POV Juliana

Como eu não tinha dormido muito bem, acordei tarde, e olha hoje é 6ª feira, eu sempre acordo cedo de bom humor, preparo o café e levo a Gabi na escola, mas essa minha preocupação com minha mãe está me deixando maluca. Porra, ela sempre foi ágil e coisa e tal, como eu já to acostumada, mas ela ta tão.. Tão... Longe!

Sei que é pura preocupação com Jordan, afinal quando alguém tem um infarto não é normal ficar tudo na santa paz, né? Eu até entendo.

Mas vejam bem, ele está bem, ta vivo, ta em casa e até ta fazendo piadinha de novo de, ‘Como eu crio a Gabriela’, isso é normal, significa que ele ta bem demais. E não perdeu a ironia e o sarcasmo de antes.

Bom, só sei que esqueci completamente do meu trabalho, o colégio da Gabi, tudo. Só queria ficar na cama o dia inteiro, sem fazer nada pra ninguém, nem pra mim. Mas como felicidade de pobre dura pouco, meu telefone tocou.

‘Quem é o retardado que ta me ligando agora? Aposto que é minha chefe’.

- Bê?! Bê, meu primo, o pirralho?!

- Não, a Madre Tereza. - Falou, em tom de deboche - É sua chata, e eu não sou mais pirralho.

- Vai te catar! - Falei, rindo em seguida - Ai meu deus, como você ta?

- Eu to bem e você?

- Nossa, to ótima. Ah, que saudades de você, sua coisa implicante.

- Incrível como as pessoas não mudam - desatei a rir do que ele disse.

- É né? Eu que o diga. Continua o ser mais implicante da face da Terra!

- Tá bom, já entendi que sou chato, mas você não é menos do que eu, pode ter certeza - Falou. Pude sentir ele dando aquele sorrisinho de lado, que tanto adoro - Ainda mora com a sua mãe ou cresceu?

- Como você é engraçado Bê. - Mas que coisa, ele não mudou nada. - E eu moro muito bem com meu marido e minha filha.

- Então, vai ser fácil te visitar. - Riu - Ah, casou e tem uma filha, quem diria, tomou jeito.

- Ô coisa, tomei jeito há muito tempo, você que sumiu, né? - Mas, visitar?

- Perai, você ta...

- Tô. Dã - e começou a rir - Vou passar na tia amanhã, você vai ta lá?

- Como sempre. Final de semana, sabe como é? Então.

- Haha, sei, família reunida certo? Mas me conta, como andam as coisas?

- Bem, casamento estável e uma filha

- Caralho Ju, nem perde tempo. - riu de novo, cara de pau. - Casou com o Sandro? E sua filha , qual o nome dela?

- Sim, casei com o Sandro - O ouvi soltar um suspiro - Ah, é o nome dela é Gabriela. Mas e você ein, caso? Filhos?

- Bem, digamos que me juntei com uma mulher sim nesse tempo em que viajei, não cheguei a casar - Parou, parecia pensar, vai entender - E sim, tivemos um filho, ele ta com 16 pra 17 anos também - Falou, cheio de orgulho - Parece que a Gabi ganhou um primo de 2º grau - falou, e desatou a rir.

Ai deus, espero que nada se repita, se é que me entendem. Bom, digamos que eu transei com meu primo. É, o Bê, o casado com filho. Ah, eu tinha 17 pra 18 anos, era praticamente um ‘moleque’, sempre era do contra e eu quis, só pra deixar claro.

- Sempre.

- Que bom, beijos.

- Beijos.

Desliguei e deitei novamente. Pensei em cada momento, cada conversa com o Bê. Ele era realmente diferente, um amor diferente, sempre. E olha só, eu ia vê-lo novamente, fiquei feliz, veria de novo meu querido pirralho!

Ah sim, ele deve ta com 36, já que é 2 anos mais novo que eu. Estou com 37. Jesus, daqui a pouco vou ser quarentona! Ah, mas que merda!

Enfim, vou rever meu pirralho, que saudades dele!

Que seja, se eu sou gostosa com 38, vou ser gostosa aos 40. Sempre, nenhuma banha, nenhuma celulite, nem rugas!