Noiva por Herança escrita por Juffss


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Eu quero declarar que eu não abandonei nenhuma ficção de minha autoria. Todas as fanfics continuarão a ser postadas quando der. Para quem acompanha o Naufrágio: também contará com uma atualização até o final de semana.
Obrigada por continuarem a me acompanhar,
Juliana.



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Flatotel - New York, NY

31 de dezembro de 2005

10h41min

Acordei com o despertador do quarto do meu flat. Meu corpo pestanejou brigando comigo para virar. Forcei meus músculos e meus ossos a obedecerem, mas em contrapartida minhas cordas vocais produziram um barulho de dor. Bati a mão no despertador e voltei para minha posição. Tentei sentar, porém o que sentia no meu tronco me fez parar. Coloquei minha mão sobre o local que ganhei o tiro e meu corpo girou me deixando escorada sobre o braço.

Naquela posição pude ver uma cabeça. Fechei meus olhos e me lembrei de que ele estava ali para garantir que ia ficar bem na minha primeira noite fora do hospital. Ajeitei os travesseiros nas minhas costas e suspirei pesado, em seguida gemi com dor. Ele pareceu ouvir e virou a cabeça. Murmurou algo como “bom dia”, mas estava muito envolto em alguma ação para manter as mãos em movimento.

Suspirei e joguei minhas pernas pra fora da cama, calcei meus chinelos e levantei que nem velho. Uma dor na coluna percorreu toda a extensão dela. Continuei e me arrastei até o sofá. O barulho do arrastar do meu calcado se fazia incômodo aos meus ouvidos. As cortinas trepidavam para dentro, a janela principal estar aberta. Arrepiei-me, estava tão frio.

- Emmett – falei com a voz tremida.

- Oi – ele respondeu concentrado.

- Que frio – soltei quando cheguei atrás dele. Vi que havia um bebezinho ali. – Emmett – tentei fazer uma voz brava – vai deixar ele doente! – me referi ao tempo.

- Não queria que aqui ficasse com o cheiro de... caquinha.

Emmett me olhou apreensivo. Tinha uma frauda suja em uma das mãos, e em outra uma limpa. Parecia que em nenhum dos dias que fiquei desacordada ele trocou uma frauda. Olhei com olhos de duvidas. Ele confirmou o que tinha imaginado.

- Fecha a janela, eu faço. – falei pegando a frauda limpa da mão dele e me posicionando onde ele estava.

Por mais que doesse, nada importava mais do que cuidar daquele pequeno embrulho deitado no meu sofá. Acariciei as pequenas coxinhas que estavam pra cima. O bebê continha um sorriso nos lábios, e eu sorri beijando a barriguinha tão delicada. Ajeitei a frauda e passei pomada e um pouco de talco. Quando terminei tive pressa de abotoar o body e ajeitar a roupa de frio e a manta que o envolvia.

- Como faz isso tão rápido? – ele perguntou baixo trazendo uma pequena mamadeira com leite substituto do materno.

- Não tem segredo Emmett – disse enquanto pegava o filho dele nos meus braços e a mamadeira da mão dele.

Ele não falou mais nada, apenas se sentou no braço do sofá e me aninhou do seu lado. Ofeguei momentaneamente e meus olhos se fecharam para apreciar aquele momento. Meu peito se encheu de alegria e ninguém poderia estar mais feliz do que eu. Sentia-me completa. Poderia sair pulando que nem um canguru na rua e nem o passar por ridículo me desanimaria.

- Onde vamos passar o ano novo? – ele me perguntou

Olhei para ele em dúvida novamente. Ele queria viver colado em mim agora? O que nos ligava? Por que ele queria passar aquela noite comigo?

- Posso ficar com ele se quiser sair, eu não ligo – comentei.

- Queria ficar com os dois. – ele acariciou meu rosto e tentou se aproximar.

Afastei-me e fechei os olhos, aquilo não era certo. Eu estava carente, estava vulnerável, ele poderia estar em um momento de fragilidade, de novidades, mas eu não seria uma novidade para ele.

Por mais que meu coração saltitasse de alegria minha cabeça fazia meu corpo se mover para longe. Ele percebeu que havia passado dos limites. Fiquei sem graça. Meu corpo desejava o dele, mas não naquelas circunstâncias. Crystal havia morrido há poucos dias, e se não tivesse o final trágico que teve seria ela ali no meu lugar. Não podia me iludir com ele.

