The Devil Next Door escrita por M4r1-ch4n


Capítulo 8
Capítulo 8




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          Foi com crescente expectativa que Kaoru observou Die ajeitar as primeiras letras no tabuleiro. Ele não havia dito uma só palavra desde o início do jogo, repassando o que o ruivo havia acabado de dizer na sua cabeça e não acreditando que ele havia se colocado em uma encrenca tão grande.
          Por fim, quatro letras foram ajeitadas, formando a palavra "bite". Kaoru ergueu uma sobrancelha, mas não comentou nada, olhando para as próprias letras e já sabendo que palavra colocaria em resposta.
          Arrumando suas próprias letras, Kaoru se utilizou da letra "i" e acrescentou outras três, formando a palavra "pain". Agora sim erguendo a cabeça, o publicitário se deparou com um sorriso de desafio do seu vizinho, e como ele já esperava, carregado de malícia. Em retorno, o ruivo conseguiu de Kaoru um olhar cortante.
          - Apropriadas as nossas palavras. Muito bem, cada um de nós perde uma parte da roupa ao fim do turno. - Die pronunciou palavras que soaram como sentenças de morte para Kaoru, encostando-se para trás no sofá com uma expressão profundamente satisfeita. O homem de cabelos roxos não se encontrava exatamente feliz com aquilo.
          Suspirando, foi Kaoru que começou com a lenta sessão de strip-tease, já que o ruivo havia marcado a primeira palavra. Olhando para baixo, decidiu tirar uma das suas meias, tentando expor o mínimo possível do seu corpo. Suspirando aliviado porém tomando cuidado para que o outro homem não percebesse o gesto, o publicitário encarou Die perigosamente.
          - Sua vez.
          - Ansioso para me ver sem roupa?
          - Ansioso para reaver a minha pasta.
          - É a mesma coisa... Com outras palavras, claro.
          O dono do apartamento sorriu de uma forma enigmática, batendo de leve na pasta prateada perto de si e levantando do sofá. O olhar assassino do publicitário começou a se transformar em um de confusão quando o ruivo fez aquilo.
          O jeito que as mãos de Die desceram para o zíper da sua calça só fizeram com que os olhos de Kaoru ficassem grande como pratos, inconscientemente caindo para trás no sofá e respirando mais rapidamente do que de costume. Não era possível.
          Ainda não acreditando no que via, os olhos de Kaoru perderem o incrível sorriso que se formou no rosto do morador do local, que logo caiu de novo no sofá, gargalhando como o publicitário nunca havia visto.
          - Kao! - ele conseguiu exclamar em uma pausa nos risos, enxugando uma lágrima do seu olho direito - Kao, você deveria ter visto a sua... - ele riu de novo - Cara! - concluiu por fim, explodindo em gargalhadas novamente, fazendo o outro homem corar.
          De vergonha, dessa vez.
          - Daisuke. Não brinque comigo.
          - Mas, Kao-chan. - ele acrescentou o pronome de tratamento enquanto seus olhos ainda estavam cheios d'água da sua gargalhada, vendo o olhar perigoso retornar ao rosto de Kaoru e decidindo mudar o que ia dizer - Você não tem idéia de quão sexy fica fazendo essa cara para mim, ou tenho certeza de que já teria parado de fazê-la.
          Enquanto Die ria de novo, Kaoru tentou suspirar, mas não conseguiu. A sua irritação não permitia.
          - Não é esse o objetivo.
          - Mas fica lindo de qualquer jeito. Aliás... Kaoru, já disseram alguma vez para você o quão bonito você é? - o ruivo começou, diminuindo o tom da sua voz para algo muito mais lento e sensual, quase como uma música que enfeitiçava quem ouvia.
          Die chegou a fazer menção de levantar do sofá e se aproximar de Kaoru, mas a resposta deste foi rápida:
          - Saia daí e você vai sofrer fisicamente o que eu coloquei no tabuleiro.
          Dois pares de olhos rapidamente observaram a palavra "pain" no tabuleiro e voltaram a se encarar.
          - Talvez eu tenha um lado masoquista.
          - Você não vai sobreviver para descobrir.
          O publicitário podia jurar que ele havia ouvido Die dar um gemido que não era exatamente de dor antes de sorrir e se jogar de volta no sofá, tirando uma das suas meias também. O homem de cabelos roxos suspirou aliviado, sem se preocupar em ocultar o gesto dessa vez.
