando, e a sua avó trocando de roupa. Ou a sua irmã toda agarrada com um cara bonitão mais velho. A sua irmã mais nova. Você realmente não gostaria de ver isso, não.

  Principalmente se ela interromper o momento troca-nojenta-de-saliva, te olhar com indiferença – uma indiferença quase cortante – e continuar.

  Acredite, eu sou a mais velha, e tenho certo instinto protetor sobre a Julia, como todos os irmãos. Mas seu eu me intrometesse ali, quem precisaria de proteção seria eu.

  Céus, acho que eu e meu estômago não vamos nos recuperar dessa tão cedo. Acho que vou ficar traumatizada pelo resto da vida.

  Eu apenas entrei, completamente aturdida, no Box do banheiro, e fechei a porta. Não consigo nem pensar direito. Isso foi nojento, totalmente. Vou esquecer que vi isso. Sim, é exatamente o que vou fazer. Esquecer. Afinal, eu sempre me esqueço das coisas. Principalmente trabalhos de escola. E provas. Ah! Lições de casa também; sempre me esqueço delas.

  Bem, acho que já fiquei tempo suficiente por aqui. Mamãe deve estar achando que eu estava com diarréia. Tenho que voltar.

  Não, não e não. Não posso acreditar nisso. Será que a mamãe pirou? Ela realmente permitiu isso? Hã?

  É isso. Eu sentei do lado da minha mãe, e a Julia do meu lado. E o garoto DO LADO DELA. Já dá para imaginar a minha reação: eu fiquei estática.

  Eles só sentaram um do lado do outro. Nada de mais.

   Não, é de mais. É REALMENTE de mais. A minha irmã estava sentada perto de um gato. No escuro. Assistindo Eclipse. E eu estava bem do seu lado vendo TUDO.

  Ok. Eu posso até tentar esquecer que vi a pegação lá fora. Posso até fingir que não sei da coleção de ex-namorados da Julia. Posso fingir também que não estou nem aí para eles estarem coladinhos no escuro. Sabe, esquecer que ele é uns quatro anos mais velho do que ela.

  Agora, como vou conseguir fingir que não vi a mão boba dele escorregando inocente pelo corpo da minha irmã, como? Não vou conseguir. Não vou. A Julia deveria ter um pouco mais de senso de auto-preservação. Ou consideração comigo, que estou bem aqui do lado, pelo menos.

  Eu não contei para a mamãe. Quem disse que ela ia acreditar? E, quer dizer, Julia parece mesmo estar gostando da mão boba dele passeando por ali. Então por que eu deveria interferir? Só sei que, quando eu conheço um cara a menos de uma hora, não é muito inteligente deixá-lo fazer isso.

  Será que ele sabe que ela só tem doze anos? Acho que não. Julia geralmente omite essa parte dos caras com que fica.

  Acredite se quiser, ela tem um monte de ficantes enquanto eu não tenho nada nem perto disso. E, quando eu digo ficar não é bem aquele verbo sinônimo de permanecer, ou tornar-se. É... Esquece, não vou descrever.

  Voltando ao assunto, ela tem um monte, enquanto eu... zero. E ela tem doze anos. Tecnicamente, era para eu ter começado a namorar primeiro, não é? Não, parece que não. Porque, vou te contar um negócio: a vida não tem nada dessas coisas de tecnicamente. Com ela é tudo “na verdademente”, “realmente falando”, e “você não tem direito nenhum sobre mim”. Porque, tipo assim, “tecnicamente” não é “vidamente”. Sacou? Muito injusto.

  Céus, acho que vou vomitar. É nojento. É de fato terrivelmente repulsivo. Mas a minha mãe não está vendo nada. Ela não vê realmente NADA do que está acontecendo DO MEU LADO. Isso é mesmo possível? Uma pessoa não enxergar essa pegação aqui? Legal, está escuro, eu sei. Pode até ser compreensível que ela não esteja enxergando muita coisa. Mas, bem, não é provável que ela não possa ouvir, também. Você sabe, esse flop-flop! nojento da respiração boca-boca deles, ou o tapship! das mãos passeando por aí. Só passeando, entende?

  Sinceramente, estou decepcionada com a minha irmã. Eu esperava que ela fosse um pouco mais... Como posso dizer?... Sei lá, que tivesse mais amor próprio. Só que, infelizmente, acabo de perceber que minha irmã já selou seu destino. Ela agora pertence à Fundação MUGASC (Fundação Mundial das Garotas Sem Cérebro/Caráter). Meu Deus, nunca pensei que minha irmã, sangue do meu sangue, fosse fazer parte da Fundação MUGASC. Nunca mesmo. Às vezes a decadência da juventude contemporânea me assusta. Na verdade, me assusta quase o tempo todo.

 

  As coisas que uma adolescente como eu não espera ver quando vai ao cinema:

Ø  Um casal de gays se beijando durante o filme.

Ø  Os pais discutindo sobre a conta do cartão de crédito

Ø  Sua mãe gritando “gostoso!” para a tela na cena em que o Jacob aparece sem camisa.

Ø  Uma velhinha reclamando da classificação indicativa do filme porque o mocinho beija a mão da donzela (Lê-se Edward/Bella).

