-Algum motivo tem! Diga-me Sophia! –Ele disse preocupado. –Sei, que está com saudades! Nós também estamos. Sua mãe até convidou Nancy, para passar uns dias aqui. Para diminuir sua ausência.

-Nancy, não ia viajar?

-Ela não vai mais.

-Humm. Mais pai, deixe me voltar?

-Sophia, aproveite sua viagem! Você vive reclamando que não viaja! Já sei o que farei...

-O que?

-Vou mandar Nancy, para o Brasil. A companhia dela, será boa para você!

-Pai, eu só quero voltar. –Choraminguei.

-Boa noite, querida. Nancy chegará ai em breve.

E assim ele desligou. Fiquei chateada. Eu queria mesmo era ir embora, tentar esquecer o Lucas. Talvez eu conseguisse escapar dele, esses dias que teria que ficar aqui.

Quando estou preocupada, prefiro dormir logo. Assim não penso muito, e não me sinto pior.

(...)

-Nancy?!? –Gritei assustada, quando vi aquele rosto conhecido.

-Euzinha! –Ela riu.

-Você já está aqui? –Falei sonsa.

-Não estou no avião ainda. –Ela debochou. Levantei da cama, corri para conferir as horas, já eram duas da tarde. OMG! Como dormir tanto? E como ela veio rápido!

-Chegou tão rápido! –Exclamei surpresa.

-Assim que seu pai desligou o telefone providenciou tudo. Está feliz em me ver? –Ela abriu um enorme sorriso. Eu fui obrigada a balançar a cabeça positivamente. Tudo bem que era legal ter uma amiga por perto, mas aqui? Eu queria voltar logo, isso sim! –E ai o que vamos fazer? Eu quero nadar! –Ela disse abrindo a mala. Que era enorme por sinal. Quantos dias ainda passaríamos aqui?

-Pode ir. Eu vou ficar aqui. –Ela arregalou os olhos e me puxou.

-Lógico que não! Já perdeu tempo demais dormindo. Se arrume, e vamos!

-Mas eu nem almocei. –Tentei arrumar uma desculpa.

-Vamos à praia, você come um espetinho por lá. –Ela fez uma cara de boazinha. Espetinho?

-Não tenho escolha, né?

-Não!

-Vamos então. –Falei por fim. –Espere só eu me arrumar.

Eu era obrigada a fazer tudo aquilo. Acho que as coisas iam ficar ainda piores com Nancy aqui. Ainda mais porque ela quer curtir tudo o tempo todo.

E assim fomos à praia. Quando eu digo fomos, eu refiro a mim, Nancy, Emily e os caras de terno.

-É tudo lindo! –Ela disse toda emocionada.

-Muito. –Concordei desinteressada.

E lá se foi à menina que tinha dentro de Nancy. Ela começou a correr na areia, fazer bagunça com a água. Ela estava parecendo uma criancinha.

Emily foi até Nancy. Acho que ela estava gostando da brincadeira de Nancy e quis imitá-la. Os seguranças estavam meio espalhados. Eu estava sentada contando os minutos para que tudo passasse.

-Oi, Sophia! –Falou alguém ao meu lado. Cruzei os dedos para que NÃO fosse Lucas. E realmente não era. Era o amigo dele. Oh azar!

-Oi. –Falei desanimada.

-Está chateada comigo? –Ele deu uma risadinha sem graça. –Desculpe se acabei com seu conto de fadas. Um dia você me agradecerá.

Não falei nada. Eu não tinha o que dizer. E nem queria escutar o que ele tinha para dizer. Os seguranças me encararam, e logo em seguida olharam para o tal amigo do Lucas, fizeram um gesto como que se eu precisasse, eles estavam ali. Balancei a cabeça negativamente.

-Se quiser que eu saia, pode falar. –O amigo do Lucas disse. Parece que ele ficou assustado em ver os seguranças. Medroso!

-Como você chama? –Falei ignorando o medo dele.