          - Você não podia fazer aquilo.
          - Como não? - Die sorriu - Eu não havia especificado que parte da roupa deveria ir primeiro, não é? Eu estaria jogando conforme as regras.
          Kaoru apenas murmurou alguma coisa sobre tirar a roupa já não ser parte das regras, indicando o tabuleiro com a mão direita para que Die fizesse sua próxima jogada. Ele queria sair dali o mais rápido possível.
          O ruivo completou seu suporte de madeira com sete letras novamente, coçando o queixo enquanto olhava do tabuleiro para as suas peças repetidamente, às vezes erguendo a cabeça e piscando para Kaoru, fazendo que este tentasse socar o vizinho. No entanto, a mente do homem de cabelos roxos começou a se rebelar novamente, achando a visão de um Ando Daisuke pensativo extremamente atraente.
          Nada podia tê-lo preparado para o próximo movimento de Die, no entanto. O ruivo abriu um sorriso encantador para o seu próprio suporte de letrinhas, fazendo o publicitário sentir seu rosto esquentar, mesmo não sendo aquele sorriso para ele.
          Segundos depois, a palavra "love" havia surgido no tabuleiro, usando o "e" livre de "bite".
          - Love bite. - Die comentou, achando graça na situação - Quer uma, Kaoru?
          A resposta do publicitário foi mais que rápida. Controlando o calor que sentia no rosto, ele colocou a palavra "torture" no jogo, que formava um "no" com a sua palavra anterior, respondendo portanto à pergunta do outro homem.
          O ruivo pareceu que ia chorar.
          - Sabe, Kao. Você machuca os meus sentimentos assim... Bom, eu choraria, mas pelo menos eu sei que você vai perder uma meia.
          E foi o que de fato aconteceu para ambos, tanto Die quanto o seu convidado removendo a segunda e última meia. Isso fez Kaoru tomar consciência de que seria um jogo mais perigoso pela frente; as peças inocentes de roupa já haviam sido retiradas.
          O ruivo sentado à sua frente também pareceu notar isso, mas ao contrário de Kaoru, ele pareceu ficar mais animado.
          - As coisas estão melhorando. Vamos ver... Minha próxima palavra.
          A sala ficou em silêncio por alguns minutos, quase fazendo Kaoru morrer de ansiedade. Seus olhos não desgrudavam da pasta prateada, sabendo que o seu futuro profissional estava ali dentro, e, naquele exato momento, literalmente nas mãos do seu vizinho pervertido.
          Sim, ele havia decidido que aquela era uma boa palavra para descrever Die.
          Ele voltou à realidade com a risada suave do ruivo, que apontou para a palavra no tabuleiro. "Ring". Ele sorriu para o outro homem:
          - Kaoru... Nós podemos assumir compromisso, se você quiser.
          O publicitário fez um barulho de desprezo, jogando a cabeça para trás.
          - Só se for o compromisso da sua mudança para Moçambique.
          - Assim as coisas ficam complicadas. Toda essa distância, entre você e eu... A menos que... - Die abriu um sorriso gigante dos seus, entrando na brincadeira do outro que não parecia tão brincadeira assim - Eu não sabia que você gostava de sexo por telefone, Kaoru.
          Kaoru quase ficou da cor do seu próprio cabelo, em um misto de falta de ar e raiva.
          Alguns minutos foram necessários para que o dono da pasta se acalmasse e voltasse à cor natural do seu rosto, ignorando os ofertas de bebida do outro que se seguiram. Calmamente, Kaoru olhou para as suas peças e para o tabuleiro, procurando a próxima palavra a ser acrescentada.
          E engoliu em seco.
          Nenhuma das letras que tinha combinava com alguma palavra decente no jogo. Nenhuma. Ele sentiu seu corpo se agitar; se não colocasse nada, não só perderia o jogo e a posse da pasta mas como também teria sido humilhado por motivo nenhum.
          De repente, notou que havia uma solução.
          ...Mas talvez a solução fosse pior que perder o jogo.
          Não, nada poderia ser pior. Mordendo o lábio enquanto ponderava sobre a questão, o publicitário se encontrou em um dos maiores dilemas da sua vida. Por que ele havia aceitado a transferência no emprego? Sua mãe bem que o avisara dos perigos da grande capital japonesa.