Ele tinha vários traços de pegador de meninas desprotegidas, só que eu não era uma menina desprotegida, era uma menina forte. Forte e confiante. E não poderia cair naquela lábia e gestos que me levariam ao lugar de todas as outras. Um lugar chamado cama e em seguida esquecimento.

- Me perdoe – ele murmurou se afastando e sentando na poltrona onde só poderia olhar.

Fiquei calada processando o que havia acontecido. Meus olhos estavam fixos no bebê e ao procurar um lugar para descansar a mamadeira percebi uma caixinha de presente sobre o aparador. Encarei alguns segundos ela e depois olhei pra Emmett com certa raiva.

- É só um presente, nosso... Por tudo o que você fez pela a gente esse ano todo – ele falou pausadamente me encarando. Cada letra que ele pronunciava estava carregada de precaução e certo medo de errar.

- Eu já falei que não queria presentes porque não comprei um para vocês! – esbravejei

- Você quer um melhor do que meu filho salvo? – ele me encarou desafiador.

- Não fiz como presente! – falei

- Mas foi o maior presente que recebi o ano todo! – ele jogou se levantando. Pegou a caixinha e veio em minha direção pra entregar.

- Não – murmurei – eu não aceito.

O bebê fez um barulho com a boca e eu olhei pra ele. O pequeno procurava a mamadeira com a boca. O dei, e ele sugou com tanta força que mal parecia um recém-nascido.

- Calma, lindinho, eu não vou te deixar com fome – falei com uma voz de criança sem ver.

Ele me olhava com aqueles olhinhos arregalados enquanto mamava. Com os dedos da mão que o segurava acariciava as perninhas miúdas. A cada segundo que o olhava o achava mais perfeito ainda. Era inexplicável.

Senti algo frio encostando-se à minha pele. Havia me esquecido que Emmett estava ali. E agora havia um embrulho de presente aberto do meu lado e um homem de, aproximadamente, 2 metros abotoando um colar envolto ao meu pescoço.

- Presente não se recusa – ele disse ajeitando meu cabelo.

Merda! Grunhi pensando o ninho que ele estava. Nunca ninguém que não fosse da minha família me viu tão desarrumada como estava agora. E tinha que ser justo ele?! Oh Santo! Porque não me arrumei antes de sair do quarto? Xinguei-me, não uma mais bilhares de vezes por isso.

Aquele mantra havia tomado minha cabeça, mas o efeito do meu corpo com o toque dele ao meu pescoço ainda estava presente. Cada centímetro de pele do meu corpo estava arrepiado. Torci para que ele não percebesse isso.

Olhei para baixo e vi um diamante reluzindo. Não que ele seja grande, pois não era. O colar não chamava muita atenção, mas também não passava despercebido. Completaria vários looks com tanta graciosidade que me assustei por ele ter escolhido algo que combinasse tão bem comigo.

Senti-me culpada e completamente interesseira por querer aceitar aquele colar. Mas me sentia tão bem com ele, tão à vontade.

- Eu não aceito devoluções – ele falou voltando a se sentar.

Suspirei rendida. Meu coração ficou feliz, mas minha mente estava atordoada. Emmett estava em um dos seus momentos doces, inspirados, lindos, fofos... E todos aqueles sinônimos dessas qualidades. Meu coração estava se apaixonando, mas minha mente não queria permitir isso. Ela não queria ver meu coração sofrer.

Uma voz na minha cabeça gritava pra sair dali enquanto tinha tempo e não havia me envolvido na teia de paixão que ele traçava sob meu corpo. Porém meus músculos permaneciam imóveis. Quantos efeitos aquele homem tinha sobre mim.

O cheiro dele entrava pelas minhas narinas inflamando todo o meu ser. Desejava ele todas as noites que sonhava. Meus lábios pediam para experimentar o gosto do halito tão fresco que ele tinha. Meus braços queriam percorrer todo aquele corpo musculoso. Fechei meus olhos imaginando nós dois.

- Você se importa de ficarmos só nós no ano novo? – sua voz me acordou de meus sonhos e me trouxe para a realidade, onde fui tomada pela razão.

