Sakura acordou se sentindo péssima. Sentia dor de cabeça, o nariz estava entupido, a garganta doía e arranhava, o nariz escorria e a cabeça parecia vazia e pesada. Preocupado, Kero se aproximou da mestra e pôs sua patinha na testa da jovem.

-Você está com um pouco de febre, pelo visto é baixa, mas...

-Sakura, minha filha, está tudo bem com você? - a voz preocupada de Fujitaka atravessou a porta marrom.

-Sim - responde Sakura com a voz rouca e constipada, fungando em seguida.

-Posso entrar?

-Bode.

O Sr. Kinomoto abriu a porta e entrou.

-Bom dia, Kero.

-Bom dia, senhor Kinomoto.

-Como ela está? - perguntou enquanto que se agachava ao lado da cama para melhor analisar a filha.

-Com um pouco de febre, mas pelo que ouvi pode haver mais sintomas...

-Entendo... parece que Shaoran está igual.

Sakura se senta de imediato.

-O Shaoran? - perguntou Sakura - Ele está bem?

-Está sim, querida, só está um pouco doente...

-Vou bê-lo - disse Sakura pulando da cama e se enrolando no lençol.

Ela andou o mais depressa que seu estado permitiu. Estava quase enfrente á porta do quarto dos rapazes quando esta se abriu e Shaoran saiu por ela enrolado num cobertor. Surpreenderam-se ao se verem no corredor.

-Sakura? - sua voz saiu rouca e constipada - Eu estaba indo bê-la... bor que está rindo? - perguntou Shaoran, já preocupado.

-Eu também estaba indo bê-lo...

-Certo - disse Shaoran com o semblante risonho.

Os dois ficaram em silêncio, apenas se fitando.

-Credo - disse Touya da porta do seu quarto - Dois pombinhos doentes. Essa é boa...

O casal lançou olhares de total desagrado ao rapaz.

-Não se preocupem... o Touya só está com a consciência pesada por ter feito os dois ficarem doentes - disse Yukito com o seu sorriso.

-E para compensá-los o Touya cuidará dos dois até que melhorem, está bem? - disse Fujitaka se aproximando dos filhos.

-Está bem - respondeu Sakura fungando em seguida.

-Está bem, Touya? - perguntou Fujitaka.

-Certo...

-Então acho que seria belhor se eu e Shaoran bassássemos esse tembo no sobá-cama da sala - sugeriu Sakura - Assim fica mais bácil pra o Touya cuidar da gente... e bodemos assistir TV e os filbes que alugabos para a sebana. "E passarei o tempo ao lado de Shaoran, pelo menos" - completou Sakura em pensamento.

-Está certo - concordou Fujitaka - Touya, vá arrumar o sofá-cama pra eles.

Touya saiu resmungando.

-Vou ajudá-lo - disse Yukito seguindo o amigo.

-Até parece que isso não é desculpa pra Sakura ficar ao lado do moleque - comentou Kero antes de ser jogado longe pela Sakura.

O sofá-cama logo estava arrumado com os lençóis, cobertas e travesseiros confortáveis e aconchegantes para o casal, que já se encontrava sobre a peça. Eles procuravam na pilha de DVDs algum que contivesse um bom filme para assistirem.

-O Chabado com certeza dão... O Sexto Sentido? - Shaoran olhou pra Sakura que fez um definitivo não com a cabeça - Dão... Bonte para Terabítia?

-Ainda dão o assisti... me disseram que é lindo... bõe?

-Está bem...

Shaoran pôs o DVD do filme "Ponte para Terabítia" no aparelho e se aconchegou com Sakura no sofá-cama. O casal se identificara com os personagens do filme, não pelo o que ocorria com eles, o que era diferente, mas pelos sentimentos que os envolvia. No fim, ambos se identificaram com o garoto, com os seus sentimentos em relação á uma realidade cruel da vida, e ficaram felizes ao verem que por mais que não pareça, existe um caminho para a vitória e um final feliz.

