- Poison escrita por Bella_Hofs


Capítulo 16
- Capítulo 14 (finale)


Notas iniciais do capítulo

Bem, mais uma vez, eu tenho algo adizer. Eu vou sentir muuuuuitas saudades de escrever sobre a vida de Jennifer Gardens e posso dizer com certeza que eu vou sentir saudades de todos os personagens dessa história. *limpa lágrimas*

Enjoy o último capítulo e deixem um review se gostarem do fim, mas deixem um review *_*

xoxo , Bells '



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A festa foi magnífica.

Tá, pra uma festa cujo orçamento foi de mais ou menos duzentos dólares e um cheesecake com o nome da minha mãe porque ela tinha um cupom do ‘ganhe um bolo com o seu nome’ foi uma festa maravilhosa. A casa estava decorada em tons de verde e vermelho, com copos plásticos pelo chão, pessoas ajudando a limpar o cubículo e o meu cheque estava guardado. Minha mãe e eu ficamos, juntamente com Tommy (que se apresentou como meu namorado) arrumando a casa e jogando cartas até as duas, quando fomos finalmente dormir.

***

- Jenn, acorde amor. – Tommy beijou minha bochecha e me acariciou- Vamos, amor. Você tem que ir na festa de encerramento. Sua chefe te ligou.

Eu não estava querendo acordar, principalmente porque eu fui paga pra não ir na festa, afinal, era o trato. Mas porque ela queria tanto que eu fosse na festa e Sara não. Obviamente ela não estava preocupada comigo, mas com ela. Meus olhos se abriram e eu bocejei, procurando deliberadamente um relógio.

Não mesmo. Já eram quase dez horas.

Levantei da cama num salto, peguei um vestido vermelho de veludo que minha mãe usou na noite passada, calcei botas pretas, enfiei um sobretudo verde escuro que minha mãe ganhou de amigo oculto e saí, parecendo um duende saltitante. Nem notei no meu cabelo, que a essa altura devia estar cheio de frizz e sujo. Corri pelo salão da entrada e entrei num taxi antes que um casal de velhos idênticos aos meus avós ia entrar.

E eram eles. Mas quem liga?

Em menos de cinco minutos eu estava entre a rua da minha casa e o bloco seguinte. A mulher do rádio disse “... devido a uma nevasca nunca antes vista, o engarrafamento do central park está aumentando a cada minuto.” Ela disse nevasca?

Que bom.

Foi aí que eu saltei do taxi, paguei com uma nota de vinte e segui para o central park, onde haviam uns caras andando de bicicleta e fazendo manobras radicais.

- Ei, você da bicicleta. – O menino devia ter mais ou menos uns dezessete, mas virou pra mim assim mesmo e me chamou de tia. Eu só tenho vinte anos, qual é. – Vem cá.

Ele se aproximou curioso, em direção á mim com a bicicleta. Eu torci pra que ele não fosse de nenhuma gangue e nunca mais me visse de novo, porque eu o beijei e roubei sua bicicleta. Claro que ele não foi atrás de mim ele estava extasiado por ter sido beijado por uma estranha, mas eu nem pensei em olhar pra trás.

Eu juro que nunca pedalei tanto.

Nem esperei pelas portas giratórias do Vivacité, larguei a bicicleta e entrei o mais rápido que pude pela porta comum, que ficava do outro lado do prédio, perto do elevador, que ia fechar, mas eu dei um escorregão e consegui deslizar até travar o elevador, de forma que eu escorregasse pra dentro. Me senti literalmente uma versão feminina do James Bond. Consegui ir para o meu andar em minutos, porque o elevador só levava um casal bêbado. E como eu sabia disso? Ela vomitou em cima dele. E ele riu disso. Pode crer, se ele estivesse no seu nível normal, ele teria terminado com ela ali mesmo. Saí pela porta antes que ela vomitasse onde eu estava, escapei por segundos. Corri até o escritório a tempo de ver a mega produção.

Parecia um salão de festa.

As mesas foram chegadas para o canto, os cubículos removidos, um lustre foi colocado de forma á iluminar todo o espaço. Mesas? Não tinham. Só tinha um lounge, um open bar e garçons servindo champanhe. Havia também, ao norte um palco onde Miranda, minha chefe, estava prestes a entregar um tipo de chave dourada para Sara. Eu corri, desviei de um garçom, de convidados que eu nunca tinha visto antes, a não ser algumas modelos que vieram aqui antes, desviei também de uma mesa que eu não tinha visto, mas a minha sorte acabou por aí, porque eu perdi o equilíbrio e bati a cabeça numa bandeja de champanhe, derrubando com os copos, o garçom e uma mulher que segurava uma taça com algo vermelho, que assim que caiu na minha roupa eu identifiquei como vinho. Alguém do comitê da revista pegou meu braço e tentou me puxar pra longe dali, mas Miranda desceu do palco e me tirou dali.

