Na cena do crime Grissom estava espantado com o detalhe que deixara passar bem na frente dos seus olhos, sua raiva estava cada vez mais elevada. Sentia raiva de não ter prestado a devida atenção na cena, raiva de ter se preocupado demais com a vida pessoa, e o que lhe deixava com ódio era ainda pensar nela!

“Só se odeia o que se ama”, aquela citação não saia de sua mente enquanto praguejava em pensamento o sentimento que invadira seu ser, Catherine segurou a bala com uma pinça e arqueou as sobrancelhas.

–Você disse o que sobre a falta de atenção do Greg? - Ele lhe olhou com olhos mortais e a amaldiçoou por seu comentário em segredo. -Tem alguma explicação para ter deixado passar uma coisa no mínimo fundamental?

–Eu já sei que não poderia ter deixado uma prova dessas passar!- Ele esbravejou -Até porque quem normalmente dá essa porcaria de sermão sou eu! - Por mais que fosse exagerado os berros de Grissom, Catherine arriscaria por si mesma ultrapassar a tênue linha de calma que o supervisor estabelecera.

–Eu também dou sermão a minha filha que é errado gritar com as pessoas na casa dos outros.

–Você está fora do caso!

–O que?

–Não quero saber, está fora e ponto final! - Catherine lhe olhou com uma expressão de incredulidade. Quando Grissom entrava em fúria deixa todos em estado de pânico.

–Você não pode me tirar do caso dessa forma.

–Posso não? - O page de Grissom tocou, assim que leu a mensagem mostrou um sorriso vitorioso em sua face. Após apertar em algumas teclas do seu aparelho o celular de Catherine tocou, ele a olhou por cima de óculos e viu a expressão de fúria nos olhos dela depois de ler a mensagem que estava em seu celular. Ela largou a pinça, pegou sua bolsa e saiu da casa dando bote no vento. Grissom deixa seu 'brinquedinho' no chão para poder ajeitar sua prova.

Nele se lia claramente:

“MENSAGEM REENVIDA PARA CONTATO(S):
[ ] BRASS
[X] CATHERINE WILLOWS.
[ ] NICK STOKES

–HOMICÍDIO DUPLO EM CASSINO, SOPHIA às 7:24pm August 8”

~♥~

Deitada na cama de seu quarto, coberta por um edredom, seu mal-estar já havia passado brandamente há certo tempo. Em algum momento da tarde, seus olhos começaram a lagrimejar e não pararam, e pelo que via nem queriam deixar aquela deprimente situação.

Escutou remotamente seu telefone lhe chamar, estava com preguiça sem falar que não queria que ninguém lhe ouvisse com voz chorosa. Por mera curiosidade viu quem lhe ligava, havia sem seu conhecimento uma mensagem de Hank e o telefone de Brass se fazia presente no visor. Por gratidão resolveu atender.

–Sidle. - Até o momento conseguia disfarçar a voz.

–Oi, está melhor?

–Graças a você.

–Então recebeu meu chá?

–E seu outro presente.

–Meu outro presente...? Ah...Você deve está falando do bonsai em tamanho família do Grissom?

–Foi ele que me mandou? - A perita levantou-se em um pulo. E foi até sua sala.

–Sim. - O policial pensou em fazer menção ao comportamento preocupado do amigo mas resolveu guardar para si, na hora certa o mesmo falaria.

–Certo Brass. - Houve certo silêncio na linha. -E o parricídio, como anda?

–Vamos dizer simplesmente que a situação salivar ajudou na inesperada revelação de provas.

–O que?

–Eu acho que o Grissom lhe explicaria melhor. Eu vou ter que desligar, como dizem? “O dever me chama”. - Os dois riram.

-Tudo bem.

–Sara, juízo. -Ele desligou seu telefone deixando a moça pensante, segurando a caixa com dúvida do que deveria fazer com a nova aquisição. Ela arqueou as sobrancelhas e sentiu a mão de posse do celular vibrar, outra mensagem. Seus olhos ocorreram pelo visor e seus dedos aceitaram o recado. Após um outro arquear de sobrancelhas, um enrugar de cenho e uma expressão pensante, escorregou seus dedos pelas teclas do celular digitando uma resposta para a mensagem que acabara de ler. Em seguida coloca o aparelho sobre a mesa perto da planta e vai ao banheiro tomar outro banho.

~♥~

Grissom na cena do crime procurou por Brass em certo momento e percebeu sua ausência, quando saia da casa viu o amigo ao celular que percebe seus olhos vigilantes e desligou o telefone se aproximando do perito.

–A Catherine saiu bufando, o que aconteceu? -Perguntou o policial.
–Com quem estava falando?
–Eu perguntei primeiro.
–Eu só estou promovendo mais convivência dela com Sophia.
–Hm... O que ela falou para você tirá-la do caso.
–Jim, nunca lhe contaram que a “curiosidade matou o gato”? - Houve silêncio. -E agora vai me responder com quem estava falando?
–O seu gato comeu minha língua antes de morrer. - O supervisor exala um 'snif' e o policial esboçou um sorriso debochado nos lábios.
–Eu tenho insetos de estimação somente para constar. - Os dois se entreolharam com as 'trocas de tocos' que fizeram ao chegarem na sala da casa -Enfim, quando a 'Bela Saliveira' irá acordar?
–Eu acho que já está acordada. Quer vê-la?
–De preferência se ela estiver amordaçada... - O policial ia se retirando da casa quando parou com certo peso na consciência e virou-se de frente para o amigo.
–Gil, eu estava falando com a Sara.
–Pensei que o gato tinha comido sua língua.
–Não o suficiente para dizer que ela aproveitou bem mais meu presente.
–Fora gabar-se por tê-la dado a chance de continuar a beber, tem alguma coisa realmente importante para me dizer a seu respeito?
–Sim, ela precisa de gente, não de uma planta. - O policial saiu da casa deixando o supervisor chateado. O supervisor respirou fundo, aquele silêncio ensurdecedor que aparece em sua mente quando voltava a pelo menos fazer uma referência a ela estava presente novamente, a latejar em sua cabeça, por que será que ela lhe deixava sem mente e sem razão...? Sem pensamento...?

CONTINUA