-Quem é você? - Annie perguntou. E essa pergunta estava estampada nos rostos de todos, com exceção de poucos (as visitas, Artemis, Hera, Zeus e meu pai) que sorriram ao vê-la.

-Eu sou Marina Jackson!

Todos se silenciaram depois daquilo e olharam atentamente para a menina/mulher de pele branca, como a neve, olhos verdes como mar, que denunciavam sua sabedoria, e labios carnudos, vermelhos como o azevinho. Ela era delicada nos movimentos e possuia um rosto que demonstrva sua gentileza, bondade e o amor que ela nutria por tudo e por todos. Entretanto havia algo nela que demonstrava que apesar de tudo, ninguem iria querer entrar em uma briga contra ele.

Aproximou-se junto com a pequena criança dos demais...

Pov Percy

Depois de sair correndo na moto EMPRESTADA, atravessar o trânsito de Nova York, entrar no elevador do Empire State com uma moto (isso não foi nada fácil) e sair em disparada para o Salão dos Tronos. Encarar os deuses parecia ser fichinha, parecia.

Depois da apresentação de Mar instalou-se o caos. Deuses discutindo, semideuses discutindo, centauro discutindo. Everyone discussing. Os únicos sãos ali eram: eu, Mar e Luna.

Caso você esteja pensando: Quem Hades Luna? Eu explicarei.

Luna a semideusa que está com Mar desde que nasceu, literalmente, e apesar de ter apenas quatro anos muito inteligente.

"-Eu não acredito que você fez isso de novo Zeus!"

"-A deusa do casamento!"

"-Você quebrou sua promessa!"

"-Olha só quem fala!"

Era mais o menos isso o que mais se escutava, o barulho era horrível. Os deuses tem a voz proporcional à altura, e quando se tem 3 metros de altura, isso muito ruim em uma discussão.

-Chega! Sentem-se e resolvam isso como pessoas educadas. - Mar falou. Era incrível a aura de poder que ela possuía, era como estar falando com uma princesa ou rainha. - Deviam se envergonhar, parecem crianças!

-Quem você pensa que é para falar assim conosco? - Sr. D perguntou, seu rosto estava mais corado que nunca, e seus olhos pareciam duas uvas maduras, brilhantes e loucas (existem uvas loucas?).

-Alguém que pode decidir entre ajudá-los ou levá-los a ruína total. Não perdi meu tempo vindo aqui para presenciar discussões. Os titãs estão se agrupando, buscando aliados que meses atrás seriam considerados impossíveis de ser ver em tal batalha. O proprio destino brincando com vocês!

Pov. Poseidon

Foi uma surpresa saber (no fundo eu já sabia) que aquela que estava em minha frente, era a minha filha. Ela era forte e decidida, arrogante e teimosa. Ela era realmente irmã do Percy.

-Devemos buscar aliados a nossa causa. - cortei Zeus que deu sinal de protesto. - É isso ou sermos jogados no Tártaro, se não pior.

-Isso deve ser tratado entre nós, creio que as crianças devam voltar para o acampamento, e isso conta para os três. - Nix falou carinhosamente. Ela, assim como Héstia, me lembrava de como uma mãe deveriam ser. Pareciam que nos perdoariam depois de qualquer coisa. - E quanto a você Mar, entendo se não for para o acampamento, mas podes evitar entrar em confusão?

Mar ficou um pouco pensativa, mas respondeu a ela.

-Irei levar a moto de volta, e encontro vocês no acampamento no amanhecer. - disse e andou calmamente com a moto para a sombra mais próxima e desapareceu debaixo do olhar de todos presentes.

-Os titãs devem... - e começaram os planos de guerra. Alguns anos antes nenhum de nós aceitaria a ideia que havia algo ameaçando o reino dos deuses. Mas a possibilidade de ser submetidos a Cronos novamente, fez com que reavaliassemos nosso modo de pensar em alguns aspectos.

Eu tentei me aproximar do meu filho. Mas uma guerra eminente faria-me voltar ao mesmo tratamento anterior.

-Percy, posso falar com você por um instante? - ele olhou para mim sorridente e acenou. - Enquanto isso tentem não se matarem. - falei olhando preocupado para os deuses no salão.

Mudei para minha forma humana e sai com o Percy, enquanto, incrivelmente civilizadamente, discutiam sobre como se preparar para a batalha. Chegamos a uma fonte isolada do Olimpo, Percy se sentou no "muro" que a rodeava e eu o acompanhei. Durante algum tempo o único barulho era da água que cai.

-Ela te ama, apenas não aceita isso. - Percy falou olhando para um casal de deuses menores que passavam longe.

-Como pode dizer isso? Além de não estar com ela, não sabia da sua existência, não a ajudei quando precisava. Se nós deuses somos pais ruins, eu sou o pior. - Por algum tempo Percy ficou calado absorvendo minhas palavras, me perguntei quantas vezes ele não quis ser meu filho.

