Barulhento Silêncio escrita por Dark_Hina


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Estou pedindo um desconto, não sou boa em fic na terceira pessoa sem falar que nunca fiz uma fic que desse certo com mais de um capítulo.
Já tem até o terceiro pronto, mas vou postar um por semana.
Kiss Kiss Bye Bye ~Dark_Hina



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/86353/chapter/1

Os olhos azuis ficaram perdidos passeando pelo espaço da boate, logo encontrando uma figura familiar no meio das luzes ofuscantes e do montante de pessoas. Só depois de ter certeza que seria quem procurava começou a caminhar em sua direção, esbarrando nas massas que passavam em meio a pista de dança.

Enquanto ele se aproximava, a morena despejava em sua boca o líquido amarelado, que descia queimando sua garganta - não seria a primeira golada, estava mais para a primeira dúzia. O homem se aproximou por trás e lhe tocou o ombro.

O susto inicial a fez movimentar-se sentada, virando rapidamente para o lado do chamado. Por mais que não estivesse sóbria, seus sentidos funcionavam bem o suficiente para distinguir as pessoas.

—Grissom? - A morena arqueou a sobrancelhas, com sua expressão inicial de susto tornando-se desdém.

—Desapontada?

—O que é que você está fazendo aqui? - Ele deu de ombros.

—Queria ver como andava sua suspensão administrativa. - Ela levantou a taça com o líquido alcoólico.

Tin tin? - Mesmo com o barulho ensurdecedor Grissom sentiu uma vibração na perna, não poderia ser outra coisa a não ser seu Pager. “Possível Parricídio – Catherine”. Os olhos da morena leram perfeitamente a descrição do semblante sério masculino e completaram suas suspeitas com a visão embaraçada no visor do aparelho. - Acho que não... - Disse baixo, mais para si mesma que para ele.

—Você vai para casa de táxi ou quer que eu lhe deixe?

—Um familiar acaba de matar outro, minha ida para casa é o menor de seus problemas.

—Matemáticos consideram problemas as formas mais simples para a solução de incógnitas... - Ela simplesmente odiava aquelas frases sem sentido que ele soltava no ar como se respondessem todas as perguntas.

O homem simplesmente encostou a mão no ombro da moça, fez um aceno de despedida com a cabeça, e retirou-se da boate sem nem olhar para trás.

A moça lá ficou, pediu mais outra bebida e continuou sua depravação noturna como se nada houvesse acontecido...

 

~♥~

 

Um tempo depois, o mesmo homem de meia idade se encontrava a usar luvas de látex agachado a um corpo gélido, azulado, com sangue coagulado que escorrera por um buraco aberto na têmpora à bala, porém sem cheiro de decomposição.

 –Ficha? - Os olhos do homem não saíram do corpo, a loira que se encontrava em pé a seu lado, já acostumada com a frieza de sempre não poderia responder sem a mesma altura.

—Er... Susan Macton, 34 anos, casada, dois filhos, formada em medicina, mais uma profissional convertida em dona de casa.

—Tem certeza que você não quer dizer: mais uma dona de casa convertida na nossa profissão? - A loira revirou os olhos desconsiderando o trocadilho bobo, era impressão dela ou ele estava mal-humorado? -Você disse parricídio, estou esperando...

Na mesma hora um homem de estatura mediana, usando terno com um distintivo em seu cinto aproximou-se dos peritos.

—Me Desculpem, tive que atender uma ligação. - O homem de cabelos grisalhos já em pé e com as mãos nos bolsos encarava outro com olhos curiosos.

—E o que nós temos? - O supervisor soltou baixo.

—Recebemos uma ligação dizendo que uma mulher estava morta, assim que chegamos um garoto de aproximadamente 14 anos segurava uma arma e dizia que havia matado a mãe, ele...- O senhor continuaria, caso não fosse interrompido por um outro homem que chegou histericamente ao local, perguntando aos sete ventos o que estava acontecendo com sua casa.

Ele ficou estático ao olhar para o tapete de sua sala e ver sangue escorrer por seu chão de madeira, aparentemente as lágrimas escorreram involuntariamente pelo seu rosto.

 

Igualmente ao investigador Gil Grissom, Lucio Macton era um homem de meia idade, cabelos grisalhos, só que no lugar de olhos azuis, possuía grandes esmeraldas, verdes-vidas, na sua íris. As veste brancas, a maleta e o crachá indicavam que era médico. Enquanto ele andava em passos hesitantes para trás, os olhares da sala se voltaram para ele de forma curiosa, a saber, o motivo do escândalo inicial.

 

—Por favor, me digam que essa não é a minha esposa. - Ele disse seco, atordoado... Catatônico...

—Sinto muito senhor, mas o senhor não pode ficar aqui enquanto está acontecendo uma investigação. - Disse Brass se aproximando do homem.

—Por favor, me digam que não é a minha esposa. - A fala foi baixa, quase inexistente. Quando Brass se aproximou um pouco mais dele, o recém-viúvo volta a repetir. -Por favor, me digam que não é a minha esposa. - Ele estava entrando em choque.