- O que você está fazendo aqui? – Sara desceu do palco e uma rodinha se abriu para ela passar.

-Arruinando sua noite, pode ter certeza. – Eu pisquei e chequei minha cabeça com a mão, para ver se eu estava bem ou não. Felizmente eu estava bem, só com um galo na cabeça e vinho no vestido. – Pensou que podia me passar pra trás?

- Mas do que vocês estão falando? – Miranda me ajudou a levantar e olhou para Sara. Ela sorriu e subiu novamente no palco pegando a chave que minutos antes Miranda ia dar pra ela. – Não importa mais, agora eu sou a nova diretora da Poison. E a minha primeira ordem oficial? Tirem as duas daqui. – Os seguranças pegaram a mim e a Miranda e nos arrastaram pelo salão.

- Pode tirar a mão de mim!- Eu me contorci e me livrei de um segurança, mandando um gancho de esquerda no outro e em seguida uma rasteira no que segurava Miranda. Ela levantou e usou o salto para bater no outro, nós duas brigando. – Sara é que devia ter sido presa, ela veio me subornar ontem á noite. – Usei meus pulmões e corri para o palco, pegando o microfone. Miranda me acompanhou e se sentou numa cadeira próxima.

-Suborno? Eu te ofereci ajuda em troca de benefícios. – Sara pegou a chave e me encarou. O comitê da revista e da editora encarava a luta como uma briga profissional, observando nós duas a uma distância segura.

- Benefícios? Ah sim, como por exemplo, impedir que eu viesse a essa festa, impedir que eu ganhasse de você em todas as competições dessa revista, impedir que eu fosse a estrela. Você não queria que eu viesse porque eu sou a única pessoa aqui que pode tirar a Poison de você. – Eu segui até ela e tirei do bolso o cheque ela tinha me dado ontem. Nem sabia como ele estava no meu casaco, mas eu nem liguei. A minha voz se elevou – Eu, sinceramente, acho que você tem o potencial de fazer planos ardilosos.

- Bem, isso é o que queridinha? O cheque que eu te dei para que você não passar fome? – Ela segurou a chave com mais força junto ao peito e pareceu desesperada ao olhar para mim. – Eu tenho um dom, mas por favor, não me julgue mal. Eu vivo pra isso! – Uma lagrima escorreu pelo olho esquerdo dela, mal pude acreditar que Sara estivesse chorando ali na minha frente, como um tipo de cara literalmente lavada.

- Devia ter pensado nisso antes. Caso você não saiba, quase matou Miranda. Agora quer a empresa dela? – Eu dei o cheque para o funcionário do comitê. – Eu acho que vocês não poderiam contratar alguém assim. Mentalmente capacitada, mas emocionalmente comprometida. – Eu balancei a cabeça e me senti alguém do Law and Order juntando provas para tirá-la da jogada. Lembrei até da cena onde Kirk irrita Spock porque ele não sabia amar. Qual era a fala mesmo? – Ela está emocionalmente comprometida e não pode comandar essa empresa.

- Tem razão. – Um senhor de meia idade vestindo um terno xadrez levantou da mesa do comitê. – Sara May, eu tinha fé em você. – Ele fez uma pausa e subiu ao palco, encurralando-a e pegando a chave de volta dos dedos finos dela. – Miranda, eu sinto muito por ter te levado á fazer escolhas impróprias. Eu quero que aceite de volta seu cargo como editora-chefe. – Ele estendeu a chave á ela, mas ela sorriu como eu nunca a vi fazer. Ele tentou dar a chave a ela, mas ela esticou a mão em sinal de negação.

- Eu não posso. – Miranda pegou o microfone e se virou para a platéia, que nos admirava enquanto mandavam suas fofocas para as colunas sociais. – Eu não quero.

- Mas Miranda, é o seu emprego. – Eu intervim, mas ela me mandou ficar quieta.

