Life Ways escrita por Vic Teani


Capítulo 11
Substituição




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/85890/chapter/11

  A curta viagem de trem havia sido, no mínimo, exaustiva. A cama dura do hotel era o máximo de conforto que teria em suas poucas horas de descanso.
  Aquele homem, que havia se mostrado tão sério e misterioso no aposentou em que lhe foi apresentado, agora mostrava um lado completamente diferente de sua personalidade. Estava piadista, bem humorado, e, é seguro dizer, atrapalhado e desajeitado.
  Vez por outra derruba coisas ou tropeça em seus próprios pés, e se não fosse a vigília constante do ruivo, ele provavelmente estaria em um hospital a essa altura.
  O mais estranho era, porém, que sempre que era questionado sobre a estranha máscara laranja que cobria seu rosto, inventava alguma desculpa que, por mais inacreditável que seja, funcionava muito bem.
  Sasori fechou os olhos, tentando esquecer a estressante viajem e tentando dormir um pouco antes de seu próximo compromisso, mas esse pequeno luxo também foi frustrado, quando ele ouviu o alarme incessante do relógio na mesa de cabeceira.
  Se levantou, sem tempo para trocar de roupa, e apenas pegou algumas coisas em sua mala. Passou no quarto ao lado, onde encontrou o homem, que se identificara apenas como “Tobi”, sentado na cama, rodando os canais da televisão. Informou que estava saindo e que voltava logo, e que de maneira nenhuma ele deveria sair do hotel ou tentar qualquer coisa em sua ausência.
  Fechou então a porta e desceu no lento elevador até a recepção, onde deixou a chave de seu quarto e passou pelas portas automáticas de vidro, onde um táxi já o aguardava.

  A garota dormia em uma cama pequena, providenciada de ultima hora, colocada no quarto aonde aquele homem estava hospedado.
  Num hotel luxuoso como aquele, foi difícil convencer o gerente a colocar uma cama a mais no quarto, principalmente quando esta era rústica, velha e destoava tanto da mobília cara e requintada do estabelecimento.
  Mas nada que uns dois ou três maços de dinheiro não resolvessem, e agora ela dormia no mesmo quarto daqueles que odiava, pois assim ele havia determinado.
  Foi acordada quando uma mão apertou seu braço fortemente, e um voz disse, suave, como se fosse dita por uma pessoa diferente da qual apertava seu braço.
   - Vamos querida, hora de acordar. Sabe quanto você dormiu?
  Abriu os olhos e viu aquele rosto pálido, sorrindo, enquanto aquela mão igualmente branca a apertava.
  - Me solte! – ela disse – Já fiz o que você queria a poucas horas! Preciso descansar!
  - Queria Karin – o homem de cabelos negros disse – Não quero nada de você no momento. Quero, na verdade, lhe fazer um favor.
  Ela se sentou na cama, sem conseguir se soltar da mão que a machucava, sem dúvida surpresa com o que o homem dizia.
  - Aquele que você tanto quer encontrar – ele disse – Está nessa cidade. Já o vi e sei onde encontrá-lo, e logo vocês irão se ver, isso eu lhe garanto.
  Ela se permitiu sorrir, mas então ele a agarrou pelos dois ombros, fortemente, e a beijou. A menina se debateu, mas não conseguia se soltar.
  - Você disse que não iria fazer nada agora! – ela falou, quando ele finalmente se afastou.
  - Eu, não, minha querida, apenas queria mais um beijo seu. Agora, volte a dormir, pois essa noite você será completamente minha – ele disse, sorrindo maliciosamente, e então deixou o quarto.
   A ruiva deitou-se na cama novamente e tentou expulsar as imagens hediondas que se formavam em sua mente.

  A loira percorria com preguiça os corredores do colégio. Mais um dia, mais uma pilha interminável de papéis sobre sua mesa.
  Porém, se lembrou que as entrevistas para secretária começariam naquela tarde, e isso fez com que Tsunade se re-animasse. Afinal, com uma secretária, o trabalho seria menor.
  Abriu a porta de sua sala, que, para seu espanto, estava destrancada. E com espanto maior ainda, notou que tudo estava arrumado, a pilha de documentos havia sido dividida em três colunas iguais, de tamanho mais aceitável, e uma mulher de curtos cabelos pretos sorria para ela diante de sua mesa.
  - A senhora deve ser a diretora – ela disse – Me desculpe a intromissão, mas vim esperar pela entrevista, e como a senhora demorou a chegar, dei um jeito aqui, por que não consigo suportar um local bagunçado.
  Tsunade deixou o queixo cair, os olhos arregalados, sem acreditar no que via.
  - A propósito, meu nome é Shizune – a mulher disse.
  Recuperando-se do choque, Tsunade sorriu, triunfante.
  - Shizune, você está contratada – ela disse.
  Havia, finalmente, conseguido uma secretária. E o melhor de tudo, não havia tido trabalho nenhum para isso.
  - Porém, só vou poder trabalhar meio período, estou fazendo faculdade então...
  - Nem tudo pode ser perfeito, não é? – disse Tsunade, suspirando – Está fazendo faculdade de que?
  - Medicina – respondeu a mulher.
  - Ora, vejo que as coisas vão ser interessantes – disse Tsunade, murmurando para si mesma.
  - Ah – disse Shizune – Recebi um telefone para a senhora antes de você chegar. Um homem disse que viria encontrá-la aqui, e pelo horário já deve estar chegando.
  - Ah, meu deus, que sorte que não vou ter mais que entrevistar secretárias! Esqueci completamente da reunião com o novo professor!
  Nesse momento se ouviram batidas na porta, e ela se virou para trás. Um homem vestido de preto, ruivo e bem jovem estava parada na porta.
  - Você deve ser Sasori, não é? – disse Tsunade, estendendo a mão – Muito prazer, sou Tsunade, a diretora do colégio.

