Reset escrita por Razi


Capítulo 3
Mudança


Notas iniciais do capítulo

A reviravolta da Scalat.



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Quando abri meus olhos vi que estava deitada na minha cama ouvindo a voz irritada do meu pai e minha mãe tentando acalmá-lo.

Espreguicei-me e fui para o banheiro onde no espelho do armário pode ver meus olhos inchados de tanto chorar.

Então tudo veio a minha mente numa velocidade cruel que quase me desabou novamente, mas me controlei para não chorar.

Já tinha chorado demais para continuar com isso.

Tirei minha roupa e me coloquei debaixo do chuveiro deixando que a água gelada abraçasse meu corpo com uma graça feroz. Em seguida coloquei uma roupa surrada e deixei meu cabelo por pentear, não estava com força para isso.

Desci para a sala onde encontrei meu pai na poltrona preta com os polegares pressionando o osso do nariz enquanto mamãe detinha uma expressão pensativa.

Quando me notaram, papai veio até mim e me abraçou.

-Desculpe – foi à única coisa que consegui dizer – Desculpe.

-Oh meu anjo – disse ele quase se lamentando – Como isso fora acontecer?

O apertei fortemente sentindo que as lagrimas ameaçaram a descer novamente.

-Saul – disse mamãe solene – Deixemos isso de lado.

-Não vou deixar – discordou ele serio – Aquele moleque precisa aprender uma lição.

-Mamãe está certa – disse não ousando olhar em seus olhos – Eu tive a maior parte da culpa, se não tivesse...

-Scalat – ela me interrompeu seria – É certo que tiver culpa, mas seu auto martirizar com isso não ajudara em nada.

Afastei-me de papai para olhá-la.

-Tem total razão – concordei seria e solene

Papai suspirou enquanto alisava minhas costas.

-Pretende ir ao colégio amanhã? – indagou mamãe me encarando

-Tenho que ir – disse quase sussurrando

-Na verdade – disse ela pegando uma carta dentro da sua agenda – É uma opção.

-O que é isso? – perguntei curiosa enquanto ela me estendia à carta.

-Trata-se de uma bolsa para o Instituto Crouwell – respondeu ela enquanto eu terminava de ler.

Depois de mais alguns segundos olhei para os dois chocada.

-Eles me querem? – indaguei incrédula

-Aparentemente sim – disse papai sentando-se novamente na poltrona

Olhei novamente para a carta e depois para eles, estava surpresa demais.

-Quer ir para lá? – perguntou mamãe após alguns minutos

-Eu não sei – respondi vendo a confusão na minha cabeça – Realmente é chocante.

-Letícia – disse papai á ela - Não vamos pressioná-la.

Ela o olhou depois para mim.

-Pretendo fazer um acordo com você, Scalat.

Ergui meu olhar para ela e gesticulei para que continuasse.

-Amanhã irá a escola e verá se consegui agüentar toda a pressão que haverá – ela cruzou as pernas – Enquanto irei cuidar de ter uma conversa com a diretora, assim se notar que não há jeito virá comigo quando eu for à sua sala, correto?

Mordi o lábio inferior hesitante, mas logo concordei.

Já não podia perder mais nada.

A rotina noturna não conseguiu tirar minha atenção do fato que o Instituto que é considerado um dos mais comentados me deu de presente uma bolsa integral.

Por qual razão isso aconteceu?

Dava-me a intenção de ser um presente de grego.

Afastei das hipóteses da minha mente antes de dormir.

Uma noite sem qualquer importância.

Acordei como sempre me arrastando para o banheiro, logo em seguida coloquei uma roupa simples, cabelo solto e um batom nos lábios.

Tomei um café silencioso e dando a confirmação para minha mãe sobre seu acordo.

Entre no Opalla colocando para tocar Liar do Korn, era musica perfeita para Martin. Agarrei o volante com força enquanto pisava fundo no acelerador.

Ao que parecia fui objeto de um dos desafios comuns dos membros do time.

Realmente eu fui uma idiota.

Estacionei numa vaga próxima ao colégio, quando sai do carro notei todos os olhares sobre mim.

Alguns de pena, outros de deboche, alegria.

Sim eu era a piada do ano.

Bati a porta do meu carro com força e logo depois segui para a sala onde assistiria aula de Física sob os olhares de todos.

Sentei numa cadeira ao fundo completamente encolhida enquanto ouvia as piadinhas cruéis de alguns desocupados.

Foi assim por horas, o tempo livre nem se fala, uma tortura que não parecia ter fim.

Martin e sua gangue ficaram no meu pé o tempo inteiro.

Mesmo que eu não demonstrasse nada além de seriedade por dentro me corria com a vontade de pegar uma faca e cortar meus pulsos.

Deixe-me ter um momento emo aqui.

Quando retornei para assistir a aula de espanhol não consegui uma cadeira ao fundo acabei me sentando na frente sabendo que as pessoas cochichavam e faziam piadas por minhas costas.

Será que não poderia me deixar em paz? Custava fazer isso?

Enquanto a professora falava sobre gêneros dos substantivos minha mãe mostrou sua presença lançando seu olhar esverdeado para alguém atrás de mim.

