Cheguei em casa totalmente feliz. Eu não sabia o que me esperava. Meu pai. Ele estava furioso comigo. Afinal, não é para mesmo. Eu saio sem nem avisar aonde ia. Também, como ia avisar? Contei para meu pai que tinha saído com minhas amigas para uma festa e perdemos a noção do tempo. O celular estava fora de área por isso não atendi as ligações. Ele não caiu muito. Perguntou quem tinha me levado para casa e contei a ele que encontrei o menino que parecia muito com meus desenhos. Ele se surpreendeu. Mais pelo fato de eu estar contando isso para ele. Mas ele precisava saber. Eu falei que conversamos muito e que ele tinha sido muito legal comigo e até me trousse para casa. Ele contou que queria conhecê-lo e eu não hesitei. Afinal, ele fazia parte da minha família de algum jeito. Falei que assim que o visse novamente levaria ele na nossa casa.

  Dormi. Não sei se ele acreditou ou não na minha historia, mas eu estava livre para sonhar. Cai no sono como criança cai no berço. Sonhei com ele. Não, na verdade sonhei com aquela noite. Pensei em tudo que tinha acontecido. Lembrei do momento no carro e ainda não sabia explica como eu sabia o que ia acontecer. Lembrei-me do que Juninho tinha me falado naquela tarde no jardim. ‘Essa fruta nos dará super poderes!’. Era loucura pensar nisso. Não era isso. Foi uma crise de adrenalina e só. Nunca mais ia acontecer. Mas até que não seria má idéia não acha? Saber tudo que vai acontecer. É uma ótima saída.

  No dia seguinte me arrumei, mas não fui à escola. Bom, pelo menos eu achava que não ia. Minha mãe me acordou as pressas dizendo que eu não podia faltar a aula e eu me apressei para não me atrasar mais. Tomei um banho corrido, botei uma blusa qualquer e arrumei a mochila para ir. Mal sabia eu o que ia acontecer aquele dia.