  Na sala de aula, os alunos assistiam a já conhecida explicação do professor.
  Todas as vezes, ele fazia o mesmo discurso, sobre como a explosão era uma forma de arte única.
  A porta da sala foi aberta, e a aula, interrompida, para alegria geral dos estudantes.
  Um homem ruivo entrou, balançando a cabeça negativamente.
  - Ainda não conseguiu superar esse conceito bárbaro que você chama de arte? – perguntou ele, com os braços cruzados.
  - O... O que você está fazendo aqui?! – perguntou Deidara, ao ver Sasori entrar na sala com a maior naturalidade do mundo.
  Entrou na sala então a diretora, andando até o lado do ruivo.
  - Deidara, recebi uma ligação do conselho de professores – a loira disse – e disseram que você teria que se afastar por um tempo. Aliás, não precisava ter medo de falar. A prova é que cuidei disso rapidamente, o conselho enviou esse novo professor, Sasori, então sua matéria não ficará prejudicada.
  - Mas, como, como assim? Mas entrar na minha aula sem mais nem menos...
  - Você ainda dará as aulas dessa semana – disse a loira – Sasori assumirá a partir da semana que vem. Ele só está vindo se familiarizar com as turmas.
  - Mas, por que ele...?
  - Ah, vocês se conhecem? – perguntou ela.
  - Sim – disse Sasori – Deidara aprendeu tudo o que sabe comigo.
  Um série de sussurros correu pela turma, a maioria era “nossa, mas ele parece tão novo!”.
  Tsunade lançou um olhar ameaçador em direção a turma, que se calou imediatamente.
  - Então – ela disse – Imagino que conheça a modo de lecionar de Deidara, e não será difícil para os alunos se adaptarem.
  - Quanto a isso – falou Sasori – Receio que nossos métodos de ensino sejam um pouco diferentes. Mas creio que os alunos irão se acostumar rapidamente.
  - Bom, nesse caso, vamos indo, Sasori, tenho mais trabalho a fazer, e não vamos interromper mais a aula, não é? Além disso, temos que ir nas outras salas.
  Sasori fez uma rápida mesura para a turma e olhou de relance para Deidara quando Tsunade já havia se virado e andava para a porta.
  “Pain” ele falou só mexendo os lábios, e seguiu a diretora.
  A porta se fechou sem barulho, deixando um Deidara incrédulo para trás.

  Os dois garotos entraram no quarto. A tarde estava no fim, e o sol podia ser visto se pondo no horizonte através da janela.
  - O que você tinha de tão importante para me falar? – disse Shikamaru, jogando a mochila em cima da cama e olhando para o garoto de cabelos negros que estava agitado.
  Sasuke abriu a mochila vermelha e tirou vários papéis de lá, e os entregou para Shikamaru.
  - Você não vai acreditar no que eu descobri – ele disse.
  O Nara folheou as folhas, lendo tudo atentamente.
  - Isso é o que estou achando? – ele disse.
  - É muito mais do que você pode imaginar – o Uchiha disse, puxando a cadeira e se sentando – Rastreei todos os passos de Itachi, desde 16 anos atrás, quando ele...
  O garoto ficou então em silencio, e Shikamaru voltou a olhar as folhas.
  - Existem muitos buracos aqui – disse ele – Anos e anos seguidos sem registros, você não tem idéia de onde ele pode ter estado todo esse tempo. O que você tem aqui são matérias de jornais e revistas falando do herdeiro da família Uchiha, os depoimentos e como ele foi considerado inocente do incidente com a família.
  - Sim, tenho poucas informações, e todas praticamente só dos cinco anos que se seguiram aquela noite. Mas é por isso que eu preciso de você.
  - O que está querendo dizer com isso? – perguntou o garoto.
  - Veja esta parte – Sasuke mostrou uma das folhas – Aqui diz que ele tem uma ficha na policia.
  - Certo, Sasuke, mas pode ser qualquer coisa. Não significa que seja algo importante. E aqui não diz ficha – ele observou – Diz arquivo. Pode muito bem ser um arquivo do interrogatório, e só vamos achar o que já sabemos: que ele foi considerado inocente.
  - Pode ser – disse Sasuke – E pode não ser. Não custa tentar.
  - Tentar o que, pelo amor de deus! – disse Shikamaru.
  - Seu pai é policial – disse Sasuke – E você é melhor do que ninguém para invadir a conta de uma pessoa. Preciso que você invada os arquivos do seu pai, e descubra o que tem lá sobre Itachi. Se ele tem mesmo arquivos na policia japonesa, vão estar lá.
  - Sasuke, você é muito problemático.
  - Vou aceitar isso como um sim – disse ele, sorrindo triunfante.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Life Ways" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.