          O homem de cabelos roxos viu um resumo da sua vida passar na frente dos seus olhos antes de colocar duas letras no tabuleiro, sabendo que aquilo seria a sua morte.
          - Ahhhh, Kao-chan! Quanta gentileza sua, prestar uma homenagem!
          Kaoru gostaria de sumir com a pasta do apartamento de Die. Aliás, a palavra formada havia sido justamente "die".
          - Não é uma homenagem, é um desejo.
          O sorriso de Die, que misteriosamente havia aparecido do seu lado, não havia mudado em nada.
          - Eu nunca pensei que você fosse admitir que me deseja, Kao. - ele quase ronronou o nome do outro homem, chegando perto demais para o gosto de Kaoru, que o empurrou para fora do sofá, conseguindo que o outro se afastasse.
          O ruivo riu sozinho, ainda de pé. Virando-se para encarar Kaoru, ele comandou, um olhar indecifrável no seu rosto:
          - Próxima peça, Kaoru.
          O jeito autoritário como Die havia falado fez o publicitário estremecer, somente para tremer de novo ao lembrar que haviam acabado as meias. Ele realmente gostaria de ter três pés naquele momento, ou então estar usando gravata naquele dia.
          Mordendo o lábio inferior, Kaoru se livrou do cinto. Agora só restavam a sua camisa, calça e roupa de baixo, e esperava que não precisasse chegar na última.
          Die continuou com o sorriso enigmático no rosto, dando a volta na mesa. Os olhos de Kaoru acompanharam a volta do dono do apartamento para o seu lugar, mas ele não se sentou para continuar o jogo ou se despir.
          Dando novamente as costas para o publicitário, os braços de Die sumiram, sendo puxados para a frente por ele próprio para logo depois reaparecerem, a camisa branca do outro homem repentinamente mais frouxa e deslizando pelos ombros do ruivo vagarosamente.
          Kaoru piscou.
          Ando Daisuke fizera o simples ato de retirar uma camisa uma das coisas mais sensuais que Kaoru já havia presenciado. O tecido desceu devagar pelas suas costas uniformemente bronzeadas, mostrando centímetro após centímetro de costas largas e masculinas, para cair com elegância ao chão.
          Ele ainda estava de boca aberta quando o ruivo se desvirou, que acabou por notar o gesto.
          - Eu vejo que você entendeu o propósito do jogo agora. Vamos continuar?
          O homem de cabelos roxos não conseguiu se recompor rapidamente para elaborar uma resposta inteligente ou sarcástica; ele simplesmente não tinha como rebater o que Die havia acabado de fazer. Tinha sido golpe baixo, um dos mais baixos que Kaoru já havia visto. Sem contar que seu cérebro parecia ter entrado em curto-circuito, e ele não conseguia mais enxergar qualquer palavra nas suas letras.
          Ainda bem que era a vez de Die.
          Porém, o ruivo parecia saber que Kaoru havia se desconcentrado, levando todo o tempo do mundo para pensar na sua próxima palavra, deitado da forma mais espaçosa possível no sofá, chamando a atenção dos olhos castanhos do publicitário a todo momento quando decidia correr uma das suas mãos pelo seu tórax exposto.
          - Ora, veja só. Eu perdi.
          Kaoru piscou.
          - O quê?
          - Eu perdi. Aparentemente, a sua homenagem me tirou dos eixos. A pasta é sua! - o ruivo anunciou alegremente, sentando-se no móvel que ocupava e pegando a pasta da mesinha, passando por cima do tabuleiro para Kaoru.
          O morador do 305 não podia acreditar. A pasta voltava às suas mãos, finalmente. Alguém lá em cima deveria estar gostando dele, no fim das contas. Ele podia sentir a mudança dos ventos, até porque a janela da casa de Die estava escancarada.
          No entanto, quando ele foi puxar a pasta para si, o objeto prateado não se mexeu, preso ainda às mãos do ruivo. Ele puxou com mais força, se levantando para pegar o mesmo de um jeito melhor, e notou que Die fez o mesmo.
          Enquanto puxava pela terceira vez, ele ergueu a cabeça, vendo com terror o sorriso maligno que estava no rosto do seu oponente. Sem aviso, foi Die quem puxou a pasta para si, fazendo Kaoru se desequilibrar com a surpresa do "ataque" e tombar para a frente, a mesa entre os dois não impedindo que o dono do apartamento beijasse o publicitário nos lábios.
          - Prêmio de consolação.