- Eu não vou aceitar esse emprego porque ele não é mais meu. Quantas vezes eu fui humilhada em publico, compareci á eventos que eu não queria, mas estava aqui na segunda feira pontualmente com o meu café? – Miranda pegou a chave e a quebrou em dois. Muitos fizeram ‘ohs’ e ‘ah’s na hora, mas ela não ligou. – Eu não quero ser mais a editora-chefe. Eu quero que Jennifer, minha faz-tudo seja. Eu quero que Violeta seja. Eu quero que Frances seja. A Poison não sou eu, são vocês, que fazem cada dia da minha vida e dessa revista único. – Ela me deu o microfone, mas antes anunciou com alarde: - Por isso, Jenns vai ser a nova editora-chefe. Porque eu acredito no potencial dela. Mas eu não quero que ela seja editora aqui.

Eu encarei Miranda com uma cara de incógnita.

Uma mulher de mais ou menos quarenta anos, morena, com cabelos curtos e negros, relativamente alta e magra, subiu no palco usando um vestido negro e um laço branco na cabeça.

- Bonjour, eu sou Madeleine Grant, para quem não conhece, e sou editora chefe da Poison Francesa. – Ela começou e notei que tinha um sotaque perfeitamente francês. – Eu estou me aposentando para trabalhar na minha nova grife como sabem, e eu adoraria dar a vaga de editora á minha cara amiga Jennifer. Miranda me falou muito sobre o empenho dela e também sobre a mãe, que gostaria de lançar uma grife.

Eu não consegui piscar, ainda estava muito abismada para notar pequenas variações de humor. Estava pasma. Eu queria agradecer, mas eu não tinha palavras. Eu queria chorar, mas meu corpo não achava a maneira certa de fazer isso. Eu queria ir lá e beijar aquela mulher por me dar um trabalho tão maravilhoso num país tão encantador, mas isso seria extremamente não profissional.

- Bem... Eu, primeiramente, agradeço pela vaga. Sério, você mudou a minha vida. Em segundo eu queria dar como sugestão que Violeta assumisse o meu cargo na Poison americana. – Eu segui até Madeleine e ela me deu um cheque. Miranda concordou silenciosamente com a minha sugestão.

- Aqui está um cheque no valor de 250 mil euros para suas despesas e as da sua mãe. As passagens de avião e um loft que é meu e eu passo para você já estão pagas e prontas para serem usadas. Eu espero que você curta Paris, mon cheri. – Ela me cumprimentou e tiramos fotos juntas. Foi só aí que eu notei que a minha mãe e Tommy já estavam no salão dourado, sorrindo e festejando. Mas quando eles ouviram Madeleine dizer que eu ia para Paris, só minha mãe ficou feliz. Tommy esboçou um sorriso, mas não estava alegre de fato. Eu corri até ele, enfiando o cheque no meu bolso.

- Porque está triste? – Eu acariciei sua bochecha e ele pegou minha mão, beijando-a. – Nós vamos para Paris Tommy, e você vai junto. Tenho certeza que minhas ‘despesas pessoais’ incluem você.

- Eu não te contei porque eu vim para Nova Iorque, Jenns. – Ele me puxou para longe dali, para a sala de Miranda. Eu sentei em seu colo, mas ele me sentou no sofá, recusando-se a me olhar. – Eu tenho uma família em Paris. Meus pais são de lá, meus avôs e avós, todo mundo que cuidou de mim. Eles são de uma família muito antiga e são quase como reis na França. – Ele fez uma pausa e continuou, derramando em mim as palavras sem notar minha reação. – Enfim, tivemos problemas eu fui banido de lá, deserdado. Eu sou uma vergonha lá. Eu fui juridicamente banido de lá, para sempre.

Eu não processei o que ele quis dizer, meu cérebro estava entorpecido da comemoração. Foi ai que eu entendi que ele nunca ia poder ira comigo pra França, porque ele foi banido legalmente de lá. Se ele voltasse, ia ser caçado e morto pela própria família. E seria o fim de Tommy Lengard. Acho que estava chorando, porque senti algo pingar no meu vestido, e definitivamente não era uma goteira. Ele não olhou para mim, mas eu também não olhei para ele. Acho que ficamos em silêncio praticamente o tempo que ficamos lá até minha mãe me chamar para ir embora. Tantas memórias, tantas lembranças, mas todas elas se resumiam em uma palavra: saudade. Tentei me virar para me despedir, porém não encontrei forças dentro de mim para fazer isso. Queria muito vê-lo, abraçá-lo e até mesmo fingir que isso tudo foi um grande mal entendido, embora ele estivesse sendo tão sério que podia sentir o timbre da sua voz mudando de ‘brincadeirinha’ para ‘extremamente sério’.

E aquela foi a última vez que eu ouvi falar de Tommy Lengard.


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Notas finais do capítulo

Ainda devo escrever um epílogo , então , figuem ligados *-*


xoxo , Bells '