The Clock. escrita por AnaBonagamba


Capítulo 4
Shopping.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/86202/chapter/4

Desci a Diagon Alley lentamente, tentando acalmar-me o máximo possível, de modo a poder reflectir sobre a situação onde me encontrava.

Estava presa no passado graças a um estúpido relógio, com 40 galeões destinados a comprar roupa no primeiro pronto a vestir que encontrasse, e claro, a trabalhar com Lord Voldemort, ou melhor a fonte dos meus pesadelos desde os 11 anos, Tom Marvolo Riddle, numa loja de magia negra. Que mais pode uma mulher desejar?

Dormir no mesmo quarto que ele por um período de tempo desconhecido?

E graças a essa memória formulada pela voz na parte de trás da minha cabeça, a minha recem adquirida calma evaporou. Estávamos na década de 50! Não existiam regras morais muito rígidas que proibiam duas pessoas de sexo diferente, não casadas, e sem qualquer parentesco, dormissem na mesma divisão? A minha vida estava arruinada.

Chutei uma pedra imaginária, que acabou por se transformar no meu pé preso num monte de neve, olhei irritada em volta à procura de uma loja de roupa. Chamava-se Madame Labell, e a roupa que os manequins mostravam eram simplesmente deslumbrantes.

Já não me consigo sequer lembrar da última vez que fiz algo tão feminino como comprar roupa, desde que a guerra se tinha tornado oficial, apenas comprava o uniforme e os livros para as aulas, não havia tempo para mais nada, nem valia a pena fazer mais nada quando os nossos amigos e família morriam.

Entrei na loja com as moedas a tilintar no cinto, uma mulher à volta dos trinta anos, provavelmente com um antepassado Vella, aproximou-se de imediato perguntado o que eu desejava.

- Oh! Sabe, o meu guarda-roupa ardeu… mas apenas tenho 40 galiões para conseguir algumas peças decentes para vestir…

- Não se preocupe, esse dinheiro é mais do que suficiente para sair daqui bem fornecida de roupa e acessórios! – Respondeu a senhora, ajudando-me a despir a capa, deixando-me apenas com as minhas humildes calças de ganga e blusa de gola alta, que foram olhadas com certo desprezo.

Fui arrastada por todas as estantes e prateleiras existentes, e os meus braços cheios de saias, camisas, blusas e casacos. Os que eram aceites, eram de imediato dobrados e colocados em sacos, passando logo para outras zonas, desde sapatos a pijamas.

Após várias horas… ou anos… não sei bem, a entrar e a sair de trás do biombo, fui libertada da loja, carregada com imensos sacos, e sem qualquer dinheiro no bolso, mas mesmo assim ainda me fizeram um desconto astronómico, não deveria de ser todos os dias que tinham alguém para vestir como uma boneca.

A campainha tilintou quando entrei na loja, com os braços cheios de sacos e a espremer-me para conseguir passar pela porta. Ouvi os passos apressados de Tom no andar de cima. – Só um momento. – Gritou, e momentos depois apareceu nas escadas em caracol.

Dei um passo atrás inconscientemente, quando ele me olhou de cima abaixo, demorando algum tempo nos meus sacos. – Ah… és tu… - A minha boca formou uma linha fina, sinal de irritação. Tinha a impressão de ter acabado de ouvir o som do desprezo, se não fosse ele quem era, provavelmente já tinha levado com os sacos em cima, e estaria agora a ser esmagado pelo peso dos meus sapatos e chapéus.

- Onde pensas que vais por todas essas coisas? – Perguntou aproximando-se de mim.

- Num sitio onde possam estar arrumadas… - Ele deu uma gargalhada, o que me deixou completamente arrepiada, tinha aprendido a teme-las.

- Acho que não vais conseguir isso. – E num movimento rápido tirou a varinha do bolso, e fez os sacos flutuarem dos meus braços. – Tranca a porta, vira a placa para Fechado e segue-me, deixa-me mostrar-te as tuas instalações.

Fiz o que ele mandou sem pensar duas vezes, ainda meio atarantada pela súbita acção de boa vontade, e segui-o pelas escadas até ao sótão.

Não era o maior sótão do mundo, mas era ligeiramente maior que o d'A Toca, tinha apenas uma grande janela redonda na parede virada para a rua, e o seu único acesso para essa fonte de liberdade eram as escadas onde Tom se tinha encostado, e de onde sorria de uma forma de que eu não gostei absolutamente nada.

- Ali, - Apontou. - é a casa de banho, e isto aqui é o… - Fez um gesto largo com o mão e o sorriso desapareceu, o que não fez o desconforto desaparecer. – É o nosso quarto.

Olhei em volta, havia uma estante com livros, uma secretária de aspecto muito velho e usado com um monte desorganizado de papeis em cima, um roupeiro com um pequeno sofá ao lado, e claro, uma cama… uma grande cama de casal… Senti o sangue desaparecer da minha cara, nunca na vida eu dormiria na mesma cama que aquele assassino, nem que ele promete-se pela sua vida, que não se aproximaria do meu lado da cama… de mim, eu o faria.

Tom abriu a boca para dizer alguma coisa, mas eu num impulso de auto preservação, tirei a varinha do bolso, e com um movimento rápido cortei a cama e empurrei cada uma para uma parede, deixando pelo menos dois metros e meio entre as duas.

- Bom… acho que isso resolve o problema da cama… - Respondeu secamente. – Também vais cortar o roupeiro em dois, Ginevra?

Tremi quando ele pronunciou o meu nome, mas respirei fundo. – Obviamente que não Tom, apenas vou altera-lo um pouco, torna-lo um bocadinho maior… - Olhei para ele irritada e dirigi-me ao roupeiro, abri as portas e deparei-me com um compartimento atravancado de roupas verdes e pretas. Uau… que variedade… constatou a voz.

Respirei fundo e coloquei o braço entre as roupas de Lord Voldemort, Isto é demasiado íntimo... Senti a varinha tocar no fundo de madeira e imaginei um roupeiro novo, com espaço para toda a roupa e muito espaço de arrumação, respirei fundo, o que me trouxe o cheiro dele, algo doce com um toque de menta, e murmurei o feitiço.

- Oh! Pensei que fosses pegar fogo às minhas roupas para arranjar espaço para as tuas, estou impressionado. – Olhei para ele, e não me pareceu impressionado, só se apenas adoptou essa expressão quando entrou no novo roupeiro.

Apressei-me a arrumar as minhas coisas, não lhe respondi, não olhei para ele, e fiz o meu melhor para ignorar os movimentos dele nas minhas costas, enquanto organiza a sua roupa no novo espaço disponível.

Tirei uma camisa de dormir e fui para a casa de banho trocar de roupa, e ouvi-o descer as escadas, sai depressa da casa de banho e enfiei-me na cama apagando as velas com um gesto da varinha, e comecei a chorar, algo que não fazia há muito tempo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem hein?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Clock." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.