Ø  Um garotinho vomitando quando vê o beijo entre os protagonistas (Quem o arrastou para assistir a esse filme?!)

Ø  Um cara que serviria para ser o seu namorado esfregando a sua irmã um ano mais nova no escuro. E ela DEIXA.

  É, eu sei. Minha vida deveria virar mini-série. Mas, claro, se você vê tudo do MEU ponto de vista... Ou melhor, se você VIVE tudo do meu ponto de vista, parece mais um show de horrores.

  Eu alguma vez já disse que não gosto muito de ir ao shopping? Pois é. Há muitos motivos para isso. E, não sei por que, mas acho que agora vou gostar menos ainda. Terrivelmente menos.

  Agora, vamos aos motivos por que eu não gosto tanto assim de ir ao shopping:

1.    Tem muita gente. E quando eu digo “muita gente” eu quero dizer muita gente MESMO. Parece que eu estou andando no meio de uma manada descontrolada de elefantes, onde todo mundo me dá cotoveladas, sai atropelando a gente, ou então pisa no meu pé. Acredite, meu pé ainda não se recuperou da última vez que eu vim.

2.    Loiras demais. Já viu aquela parte de Madagascar em que dá a louca no Alex e ele começa a ver todo mundo que nem bife? Então, é exatamente assim. Só que, em vez de bifes, eu vejo pessoas com irritantes chumaços de cabeleira amarela no topo da cabeça. E, sabe qual é o pior? É mesmo muita pessoa loira junta em um lugar só. Milhões, trilhões delas. Eu quase tenho um colapso nervoso. Como se todas tivessem combinado de ir a alguma “Convenção Anual do Shopping Center Para a Comunidade das Loiras” no mesmo dia em que eu ia ir ao shopping. TODAS. Acho que vou me matar.

3.    É um saco andar com os pais e/ou irmãos mais novos da gente. Tipo assim, você tem que entrar em todas as benditas lojas que os seus pais e/ou irmãos querem e ficar o tempo que eles bem entenderem lá dentro, mas não pode ir aonde você quer. Minha mãe, por exemplo, só entra em loja de sapatos – sim, cara vendedora, minha mãe é mesmo aquela mulher que te faz subir dois lances de escada a cada meio segundo para experimentar metade dos calçados da loja e no final não leva nenhum –, é um vício incorrigível, e minha irmã vai atrás. Daí eu pergunto “Por que você precisa de mais um sapato? Você NÃO precisa. Apenas respire e saia daí SEM usar o cartão de crédito”. Mas quem disse que ALGUÉM nesse MUNDO me escuta? Ou meu pai. Você precisa ver como é interessantíssimo ir com ele no shopping. Todos os diálogos se resumem a “Esse aqui tem Bluetooth?”, “Quantos mega-pixel tem essa câmera aqui?”, “Vem com super stead-shot?”, “Quantas vezes no cartão?”. Sério, hiper-legal. Agora, claro, quando eu pergunto se posso passar em alguma livraria, que é certamente mais proveitoso intelectualmente do que sapatos ou Bluetooth, não posso. Porque é chato lá. Porque, afinal, “o que é que nós iríamos fazer”? Porque isso não é nenhuma prioridade no momento. Claro, pois mais uma sandália na coleção de quarenta e dois pares é muito mais prioridade. E quando eu digo que não existe justiça no mundo ainda falam que eu sou melodramática.

4.    Sempre quando eu vou lá, arrastando a mim e à minha auto-estima relativamente baixa, bem, nós voltamos piores do que quando entramos. Eu e a auto-estima, quero dizer. Já te disseram que as pessoas têm visuais específicos para ir ao shopping? É verdade; totalmente. As pessoas sempre procuram estar, como vou dizer? Lindamente perfeitas para ir a esses lugares. Tipo, usam a roupa que fica mais bonita no corpo, colocam a maquiagem adequada ao figurino, e o penteado mais deslumbrante possível. Para fazer inveja em pessoas que, como eu, apenas para chegar ao patamar “feio” precisam melhorar significativamente (E depois diz que não é melodramática...).

5.    (e também mais recentemente adicionado à lista). É extremamente, completamente, inimaginavelmente desconcertante ver sua irmã mais nova ser paquerada – e alisada – por caras bonitos e mais velhos enquanto você fica só olhando. E você é um ano mais velha. O que não quer dizer nada, porque ela é MUITO mais bonita.

6.    Ah, pelo amor de qualquer coisa, você precisa realmente de seis motivos para se convencer do porquê eu não sou muito fã de passeios públicos exibicionistas em família? Os cinco anteriores já não foram suficientes?

  Agora é oficial: eu sou a pior desgraça da escala da humanidade. Mesmo. Vou até mostrá-la para você.

1)    Beyoncé – trágica e inumanamente perfeita. Senda uma artista bilionária, toda beleza é duvidosa.

2)    Os demais artistas ricos e famosos.

3)    Os só ricos – sem nada de famosos.

4)    Os menos ricos – com dinheiro suficiente apenas para viagens semestrais à Europa, para a mansão de verão.

