Tide Blood escrita por Nakura


Capítulo 10
Bons Ares


Notas iniciais do capítulo

Desculpa por não ter postado sexta passada, esqueci completamente :x Bem, como minha mãe vai viajar quarta e só volta dia 5 de novembro(ela vai levar o pc q tem os capítulos da história), vai demorar bastante pra eu postar de novo.Mas em compensação, eu posto uns dois capítulos antes de quarta ;)



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Capítulo 9: Bons Ares

?A mí me gusta a ti.?

 

Parte 1: ?Mundo cego?

 

 

?Estavam lá ele e ela. Ela segurava uma faca e apontava em seu próprio pescoço; ele segurava as mãos dela. Ele chorava, ela ficava surpresa. Ela era o branco, ele o negro. Ele falava, ela observava. Ela o amava e ele a amava.?

 

Tsuki acorda assustada com o sonho que teve. Põe a mão na testa e olha ao espelho.

 

Karin entra no quarto com algumas roupas na mão.

 

- Finalmente você acordou, já são onze horas. Aqui, trouxe algumas roupas novas para você usar. -Karin pôs na cama enquanto sorria.

 

Tsuki senta na cama, olha para as roupas, junta os joelhos e os abraça.

 

- O que houve?

 

 - Nada, não... Onde estamos?

 

- Ah, estamos na Argentina, em Buenos Aires.

 

- Nos mudamos de novo?!

 

- Não poderíamos mais ficar no Brasil.

 

- Mas... Um dia nós podemos voltar para lá?

 

- Claro querida. Agora tome um banho para podermos comer algo.

 

- Certo!

 

Tsuki pega a toalha e entra no banheiro.

 

- Espera, você esqueceu-se das roupas!

 

Abre a porta, pega as roupas e fecha sem mostrar o rosto.

 

- Obrigada!

 

 

 

?Estavam ela e ele. Ele a impedia de algo, ela tentava fazer algo. Ela estava surpresa, ele triste. Ele, com seus cabelos negros; ela, branco. Ela observava, ele falava. Ele a amava e ela o amava.?

 

- Ei, Umi. -Gabriel batia na cabeça de Umi.

 

- Hã... Que? -Ele acorda.

 

- Você dormiu de repente...

 

- Ah... Desculpe-me.

 

- Tudo bem... Mas não durma de novo. Você me assustou.

 

- Não se preocupe... Não vou dormir de novo. -Olha para o caderno que tinha nas mãos.

 

-Eu tenho que escolher um nome, certo?

 

- Sim...

 

- Para onde vamos mesmo?

 

- Para a Argentina.

 

- Por que?

 

- Bem... Você decidiu assim.

 

- Sério?

 

- Sim.

 

Os dois ficam em silêncio.

 

- Você não sabe que nome escolher, não é?

 

-... Rumirez?

 

- Isso está mais pra espanhol do que para... Ah, deixa pra lá, assim está perfeito.

Umi sorriu tristemente.

 

O dia estava ensolarado e Tsuki saira sozinha. Não havia problema em estar sozinha, bastasse que não falasse com ninguém e não ficasse em lugares vazios. Ela decidiu então, andar por uma bela praça, cheia de flores e plantas, que possuía, bem ao meio, um laguinho cheio de moedas jogadas nele. Foi até lá, sentou-se e passou a observar apenas uma moeda bem velha que ficava ao fundo da água.

 

Porém, sua atenção se virou para o homem, que apesar de usar uma elegante gravata e um chapéu pretos, parecia ser um mendigo. Ele jogou um medalhão no lago e Tsuki, mesmo sabendo que quebraria a regra de não falar com as pessoas, se animou em perguntar:

 

- Hã... Senhor, por que você jogou um medalhão aí? Isso é um poço de desejos, certo?

O homem continuava olhando para a mesma direção, como se não tivesse acontecido nada.

 

- Com licença, você me ouviu? -Disse mais alto.

 

O senhor se vira e faz um sinal com as mãos, como se estivesse falando através delas. Tsuki finalmente se toca.

 

- Ah... O senhor é surdo-mudo?

 

Ele começou a rir e ela não entende nada novamente.

 

- Não, eu sou apenas surdo e cego, tava brincando com você.. -O velho parecia alegre.

 

- Mas se você é surdo, como está me respondendo agora?

 

- Eu consigo ler os movimentos do seu rosto.