          Foi tudo que Die sussurrou no ouvido do outro homem antes de cair no riso de novo, vendo o seu vizinho sair correndo da sua casa, caçando qualquer parte do seu vestuário que pudesse ter ficado para trás no apartamento do ruivo.
          Ando Daisuke tinha certeza de que Kaoru jamais esqueceria qualquer coisa com ele.

          O dia da prova oral de Yoshiki finalmente chegara, e Kaoru estava ciente das suas horríveis olheiras. Desde a noite no apartamento de Die, quando recuperara a pasta, ele estivera lendo todo o regimento interno da empresa, preparando-se para toda a sorte de perguntas estranhas que seu chefe poderia decidir fazer.
          As suas noites haviam sido gastas em claro, lendo o regulamento. Claro que a leitura não era o único motivo que havia mantido Kaoru acordado, mas ele não iria admitir isso nem mesmo sob pena de morte.
          No entanto, parecia incrível a insistência com que as memórias do jogo, do pequeno strip-tease de Die e sobretudo do último beijo trocado entre eles parecia voltar sempre nos momentos mais inoportunos. O publicitário já estava se acostumando a ser interrompido por aquelas "visões", na verdade.
          Para a sua infelicidade.
          Suspirando pesadamente, Kaoru acertou a sua gravata pela enésima vez aquele dia enquanto esperava na sala de Shinya para ser chamado pelo seu chefe, o secretário parecendo preocupado.
          - Kaoru-kun. Você leu tudo, não leu?
          - Hai, Shinya-san.
          - Então não precisa se preocupar! - o secretário sorriu da sua mesa, arrumando seu longo cabelo castanho - Vai dar tudo certo, Yoshiki-sama é uma excelente pessoa!
          - Eu espero.
          O secretário sorriu de volta, pegando o telefone quando este tocou na mesa. Murmurando uma rápida afirmação e balançando a cabeça, ele ergueu a mesma para fitar o nervoso publicitário:
          - Pode entrar, Kaoru-kun. Yoshiki-sama já vai começar a sua prova. Boa sorte!
          O homem de cabelos roxos entrou no escritório, caminhando como se fosse uma armadura medieval, de um jeito quadrado e automático.
          Hayashi Yoshiki estava sentado atrás de uma mesa de design levemente ovalado, feita de algum material escuro que parecia resplandecer sob a pouca luz do sol que entrava pelas venezianas. Todo o escritório tendia para tons escuros, mas não era macabro. Sofisticado e estiloso, analisaria Kaoru em um momento livre de tensão, que certamente não era aquele.
          O diretor se levantou da cadeira, apertando a mão de Kaoru em estilo ocidental e finalmente convidando seu subordinado a se sentar. O homem de cabelos roxos fez isso imediatamente, um pouco mais rápido do que seria normal, até. Ele observou que Yoshiki estava contra a luz que entrava na sala, o contorno do seu corpo ficando misteriosamente dourado.
          - Konnichi wa, Niikura-san. Como está sendo sua adaptação à firma?
          - Excelente, Hayashi-sama. Hara-san tem me ajudado muito.
          - Que bom. Ele realmente faz amizades rápido.
          Kaoru decidiu não interpretar aquilo como uma crítica ao seu colega.
          - Eu presumo que você tenha estudado para a nossa pequena prova?
          - Sim, Hayashi-sama. - o publicitário enfatizou sua resposta com um aceno de cabeça positivo. Ele não havia feito outra coisa durante as últimas vinte e quatro e mais algumas outras horas.
          - Bom, antes de mais nada, quero que saiba que eu faço isto para ter certeza que todos os meus funcionários agirão de acordo com as normas caso algo aconteça. Posso começar?
          - Sim, senhor diretor.
          Yoshiki sorriu, parecendo satisfeito e se levantou da mesa, andando para o espaço atrás da cadeira de Kaoru. O homem de cabelos roxos girou sua cadeira devagar, achando que não olhar para seu superior seria uma falta de respeito.
          O funcionário natural de Hyogo ainda notou que Yoshiki usava novamente seus óculos escuros, dando um certo ar ameaçador a ele. Parando de andar, o diretor fez a primeira pergunta:
          - Qual a política da companhia a respeito de atrasos?
          Kaoru mordeu o lábio inferior antes de responder:
          - Cada funcionário pode se atrasar até dez minutos, três vezes por mês, com justificativa.
