The Clock. escrita por AnaBonagamba


Capítulo 5
Future.




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- Só mais uns minutos mãe… é sábado… - Resmunguei puxando a manta até à cabeça. Estava tão confortável, e quente, levantar não era definitivamente uma opção para mim.

- Primeiro que tudo Ginevra, não sou tua mãe, ponto dois, as folgas são ao Domingo, não ao sábado, tens muito que fazer hoje, por isso pára de me fazer perder tempo e levanta-te de uma vez!

Nada melhor que ouvir a voz do nosso pior pesadelo, fora do nosso pior pesadelo para ficarmos acordados e alerta, certo? Parece que fiquei demasiado alerta, porque me sentei depressa de mais, e bati com a cabeça em algo duro que caiu pesadamente no chão, e me atirou de volta para cama com a mão a pressionar a testa.

Olhei em volta e estava um Tom Riddle, chocado, de mão numa das bochechas, a olhar para mim do chão. – Desculpa? – Dei um meio sorriso, ele sorriu de volta. – Aprendi a minha lição, apenas te volto a acordar de uma distância segura. Eu vou abrir a loja, quando tiveres pronta desce.

Fiquei a olhar para as escadas por onde ele desaparecera e levantei-me lentamente da cama, e comecei a despachar-me, agradecida por estar viva. Sabia perfeitamente com quem estava a lidar, Lord Voldemort, podia ainda ter a forma humana de Tom Riddle, mas era o mesmo assassino cruel do meu tempo, já tinha assassinado a Murta, o seu pai e avôs e sabe-se lá mais quem! Mas, sendo ainda, ou pelo menos parecendo ser apenas Tom Riddle, recentemente saído de Hogwarts, sem muita experiência em combate… talvez não constituísse um grande problema para mim, que já tinha travado uma guerra, lutado pela minha vida, isso tinha de ter alguma vantagem sobre ele.

De qualquer maneira, o tempo que eu passa-se aqui seria… especial. - Definitivamente especial. – Murmurei ao ver o meu reflexo no espelho.

Desci as escadas até à loja, e os meus pulmões foram inundados pelo cheiro de chá e torradas. – Finalmente! Pensei que ia ter de comer as tuas torradas também. – Tom estava sentado numa das poltronas em frente da lareira, com uma torrada na mão.

- Fizeste-me o pequeno-almoço? – Perguntei incrédula, reparando no prato com duas torradas e uma chávena de chá a fumegar ao lado. – Claro, não sou nenhum monstro, que deixa senhoras inocentes a morrerem de fome pelo meu local de trabalho. – Não olhou para mim, fintou simplesmente o fogo e deu uma dentada na sua torrada.

E eu fiquei a olhar para ele, sem saber o que pensar. Era algo que eu não estava à espera de ouvir, quando eu sabia que isso era mentira, quantas pessoas haviam morrido, porque ele se "esquecera" delas nas masmorras? Nem me atrevo a calcular.

Tom voltou a olhar para mim, - Então? – Foi o bastante para me trazer de volta à realidade, e aproximei-me de forma confiante da poltrona, aquele homem, sentado ao meu lado, ainda não era o Lord Voldemort que eu conhecia, este ainda tinha muito que aprender antes de o ser.

O dia passou melhor do que eu pensava, Tom explicou-me o funcionamento da loja, qual seria o meu trabalho exactamente, que não era de facto nada de especial: varrer e limpar o pó. Nada de emocionante ou perigoso.

No decorrer da semana não trocamos muitas palavras um com o outro, mas a tensão estava a começar a desaparecer, não muito, era cedo de mais, mas eu conseguia sentir a mudança, e ele também.

Mr. Borgin voltou dois fins-de-semana depois, com um ar apresentável e um cheiro completamente novo e limpo. Apreciou o meu trabalho, sobretudo a recem lavada janela da montra, que permitia que entra-se "uma luz benéfica dentro da loja, que traria sorte e dinheiro aos seus negócios", foram as suas palavras, depois fechou a loja e levou-nos a comer fora. Terminamos a noite num bar, a recusar as bebidas que Mr. Borgin insistia em oferecer-nos. – Oh vá lá, um whisky nunca fez mal a ninguém!

- Estou perfeitamente satisfeita com a minha bebida Mr. Borgin. – Respondi com um sorriso. – Então e tu rapaz? Ainda nem acabaste o segundo copo! – Tom também sorriu.

- Tem razão, mas acho que o senhor não… - Foi interrompido quando a cabeça do seu chefe atingiu a mesa. – Deveria beber mais nada… exactamente… - Fez uma expressão de quem já não passa por isto pela primeira vez e levanta-se. – Rose ponha as bebidas na cota dele por favor. – Disse à emprega que passou por nós, que acenou e piscou o olho.

- Vamos ter que o carregar até à loja não é? – Perguntei num tom baixo.

- Sim… apesar de ser muito tentador deixá-lo aqui, vamos ter que o fazer. – Levantou-se e colocou um braço do inconsciente Mr. Borgin por cima do ombro, e eu imitei-o, começando assim a nossa jornada até à loja.

- Estamos quase no Natal… - Disse secamente. – Vais passa-lo em algum lugar especial? – Olhou para mim com uma sobrancelha levantada. – Com alguém especial?

A informação surpreendeu-me, contava todos os dias que ali passava, mas não me tinha apercebido de que era quase Natal, seria o primeiro que iria passar sem a minha família, como será que eles estaram? Olhei em volta e reparei nas decorações, parecia que o meu cérebro tinha bloqueado essa informação.

- Er… Não, não vou visitar ninguém… não há ninguém para visitar. – Disse sem o olhar.