 

- Uau! Então você deve ser muito inteligente! -Tuski se surpreendeu.

Ele começou a rir.

 

- Não... Sou apenas uma pessoa normal. Eu não ouço e nem vejo, mas mesmo assim sou normal. -Parecia que ele olhava para a paisagem em volta.

 

Ela fica calada por um momento.

 

- Esse medalhão... É como um amuleto para mim. Ele era meu tataravô e foi passado através das gerações. Na verdade, deveríamos ter dois destes, mas...

 

Tsuki pega o medalhão mergulhado e vê que ele continha algo dentro dele, com um tipo de fechadura na frente.

 

- O outro seria... Uma chave?

 

- Hum... Você descobriu. -Ele começou a rir.

 

Ela permanece olhando para o objeto e homem para de rir por um momento.

- Meu tataravô era militar e trabalhava em casos estranhos... Uma vez houve várias mortes em uma certa rua da cidade vizinha que pareciam serem feitas por algum tipo de... monstro.

 

Tsuki tremeu.

 

- Ele com sua equipe foram ver o que era... E chegaram em uma mansão vazia. Lá ele viu esses dois colares e pegou para investigar, e, por alguma razão eles viraram amuletos. Mas naquela época, não havia nada dentro deste que você está segurando e ele botou uma mensagem na caixinha.

 

Ele faz uma breve pausa.

 

- Ele se casou, teve filhos... E um dia sua família foi atacada por uma criatura misteriosa, e, essa mesma criatura levou os dois colares, sendo que um nunca foi encontrado e o outro apareceu dois depois, na casa do meu bisavô, que estava de luto pela morte dos pais... Ele passou isso para os filhos até chegar a mim.

 

Ele sorria constantemente, como se contasse uma história normal.

 

- Eu... Sempre vivi uma vida normal. Sempre tive meus pais ao meu lado, me apaixonei pela mulher, que para mim, era a mais bela do mundo e tive filhos tão queridos que às vezes eu pensava que não merecia ter-los. Mas um dia...

 

Ele pôs a mão no rosto, escondendo seus olhos.

 

- ... Todos... Foram atacados por essa criatura... Minha família toda morreu... Apenas eu consegui me salvar... Mas mesmo assim o monstro me atacou e por alguma razão eu fiquei sem a visão e a audição... Tudo o que me restou foi este colar... Já se faz 32 anos...

 

Começaram a sair lágrimas de seus olhos escondidos e o velho soluçava baixinho.

 

- ... Eu nem posso ver... A foto deles...

 

Tsuki abaixou a cabeça, com a mão no rosto e sentiu um estranho sentimento de culpa, além da necessidade de falar algo para confortar o velho. Mas ele mesmo continuou:

 

- ... Mas sabe... Eu...

 

Ela olhou para a sua direção.

 

- ... Eu estou tão feliz... Por ainda estar vivo.

 

- Fe- Liz? -Falou indignada.

 

- Sim. Eu posso não ver ou ouvir, posso não ter ninguém ao meu lado, posso não ter dinheiro ou lazer, mas mesmo assim... Eu ainda posso sentir! Eu posso falar! Eu posso me mover, posso pensar e amar também!

 

Ele enxugou as lágrimas e mostrou novamente aquele sorriso para Tsuki.

 

- Você consegue sentir... -Ele estendeu um dos braços para cima - ... O ar desta cidade?

 

Tsuki olhou para os lados e para cima, deu um suspiro e, sem saber, sentiu uma felicidade estranha invadir seu coração.

 

- Eu... Posso sentir... -Disse calmamente.

 

- Isso é bom, não é?

 

- Posso te fazer um favor?

 

- Que favor?

 

- Eu posso tentar ver... O que tem dentro deste colar?

 

Ele ficou surpreso pela pergunta, mas mesmo assim respondeu:

 

- Seria um prazer.

 

Ela se alegrou.

 

- Mas senhor... Por que você falou tudo isso para mim?

 

- A energia que você emite... Pareceu-me uma pessoa confiável.

 

Eles se despediram e quando Tsuki se distanciava da fonte o velho falou:

 

- Quando se sentir confusa, apenas feche os olhos. Assim, você verá melhor o mundo que os outros.

 

Ela se virou para ver-lo e ele não estava mais lá.

 

Fim da parte 1


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Notas finais do capítulo

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