Make Me Wanna Die escrita por Aphroditte Glabes


Capítulo 7
Capítulo 5 - Poderia Ser Diferente


Notas iniciais do capítulo

Depois de muuuito tempo, aqui tá o post
Desculpem a demora e espero que gostem.



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-Achei que te encontraria aqui! – ouvi Lucas sussurrar, enquanto eu sentava na frente do lago de canoagem.

 

-E encontrou.

 

-Verdade.

 

Ele sentou ao meu lado, encarando a lua.

 

-É verdade o que estão comentando? Sobre a filha de Céos?

 

-Fofoqueiros – resmunguei, e em voz alta eu disse: - É, é sim.

 

Com o canto do olho, vi-o sorrir.

 

-Nunca se guarda um segredo aqui no acampamento...

 

-Imagino.

 

Ficamos em silencio por um tempo.

 

-Acho que vi meu pai! – eu disse, sem me conter.

 

-O que? – ele perguntou, sem se conter também.

 

-Ele estava na casa da minha mãe, os dois estavam conversando. Ele... A cor dos olhos dele eram iguais aos meus.

 

Ele trincou os dentes.

 

-Nunca vi meu pai tão de perto assim. Só no Solstício de Inverno.

 

-Eu também não imaginei. Foi... Esquisito.

 

-Acho que sim...

 

Funguei.

 

-Ei, ei – ele disse, puxando-me para perto dele – Não se preocupe. As coisas vão melhorar. Você pode treinar amanhã comigo, depois de falar com Quíron. Ele quase ficou louco quando você sumiu.

 

-Nossa – eu disse, me aconchegando no colo dele – Acho que faço falta.

 

Ele riu.

 

-Essa ironia foi de propósito?

 

-Claro – respondi revirando os olhos.

 

Ficamos uns minutos em silencio, virei-me para cima, para poder encará-lo, então perguntei ironicamente:

 

-Você sentiu minha falta?

 

Ele suspirou antes de responder.

 

-Mais do que você imagina!

 

Arqueei uma sobrancelha.

 

-Sério?

 

-Sim – ele disse, escorando o corpo com as mãos.

 

Tentei encara-lo, mas ele ficava olhando para a lua. Ele parecia tenso, mas não entendi o porquê.

 

-O que aconteceu? – perguntei.

 

Lucas me encarou nos olhos.

 

-Você ainda não notou?

 

-Notei o que? – perguntei alarmada.

 

Ele suspirou.

 

-Deuses. Desculpe, Julie, mas você está meio...

 

-Meio o que?

 

-Esquece!

 

-Não – exclamei – Fale, por favor.

 

-Não – ele disse, fechando a cara – Você ainda não se ligou.

 

-O que? – perguntei, me levantando enquanto ele suspirava.

 

-Esquece!

 

-Mas, Lucas...

 

-Apenas. Esqueça – ele disse, lentamente enquanto eu protestava.

 

-Não, sério. Fale. Não vou rir.

 

Ele revirou os olhos.

 

-Nem iria dar tempo!

 

Arqueei uma sobrancelha.

 

-Vai falar?

 

-Não.

 

Comecei a protestar quando ele disse:

 

-Vou te mostrar.

 

-Mostrar... O que?

 

-Isso!

 

Eu não entendia o que ele falou, até que ele se levantou. Levantei junto com ele, olhando confusa para seus olhos verdes. Lucas passou uma mão pela minha cintura e começou a me puxar para perto dele. Senti o calor de seu corpo passando para o meu.

 

-Que droga... – tentei dizer, mas no segundo seguinte seus lábios tocaram os meus com

voracidade.

 

Esqueci o que eu ia falar, nem sequer sabia porque iria falar algo. Apenas sei que o toque dos lábios dele nos meus, fizeram uma corrente elétrica passar veloz por meu corpo. Os meus lábios começaram a formigar descontrolavelmente. Ele me soltou, olhando com cuidado para meu rosto, enquanto eu estava com os olhos arregalados.

 

-O que... Foi isso? – perguntei ofegante.

 

Ele me olhou atento, enquanto eu colocava a mão nos lábios e virava de costas para ele.

 

-Julie... Desculpe, eu... eu não deveria ter feito isso!

 

Voltei-me novamente para ele, com os dedos ainda nos lábios. Meus olhos ainda

estavam arregalados.

 

-Julie, você está bem? – ele perguntou, preocupado, enquanto puxava meu braço para

ver meu rosto, que provavelmente estava branco.

 

-Estou... Eu acho.