—Como? Não escutei. - O policial realmente não havia entendido.

—POR FAVOR, ME DIGAM QUE NÃO É A MINHA ESPOSA! - O homem não estava conseguindo se controlar, a imagem a sua frente era tão irreal que sua mente estava ficando descontrolada. -Por favor, me digam que não é a minha esposa... - Grissom já não aguentava mais ficar sendo atrapalhado pelo homem em desespero. Tirou a mão dos bolsos e foi até homem.

—Lamento lhe informar que sua mulher está morta, mas lamento mais ainda o senhor não nos deixe trabalhar. - Confirmado para Catherine, ele estava realmente mal-humorado. O médico encarou o supervisor com olhos mortais e mesmo assim não respondeu ao comentário. -Nós precisamos que o senhor saia da sala para finalizarmos as investigações e explicar o que aconteceu. - O homem não falou nada, tamborilou com os dedos nas pernas, socou o braço do sofá, jogou a maleta no chão e se levantou calado saindo da sala.

—Prosseguindo, - Continua o capitão, vendo o doutor deixar a sala. -Ele estava sentado na frente da porta de casa segurando a arma, assim que chegamos, ele entregou a arma aos policiais e pediu para ser levado logo para a delegacia.

—Onde está o outro filho? Catherine disse que ela tinha dois.

—Filha, Rener Macton, 10 anos. Segundo o irmão está na casa de uma amiga.

—Catherine você poderia falar com o pai?

—Do jeito que está, teria pena dele se fosse você a falar com ele. - A loira a jeitou o cabelo solto e saiu da casa indo ao médico encostado no carro policial com uma feição inconsolável. Ela sentiu seu coração apertar, era a pior parte do trabalho.

 

Na sala da casa Brass continuava a olhar o amigo com um 'quê' de pergunta em seu semblante.

—Quer me perguntar logo? - O perito indagou firme, estava segurando uma lanterna direcionada ao tapete entre que mostrava uma fosforescência revelada pela luz UV.

—“Perguntar”? Como assim?

—Você está me encarando desde quando eu falei com o homem.

—Convenhamos que não foi a melhor forma de pedir para o homem sair. - O supervisor exalou com força mas não disse uma palavra. Simplesmente pegou um cotonete e passou no fluido detectado com a luz. -Soube que o Ecklie está em cima de você para demitir a Sara. - Novamente silêncio. -Eu não vou continuar puxando assunto com você caso não queria falar. - Relutante Grissom tomou a palavra.

—É a segunda suspensão não remunerada dela em seis meses. Estou ficando sem pano para as mangas.

—Ela sempre tenta ser sua melhor aluna.

—Eu nunca ensinei que a melhor forma de aliviar a tensão é beber.

—Você a viu?

—Demorei a chegar por estar falando com ela. - O perito fecha a proteção do cotonete após verificar que não era sêmen.

—Ela vai perceber que encontra mais problemas no fundo da garrafa do que soluções.

—O que me preocupa Brass é saber quanto tempo isso vai demorar e quantas suspensões isso vai custar. - Era a primeira vez que Grissom falava na conversa olhando para o Capitão. -E nem consideramos a hipótese de que poderá afetar futuramente o profissional dela caso deseje promoções ou transferências.

—Veja o lado bom.

—E qual seria?

—A garota está fazendo você pensar em gente viva. - O supervisor fica calado e sobe para o segundo andar com seu kit em punho ignorando o policial. Brass percebe que tocou em uma ferida e que tinha algo para fazer, acena de forma positiva com a cabeça para o nada e sai do local para o seu carro.

 

~♥~

 

No lado de fora, o clima era tenso na conversa de Catherine com o recém-viúvo.

—Sou Catherine Willows criminalista, lamento por sua perda.

—Espero que esse seja mais sincero do que o outro.

—Desculpe a pertinência do investigador Gil Grissom, eu garanto que ele não falou a aquilo por insinuação.

—Vou tentar acreditar.

—O senhor irá para delegacia para prestar depoimento e alguns esclarecimentos, mas poderia dizer algo por agora? Alguma notificação para a investigação?

—Não que eu possa me lembrar... Antes de ir para delegacia posso dizer a meus filhos da notícia?

—Para sua filha, sim claro. E não se preocupe seu filho já está na delegacia e só será interrogado com a supervisão dos pais, assistente social ou advogado.

—Por que meu filho foi sozinho para lá? - O olhar a investigadora mudou completamente.

—Assim que a policia chegou seu filho estava sentado a porta de casa com a arma em mãos e disse que foi ele que matou a mãe, conseqüentemente sua mulher. - A mesma expressão de descrença brotou no rosto do homem. -Normalmente ligamos para os pais em casos assim. Seu celular estava desligado?

Ele balançou a cabeça de forma positiva. Seu corpo encostado no carro começou a escorregar e sua calça branca encontrou com a grama que estava sendo molhada com as lágrimas. Aquele era o início de uma longa noite...

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo 08/08/2010



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Barulhento Silêncio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.