- Então parece que estamos presos um com o outro no dia 25. – Olhei para Tom, com uma sobrancelha levantada, mas ele não estava a olhar para mim. – Mr. Borgin costuma dar o dia 24 e 25 de folga aos funcionários, ou seja, é o dia em que ele trabalha.

Seguiu-se o silêncio.

- Significa que, dia 24 vamos ter de ir comprar alguma coisa para ele.

- Desde quando é que faço coisas estúpidas? – Perguntou de repente Mr. Borgin, desequilibrando-se e caindo para cima de Tom, de novo inconsciente, fazendo com que ambos caíssem.

Comecei a rir descontroladamente da expressão de desespero de Tom a tentar tirar Mr. Borgin de cima de si. – Ei! Ginevra, pára de rir e ajuda-me!
Voldemort a pedir ajuda? Preso por baixo do peso morto de alguém terrivelmente bêbado? Porque havia de parar de rir? Esta imagem ficaria para sempre gravada na minha memória.

Eventualmente parei de rir, quando as bolas de neve que ele me atirava, começaram a acertar-me. – Está bem, está bem, tem calma. – Tirei a varinha e fiz flutuar o corpo semi-inconsciente de Mr. Borgin para longe de Tom.

- Obrigado por parares de rir, e me dar alguma atenção. – Disse com a voz a transbordar de sarcasmo.

- Devias ter visto a tua cara, foi tão engraçado! Nunca me vou esquecer! – Continuei a rir, até chegarmos à loja, e apenas terminei quando ele me mandou a almofada à cabeça.

Acredito que foi a partir desse momento que a tensão desapareceu da loja, as reacções dele não eram tão falsas como eram no inicio, mas já não existiam longos momentos de silencio, tagarelamos na maior parte do tempo, e na outra metade aborrecemo-nos um ao outro. Posso dizer que estamos a estabelecer algo, que nunca pensei estabelecer com Tom Riddle, algo que não envolve ser manipulada para matar alguém pelo menos.

Faz hoje, exactamente um mês que estou presa no passado com Tom Riddle, e acordei extremamente deprimida com esse facto, fazia um mês que não via a minha família… e Harry. Como estariam todos? Provavelmente a pensar que tinha sido capturada por algum devorador da morte.

- És capaz de parar de suspirar? – Perguntou Tom num tom irritado do outro lado da loja. – Esta a enlouquecer-me! Não tens nada para fazer? Pó para limpar?

- Ao limpares essa estante Tom, estas a fazer o meu trabalho. – Respondi, e dei outro suspiro, que para minha satisfação, o fez literalmente rosnar de irritação.

Voltei a inclinar-me sobre o balcão, aborrecida e deprimida, quando o som da esperança começou a bater nos vidros da porta. A coruja que tinha mandado a Dumbledore tinha finalmente regressado com uma resposta, abri a porta, a ave deu um volta pela loja, deixou cair a carta nas minhas mãos e saiu. Fechei a porta e as minhas mãos começaram a tremer, apertei a carta contra o peito, e desejei com toda a força que a resposta fosse positiva, um sim, claro que consigo arranjar o relógio, vais tê-lo de volta dois dias depois de mo mandares, junto com as instruções de como podes voltar ao teu tempo.

- Ginevra, - Saltei quando senti a mão de Tom no meu ombro. – Está tudo bem? – Fintei-o em silêncio, o meu futuro dependia desta carta, nunca mais o veria, o futuro dele também podia ser mudado, eu podia mudar o futuro… - Ginny! – A preocupação nos olhos dele parecia sincera.

- Dá-me um momento Tom, só um… - apertei a carta com mais força e comecei a correr, subi as escadas saltando dois degraus de cada vez, parando apenas quando me sentei na minha cama.

Respirei fundo, e abri a carta.

Cara Miss Weasley

Lamento a demora na minha resposta, mas fui apanhado completamente de surpresa pela sua carta, afinal não é todos os dias que se recebe um pedido de tão difícil tarefa.

Levei algum tempo a compreender as ramificações do seu problema com o relógio, mas posso dizer-lhe que apesar de complicado, posso ajuda-la. O mecanismo não leva muito tempo a ser reparado, mas o relógio vai necessitar de tempo para recuperar o seu poder. Acredito que ficará retida por mais dois meses no máximo, embora a magia negra tenha tendência a recuperar depressa.

Quando mais rapidamente mo enviar, melhor, e logo que este esteja operacional enviar-lho-ei, junto com as instruções para poder regressar a casa. Até lá desencorajo qualquer interacção desnecessária com as pessoas deste período, seja rápida, e não dê nas vistas, use os seus conhecimentos de História e não faça nada que possa alterar o futuro.

Cordialmente

Albus Dumbledore

- Ginny... – Tom estava no topo das escadas a olhar para ela. – Ginevra?

- Há quanto tempo estas aí? – Perguntei desconfortável, voltando a apertar a carta contra o peito.

- Acabei agora de subir as escadas, não me ouviste? – Perguntou confuso, Tom estava a ter uma reacção verdadeira, e eu não estava a dar-lhe qualquer importância.

- Obviamente que não! Se tivesse não tinha perguntado. – Respondi mal-humorada.

- Pronto, já cá não está quem falo! – Tom respondeu irritado e desceu as escadas, talvez a fazer um pouco de mais barulho que o necessário.

Voltei a olhar para a carta pela última vez, tirei a varinha e queimei-a, não queria que Tom descobrisse que eu era do futuro, porque ele provavelmente torturar-me-ia até eu lhe contar o que o destino lhe reservava. "não faça nada que possa alterar o futuro"

Aquelas últimas palavras entoaram-me na minha mente, alterar o futuro, era algo que podia fazer facilmente, olhei para a minha varinha, e depois para a cama de Tom à minha frente. Seria a coisa mais fácil deste mundo, à distância de duas simples palavras.


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