 

Ele suspirou aliviado.

 

-Desculpe, eu não devia ter feito aquilo.

 

Consegui soltar-me dele, mas fiz algo que até me surpreender. Pulei no pescoço dele, e colei nossos lábios novamente.

 

Deuses. O que estou fazendo? Meus Deuses, Meus Deuses. Soltei-me dele e dei um pulo para trás.

 

-Droga! (N/a:Dorgas Manollo :S:S) – murmurei, enquanto passava a manga na boca.

 

-Julie, o que houve?

 

Cai de joelhos.

 

-Não sei por que fiz isso! – exclamei estupefata.

 

-Eu sei – ele disse, caindo de joelhos ao meu lado – Você gosta de mim também, não é?

Por favor, responda.

 

-Lucas, eu... eu agi por impulso eu não sabia o que estava fazendo...

 

Ele tocou meu rosto com as mãos.

 

-Por favor, Julie. A primeira vez que te vi naquela biblioteca... Algo aconteceu. Eu não sei o que! Bem, depois que Hades te reconheceu como filha eu mal te vi. E aqueles encontros de madrugada... não foram acidentais.

 

-O que... você fez? – perguntei como se não pudesse acreditar.

 

-Julie, eu gosto de você – ele disse simplesmente.

 

Fiquei encarando-o. Ele gostava de mim? Eu gostava dele também, mas tipo, nunca me ligara que ele gostava de mim de outro jeito.  

 

-Eu... eu gosto de você Lucas. Mas, não sei de que jeito!

 

Ele sentou no chão derrotado. Eu o havia magoado. Ajoelhei-me na frente dele e toquei o seu rosto com minhas mãos, trêmulas. Puxei seu rosto para cima, para me encarar.

 

-Lucas, eu... eu não sei o que está acontecendo. Tudo está muito confuso, tente me entender!

 

-Julie, eu te entendo. Já passei por isso, confie em mim. Eu posso te ajudar...

 

Com um pouco de hesitação, ele puxou meu rosto novamente para perto do dele. Agora estávamos a apenas dois centímetros um do outro, eu sentia o hálito de menta dele perto do meu rosto.

 

-Lucas, eu...

 

Não consegui terminar, pois ele me interrompeu quando tocou nossos lábios novamente. O meu estomago começou a se mexer incomodado, como se eu estivesse correndo depois de comer. Nossos corpos, ajoelhados, estavam grudados como se fossem um só.

Ele me abraçava como se eu fosse fugir, e eu abraçava-o do mesmo jeito. Eu nunca sentira isso com ninguém antes. E foi só aquela noite que esse sentimento veio à tona. Quando pensei que nada poderia atrapalhar, alguém pigarreou as minhas costas.

 

Uma garota, alta e loira, estava parada observando-nos com desgosto e era quem eu pensava. Uma das únicas pessoas que eu odiava. Alice Glabes. Ela estava com o cabelo loiro preso em um coque, e seu róbe estava todo abotoado.

 

-Olha só, quem temos aqui? O que você acha que o Sr. D. vai fazer quando souber o que estão fazendo altas horas da noite?

 

-Sua... – comecei a me levantar, mas Lucas me puxou.

 

-Alice, por favor. Não conte para seu pai!

 

Oh, merda. Alice era filha de Dionísio? Desagradável como o pai, diga-se de passagem.

 

-Olhe Lucas, vou fazer um favor para você e não vou contar. Mas vocês ficam me devendo.

 

-Sim, claro!

 

-Como água – completei, piscando.

 

Quando ela assentiu e foi embora, levantei e sentei em um banco. Lucas também se levantou, sentando ao meu lado. Ficamos em silencio por alguns minutos. Eu não sabia o que dizer, e acho que ele também não.

 

-Preciso ir – murmurei me levantando.

 

-Boa-noite! – ele exclamou meio atordoado.

 

•   •   •

 

Depois que voltei para o chalé, não consegui dormir e muito menos esquecer o toque dos lábios de Lucas nos meus. Por volta das sete da manhã os outros começaram a acordar e eu fingi dormir.

 

-Deixe-a dormir! – ouvi Jennifer sussurrar para os outros, quando saíram do chalé.

 

Fiquei pensando. Tipo, eu gosto de Lucas. Talvez um pouco mais do que amigo, mas ele dizia que gostava de mim desde a primeira vez que nos vimos. Poxa, isso ta meio fosco. Ouvi uma batidinha na porta, sentei na cama rapidamente. Era Lucas.