-Wilmar. –Ele disse.

-Ah. –Fiz pouco caso.

-Como eu ia lhe dizendo, o Lucas é muito galinha! –Ele disse sério.

-Galinha? –O que significava um cara ser GALINHA?

-Nossa, desculpa! Esqueci que não sabe bem alguns ditos brasileiros. Quis dizer que ele é muito safado.

-Nossa você é um amigão em! –Ironizei. Que tipo de amigo ele era? O tipo que acabava com a reputação dos “amigos”.

-Só estou te falando porque te acho legal. E eu nunca faria isso com uma garota! –Ele disse. Ah legal, ele acaba com a reputação do amigo para se fazer de bom moço!

-Até a parte que eu sei, a aposta foi de vocês três! –Acusei.

-A aposta sim! Era só para ele conversar e pronto. Não era para ele te conquistar. –Ele franziu o cenho. –Ele é desse jeito. Faz você apaixonar e depois da um pé no bumbum. Não sei no seu caso, né? Talvez com você fosse diferente afinal você é a FILHA DO PRESIDENTE. –“Ah! Obrigado por lembrar!” Foi o que pensei. Sorte que pensei antes de falar, eu não quero que isso seja a manchete da revista de amanhã. Imagina: “Sophia não é feliz com a vida que tem!” Por mais que seja verdade, ninguém precisa saber, não é?

-A chega! Cansei. –Falei levantando. Nancy não sei por qual motivo, voltava do mar sorrindo. Quando ela viu meu rosto serio e até bravo, tirou aquele sorrisinho do rosto e veio atrás de mim. Pedi para que ela me deixasse sozinha e sai caminhando. A ouvi dizer para os seguranças não irem atrás de mim. E ótimo todos da praia me olhavam. Sou a atração mais uma vez!

Sabe quando sente que tudo está desmoronando em cima de você? Pois é, estou assim! Eu não devia, mas eu gosto do Lucas. Eu gosto da voz dele, gosto do sorriso dele. Do jeito que ele me trata (ou tratava falsamente). Gosto dos nossos papos. E do sotaque dele. Parece até que o conheço há muito tempo. Ai como eu tiro ele da cabeça? Como? Parece que ele está grudado nos meus sonhos, nos meus planos.

-Sophia! Sophia! –Alguém gritou atrás de mim. Eu não tinha ido muito longe, ainda estava na praia. Estava em pé olhando o mar, um pouco afastada das pessoas. Fiz força para não virar para trás. –Espera, amiga! –Era a Nancy. Pra que meu pai a mandou pra cá? Poxa, eu que queria ir para lá.

-Ai Nancy! Me deixa! –Falei, ela fingiu nem ouvir. Veio correndo até mim.

-Senta ai. –Ela me disse já sentando na areia. –Então? Quer desabafar?

-Não. –Falei sincera.

-Tá legal! Quer um abraço? –Ela deu um sorriso. Isso não está ajudando em nada.

-Não. Eu quero ficar sozinha. –Posso está sendo idiota, dramática e etc. Mas não se pode mudar o que está sentindo.

-Eu sei. Sei de tudo. O Wilmar me contou.

-Ae? –Falei com pouco caso. O bom ia ser que eu não ia precisar contar. Era tanta coisa.

-Você não pode julgar o pobre do Lucas. –Ela disse.

-Hãn? –Falei assustada. –O Wilmar NÃO fez uma lavagem cerebral em você também?

-Também? Então isso quer dizer que fez em você né? –Ela riu como se tivéssemos concluído o assunto. –Não se pode analisar só um lado. E nem acreditar em tudo.

-Acha que a aposta não aconteceu? –Falei.

-Pode até ter acontecido, mas pensa, você é uma celebridade. Isso é normal.

Suspirei aliviada. Uma parte do peso sumiu dos meus ombros.

-Só conversando com ele para saber. –Nancy disse sorrindo. Minha cúpida!