5)    Os artistas – aqueles que fazem arte de verdade, como Michelangelo. E que só são reconhecidos depois de mortos.

6)    O Presidente dos EUA.

7)    Os assaltantes especializados – especialistas em roubo de carga, em roubo de banco, especialistas em seqüestros relâmpagos, etc.

8)    Os astronautas da NASA.

9)    Os classe-média alta – possuem somente um iate.

10) Os escritores – nesta categoria somente os norte-americanos e/ou europeus.

11) Os bichos de estimação (Ok, eles não deviam estar na minha escala da humanidade, afinal, de humanos eles só têm seus donos. Mas qualquer coisa que freqüente SPA regularmente tem que ter um espaço aqui).

12) Os classe-média normal – dinheiro suficiente para sobreviver.

13) Os classe-baixa – dinheiro insuficiente.

14) Os escritores brasileiros (Alguém aqui pode me dizer quem raios foi Bernardo Guimarães? Qualquer um?)

15) Os políticos brasileiros (Vote no Tiririca, pior do que “tá” não fica).

16) Os mendigos.

17) Os bêbados vagabundos dormidores de banco de praça.

18) O presidente semi-analfabeto do Brasil (Isso segundo a minha avó. Perceba a diferença no patamar entre o presidente dos EUA e o do Brasil.).

19) Os bandidos pé-de-chinelo (Escória, escória, escória).

20) Os promotores de justiça no Brasil.

21) A Jessica.

  Sabe por que eu fiz essa lista interminável? Sabe? Eu já disse que não queria ter nascido? Eu DEFINITIVAMENTE não queria. De jeito nenhum. Mas, ainda por cima, eu tinha que ter sido a primeira filha, tinha. Obviamente alguém lá em cima não gosta de mim.

  Cara, os primogênitos sofrem. Existe o fato cientificamente comprovado de que os primeiros filhos não têm sorte nenhuma nessa vida – ou na passada, desconfio. Olha para mim, certamente que, quando eu estava sendo formada, houve alguma combinação para que tudo desse errado. Ou isso ou as moléculas boas de DNA não foram projetadas para serem transmitidas na genética dos primogênitos. Não é possível que eu tenha tanta falta de sorte a ponto de não pegar nenhum – nem mesmo unzinho – gene do bem.

  Não, mas ainda tem mais. A gente tem que ser o exemplo. Temos que ser os perfeitinhos em tudo. E agüentar os irmãos mais novos SEM reclamar.

  Porém, sabe qual a pior parte? A culpa é SEMPRE nossa. Por mais absurdamente impossível e injusto que possa parecer, é verdade. Sua irmã quebrou o vaso que foi um presente de casamento da sua tia? A culpa é sua. Seu irmão riscou a parede inteira da casa da sua avó maníaca por limpeza? Se vira, meu bem. Sua mãe descobre que sua irmã fez um segundo furo na orelha? Como, sendo a irmã mais velha, você pôde permitir isso?!

  E, se a sua irmã está se agarrando com um sujeitinho tarado no escuro, e sua mãe não escuta nem vê nada? Você é totalmente irresponsável por não tomar providência nenhuma.

  É, pode acreditar. Minha mãe conseguiu fazer essa proeza. Sabe, colocar a culpa em mim por causa das safadezas da Julia.

  – Porque você estava do lado dela e deveria ter dado um jeito – disse mamãe.

  É, tem razão. Eu poderia ter me levantado do meu lugar, no meio do cinema, no escuro, e dado uma de louca. Podia ter falado algo meio assim:

  Opa, opa, opa! Pára tudo! Você ­– olhando para o garoto –, seu pervertido, fique bem longe da minha casta irmã – (o que ela tem de casta eu tenho de esquilo.).

  Daí eu, tipo, dava uma voadora de três pés no cara – que, a propósito, é bem maior do que eu – e um fatallity digno de Mortal Kombat. E é bem provável que a Julia nem fosse ligar. Ela não ia falar nada.

  Sério, tudo a ver...

  Entretanto, eu admito a minha culpa. É tudo CULPA MINHA, mesmo.

  Admito ser culpada dos seguintes pecados:

Ø  Permitir que a minha irmã fosse apalpada no meio de uma sala de cinema.

Ø  Ter dado a idéia de jogar Eliza Samudio como degustação para os rottweilers.

Ø  O SPFC ter perdido a Libertadores.

Ø  A chuva ter matado e desabrigado um monte de pessoas em Santa Catarina em 2008.

Ø  O Lula ter sido eleito.

Ø  O Lula ter sido eleito uma segunda vez.

Ø  A camada de ozônio estar se extinguindo.

Ø  ..,”

  Eu já devo ter dito que não queria ter nascido, não é? Bem, então estou dizendo novamente. Eu VERDADEIRAMENTE não gostaria de existir.

  Isso acontece quase sempre.


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Notas finais do capítulo

EEEEEHHH! E chegou sexta-feira (nem acredito q o negócio veio a tempo!). Bom, como eu sou uma pessoa suuuuper legal, postei assim que cheguei hj. Mereço reviews? Bastante hein... Bzuzz enormes pra vxzz...