 

-Oi. Fiquei um pouco preocupado, não foi com seu chalé no café da manhã!

 

Argh.

 

-É – eu disse – Não consegui dormir.

 

-Nem eu.

 

Agora ele sentou ao meu lado. Senti minha pele arrepiar-se.

 

-Lembra um dia antes de nos encontrarmos? Quando ouviu aquela voz?

 

-Que voz? – perguntei, então lembrei.

 

Flashback on

 

-Observando as estrelas? – ouvi a voz de um rapaz perguntar. Levantei-me de repente, deixando o copo de água cair na grama sem quebrar, felizmente. A voz não vinha de lugar algum. Poderia vir da minha cabeça.

 

-Estou ficando maluca?

 

-Não, não está – riu a voz, rouca.

 

Sentei novamente na varanda, abraçando minhas pernas e escondendo meu rosto nos joelhos, quase em posição fetal.

 

-Não se preocupe, apenas volte para casa!

 

-O que?

 

-Ouça-me. É perigoso aí fora a noite, volte, volte para sua casa.

 

Flashback off

 

-Droga (N/a: Dorgas Manollo), era você?

 

-Era – ele riu, me abraçando.

 

Senti-me esquisita ali, abraçando um garoto. Mas isso era meio natural, não sei como explicar, era como se eu sempre esperasse algum garoto me abraçar. Escondi meu rosto no pescoço de Lucas, tentando clarear minha mente. Ele respirava profundamente.

 

-Você está cheirosa!

 

Nossa, até no meu perfume ele repara? Dei uma risadinha.

 

-Até isso você repara?

 

-Impossível não reparar! – ele exclamou, e tocou nossas testas – Não sei o que faria sem você!

 

-Acho que sei – brinquei. Ele não riu, estava falando sério. Fiquei séria também, e com cuidado, fui aproximando nossos lábios. Estávamos tão perto, demais até. Senti um embrulho no estomago quando finalmente começamos a nos beijar. A sensação era estranha, como eu sempre fui considerada a nerd eu nunca beijara antes. Ninguém queria ser visto com uma perdedora que trabalhava na biblioteca. Alguém pigarreou na porta do chalé. Fiquei vermelha imediatamente. Era um garotinho de uns doze anos, reconheci do chalé de Hermes.

 

-Julie Olivier? Sua mãe quer ver você. Ela está te esperando na casa grande!

 

Com vergonha, ele nos deu as costas e saiu. Pulei da cama e fui até meu armário. Joguei para fora um jeans, um tênis e a camiseta do acampamento. Fiquei de costas para Lucas  e comecei a me trocar. Ele ficou em silencio. Quando me vesti, me virei para ele e disse:

 

-Vai ficar ai sentado? Eu estou indo.

 

Sai do chalé sem esperar por ele. Com passos largos fui caminhando até a casa grande, quando entrei na sala do Sr. D., minha mãe estava sentada em uma cadeira de costas para mim. Pigarreei e ela pulou para me abraçar. Fiquei com os braços ao redor do corpo.

 

-O que você quer?

 

-Sutil – ouvi o Sr. D. resmungar.

 

-Julie. Eu sou sua mãe...

 

-Ah, agora você diz isso! – eu a interrompi.

 

Lucas surgiu nas minhas costas.

 

-E ele é...? – minha mãe perguntou.

 

-Ele que me ajudou, quando você não o fez.

 

Ela parecia envergonhada.

 

-Julie...

 

-Por que você veio aqui? – a interrompi.

 

Ela olhou suplicante para Quíron, que disse:

 

-Aconteceu algo quando você sumiu, Julie...

 

-O que?

 

-Sua irmã, Charity. Ela desapareceu... Sob circunstancias misteriosas.

 

Senti meu mundo desabar e me voltei para Lucas.

 

-Você não me contou! – exclamei cutucando meu indicador no peito dele.

 

-Desculpe, eu não queria te preocupar...

 

Virei-me de costas para todos e olhei pela janela.

 

-Quando aconteceu?

 

-Oito dias atrás. Durante a noite, na contagem, não a acharam.

 

Meus olhos estavam cheios de lágrimas. Devem estar zoando legal comigo! Funguei.

 

Só podia acontecer uma desgraça assim comigo.

 

-Alguma pista? – perguntei, tentando não deixar transparecer meu desespero.

 

-Nada.

 

Virei-me para eles.

 

-Acho que sei quem fez isso!

 

Contei-lhes sobre meus sonhos com Alina. Quíron me olhou espantado e um pouco

furioso.

