Versão da Alex

Já era sábado, o que signifacava que meu pai estava voltando, também era o meu ultimo dia com Julie. Nós estavamos na sala assistindo tv, nada em particular, apenas aproveitando o ultimo momento que nos restava. Minha cabeça estava encostada no ombro dela e eu pensava em uma forma de contar ao meu pai sobre o nosso namoro.

- Você acha que eu devo contar pra ele? - Eu disse.

- Claro, ele vai entender. Você sabe que namorar escondido não dá certo, mais cedo ou mais tarde alguém descobre.

- Mas como eu conto pra ele? Ele vai pirar, ele já não gosta muito da ideia de eu ser bi, ele acredita que é só uma fase, que vai passar de uma hora pra outra.

- Calma bebê, não se preocupa, eu vou te suportar não importa o que aconteça, mas conta pra ele.- Ela dizia enquanto brincava com meu cabelo.

Nessa hora a porta se abriu, e nós duas levantamos do sofá.

- Ei garotas, eu cheguei, tá tudo bem. - Meu pai disse sorrindo, enquanto segurava um monte de bagagens.

- Oi pai. Como foi de viagem. - Eu disse enquanto o abraçava

- Foi otima! Eu consegui uma promoção, o que significa que nós vamos mudar para uma casa bem maior, naquele condomínio luxuoso que nós passamos em frente no outro dia.

- Sério!? - Eu perguntei empolgada enquanto o ajudava a puxar as malas, Julie ajudou também, e sorriu ao ouvir a notícia.

- É pai, eu preciso falar com você.

- Claro filha fala. - Ele disse, enquanto observava a sala.- Vejo que você não quebrou nada, e a sala tá muito mais arrumada que antes, parabéns. Você também Julie, conseguiu a ardua tarefa de ''domar" minha filha, eu sabia que você conseguiria.

- Obrigada senhor João, mas eu acho que a Alex tem uma coisa importante para falar para você.

- Tudo bem então, fala minha filha.- Ele disse enquanto sentava no sofá para descansar. Eu sentei na mesinha na frente dele e Julie no sofazinho do lado.

- O senhor promete que não vai ficar bravo?

- O que é, você ficou grávida? - Ele disse alarmado, eu sabia que aquilo não iria dar certo.

- Não pai, não é nada disso. - Ele suspirou aliviado. - É que eu e a Julie estamos namorando.

- O que!? Você só pode estar brincando com a minha cara, eu saio e vocês me aprontam uma dessas? - Ele levantou do sofá, já vermelho de raiva.- Julie eu achei que você era hetero e não estava nessas modinhas gays de hoje em dia, por isso que eu te deixei com minha filha, eu achei que você fosse mudar a cabeça dela, mas eu estava enganado.

- Senhor o fato de eu ser gay não quer dizer que eu não seja responsável, veja como a casa está limpa, a Alex mudou, o senhor vai notar no comportamento dela, ela mudou por mim, e acredite ser gay não é nenhuma modinha, não se escolhe ser gay ou bi, você nasce assim.

- É sim, é uma modinha ridícula, cheia de pessoas promiscuas. - Ele dizia já extremamente alterado.

- Calma pai.- Eu falei.

- Calma? Julie saia daqui, depois eu acerto com você o dinheiro que eu devo, eu não vou mais precisar do seu serviço.

- Não pai, não faz isso por favor. - Eu disse alarmada, enquanto segurava a mão dela.

- O senhor não precisa me pagar nada, ficar aqui com a Alex foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, ela é uma garota muito especial, o senhor devia notar isso e aceitar ela do jeito que ela é.

- Saia agora!

- Não senhor, o senhor está alterado, eu não vou deixar a Alex aqui sozinha.

- Saí ou eu chamo a polícia.

- Vai bebê, depois eu dou um jeito de falar com você. - Eu disse enquanto beijava a bochecha dela, as lágrimas já escorriam em meu rosto.

- Não vai não, você duas nunca mais vão se ver na vida! Alex você está de castigo, sem celular e sem sair, por tempo indefinido. Agora vai pro seu quarto!

Eu olhei para a Julie naquele momento e ela estava chorando.

- Tchau bebê, eu te amo mais que tudo, ficar aqui com você também foi um dos melhores momentos da minha vida, você disse que nós duas nunca iriamos dar certo, mas olha pra nós duas agora, eu vou ficar bem, não se preocupe. - Eu falei enquanto abraçava a Julie.

- Tchau fofa, eu também te amo, eu te amo tanto que nem sei explicar com palavras, eu nunca acreditei que iria gostar tanto de uma pessoa em tão pouco tempo. - Ela dizia, com lágrimas nos olhos.

Julie retirou um colar de prata que estava no pescoço dela e colocou na palma da minha mão e fechou beijando-a.

- Você sempre vai estar comigo. - Ela disse e saiu pela porta.

Naquele momento eu chorei como nunca, era como se algo tivesse sido arrancado de mim, eu não havia me sentido desse jeito desde que minha mãe faleceu. Eu fui para o meu quarto, bati a porta, deitei na cama e começei a dar socos no travesseiro, tentando alíviar a raiva que eu sentia dentro de mim.

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