          - E quando não há justificativa?
          - É dada falta no trabalho.
          - Muito bem. - Yoshiki aprovou com um gesto de cabeça, andando novamente pela sala. O homem de cabelos roxos notou que aquilo estava deixando-o levemente zonzo - E quanto a funcionários que fumam?
          - Esses devem fazê-lo fora do escritório.
          - E quanto tempo têm para fumar enquanto trabalham?
          O publicitário se calou. Ele havia esquecido o tempo que cada um tinha direito sem que fosse descontado do seu salário, erguendo a cabeça enquanto tentava se recordar da resposta certa. Os óculos escuros de Yoshiki refletiram a pouca luz do ambiente de um jeito sinistro.
          Se o seu chefe estivesse segurando um cálice de vinho com uma cereja dentro, ele certamente acreditaria estar em um anime, na frente do vilão da série.
          - Cinco minutos. - Kaoru respondeu por fim, fechando os olhos e reabrindo-os logo depois quando ouviu uma confirmação por parte de Yoshiki. Ele guardou o suspiro aliviado para mais tarde; não queria demonstrar insegurança ali dentro.
          O resto da prova continuou normalmente, e para a surpresa do próprio publicitário, Yoshiki acabou por parabenizá-lo, dizendo que poucos funcionários haviam ido tão bem quanto ele.
          Aliviado e com a sensação de missão cumprida, Kaoru saiu do escritório do seu chefe como se andasse nas nuvens, sendo bruscamente arrancado das alturas e jogado no chão quando seus olhos encontraram os de Ando Daisuke na sala de espera de Shinya.
          - Die!
          - Yoshiki!
          Os dois homens se cumprimentaram ao lado de um Kaoru estupefato, que acabava de perceber a proximidade dos dois. Shinya sorria calmamente da sua mesa, não notando nenhuma estranheza no comportamento do seu chefe.
          Em seguida, o ruivo se virou para o seu vizinho.
          - Kaoru. Mas que surpresa.
          O jeito que Die havia falado não deixava dúvidas: aquele encontro não era nenhuma surpresa para ele. Yoshiki tirou os óculos, colocando-o no alto da cabeça e sorrindo.
          - Mas que curioso! Vocês se conhecem?
          - Sim, somos vizinhos. - Die explicou, já que o máximo que Kaoru conseguia fazer era abrir e fechar a boca como um peixe fora d'água, seus olhos pulando de um homem para o outro na sua frente.
          - Ah, que bom então. - Yoshiki pareceu satisfeito - Tenho certeza de que seus próximos dias aqui serão melhores ainda, Niikura-san. Eu estou saindo para uma congresso fora da cidade, que vai durar algum tempo. Die vai assumir o direção enquanto eu estou fora.
          - Daisuke vai assumir a direção?
          A voz de Kaoru devia ter soado mais alto e mais indignada do que ele previra, porque de repente, o som de teclados sendo constantemente utilizados parara, algumas pessoas virando a cabeça na direção da sala do secretário, cuja porta estava aberta. Além do mais, a divisória era transparente, possibilitando a visão de tudo que ocorria ali dentro.
          - Vai. - Yoshiki continuou falando, olhando seu funcionário de uma maneira esquisita - Die é o diretor de alguns andares acima. Ele vai ficar com uma boa dose de trabalho enquanto me ausento. - explicou o loiro, ganhando um sorriso cúmplice de Die - Achei que você soubesse.
          Kaoru decidiu voltar para o trabalho, deixando os outros dois homens mais Shinya à sós, não acreditando na sua sorte. Não era possível. Era uma coisa positiva acontecer para um negativa se seguir, com peso dobrado na sua vida. Será que ter se mudado para Tokyo iria ser aquele tormento sem fim?
          E por que Shinya ou Toshiya não o haviam avisado que Die também trabalhava ali? E como era possível que eles nunca tivessem trombado antes?
          Antes que a mente de Kaoru pudesse formular qualquer resposta remotamente plausível para essas perguntas, o ruivo apareceu repentinamente do lado dele, vestido totalmente em preto e com um sorriso que poderia fazer qualquer um se derreter ao presenciá-lo.
          - Espero que você goste de horas extras, Kaoru.


Continua...


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Notas finais do capítulo

Para quem quiser ter uma "idéia" de como ficou o tabuleiro do jogo, eu fiz um desenho no Paintbrush que pode ser conferido neste link.