-Muitas vezes, até eu falar com você pela primeira vez quando entreguei o raio-mestre para Zeus. Daquele dia em diante eu apenas tentava te deixar orgulhoso por me ter como seu filho. - O olhei espantado. Como ele sabia o que eu estava pensando? - Não é como se eu estivesse lendo sua mente, ou algo do tipo. Mas, algumas vezes sinto que sei exatamente o que se passa pela sua cabeça. Mar, diz que é por sermos tão parecidos.

-Ela conversou com você sobre mim?

-Um pouco. Na maior parte do tempo estava colada na minha mãe, elas estavam conversando sobre tudo o que aconteceu. Acredita que elas não me contaram, nem me deixaram ouvir nada?

-Foco Percy!

-Certo, certo. Ela perguntou sobre você, aí eu contei que normalmente você parece um pescador.

-Hey! Será que eu não posso ter um estilo próprio sem que alguém me julgue? - Fingindo não ter me escutado, ele continou.

-Aí eu disse que apesar de tudo, eu sentia que nas horas mais desesperadoras você sempre me ajudava, mesmo quando eu só ia perceber isso muito tempo depois.

-Eu não acreditei muito nessa hora! - Uma menina com olhos enigmáticos falou atrás de nós (do outro lado da fonte), nos assustando e isso fez com que caíssemos na fonte.

-AHHHHHHHHHHHH!!! Quer me mandar pro Hades, sua louca? - Percy falou emburrado.

Ela o ignorou e se sentou no chão entre nós que havíamos voltado à nossa posição inicial.

Pov. Percy

Acreditem, não é legal ser assustado pela irmã. A única coisa legal ali era a cara do meu pai. Era hilária! Até posso adivinhar o que ele está pensando: "Pelo meu tridente, quanto será que ela escutou da conversa?"

-Ahn... Você está aqui há muito tempo? - ele perguntou nervoso.

-O tempo é relativo, poderia ser considerados milênios ou míseros segundos o tempo que estive aqui. Mas não se preocupe, apenas escutei a frase do Percy. - ela falou de olhos fechados.

Momento constrangedor...

Momento constrangedor continua...

-Então Percy, por que você não continua aquela conversa. A que por acaso você estava contando agora pouco. - Mar falou, sentia que ela tinha um plano. Paranoico, eu sei. Mas é resultado de conviver com a Annie por tanto tempo. E eu não fui o único a pensar desse jeito, papis (papis?) adotou a melhor cara de to-pensando-algo-e-você-nunca-vai-descobrir-o-que-é.

- Por que você não conta um pouco sobre você, Marina? Creio que o Percy já lhe contou muita coisa sobre mim, e nós dois conhecemos o Percy como ninguém, com exceção de Sally. - Poseidon falou virando o jogo, dessa vez quem ficou nervosa foi Mar.

-Não há muita coisa a ser dita sobre mim, mas para saciar suas curiosidades fiquem sabendo que: no dia que eu desapareci, eu fui sequestrada por um titânide. Ela me levou para uma espécie de cadeia, lá eles me perguntavam sobre os deuses.

De inicio eu os achava loucos. Quem acredita em deuses gregos? Com o tempo percebi que eles eram titãs e que quem me sequestrara foi Tétis, mas foi Oceano quem me torturava. Aquele sent... Era como se...  - Ela começou a fraquejar na voz como se fosse chorar.

-Ma...

-Eles estavam em uma reunião arquitetando a ruína dos deuses, os guardas eram idiotas. Consegui fugir, mas alguém me viu e soou o alarme. Nessa hora Nix e Hipnos me encontraram, ao perceber o que se passava trataram de me tirar dali.

Levaram-me para o castelo deles, onde me apresentaram a  Erebus e Tânatos. Por um longo tempo, me ensinaram sobre tudo. Entretanto, eles não apenas me ensinavam. Eles me mimavam, me davam carinho, amor e atenção.

Eles me levaram para a floresta nacional de Shoshone, cerca de dois anos depois, para que eu visse os ursos pardos filhotinhos. Lá Tânatos encontrou Stark.

Ele havia visto a mãe ser morta por uma Fúria quando voltava da escola, e fugiu para a floresta. Foi perseguido por monstros, mas com sorte conseguiu escapar. Mas não teve tanta sorte com os lobos. Eles o atacaram e se não fosse por Tân ele teria morrido.

Ele estava delirante e falava sobre uma menina chorando e Washington, pouco tempo antes tinha sonhado com uma menina chorando embaixo da chuva no National Mall. Contei para Hipnos, e ele me levou lá para busca-la.

