Saímos da coordenação juntos. Conversando e fazendo perguntas sobre nossas vidas. Nunca gostei tanto de ser interrogada. Fomos para o pátio. Eu mal podia acreditar que estava ali com um menino tão lindo que seus olhos, por mais que não fossem claros, brilhavam com a luz do sol. Parei para reparar mais. Ele tinha curvas perfeitas. Curvas que nem com 10 anos de curso de desenho eu ia conseguir desenhar. Seu cabelo castanho era tão liso e tão perfumado. Ah, o perfume. Ele era tão cheiroso! Eu não sabia dizer se era perfume, sabonete ou xampu. Mas eu não perguntaria. Tinha outras coisas para saber.

  Enquanto andávamos percebi que todos os olhares se voltaram para mim. Para mim não, para nós. Ou simplesmente, para ele. Porque ele sim era motivo de olhares. Era tão lindo. Quando andava mais parecia que flutuava. Eu havia descoberto o porque de tanto sonhar com ele. O porque de nunca desistir de tentar encontra-lo. Vi milhares de rostos que desconhecia. Escutei coisas de pessoas que eu nunca sonharia em escutar. Eu nunca fui uma menina que passava despercebida pelas pessoas. Mas já era demais. TODOS! Eu disse: TOOOODOS! Olhavam para nos como se estivesses violando um código ou fazendo algo de errado. Eu não entendi o porque de olhares aterrorizados, mas eu não liguei. Novamente, eu estava exatamente aonde eu queria estar.