- Por que deseja tanto que passemos essa noite juntos? – o olhei.

- Não quero incomodar mais meus pais, não me sinto bem para ficar sozinho com o bebê e você ainda esta doente, tenho que cuidar. – disse como se fosse simples

- Não sou dependente sua Emmett, não preciso que cuide de mim, sei me virar sozinha! – esbravejei

- Acho que tem alguém de TPM – ele murmurou em forma de lembrete para ele mesmo – quero que me ajude a cuidar do meu filho também... Seria um cuidar conjunto. – ele sugeriu.

Por um lado gigante a ideia de cuidar deles me atraiu como um imã atrai um prego. Foi completamente involuntário murmurar um “tudo bem”. A neve caia lá fora impedindo Royce de vir me atrapalhar no meu momento também. Tudo cogitava ao favor do sentimento.

A minha mente parecia decepcionada por eu não ter sido mais forte, mas o que poderia fazer? Já estava feito o combinado agora.

Emmett se levantou e preparou para sair, o olhei.

- Aonde vai nesse frio? – perguntei enquanto ele colocava o casaco e o cachecol.

- Comprar as coisas para o nosso Ano Novo juntos... – respondeu colocando as luvas – não deixarei você cozinhar e muito menos abusarei de sua boa vontade. Você pode ficar tranquila, eu vou preparar a melhor festa para três que já existiu na história! – ele prometeu. Ri da cara que ele fez. – Se importa de ficar com ele só enquant...

- Não – o cortei antes de terminar a frase – Não me importo de ficar com ele – sorri olhando o bebê – Pode ir tranquilo.

- Eu sei – ele falou abrindo a porta, mas voltou e deu um beijo na bochecha do bebê e da minha – obrigado – ele falou no meu ouvido e se virou pra sair.

Assim que ele saiu eu levei o bebê para cama. Aquele anjinho mais que perfeito, mais que delicado, mais que lindo. Beijei as duas mãozinhas dele e o ninei para que dormisse um sonho tranquilo. Cantei a mesma musica que minha mãe cantava quando era pequena, porém tive o cuidado de fazer uma versão masculina dela.

Antes mesmo de terminar o pequeno príncipe já havia dormido. Um sonho calmo e profundo. O ajeitei na cama para que seu corpo não doesse. Em seguida o envolvi com travesseiros para que não caísse e despejando um beijo na testa dele pensei em me arrumar para quando Emmett chegar.

Logo segui para o closet pegando uma cacharrel salmão e uma calça jeans. Dedilhei a calça sabendo que era a mesma de quando eu conheci o homem que logo estaria em meu flat.

Despi-me indo para o banheiro, sabia que não precisava temer deixar a porta aberta, pois ele não voltaria tão cedo e eu precisava saber se estava tudo bem com o pimpolho que dormia no quarto ao lado. Ajeitei tudo o que precisava na pia antes de retirar a bandagem que Esme gentilmente fez em mim. Olhei a ferida e com todo o cuidado entrei no banho.

Lavei meus cabelos tentando não deixara água escorrer até o local machucado para que não doesse. Apesar de ter sido um banho relativamente rápido tentei relaxar o máximo que consegui. E funcionou.

Após sair, limpei do jeito que havia me indicado e com uma bandagem nova refiz o curativo do jeito que consegui. Passei um creme no resto da pele e coloquei minha roupa intima. Olhei para meu corpo, por incrível que pareça, mesmo com aquele pedaço branco que encobria parte do meu tronco, eu estava me sentindo sexy. Coloquei o restante da roupa e fiz uma maquiagem básica. Penteei meu cabelo para que ele secasse ao natural. Amava a parte de não precisar de carregar um salão no bolso para que meu cabelo estivesse sempre do jeito que gostava.

Voltei para meu quarto e com cuidado peguei o bebê que ainda dormia e o transferi para o carrinho. Arrumei tudo o que estava atrapalhado e o levei para sala. Um pouco antes de Emm chegar ele acordou e junto com um brinquedinho da Fisher Price, presente dos avôs, nós dois brincávamos quando o pai entrou.

Sem muito que falar ele passou a sala em direção à cozinha que tinha. Olhei de canto e pude ver ele se arrumando para cozinhar. Ri baixo imaginando o desastre que aquilo seria.


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