 

-Você acha que Créos possa ter feito isso? – interrompeu o Sr. D. irônico. Ignorei-o.

 

-Acho, ele estava torturando Alina...

 

Minha mãe me abraçava, enquanto eu tentava me desvencilhar.

 

-Julie, querida, vou ficar aqui até acharem Charity...

 

-O que? – perguntei transtornada, olhando para o relógio.

 

Lucas sussurrou no meu ouvido:

 

-Quer ir mesmo na esgrima?

 

-Quero – para minha mãe, disse:

 

- Temos esgrima agora.

 

Sai pela porta, seguida de perto por Lucas.

 

POV Anna Olivier

 

-Temos esgrima agora – ela informou, saindo pela porta seguida por aquele garoto.

 

Olhei para Quíron.

 

-Quem é ele?

 

-Lucas Ross, filho de Poseidon.

 

Senti um peso no peito quando lembrei de Brad. Eu não falara com ele, mas precisava.

 

-Posso falar com Brad?

 

Quíron concordou com a cabeça. Sai pela porta (N/a:não, não, pela janela) caminhando devagar. Na quadra de vôlei, ninguém olhou para mim, ainda bem. Quando passei na frente da arena vi Julie treinando esgrima com o garoto e com outras crianças parecidos com os dois. Na frente do anfiteatro, achei Brad conversando com uma loira alta, de olhos azuis elétricos. Seria filha de Zeus?

 

-Brad – chamei, e quando ele viu quem o chamava o sorriso sumiu de seu rosto.

 

-Mãe – ele murmurou, e veio me abraçar. A garota ficou parada nas escadas, olhando com piedade para ele – Já volto.

 

Abracei-o e caminhamos até o lago, onde sentamos a margem. Brad ficava brincando com a água, fazendo formas com ela.

 

-Quem era a garota? – perguntei tentando puxar assunto.

 

-Grace Fletcher.

 

-Sua namorada?

 

Ele revirou os olhos.

 

-Minha amiga, a mãe dela é Hebe.

 

Hebe, a filha de Zeus. Como eu poderia esquecer?

 

-Brad – choraminguei – O que Julie tem contra mim?

 

-Ela acha que você a abandonou, mãe. Você mentiu para ela. Para mim e Charity também – ele fez uma pausa e balançou a cabeça – Charity, Charity... Eu também me sinto como ela mãe. Você agiu como uma verdadeira...

 

-Já sei, já sei.

 

-Não, mãe, não sabe! Por favor, tente não falar mais comigo – ele disse, levantando furioso e saindo correndo.

 

Me senti horrível.

 

POV Julie

 

Depois que sai da Casa Grande e caminhamos um grande pedaço, deixei-me cair no chão, inútil.

 

-Acho que meu mundo está desmoronando... Minha mãe é uma... você sabe, Charity sumiu, minha prima está sendo torturada...

 

-Ei, calma. Eu estou aqui com você.

 

-Eu sei – murmurei – Mas não sei se vou me acostumar a ter alguém me apoiando...

 

•   •   •

 

Depois da aula de esgrima, fui até o Punho de Zeus para pensar. Sentei em uma pedra ao lado do Punho de Zeus. O que eu escutava era apenas alguns animais e a água corrente, mas em uma hora algo mudou. Ouvi a vegetação rasteira sendo pisoteada, e lentamente, tirei uma faca do meu cinto. Poderia ser um animal, mas era apenas Lucas.

 

Parecia que eu era perseguida. Suspirei, guardei a adaga e sentei novamente no chão duro. Lucas parou na minha frente.

 

-Todos estão preocupados. Você deveria voltar.

 

Balancei a cabeça.

 

-Julie, por favor.

 

Continuei balançando a cabeça.

 

-Vai continuar me ignorando.

 

Acenei afirmativamente. Ele estendeu-me uma mão.

 

-Vamos, por favor. Você vai sair dessa, eu te ajudo.

 

Não consegui resistir. Lentamente, levantei a mão para ele pega-la e me ajudar a levantar. Abracei-o assim que fiquei de pé novamente. Eu me sentia sozinha, demais até. Desde que Hades me reclamara e Brad, Poseidon, nós dois não nos falávamos... e agora Charity sumiu. Escorei minha cabeça com força no peito dele, tentando esquecer de tudo que acontecera...

 

-Shhh – ele disse, quando comecei a soluçar. Ele puxou meu queixo para cima e me deu um selinho, depois me abraçou de novo.  Eu conseguiria?


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Notas finais do capítulo

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