Capítulo 17: Indesejado, inigualável, impossível

“Uma vida indesejada, um poder inigualável e um amor impossível... Será?”

Tsuki’s POV

O pôr do sol estava realmente lindo. As diversas luzes que irradiavam me davam uma sensação de felicidade. O ar parecia mais fresco e alguns vagalumes já começavam a brilhar. A grama, fofa e verde, se mexia com as pequenas brisas que passavam. Mas nada disso estava tão belo quanto o rosto de Umi dormindo.

Estava sentada ao lado dele, apenas o esperando acordar. Não sabia se estava sorrindo ou não, mas sentia paz quando olhava para ele. Estava mais pálido que o normal, por isso estou um pouco preocupada. Um pouco de seus negros cabelos caíam sobre seu rosto e decidi afastá-los. Percebi que ele tremia um pouco, deveria estar com frio. Realmente, a temperatura havia baixado e ele vestia apenas uma calça jeans, sapatos e uma camisa. Decidi tirar minha blusa (estava com uma regata branca por baixo) e pus em cima dele.

Engraçado... Não estava com frio. E tudo o que vestia era uma sandália aberta, short e aquela regata. Normalmente eu sou tão friorenta... Será esse brilho especial da Lua que me aquece? Falando nisso, estou com a mesma roupa faz uns dias... Estou me sentido nojenta...

- Hum... Já anoiteceu? –Umi se levantou lentamente, segurando minha blusa.

- Sim... Dormiu bem?

- Hum... –Ele não parecia muito bem. –Sim, dormi bem sim.

Umi’s POV

Não, eu não estava bem. Surpreendo-me que eu não tenha me agitado ou gritado enquanto estava tendo aquele pesadelo... Ainda bem que Tsuki não percebeu nada, não quero deixar-la preocupada.

Ela me olhou um pouco desconfiada. Sorri para ela tentando mostrar que estava bem, mas ela só corou e virou a cabeça. Senti algo em minha mão e percebi que era um casaco.

- Tsuki... Isso é seu?

Ela voltou a olhar para mim.

- Sim... Você estava tremendo, então...

- Não está com frio?

Ela sorriu.

- Não estou não. Olha só, estou até quente.

Ela pôs a mão no meu rosto. Realmente, sua mão estava quentinha... Acho que ela não percebeu, mas acabamos ficando perto demais. Dá até para sentir o cheiro dela... Será que ela usa um perfume? Cheira tão bem... É um cheiro meio doce...

Do nada, minha atenção se virou para seus peitos. Como ela nunca usou uma blusa decotada perto de mim, não havia percebido até agora como eram grandes... Dá vontade até de... Ai, droga, fiquei corado ao pensar nisso. (pervertido ‘-‘)

- O que foi? –Que coisa, ela é muito inocente- Ah, desculpa... Estava muito perto, não estava?

- Hã... Sim... É melhor nós irmos...

- Certo.

POV Off

Os dois, após uma pequena caminhada chegaram ao local. Ele parecia ainda mais sombrio e frio, à medida que se aproximavam.

- O que vamos fazer aqui? –Perguntou Umi, um pouco nervoso com a situação.

- Encontrar quem comanda por aqui. –Tsuki parecia decidida.

- Você quer mesmo fazer isso? É perigoso...

Ele olhou para ela e percebeu que ela realmente queria entrar lá, não importando as conseqüências.

- Já que é assim... Venha.

Eles andaram até os fundos da construção. As árvores estavam mais secas e pareciam ter sido afetas por algo. Tudo que se encontrava por lá eram duas grandes caixas de lixo, uma porta sem maçanetas e algo que parecia ser uma saída de ar. Umi retirou a rede que cercava essa saída e fez um sinal para Tsuki entrar.

- Hã? Nós vamos entrar por aqui? –Disse, meio que desapontada.

- Tem espaço suficiente para passar.

- Mas... Eu não gosto de lugares muito fechados...

- Essa saída passa por todas as salas aqui. E ninguém vai nos perceber. Se formos cuidadosos, é perfeito.

Ela olhou, indecisa.

- Ok...

- Quer ir na frente ou atrás?

- Atrás. –Respondeu rapidamente.

- Não quer pensar um pouco? –Disse, indignado.

- Atrás. –Reafirmou.

- Ok...

Ele entrou e ela foi logo atrás. Começaram a engatinhar.

- Se eu fosse na frente, sei bem para o que você estaria olhando...

- Você é inocente só para certas coisas...

- O que?

- Nada não...

Ele parou diante a uma parede. Olhou para cima e viu outra entrada. Subiu e puxou Tsuki. Andaram mais um pouco e viram outra entrada embaixo deles, que dava para um quarto. Umi olhou através dela.

- Isso aqui... É aquela sala... –Falou baixo.

- Que sala? O que tem aí? –Também falou baixo, para não fazer eco.

Ele andou um pouco para deixar-la ver. Era uma sala com piso e paredes cinzas. Com exceção da maca que ficava no meio, não havia mais nada lá.

- Que sala é esta?

- É aí que... Faziam os meus exames.

Ela olhou para ele, surpresa.

- Então você realmente já esteve aqui... Mas... Eu não sabia que você tinha que fazer exames... Que tipo de exames? Como eles faziam? Só tem uma maca aí...

Aproximou-se mais da saída de ar e percebeu que na maca havia algumas ataduras (aquelas coisa que ficam na maca e servem para amarrar o paciente, desculpa, eu não sei o nome certo) e no chão, algumas manchas vermelhas.

- Umi...

- Não se preocupe, eles não fizeram nada que me prejudique.

Tsuki apenas sorriu e os dois continuaram a engatinhar. Umi parou novamente, encontrou outra sala.

- O que t-

Sua voz foi interrompida por Umi, que fez um sinal de silêncio. Mostrou para ela o que havia embaixo.

- Cara... Esse trabalho realmente cansa, né? –Disse um homem, que vestia luvas, capacete e roupas protetoras.

- Acha que o seu dia foi difícil? Imagina o meu! Tive que cuidar daquela experiência da sala 4! –Disse outro, vestido da mesma forma.

- É aquele cara louco que do nada começa a gritar palavras sem sentido? –Disse um terceiro homem, que estava igual aos outros dois.

- Esse mesmo!

- Pelo menos você ficou com um louco! Eu estou cuidando de um maníaco assassino! –Retrucou o terceiro.

- O da sala 5? Puxa, cuidado com ele, me disseram que a última pessoa que cuidava dele foi atacada... –O segundo apesar de dizer isso, não parecia nem um pouco preocupado.

- Vocês reclamam dos seus? Não são vocês que têm que obedecer as vontades da princesinha! –Disse o primeiro.

- Você ta cuidando da sala 2? Mas deve ser fácil, afinal você tem a ajuda do doutor...

Eles continuavam a conversar enquanto Umi e Tsuki decidiram continuar andando. Andaram, passaram pelas entradas de ar, às vezes iam para cima e as vezes trocavam de lado.

- Eu não acredito no que ouvi até agora... –Tsuki estava um pouco triste.

- O que?

- Eles falavam das pessoas como se fossem meros objetos... Experiências... Isso é...

Não pôde terminar a frase. Caiu em uma das saídas. Umi não tinha percebido que acabara de passar por uma e viu Tsuki deitada em um sofá lá em baixo.

- Quem é você? –Disse um homem que estava na porta do quarto.

Fim do capítulo