-O cordeiro mais belo e vigoroso é escolhido. Sacrificado diante de seu Deus para satisfazer a luxúria e sede de sangue deste mesmo Deus... –Lorde Cullen sussurrou para a figura pálida e lastimosa de Catherine. A jovem, encolhida em um canto do grande aposento, chorava copiosamente vendo horrorizada a aproximação daquele que para ela era seu algoz.

“É UM MONSTRO! UM MONSTRO!” –A mente da donzela gritava a plenos pulmões, embora seus lábios estivessem cerrados. Edward não deixou de notar seus pensamentos, seu poder era de mais valia para essas situações em que desejava saber o que a mente diante de si pensava. A palavra “monstro”, tão vividamente pronunciada pela mente de Catherine, despertou sua ira. Ergueu a mão branca segurando a máscara que cobria toda a sua face, começara propositalmente a retirar por cima, mostrando seus lábios e caninos protuberantes em primeira instância.

-AHHHHHHHHHHHHHHHH! –Catherine gritou em pânico ante a perspectiva de ser morta. Sua ação desesperada apenas enfureceu mais a criatura diante de si. Por todo o castelo ouviu-se seus gritos de dor e agonia até que, enfim, cessaram.

Edward afastou-se do corpo feminino dilacerado. Olhou horrorizado para suas mãos sujas de sangue. Afastou-se do cadáver de Catherine que repousava em cima da grande cama vislumbrando de imediato o grande espelho, próximo a cama, com sua borda em ouro maciço mostrando a opulência de sua origem. Rosnou enfurecido ante a imagem, quebrou o espelho com um soco. Pegou sua máscara branca e voltou a cobrir sua fronte. Prometeu a si mesmo que ninguém veria seu rosto e viveria para contar como era sua face.

Uma leve batida na grande porta que separava o seu aposento do restante de sua morada. Edward velozmente foi até a sacada e fitou a escuridão daquela noite nublada.

-Entre. –Murmurou. Num átimo Emmett, seu irmão e cavaleiro, entrou no aposento. Assoviou ao ver o cadáver de Catherine em cima da cama.

-Que estrago você fez com essa! Durou bem menos que suas esposas anteriores.

-Cale-se Emmett! –Sibilou Edward sem se dar ao trabalho de virar e encarar o irmão. –Recolha este corpo. Providencie uma cerimônia em sua homenagem.

-Que seja, Lorde Cullen. Assim o farei. –Emmett, obedecendo às ordens de seu irmão e senhor, recolheu o corpo e lençóis sujos, saiu do aposento lançando imperceptivelmente um olhar de compaixão a Edward.

“Por que se maltrata desse jeito, meu irmão? Se odeia tanto matar, por que se submete a isso?”.

Edward permaneceu, durante toda aquela noite, com o rosto escondido em sua máscara alva, fitando a negritude do céu, amaldiçoando-se por ser um condenado, por ser um vampiro.