Mellody era filha de um simples músico, que tocava por amor, não por dinheiro. Ele a contara sobre sua mãe no seu aniversario de oito anos. Devastada fugiu de casa, mas quando voltou a seu juízo perfeito voltou para o pai, infelizmente o pai tinha sido morto por um espírito da tempestade, que Zeus enviou ao perceber o interesse de Hera. Entretanto, ele não sabia que ela já havia tido uma herdeira.

Erebos propôs que morássemos em um lugar fixo, para que eu, Stark e Mel pudessemos frequentar uma escola. Por muita insistência da minha parte fomos morar em Montauk. De manhã íamos para a escola, à tarde treinávamos com Tânatos e Erebus, e a noite Hipnos e Nix nos ensinavam música, mitologia, latim e grego.

Costumava caminhar na praia, adorava sentir a água salgada e gelada de encontro com o meu corpo. Sempre voltava pela floresta, assim podia por em prática algumas lições de Erebus. Em um dia comum, ouvi uma mulher chorando. Curiosa, fui silenciosamente ver o que era. Uma mulher estava sentada de costas para uma árvore, ela estava grávida e parece sentir dor.

Ela me olhou e sorriu. Delicadamente me pediu ajuda, eu solidaria ia fazendo tudo que ela pedia. No final de tudo eu havia ajudado-a a ter o parto de uma linda garotinha. Ela a pegou nos braços e chorando lhe disse o quanto a amava, seu rosto possui uma felicidade, uma admiração tão genuína. Mas, havia tristeza também, eu sentia que algo ia acontecer e comecei a chorar do nada.

Ela me olhou e me agradeceu, e me fez um ultimo pedido. Pediu-me para cuidar do seu bebê. Eu não poderia negar, ela parecia tão frágil, tão desconsolada quando me pediu.

Ela o pôs em meus braços, beijou sua testa e em seguida beijou a minha. Dando-nos sua maior benção. Perguntou-me que nome seria o mais adequado para ela, ao olhar o bebe em meu colo com sua pele branca, cabelos pretos como a noite, e olhos pratas como a lua, eu respondi Luna. Ela sorriu e desapareceu na minha frente.

Voltei para casa assustando todos, contei o que tinha acontecido. Nix foi dar banho em Luna, e ensinava a mim e a Mellody como cuidar de um recem-nascido. Os meninos estavam fazendo a mala, Tânatos disse-nos que era perigoso para nós, crianças, ficarmos ali. Mudamos para um lugar na Driftless Area (Áreas Intocadas) entre Minessota e Illínois. Lá estávamos até virmos para cá.

-Eu sinto muito. - Poseidon falou

-Eu também - Falei cabisbaixo.Ela nos olhou, tinha tanto amor em seus olhos que me doeu saber do que ela tinha passado.

-Não sintam. Eu escolhi meu caminho, quando me sequestraram disseram-me de quem eu era filha e sobre a profecia. Eles não sabiam nada sobre o Percy. Quando percebi que o que eles contavam é verdade, me manti firme por vocês dois. Não podia, e não posso permitir que algo aconteça com qualquer um dos dois. - ela parecia envergonhada por ter dito tudo aquilo

Do nada Poseidon se levantou e nos puxou para um abraço.

-Obrigado por serem meus filhos. - ele falou, naquele momento a única coisa que eu pensei era quão baixinha perto de pessoas da minha estatura, ter 1,87 é demais, e do meu pai. Sei que devia estar pensando naquele momento família, mas eu tenho déficit de atenção pô.

-Tecnicamente, somos nós que temos de agradecer por sermos seus filhos. - Mar falou envergonhada

-Temo...!Aí! Verdade! - Eu ia perguntar se tínhamos mesmo de fazer aquilo, mas depois do pisão no pé achei melhor concordar.

Pov. Artemis

Minha bebê estava tão grande, sentia tantas saudades dela.

Foi a melhor coisa que me aconteceu.

-Oi! Você é Artemis? - ela me perguntou. Havíamos, todos, mudado para a forma humana, de forma que pudéssemos falar melhor com os semideuses. E com Quíron. Afastei-me para evitar o olhar do meu irmão, de todos os deuses era o que eu mais amava, fraternalmente é claro, e ver a decepção e a raiva nele me fazia sofrer.

-Sou sim. E você?

-Eu sou Luna. - ela falou e deu um sorriso, ela era pura, inocente, educada e gentil. – Você é a deusa da Lua?

-E da caçada também!

-Séério? Eu sempre quis caçar, mas a Mar diz que eu sou muito pequena. – ela falou com um biquinho fofo.

-Você quer um presentinho? – Ela acenou que sim com a cabeça. Com um movimento da mão eu fiz com que aparecesse um filhote de lobo branco. – Para você. Ele sempre vai estar com você.

-Ahhhh!! Que fofo! Você vai se chamar Snowball! Vai Snowball, pega a Mel. – o pequeno lobo saiu correndo, e ela foi atrás. Isso até bater em um deus do Sol, que não parecia querer brincar.