A olhei um segundo.

Seria correto continuar aqui e acabar correndo risco de ficar depressiva ou poderia vivenciar novas oportunidades no Instituto?

-Señora? – indagou a professora chamando mamãe

Ela apenas ergueu sua mão esquerda pedindo que esperasse enquanto me encarava.

Mordi o lábio inferior ao tempo em que pensava nas possibilidades. Trinquei meus dentes enquanto ela sorria me vendo pegar minhas coisas.

-Senhorita Milene – disse quando cheguei à porta – Foi bom ter você como professora até agora.

Ela me olhou surpresa, sorri apenas até me afastar com mamãe radiante.

-Boa escolha – elogiou ela enquanto caminhávamos para o estacionamento

-Mãe – a chamei solene – Iremos ás compras.

Ela me olhou confusa e surpresa.

Claro nunca fui de fazer isso. Nunca fui feminista.

-Acho que o Instituto precisa conhecer uma nova Scalat – esclareci com um leve sorriso nos lábios

-Uma ótima idéia – concordou ela com os olhos faiscantes.

Revirei os olhos enquanto fui para meu Opalla e ela para seu Ford.

Deveria segui-la até a loja onde compraríamos roupas novas e logo depois iríamos para os calçados.

Nesse quesito deixei que ela escolhesse por mim os melhores modelos para meu corpo que me criticava por escondê-lo em roupas tão largas.

Já na área de acessórios não permiti segunda opinião, pois de dependesse dela acabaria comprando coisas excêntricas demais.

Depois dessa maratona toda fizemos uma parada em um restaurante para um almoço.

-O cabelo precisa ser mudando também – comentou mamãe em meio ao seu almoço

-Já imaginei isso também – concordei bebendo água

-Não se deve esquecer dos olhos.

Pisquei atordoada com a idéia.

-Adoro seus olhinhos negros, querida – disse ela encostando-se à cadeira – Só que acho melhor dar uma nova cor á eles.

Apenas assenti com a cabeça enquanto ela gesticulava para um garçom pedindo a conta.

-Tenho o lugar perfeito onde acharemos lentes adequadas – disse ela recebendo a caderneta com a conta

Bebi o resto da água que havia em meu copo e me levantei ao tempo em que mamãe fechava a caderneta se levantando em seguida. Depois fomos para os nossos carros e a segui rumo a ótica que deveria ser de algum cliente dela.

-Letícia – disse um rapaz franzino, branco demais, rosto redondo e com algumas espinhas ao nos ver.

-Silvester – disse ela amável enquanto o abraçava.

-A que devo sua honra? – perguntou ele curioso

-Quero um tipo de lente de contato para Scalat – respondeu mamãe apontando para mim

-Essa é sua filha? – indagou o magricelo pegando minha mão e beijando o torso – Prazer em conhecê-la.

-Digo o mesmo – disse seca enquanto recolhia minha mão.

Ele me olhou por um segundo depois se voltou para minha mãe com um sorriso que não cabia em seu rosto.

Ah vá, só me faltava um garoto sonhar que minha mãe queria algo com ele.

Não sei o que falaram, mas ele se afastou rapidamente.

-Não está mais na hora de ficar olhando para a creche, mãe – cochichei ao lado dela.

Ela me deu um discreto beliscão depois revirou os olhos.

Então o tal Silvester voltou com uma caixa transparente e o sorriso no rosto. Acho que ele inalou aquele gás do riso, pois não tirava o bendito sorriso do rosto!

Mamãe olhou para algumas lentes até me mostrar uma acinzentada e outra que era um misto de azul com lilás.

-Qual é a melhor? – perguntou ela ansiosa

-Essa – respondi apontando para a azul com lilás.

Ela ergueu seu olhar para o magrinho e logo depois efetuou a compra.

Em seguida fomos direto para o salão de beleza de outra cliente dela que nos recebeu na hora se prontificando a me atender quando acabasse o penteado que estava fazendo.

Enquanto mamãe ficou falando no celular instruindo ordens para sei lá quem ao segundo em que eu ficava olhando uma revista.

Ótimo, Justin Bieber ganha filme sobre sua vida.

Seria melhor se o jogassem na lata de lixo mais próxima, só que nem todas as vontades são satisfeitas é o jeito agüentar.

-Venha Scalat – me chamou a mulher indicando a cadeira á sua frente

-O que quer que eu faça no seu cabelo? – perguntou ela me olhando curiosa e estendendo um mostruário.

Olhei para as cores até meus olhos pousarem sobre a cor branca e indiquei ela para mulher que apenas assentiu com a cabeça. Outra funcionaria se aproximou para cuidar das minhas unhas.

Não reclamei, pois queria estar o mais mudada possível.

E no fim acabei ganhando um rosto sedutor acompanhado do longo e ondulado cabelo branco.

Depois disso fui fazer a troca do meu amado Opalla por um veiculo melhor, na verdade minha mãe me obrigou nesse quesito.

No fim acabei aderindo a uma moto Senna prateada com detalhes em preto.

Depois do dia longo e turbulento, cheguei em casa dando apenas um oi básico para papai e subi para meu quarto.

Apaguei completamente.


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