_E aí, vai buscar sua namorada?_ Emmett me perguntou, enquanto ajeitava a gravata. Ele estava muito elegante em seu impecável smoking. Olhou-se no espelho, borrifou o perfume e penteou cuidadosamente os cabelos. Eu rosnei.

_Ela não é minha namorada Emmett. Não é!_ Eu berrei.

_Tá, ta!_ Ele disse, colocando as mãos para o alto, se rendendo.Bufando, me olhei no espelho. Eu estava tão impecável quanto meu amigo Emmett. O smoking caía como uma luva em mim. Meus cabelos estavam penteados em ordem, ao contrário do usual. O cheiro intoxicante de colônia masculina preencheu quarto quando eu borrifei suavemente aquele maldito perfume em mim. Eu e Emmett nos olhamos, e nos abaixamos num cumprimento semelhante ao que os lutadores fazem antes de uma luta.

_Impecável_ Dissemos ao mesmo tempo. Apertamos as mãos quando a campainha da minha casa tocou. E lá estava ela. Rosalie Hale, a maravilhosa deusa dos cabelos loiros em seu vestido magnífico vermelho cereja. Sorriu calorosamente pra Emmett, entrelaçando seus braço no dele. Ela olhou pra mim, e me cumprimentou.

_Edward, espero que se divirta com a... er... Isabella Swan._ Ela disse cautelosa. Eu podia ouvir a risada silenciosa de Emett, mas ignorei.

_Obrigada. Juízo, hein Emmett. Juízo!_ Eu alertei. Ele me mostrou discretamente o dedo do meio e levou Rosalie até o carro dele, um Jipe Wangler enorme. E lá se foram os dois estrada a fora.

Conferi no meu relógio de pulso do tempo do meu tataravó (no qual estava escrito as palavras Mais do que a minha própria vida). Seis e meia. Eu tinha que ir buscar a Isabella em sua casa, então entrei no meu bebê e dei partida no carro. Toquei a campainha da casa de Charlie.

_Olá senhor Swan. Isabella está pronta?_ Eu perguntei polidamente. Ele tossiu, desconfortável, e deu passagem para que eu entrasse. Torci para que ela não usasse aquela roupinha ridícula que ela usava pra ir a escola. Então ela desceu.

Milagrosamente, ela não usava a tradicional saia caqui e o suéter vermelho. Usava uma saia branca na altura do joelho, e uma blusa  de mangas compridas um decote discreto. Em seu peito pude ver dois caroços que não estavam ali antes, mas ignorei este fato. Seus cabelos ainda estavam presos em um coque, mas ela não estava tão ruim. Conduzi-a com cuidado até o carro e levei-a a até o baile.

Isabella se divertiu. Conversou educadamente  com Emmett e Rosalie sem notar o tom de deboche dos dois. Dançou e comeu com grande gosto, e eu ficava sempre distante, fingindo que não era comigo. As dez horas eu tive que levá-la em casa, já que era parte do combinado. Foi vergonhoso, e depois, mais tarde, pensando melhor eu concluí que ir ao baile sozinho teria valido mais a pena. Mas eu tinha alguma escolha? A merda já estava feita! Cheguei em casa e nem me preocupar em trocar de roupa. Tirei os sapatos e dormi de smoking mesmo.

Acordei no dia seguinte com uma baita dor de cabeça, e quase mandei aquele despertadorzinho ir para a

Tomei o meu café, e estava indo pro meu bebê quando meu telefone toca.

_Cullen?­­_ Bella pergunta.

_O próprio._

_Gostaria de me encontrar com você. Algum problema?_

_Não. Te encontro na igreja. Tudo bem pra você?_

_Tudo. Te encontro lá._ Então ela desliga. Suspirando, impaciente, passei direto pelo meu bebê. Não valia a pena usá-lo para encontrar Isabella Swan.  Fui a pé mesmo, demorando apenas quinze minutos para chegar. E lá estava ela, com a tradicional saia cáqui e o suéter vermelho.

_O que foi?_ Eu perguntei. Ela se levantou e começou a andar. Era prudente de minha parte segui-la, então eu o fiz.

_Você sabe que todo ano nós fazemos uma peça de teatro para o Natal não é?_ Ela me perguntou.

É claro que eu sabia. Essa peça era tradição em nossa cidade. Contava a história de um homem que perdeu a esposa, e  cuidou da filha sozinho, sem dar muita atenção a ela. Então, num natal, um anjo aparece. Esse anjo o leva para ajudar as pessoas no natal, e no final da noite, pergunta o que ele quer.

O homem responde que quer a mulher de volta, então o anjo o leva a uma fonte, e ordena que ele olhe para a água, pois verá o que procura. Ali, ele vê o retrato da filha, e entende que ela é tudo o que restou da mulher. O anjo misteriosamente desaparece, e no dia seguinte, debaixo da árvore, está a caixinha de música desejada pela filha do homem, e na tampa, a foto do anjo da noite anterior.

Não era uma peça ruim.

_É claro que eu conheço._

_Pois bem. Eric iria fazer o papel do Giliam (o homem que vê o anjo.) Mas ele quebrou a perna e nós não temos ninguém para interpretar este papel._ Ela começou.

_E..._

_E aí que eu gostaria que você fizesse este papel. Esse ano é especial pro meu pai, ele quer que tudo esteja perfeito._

_Quem fará o anjo?_ Eu perguntei.

_Eu._ Ela respondeu, simplesmente. Eu queria rir. Ela? O anjo? Então ela me olhou. Aquele olhar tão temido por todos nós, aquele olhar que deixava até o pior dos indivíduos sem reação. Sem me dar conta do que estava dizendo, eu murmurei um aceito.  Ela sorriu.

_Ótimo, Cullen. Venha, eu vou falar com a senhorita Cooper. Ela vai adorar saber da sua participação na peça._ Ela respondeu, indo em direção a escola.