Ao final do filme, as suas vozes já não estavam mais roucas, embora continuassem constipadas, e suas gargantas ainda arranhassem. Ainda era manhã e eles não tomaram o café-da-manhã até aquele momento, e já sentiam o estômago reclamar.

-Coloquem suas mesinhas, que aí vem a comida! - disse Yukito enquanto adentrava pela porta da cozinha para a sala com uma bandeja com os pratos nas mãos.

-Oba, bingau! - exclamou Sakura quando o seu prato foi posto sobre a sua mesinha.

-Ah, o beu é de chocolate! - exclamou Shaoran, feliz pelo chocolate.

-Seu chocólatra - disse Sakura, enquanto Yukito se retirava e Shaoran enfiava uma colherada de mingau na boca.

-Quer um bouco?

-Quero.

Shaoran então encheu uma colher de mingau e a direcionou até a boca de Sakura. Shaoran aproveitou o momento em que Sakura saboreava o mingau e encostou seus lábios aos dela. Era um beijo simples e inocente, mas cheio de amor e carinho.

-Ô boneco! - gritou Touya da cozinha pro Kero - Café da manhã!

Shaoran desfez o contato.

-Obaa!! - gritou Kero enquanto descia voando á toda até a cozinha.

Sakura sorriu acanhada e retomou sua atenção ao mingau.

"Ai, ai, ai, Sha-o-raan"

Após comerem o mingau, Shaoran e Sakura decidiram assistir Encantada. Este filme tinha mais comédia, e também tinha uma boa mensagem. Mensagem essa que Shaoran gostou de saber que já o sabia. Dizer um "eu te amo" á Sakura toda vez que lhe dá vontade, dar presentes, mandar flores, fazer surpresas e agradá-la sempre com carinhos e palavras de amor, ou simplesmente admirá-la... tudo que ele precisava fazer, ele o fazia. E ela também não deixava de demonstrar seus sentimentos do seu jeitinho, ela guardava o seu melhor sorriso á ele, e ele o sabia. E como o sabia.

Depois eles assistiram á mais filmes. Muitos eram românticos, alguns eram de drama e outros eram de comédia. Teve um filme infantil que Sakura insistira em pôr. Um filme do Jackie Chan que Shaoran estava louco pra ver. E um filme antigo de Robin Williams que Sakura tava muito a fim de ver. O almoço e o jantar passaram como no café da manhã, cheio de beijinhos e troca de carinhos, pareciam até casados. Casados...

"Casar" - pensou Shaoran - "deve ser bom casar... casar com a Sakura deve ser a melhor coisa do mundo" - Shaoran fitava Sakura com um grande carinho enquanto esta estava encolhidinha sobre o seu corpo - "A Sakura de noiva deve ser... quero casar com ela... Shaoran, calma! Vocês só têm dezessete anos, espere ao menos terminarem o ensino médio!" - repreendeu-se - "ai, ai..." - ele volta á fitar a Sakura - "A Sakura grávida deve ser a coisa mais bela do mundo... Shaoran!" - ele desvia o olhar para o filme, mas volta a fitar a namorada quando sente sua respiração lenta esquentar a blusa do seu pijama, ela dormira.

"Que linda" - ele á aproxima mais de seu rosto, e deita-se de lado para admirá-la melhor, esquece-se do filme por completo - "É muito linda... um anjo... seus lábios... sua pele macia... queria tanto poder admirá-la todas as manhãs... todas as noites... tê-la vinte e quatro horas por dia... Shaoran! Calma! Espere ao menos dois anos... não vou conseguir esperar tanto tempo, meus céus! Eu não sei se seria bom, ou... precipitado demais... Shaoran, onde sua mente o meteu?"

E foi assim que ele dormiu, pensando na possibilidade de pedi-la em casamento antes do esperado. Minha nossa, e agora Shaoran?

Continua...